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3 PROCEDIMENTOS DE INVESTIGAÇÃO

3.1 OS PASSOS DA PESQUISA

O trabalho de capacitação e treinamento de professores da EaD para a gravação de videoaulas iniciou-se em 2008, sendo ministrado pela autora desta

pesquisa. Esse treinamento, como estudo científico, começou a ser sistematizado a partir de 2009. O primeiro passo foi descrever o perfil dos professores participantes considerando os seguintes pontos de análise:

a) Área de formação de cada um; b) Tempo de exercício profissional; c) Grau de domínio das TICs;

d) Experiência em ambiente de TV ou estúdio de gravação de vídeo;

e) Contato com conteúdos de comunicação social na formação docente (graduação ou pós-graduação);

f) Região de origem.

A partir daí, foram selecionados como sujeitos da pesquisa três professores de cada curso. Para todos os participantes foram esclarecidos os objetivos e a justificativa da realização desta pesquisa. O curso de capacitação e treinamento não separou os sujeitos selecionados dos demais. Eles se misturavam aos demais professores para que, assim, pudessem agir naturalmente, sem nenhuma exclusividade. O próximo passo da pesquisa foi observar o comportamento e anotar as dificuldades evidenciadas pelos professores durante o curso de capacitação.

O curso de treinamento se divide em duas etapas: a primeira, denominada Postura diante as câmeras, e a segunda, Linguagem empregada no roteiro de vídeo. Cada etapa, com carga horária de 4h, é ministrada em dois dias da semana, a uma turma composta por, no máximo, 10 professores. As aulas desse curso são ministradas nos laboratórios de informática e de TV do curso de Comunicação Social da UNIUBE.

Na etapa Postura diante as câmeras, os professores são levados para o estúdio de TV onde são apresentados para o ambiente de gravação. Lá, eles recebem uma apostila contendo as dicas básicas sobre como proceder à comunicação através do vídeo, com menor índice de ruídos possível na mensagem. Essas dicas vão desde o posicionamento físico à expressão corporal, passando pela dicção, pronúncia e controle da voz. Após a leitura, em conjunto, do material teórico, os professores são incentivados a terem contato com a câmera, quando fazem uma gravação-teste que, posteriormente, é assistida por todos os envolvidos. Nesse trabalho são observados os seguintes pontos: domínio da língua falada (dicção;

pronúncia; concordância; vícios de linguagem; regionalismos); expressão corporal (interpretação textual e corporal condizentes; desinibição dos movimentos); domínio de conteúdo (segurança no que está sendo dito, poder de persuasão e de atração, coerência).

Para esta observação foi criado o seguinte quadro de análise (Quadro 1):

Quadro 1 – Análises do desempenho dos professores durante os treinamentos. Professor:

Curso:

Domínio da linguagem falada: Bom Médio Regular a) DICÇÃO

b) PRONÚNCIA c) CONCORDÂNCA

d) VÍCIOS DE LINGUAGEM e) REGIONALISMO

Domínio da expressão corporal Bom Médio Regular a) DESINIBIÇÃO

b) MOVIMENTOS COMPATÍVEIS COM A FALA

Domínio de conteúdo Bom Médio Regular a) COERÊNCIA

b) CLAREZA

c) PODER DE PERSUASÃO

Considera-se nível BOM aqueles que não apresentam índice de erros Considera-se nível MÉDIO aqueles que apresentam menor índice de erros

Considera-se nível REGULAR aqueles que apresentam maior índice de erros

Na segunda etapa do treinamento, que demanda mais quatro horas de atividades, os professores são levados para o laboratório de informática, onde são apresentados a um roteiro de vídeo denominado de “roteiro A/V” cujas letras denominam Áudio e Vídeo. Além de aprenderem a manusear a lauda de roteiro, eles recebem conteúdos para dominar a linguagem escrita para ser falada. Nesse momento, são observadas, pela pesquisadora, as dificuldades dos professores em fazerem a transição da linguagem escrita, no material impresso e distribuído pela EaD, para a linguagem escrita para ser falada. Esta última deve obedecer a critérios rígidos como: concisão, clareza, objetividade, precisão, exatidão e período frasal curto.

Quadro 2 – Análise do desempenho dos professores durante os treinamentos. Professor:

Curso:

Domínio da linguagem escrita: Bom Médio Regular a) CONCISÃO

b) CLAREZA c) OBJETIVIDADE d) PRECISÃO e) EXATIDÃO

Considera-se nível BOM aqueles que atingem totalmente o proposto Considera-se nível MÉDIO aqueles que atingem parcialmente

Considera-se nível REGULAR aqueles que não conseguem atingir o proposto

Vencidas essas duas etapas de treinamento, os professores passam para a montagem do roteiro e gravação das videoaulas. Para produzir o roteiro, os professores discutem com o gestor do curso o conteúdo que deverá ser abordado. Com a equipe de comunicação da EaD são analisadas as possibilidades de inserção de recursos como videografismo, reportagens, vídeo clips, dentre outros, para tornar a aula mais atrativa. O roteiro é corrigido pela pesquisadora, que, neste momento, tem como missão ajudar na adequação da linguagem de acordo com o meio. Depois de gravadas e editadas, as aulas são assistidas pela professora responsável pelo treinamento, no caso a autora desta pesquisa, e pelo professor. Neste momento são levantados os pontos que precisam ser melhorados para se chegar a um índice de qualidade desejável.

Após esse retorno, entra a fase das entrevistas. Com essa ferramenta, buscou-se complementar os dados para responder aos seguintes questionamentos desta pesquisa: O grau de dificuldade dos professores em dominar a linguagem da videoaula varia de acordo com a área de formação de cada professor? A ausência de conteúdos de tecnologia e de comunicação social na formação do docente contribui para a existência da dificuldade? A influência regional afeta o domínio da linguagem? A experiência de professor, no presencial, contribui para atenuar as dificuldades? Tais questionamentos correspondem às variáveis que serão trabalhadas neste estudo.

As entrevistas foram realizadas individualmente, no ambiente em que aconteciam os treinamentos. O grau de relacionamento da pesquisadora com os sujeitos e o envolvimento dela com o tema pesquisado, a princípio, pensou-se que poderia representar um obstáculo que pudesse impedir a isenção dos resultados obtidos. Mas, a partir do momento em que foram adotados métodos claros e

confiáveis, a isenção foi garantida. E é por esse caminho metodológico que se buscou alcançar os objetivos propostos nesta pesquisa.

Para análise dos resultados, como dito anteriormente, além de se criar uma matriz de categorias, de dispor as evidências dentro dessas categorias e de classificar em tabelas a frequência de eventos diferentes, buscou-se também a construção de uma explanação coesa e clara. Em um estudo de casos múltiplos, um dos objetivos que se tem em mente é elaborar uma explanação geral que sirva a todos os casos particularmente, embora possam variar em seus detalhes. O propósito é análogo aos experimentos múltiplos (YIN, 2003).