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Os procedimentos de análise e interpretação de dados

No documento 2016BrunaNadaletti (páginas 59-62)

Tomamos por base, para o direcionamento dos passos da análise dos dados, a autora Mary Spink e suas obras, a qual considera que o sucesso da prática científica está intimamente relacionado à possibilidade de comunicação de seus resultados. Os demais autores citados utilizamos como forma de enriquecimento das informações. O processo interpretativo, ou seja, o primeiro momento da análise das informações coletadas ocorreu de forma organizada e para que assim tivesse acontecido foram percorridas três etapas: primeiro a preparação e reunião dos dados; segundo a avaliação de sua qualidade; e terceiro a elaboração das categorias de análise. Na primeira etapa, os dados qualitativos obtidos foram transcritos e no caso de serem provenientes de narrativas de pessoas, Spink (1995b) nos orientou que é necessário ficar atento às características do discurso: a variação (versões contraditórias); a detalhes sutis, como silêncios, hesitações, lapsos (investimento afetivo presente); retórica, ou organização do discurso de modo a argumentar contra ou a favor de uma versão dos fatos.

Sobre a importância que deve ser dispensada ao tom de voz do sujeito entrevistado, cabe enfatizar que é nos atos da fala que se estância a origem dialógica da prática discursiva. As vozes podem ser reconhecidas como conversas, negociações, discursos existentes. Mesmo a linguagem possuindo caráter polissêmico, não impede que ocorra a predominância de determinadas falas e sentidos entre as práticas discursivas. As falas podem ser vistas como dotadas do poder de realização de mudanças (SPINK; MEDRADO, 1999).

Na segunda etapa, ocorreu uma avaliação ampla dos dados primários, podendo ser chamada de pré-análise. E por fim, na terceira etapa os dados coletados foram refletidos, contextualizados, exemplificados e tratados no sentido de oferecer sustentação para a elaboração das conclusões (GOMES et al., 2010).

Para que o processo de reflexão e contextualização dos relatos dos entrevistados ocorra de maneira fundamentada, utilizamos Spink (1995a) para salientar que é substancial entender como o pensamento individual se estabelece no social e como um vem a modificar o outro mutuamente. A autora defende que isso implica um triplo esforço:

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1. compreender o impacto que as correntes de pensamento veiculadas em determinadas sociedades têm na elaboração das representações sociais de diferentes grupos sociais ou de indivíduos definidos em função de sua pertença a grupos;

2. entender os processos constitutivos das representações sociais e a eficácia destas para o funcionamento social. Entender portanto: a) o papel das representações na orientação dos comportamentos e na comunicação; b) sua força enquanto sistema cognitivo de acolhimento de novas informações; 3. entender o papel das representações sociais nas mudanças e transformações sociais, no que diz respeito à constituição de um pensamento social compartilhado ou à transformação das representações sob o impacto das forças sociais.

Para falarmos do segundo momento da análise dos dados, seguimos nos apoiando nos autores citados anteriormente e assim afirmamos que o que aconteceu foi uma análise de forma contextualizada e triangulada dos dados com o intuito de reconstruir teoricamente a realidade. A primeira etapa desse momento foi destinada à leitura direcionada e aprofundada do material de tal forma que ficamos impregnados pelo conteúdo e suficientemente capazes de alcançar uma visão do conjunto e também das menores particularidades existentes na totalidade.

A leitura das transcrições das entrevistas ocorreu associando-a ao contexto que foram realizadas. Essa forma de leitura consente uma interpretação inicial da conformação do diálogo. Permite entender a linha de argumentação adotada, a qual está vinculada às versões do eu do sujeito entrevistado (SPINK; GIMENES, 1994).

Em seguida, na segunda etapa, foi realizada a categorização do material, com base nos objetivos do estudo. Foram elaboradas 03 (três) categorias de análise, que foram: integralidade e interprofissionalidade; educação permanente em saúde; qualificação do SUS. As categorias foram organizadas em mapas de associação, que tem o objetivo de sistematizar o processo de análise das práticas discursivas. A partir da leitura, os fragmentos das entrevistas foram encapsulados nas colunas dos mapas de associação referentes à categoria de análise correspondente, seguindo fielmente o conteúdo e a ordem das falas.

Já no terceiro momento, o processo investigativo foi pautado no diálogo com os autores que trabalham com o tema em questão. É de extrema relevância o contato com os demais autores pois auxiliou no esclarecimento das dúvidas que surgiram durante a

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abordagem dos dados coletados. A quarta etapa, por sua vez, é chamada de “ápice da interpretação” e foi um momento de muita reflexão, em que o objeto de estudo foi contextualizado na sociedade e também a realidade da sociedade foi aproximada do espaço particular do objeto de estudo. Devemos sempre procurar ir além das informações colhidas e buscar constantemente por idéias entre as transcrições dos dados e para que isso aconteça precisamos continuamente sensibilizar nossos olhares para o contexto das situações.

E para finalizar, falaremos sobre o quarto e último momento que a interpretação dos dados percorreu. É caracterizado pela reinterpretação, ou seja, interpretamos as nossas primeiras interpretações. Para que conseguíssemos alcançar tal finalidade, realizamos uma síntese através da articulação entre os dados empíricos, os autores que trabalham sobre a temática e a análise feita sobre a conjuntura. Essa articulação e posterior reinterpretação permitiu a aproximação da pesquisa com a realidade mais ampla (DESLANDES, 2004).

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

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A categoria número 1 (um) aborda a integralidade e interprofissionalidade, a categoria número 2 (dois) engloba a educação permanente em saúde e por fim a categoria número 3 (três) foi destinada à qualificação do SUS.

No documento 2016BrunaNadaletti (páginas 59-62)

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