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3 REVISÃO DA LITERATURA

4.3 Critérios adotados para a análise dos dados

4.4.2 Os professores brasileiros

Embora a presente pesquisa de mestrado seja de natureza fonético-acústica, o estudo também propõe uma reflexão a respeito do processo de aquisição da LI, com foco na produção oral de estudantes de uma escola de idiomas de São José do Rio Preto (SP). Assim, este trabalho tomou por base o processo de ensino-aprendizagem de LI, com foco nas habilidades orais – mais especificamente, na pronúncia – destes alunos.

Nesse sentido, sabendo que o professor é um facilitador no processo de ensino- aprendizagem de uma LE – uma vez que desempenha os papéis fundamentais de “[...] atuar

no processo de geração de insumo para a aquisição da L-alvo e engajar-se na interação verbal com os alunos para o desenvolvimento da proficiência oral dos mesmos” (CONSOLO, 2005, p. 269) – considerou-se analisar também a produção oral desse profissional. Para tanto, foi solicitada a ajuda de dois professores, de ambos os sexos, que, na época em que os dados foram coletados, trabalhavam naquela escola de idiomas.

Com relação à sua atuação como professores de LI, os dois indivíduos possuíam experiência de dois a três anos na área de ensino de inglês. Nenhum dos professores havia viajado para países falantes de inglês; de certa maneira, devido a essa característica, os professores igualavam-se aos alunos, uma vez que os discentes também nunca haviam estado fora do Brasil (suas características serão abordadas no próximo tópico). Com relação à formação acadêmica destes sujeitos, nenhum deles possui graduação em cursos de licenciatura: a professora formou-se em Letras com habilitação em tradução em uma universidade pública de São José do Rio Preto (SP) e o professor, na época em que a coleta de dados foi realizada, realizava curso técnico superior em informática, em uma faculdade pública, também de São José do Rio Preto (SP).

A tabela abaixo apresenta um resumo das informações pessoais dos docentes:

Tabela 2: Informações pessoais sobre os professores de LI, participantes desta pesquisa

Sujeitos Gênero Idade Local de nascimento Local onde passou a maior parte de sua vida Experiência no exterior

Professor M 20 São José do Rio Preto (SP)

São José do Rio Preto (SP)

Não

Professora F 21 São Bernardo do Campo (SP) São Bernardo do Campo (SP) Não Fonte: Própria 4.4.3 Os alunos

Foi solicitada a ajuda de 24 alunos, entre homens e mulheres (jovens e adultos, a partir de 15 anos de idade), estudantes de uma escola de idiomas. No momento em que as gravações

foram realizadas, tais alunos encontravam-se entre os níveis intermediário e avançado da LI. Dentre os 24 alunos que participaram das gravações, 12 pertenciam ao nível intermediário do curso, variando sua exposição à L-alvo entre 96 e 192 horas, a depender do aluno. Os outros 12 sujeitos pertenciam ao nível avançado, variando sua exposição à L-alvo entre 224 e 320 horas, também a depender do aluno. Observa-se assim que o nível de proficiência dos alunos foi determinado pelo número de horas de exposição à L-alvo.

Nenhum desses alunos havia viajado para países falantes de LI. Além disso, grande parte desses indivíduos passou o maior tempo de suas vidas em cidades do estado de São Paulo, exceto as alunas A1 e A11, que nasceram e viveram nas regiões norte e nordeste do Brasil. Deve-se destacar, neste momento, que nenhum teste de proficiência foi aplicado nos alunos; na verdade, foram utilizados as classificações “intermediário” e “avançado” dadas pela escola de idiomas onde estudavam na época da coleta dos dados.

Abaixo, dispõem-se, de maneira resumida, as características pessoais de cada aluno, participantes do presente estudo:

Tabela 3: Informações pessoais sobre os alunos de LI, participantes desta pesquisa

Sujeitos Proficiência

na LI Gênero Idade nascimento Local de

Local onde passou a maior parte de sua vida A1 A2 intermediário intermediário F F 22 21 São Paulo (SP) Catanduva (SP) São José do Rio Preto (SP) Pirangi (SP)

A3 intermediário F 19 Jales (SP) Fernandópolis

(SP)

A4 intermediário F 19 São José do Rio

Preto (SP) São José do Rio Preto (SP) A5 A6 intermediário intermediário F M 20 20 Campinas (SP) São José do Rio

Preto (SP)

Campinas (SP) São José do Rio Preto (SP)

A7 intermediário F 24 Osasco (SP) Mirassol (SP)

A8 intermediário M 20 Assis (SP) São José do

A9 intermediário M 21 São José do Rio Preto (SP)

São José do Rio Preto (SP)

A10 intermediário M 15 Mirassol (SP) São José do

Rio Preto (SP)

A11 intermediário F 18 São José do Rio

Preto (SP)

São José do Rio Preto (SP)

A12 intermediário M 26 Garça (SP) São José do

Rio Preto (SP)

A13 avançado F 20 Maceió (AL) Maceió (AL)

A14 avançado F 21 Barueri (SP) Barueri (SP)

A15 avançado M 21 Birigui (SP) Birigui (SP)

A16 avançado F 19 São Carlos (SP) São Carlos(SP)

A17 avançado M 18 São José do Rio

Preto (SP) Rio Preto (SP) São José do

A18 avançado F 21 Cardoso (SP) Cardoso (SP)

A19 avançado M 16 São José do Rio

Preto (SP)

São José do Rio Preto (SP)

A20 avançado M 20 Urupês (SP) Urupês (SP)

A21 avançado F 21 São José do Rio

Preto (SP)

São José do Rio Preto (SP)

A22 avançado F 24 São Paulo (SP) São José do

Rio Preto (SP)

A23 avançado F 24 Manaus (AM) Manaus (AM)

A24 avançado M 20 Araçatuba (SP) Araçatuba (SP)

A= aluno

Fonte: Própria

Esta seção apresentou os procedimentos tomados para a coleta e análise dos dados para o desenvolvimento da pesquisa. Foram relatadas também as características dos sujeitos participantes e a descrição de sua atuação no estudo.

A análise de dados, os resultados encontrados e as discussões e reflexões propiciadas por pela presente pesquisa encontram-se no capítulo que se segue.

5 ANÁLISE DOS DADOS

Este capítulo apresenta a análise dos dados coletados para o desenvolvimento desta pesquisa de mestrado.

Para se ter uma visão total do que foi realizado neste estudo, tem-se algumas considerações iniciais a respeito dos fonemas da LI trabalhados aqui. Em seguida, foi feita, à luz da literatura, uma análise geral dos questionários respondidos pelos participantes do estudo. Na seqüência, tem-se a análise acústica das vogais da LI, a apresentação e a discussão dos resultados.

A análise inicia-se com os dados referentes ao par mínimo /i/ e /I/ (tópico 5.3). Primeiramente, foram apresentadas as características articulatórias de cada segmento vocálico do par; depois, suas características acústicas. Tendo como base tais características, segue a análise dos dados de produção oral dos 28 participantes desta pesquisa. Foram abordadas as características formânticas (F1 e F2) das vogais produzidas por cada indivíduo, bem como as suas características de duração, produzidas pelos mesmos sujeitos.

Há ainda a análise do par mínimo /E/ e /Q/ (tópico 5.4), que segue o mesmo critério de disposição de dados e informações apresentados acima.

5.1 Considerações iniciais

O gráfico abaixo mostra a distribuição dos dois pares mínimos vocálicos do IA que foram analisados no presente estudo, a saber: /i/ e /I/, /E/ e /Q/.30 Tal gráfico baseia- se nos valores mediais de F1 e F2, obtidos por Peterson e Barney (1952 apud KENT; READ, 1992); observam-se as vogais em uma distribuição acústico-articulatória padrão, evidenciando a freqüência do primeiro formante na ordenada (eixo vertical) e a freqüência do segundo formante na abscissa (eixo horizontal). As escalas estão marcadas em Hz:

Gráfico 1: Distribuição padrão de F1 e F2 correspondentes a seis fonemas do IA mais o schwa Fonte: Própria

Nota-se que a posição e os valores dos fonemas /i/ e /I/ corroboram a teoria acústica: F1 de ambos os sons é menor que 500 Hz e F2 é maior que 1500 Hz – levando sempre em conta a articulação do schwa. No entanto, F1 de /i/ é mais alto que F1 de /I/; nessa mesma linha de pensamento, F2 de /i/ é mais alto que F2 de /I/ pois /i/ é mais frontal. As mesmas características são observadas nos gráficos abaixo, que mostram os valores de F1 e F2, baseados no gênero dos participantes, de acordo com os dados de Peterson e Barney (1952 apud KENT; READ, 1992):

30 O par mínimo /u/ e /U/ também encontra-se no gráfico apenas para ilustração, uma vez que este par é

Gráfico 2: Distribuição de F1 e F2 correspondentes a seis fonemas do IA, extraídos da produção oral de sujeitos

do gênero masculino

Fonte: Própria

Gráfico 3: Distribuição de F1 e F2 correspondentes a seis fonemas do IA, extraídos da produção oral de sujeitos

do gênero feminino

Fonte: Própria