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2 Revisão bibliográfica

2.2.2 Os requisitos da EPBD e os nZEB

A EPBD exige que após 31 de Dezembro de 2018 os edifícios novos pertencentes ao Estado terão de ser nZEB e até 31 de Dezembro de 2020 a mesma obrigatoriedade para todos os edifícios novos em geral. A EPBD também refere que os Estados Membros devem encorajar a transformação dos edifícios sujeitos a remodelações em nZEB (3).

A exceção aos requisitos enunciados no parágrafo anterior aplica-se a determinados edifícios em que o custo-benefício para todo o seu ciclo de vida económico seja negativo (3).

O nZEB é definido pela EPBD como um edifício que tem “um desempenho energético muito elevado”. Refere ainda que a “quantidade muito baixa de energia requerida”, aquela que é “quase nula”, deve ser coberta “de forma muito significativa” por energia renovável gerada no local ou na vizinhança (3).

Cabe a cada Estado Membro descortinar esta definição ampla da EPBD e traduzir este conceito em números para a sua situação nacional, definindo a sua metodologia e leis nacionais para cumprir a Diretiva (4).

Segundo o ponto 3 do artigo 9 da EPBD, ao criar a sua definição de nZEB cada Estado Membro deve fazer uma descrição pormenorizada da forma como esta é aplicada às suas condições nacionais, regionais ou locais dos edifícios. Deve também incluir um indicador numérico da utilização de energia primária expressa em kWh/m2 por ano. Refere ainda que para a determinação da energia primária utilizada, os fatores de energia primária aplicados podem basear-se em valores médios anuais regionais ou nacionais e podem ter em conta as normas europeias pertinentes. Por fim refere que os Estados Membros devem informar acerca das políticas e das medidas financeiras entre outras tomadas para promover os nZEB. Devem incluir detalhes acerca da utilização de energia de fonte renovável em edifícios novos e nos edifícios existentes sujeitos a grandes renovações (3).

O ponto 1 do artigo 9 da EPBD relata que a definição de nZEB de cada Estado Membro deve estar incluída em planos nacionais que promovam o nZEB, sendo que podem incluir diferentes objetivos consoante a categoria dos edifícios em causa (3).

O artigo 4 da EPBD expõe que os Estados Membros devem garantir requisitos mínimos de desempenho energético dos edifícios de modo a atingir níveis ótimos de rentabilidade. A metodologia de cálculo do desempenho energético dos edifícios deve seguir o procedimento que se encontra no Anexo I da EPBD. Relativamente ao método para determinar os níveis ótimos a Diretiva remete para o seu artigo 5, que refere que os Estados Membros teriam que enviar o primeiro relatório até 30 de Junho de 2012 à Comissão Europeia da forma como os calcularam. Os requisitos mínimos devem ser revistos periodicamente, no mínimo de cinco em cinco anos, e, se necessário, atualizados de modo a refletir o progresso técnico no setor dos edifícios (3). O tempo conjuntamente com o desenvolvimento tecnológico influencia

os preços e os fatores de energia primária pelo que é importante fazer a revisão dos cálculos dos níveis ótimos de rentabilidade. Por exemplo, a introdução de mais energia de fonte renovável nas redes de abastecimento nacional provocará uma diminuição dos fatores de energia primária não renovável para o mix de eletricidade nacional (16).

Os Estados Membros devem submeter à Comissão Europeia os seus planos nacionais com as medidas e definições para promover os nZEB. Para esse propósito, em 2015 cada Estado Membro teria que apresentar objetivos intermédios para melhorar o desempenho energético dos edifícios novos. De 3 em 3 anos esses objetivos devem ser atualizados (17).

Segundo o ponto 5 do artigo 9 da EPBD, a Comissão Europeia teria que publicar um relatório sobre o progresso dos Estados Membros em aumentar o número de nZEB até final de 2012 e a cada 3 anos. Deve com isto elaborar um plano de ação e, se necessário, propor medidas aos Estados Membros e incentivar a transformação dos edifícios existentes em nZEB aquando uma remodelação (3).

Até final de 2016 a EPBD teria de ser avaliada, segundo o seu artigo 19, de modo a verificar a experiência adquirida e os progressos realizados durante a sua aplicação. Se fosse necessário poderia ser efetuada uma revisão à EPBD (3). Essa avaliação da EPBD tem como propósito verificar se a Diretiva está apta a cumprir os seus objetivos. Essa análise deve ser realizada segundo os seguintes critérios: relevância, eficácia, eficiência, coerência e o valor criado para a UE (18).

Um cronograma das datas mais importantes encontradas na EPBD é apresentado na Figura 3.

Devido à forma geral como a EPBD orienta a implementação dos nZEB na UE verifica-se que ainda existe muito por definir. Algo que também está relacionado com a falta de um acordo internacional acerca da definição e metodologia de cálculo de um ZEB relatado no tópico 2.1.1. Visto que não existe uma definição clara de ZEB dificilmente haverá de um nZEB.

D’Agostino no seu estudo ao progresso dos Estados Membros da UE em estabelecerem uma definição de nZEB (4) faz um levantamento dos principais requisitos da EPBD que podem estar relacionados com diferentes argumentos dos nZEB a serem definidos. No Quadro 1 que foi adaptado desse artigo (4) representa esse levantamento. Os argumentos referidos por D’Agostino são os seguintes: categoria do edifício, tipo de balanço, limite físico, limite de necessidades e geração do sistema, período do balanço, normalização, métrica, ponderação temporal e renováveis.

Esses argumentos vão ao encontro dos parâmetros mencionados no tópico 2.1.2. Relembrando esses parâmetros que se voltam a enumerar: ligação à infraestrutura energética, opções de fontes de energia renovável, tipo de balanço, limite físico, métrica, período do balanço, tipo de energia usada e requisitos do edifício.

Relativamente à ligação à infraestrutura energética um nZEB está ligado à rede de abastecimento.

Nas opções de fontes de energia renovável a EPBD é clara e refere que estas têm de ser produzidas localmente ou na vizinhança, contudo não especifica o que se entende por vizinhança, ou seja, até que distância se pode considerar vizinhança. A EPBD também refere que a energia renovável gerada deve satisfazer grande parte das necessidades quase nulas de energia, mas não especifica quantitativamente o que entende por “grande parte” ou por “necessidades quase nulas”.

No tipo de balanço, examinando o Quadro 1, no ponto 4 do artigo 2 a EPBD menciona que o desempenho energético é a energia necessária para satisfazer a procura de energia associada à utilização típica do edifício logo pode-se considerar o balanço entre a energia recebida e a fornecida à rede de abastecimento ou entre a procura e a geração.

No limite físico, atendendo ao Quadro 1, na alínea a) do ponto 2 do artigo 1 a EPBD considera os edifícios ou frações autónomas.

Quadro 1 – Principais requisitos da EPBD relacionados com diferentes argumentos dos nZEB a serem definidos

Requisitos da EPBD Referência

na EPBD

Argumento do nZEB

Os Estados Membros asseguram que o mais tardar em 31 de Dezembro de 2020, todos os edifícios novos sejam nZEB; e após 31 de Dezembro de 2018, os edifícios novos ocupados e detidos por autoridades públicas sejam nZEB.

Artigo 9.1 a/b Privado/Público (…) Os edifícios novos e os edifícios existentes sujeitos a grandes obras de

renovação deverão cumprir requisitos mínimos de desempenho energético adaptados ao clima local.

Considerando 15 do

preâmbulo Novo/Renovação (…) Estados Membros (…) desenvolvem políticas e tomam medidas (…) para

incentivar a transformação de todos os edifícios remodelados em nZEB (…). Artigo 9.2

(…) Os edifícios devem ser devidamente classificados nas (…) categorias Anexo I.5 Categoria «Desempenho energético de um edifício», a energia calculada ou medida

necessária para satisfazer a procura de energia (…) Artigo 2.4 Tipo de balanço

A presente Diretiva estabelece requisitos no que se refere ao quadro geral

comum para (…) edifícios e das frações autónomas; Artigo 1.2 a Limite físico

«Edifício», uma construção coberta, com paredes, na qual é utilizada energia

para condicionar o clima interior. Artigo 2.1

«Desempenho energético de um edifício», a energia calculada ou medida necessária para satisfazer a procura de energia associada à utilização típica do edifício, que inclui, nomeadamente, a energia utilizada para o aquecimento, o arrefecimento, a ventilação, a preparação de água quente e a iluminação.

Artigo 2.4

Limite de necessidades do

sistema «Energia proveniente de fontes renováveis», a energia proveniente de fontes

não fósseis renováveis, nomeadamente eólica, solar, aerotérmica, geotérmica, hidrotérmica e dos oceanos, hídrica, de biomassa, de gases dos aterros, de gases das instalações de tratamento de águas residuais e de biogases.

Artigo 2.6

Limite de geração do

sistema (…) A metodologia para o cálculo do desempenho energético deverá abranger

o desempenho energético do edifício ao longo de todo o ano (…)

Considerando 9 do preâmbulo

Período do balanço (…) que inclua um indicador numérico da utilização de energia primária,

expressa em kWh/m2 por ano. Artigo 9.3 a Normalização

O desempenho energético de um edifício é expresso de modo transparente e inclui um indicador de desempenho energético, bem como um indicador numérico da utilização de energia primária, em função de fatores de energia primária por vetor energético, podendo tomar-se como base as médias anuais ponderadas, nacionais ou regionais, ou um valor específico para a produção no local.

Anexo I.2

Métrica principal «Energia primária», a energia proveniente de fontes renováveis e não

renováveis que não passou por um processo de conversão ou de transformação.

Artigo 2.5 (…) Os fatores de energia primária aplicados (…) podem basear-se em valores

anuais médios a nível nacional ou regional, e podem ter em conta as normas europeias pertinentes.

Artigo 9.3 a Ponderação temporal (…) As necessidades de energia quase nulas ou muito pequenas deverão ser

cobertas em grande medida por energia proveniente de fontes renováveis (…) Artigo 2.2 renováveis Fração de «nZEB», um edifício com um desempenho energético muito elevado (…) Artigo 2.2

Desempenho energético O desempenho energético de um edifício (…) inclui um indicador de

desempenho energético e um indicador numérico da utilização de energia

primária (…) Anexo I.2

A metodologia deve (...) ter em conta: características térmicas (…) instalação de aquecimento e fornecimento de água quente, ar condicionado, ventilação natural e mecânica, instalação fixa de iluminação, conceção, posicionamento e orientação dos edifícios, incluindo as condições climáticas exteriores, sistemas solares passivos e proteções solares (…) cargas internas.

Anexo I.3

A presente Diretiva (…) tendo em conta (…) requisitos do ambiente interior (…) Artigo 1.1

Conforto e Qualidade do ar

interior Esta metodologia abrange (…) a qualidade do ar interior, a luz natural

adequada (…)

Considerando 9 do preâmbulo «Desempenho energético de um edifício», a energia calculada ou medida (…) Artigo 2.4

Monotorização Os Estados Membros incentivam a introdução de sistemas de contagem

inteligentes (…) a instalação de sistemas de automatização, controlo e – adaptado de (4)

Na métrica a EPBD indica que o balanço energético deve ser feito utilizando a energia primária (11).

Em termos do período do balanço, notando o Quadro 1, no considerando 9 do preâmbulo a EPBD destaca que o cálculo do desempenho energético do edifício deverá abranger o seu funcionamento ao longo de todo o ano e não apenas a estação de aquecimento.

No tipo de energia usada no ponto 4 do artigo 2 da EPBD referencia que a energia típica de um edifício inclui a energia utilizada para o aquecimento, o arrefecimento, a ventilação, a preparação de água quente e a iluminação.

Por fim, nos requisitos do edifício, observando o Quadro 1, a EPBD indica que um nZEB é um edifício com um desempenho energético muito elevado, todavia não traduz em termos numéricos o “muito elevado”. Também menciona os requisitos do ambiente interior, a qualidade do ar interior e da iluminação natural.

Outro dos assuntos por definir na EPBD é como combinar a implementação dos nZEB com os requisitos dos níveis ótimos de rentabilidade entre os investimentos necessários e as poupanças energéticas (4).

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