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CAPÍTULO II: RESÍDUOS E COPROCESSAMENTO

II. 1 Os Resíduos

Resíduo pode ser conceituado como qualquer material (seja no estado sólido, líquido ou gasoso), resultante da sobra de um processo de produção, transformação, extração de recursos naturais, execução ou consumo de produtos e serviços (Jesus & Santos, 2009; apud Conexão Social, 2009).

A Convenção da Basileia (PNUMA, 2012) define resíduo como substância ou material eliminado, que se pretende eliminar ou deve-se eliminar de acordo com a legislação nacional.

A Política Brasileira de Resíduos Sólidos (Brasil, 2012b), no seu Capítulo II, define: “Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível”;

“Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada”.

Segundo Philippi JR. (2005), os resíduos são subprodutos da atividade humana que apresentam características específicas de acordo com o processo que os originou. Do ponto de vista da sociedade, os materiais descartados que são reaproveitados se enquadram como matérias-primas secundárias, deixando assim de constituir resíduos. Todavia, quando não se aproveita economicamente os resíduos em nenhum processo

tecnológico acessível e disponível, tais materiais passam a ser denominados de rejeitos (figura 2.1.1).

Figura 2.1.1. Diagrama esquemático das definições de Philippi JR (2005).

A Resolução CONAMA 264/99, que aplica-se ao licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para atividades de coprocessamento, define resíduos como aqueles materiais resultantes de atividades humanas, que se apresentam nos estados sólido, semi-sólido e líquidos, não passíveis de tratamento convencional, estabelecendo que o termo resíduo significa um único tipo de material ou mistura de vários (para fins de coprocessamento) (Brasil, 1999).

Não existe uma classificação internacionalmente adotada para os resíduos, devido a vasta heterogeneidade desses materiais. Assim, os inúmeros critérios empregados para este fim, têm originados dificuldades para com a interpretação e comparação de dados referentes aos diversos países, regiões e cidades (Martinho & Gonçalves, n.d.). Todavia, segundo Jesus & Santos (2009; apud Motta, 2009), de acordo com a origem dos resíduos, pode-se classificá-los como: domiciliar, originado do cotidiano das residências; comercial, proveniente dos estabelecimentos comerciais; de serviços públicos, gerados pelos serviços de limpeza urbana; hospitalar, descartados de hospitais e estabelecimentos afins, bem como farmácias e clínicas veterinárias; industrial, produzido nas atividades dos vários ramos da indústria; radioativo, resultantes da atividade nuclear; agrícola, oriundo da pecuária e atividades de agricultura; e entulho, provenientes da construção civil.

A Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos (ABETRE), classifica os resíduos quanto à origem conforme apresentado na tabela 2.1.1.

Tabela 2.1.1. Classificação dos Resíduos Quanto à Origem. Fonte: ABETRE, 2013.

A norma NBR 10004:2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que objetiva classificar os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, visando que tais materiais possam receber um gerenciamento adequado; define resíduos sólidos como aqueles nos estados sólido e semi-sólido, provenientes de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Incluem-se ainda nesta definição, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como líquidos com características que os tornem inviáveis para serem lançados na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou que para tal sejam exigidas soluções técnicas e economicamente inviáveis frente à melhor tecnologia disponível. A respectiva norma também conceitua a periculosidade de um resíduo, como a característica apresentada por este, que em função de suas propriedades químicas, físicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar: risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou incrementando seus

índices; e riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de maneira não adequada (ABNT, 2004).

A classificação de resíduos pela NBR 10004:2004 considera a identificação da atividade ou processo que os originou, bem como seus constituintes, levando em conta as características e a comparação destes, com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto ao meio ambiente e à saúde é conhecido (ABNT, 2004).

Segundo ainda a NBR 10004:2004, os resíduos são assim classificados: a) Resíduos Classe I - Perigosos;

b) Resíduos Classe II - Não perigosos; divididos em: →Resíduos Classe II A - Não inertes.

→Resíduos Classe II B - Inertes.

Os Resíduos Classe I – Perigosos, são aqueles que apresentam periculosidade ou constem nos anexos A ou B da respectiva NBR, ou ainda contemplem uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade. O anexo A apresenta os resíduos de processos industriais comuns, de fontes não específicas (código F) por ocorrerem em vários setores da indústria, como por exemplo: solventes, pós e fibras de amianto, lâmpadas (vapor de mercúrio), óleos lubrificantes, etc. O anexo B contém resíduos de fontes industriais específicas (código K): resíduos do processo de fabricação de pigmentos inorgânicos, lodos do processo de refinamento do petróleo, etc. (ABNT, 2004).

Os resíduos perigosos inflamáveis são aqueles que apresentam baixo ponto de fulgor na fase líquida e são capazes de produzir fogo por fricção, por absorção de umidade ou alterações químicas espontâneas; os corrosivos apresentam pH muito baixo ou muito alto; os reativos são instáveis, reagem com a água originando misturas explosivas e geram gases danosos; os tóxicos são caracterizados como tal por ensaio de lixiviação e apresentam toxicidade avaliada através da concentração, natureza, persistência, potencial de bioacumulação, efeito nocivo teratogênico, carcinogênico, mutagênico ou ecotóxico; e os patogênicos, contêm ou podem conter organismos com propriedades de

patogenicidade ou modificações genéticas, proteínas virais, DNA ou RNA recombinantes, organelas ou toxinas com potenciais de desencadear doenças (ABNT, 2004).

Os Resíduos Classe II - Não perigosos, subgrupo Classe II A – Não inertes, são constituídos por aqueles materiais que não se enquadram nas classificações dos Resíduos Classe I – Perigosos ou Resíduos Classe II B – Inertes. Propriedades tais como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água, podem estar presentes nos resíduos deste grupo (ABNT, 2004).

Resíduos Classe II - Não perigosos, subgrupo Classe II B – Inertes, são aqueles que quando amostrados de forma representativa (segundo a ABNT NBR 10007) e submetidos a contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada à temperatura ambiente (conforme ABNT NBR 10006), não ocorre solubilização de nenhum de seus constituintes a concentrações maiores do que aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se aspecto, turbidez, coloração, dureza e sabor, conforme anexo G da respectiva NBR 10004:2004, que trata dos parâmetros para o ensaio de solubilização (ABNT, 2004).

II. 2. - O Coprocessamento

Em acompanhamento ao desenvolvimento do país, cresce também a geração de resíduos. Nesse contexto, o coprocessaemto se apresenta como um importante instrumento de gestão, bem como uma alternativa considerável para disposição final desses materiais descartados. No processo de fabricação de cimento, a valorização dos resíduos como substitutos de combustíveis tradicionais fósseis através do processo de recuperação energética, ou como fonte alternativa de matéria-prima, constitui um dos pilares da sustentabilidade na indústria, a qual se embasa no alcance de uma melhor eficiência energética e também de maior redução nas taxas de emissões atmosféricas dos gases de efeito estufa (GEE) (ABCP, 2012; CCI, 2000).

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