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4 OS SUJEITOS DA PESQUISA E A METODOLOGIA

4.1 OS SUJEITOS DA PESQUISA

A pesquisa foi desenvolvida com os educadores do Colégio Estadual Mario Quintana, pertencente à 15ª CRE – Coordenadoria Regional de Educação/RS. O mesmo localiza-se na rua Erechim 135, município de Barão de Cotegipe, ao Norte do Estado do Rio Grande do Sul, pertencendo a Microrregião de Erechim (figura 01).

Os municípios da atual microrregião de Erechim (conforme a classificação do IBGE) iniciaram suas emancipações, ainda na década de 1930, por ocasião da criação do Município de Getúlio Vargas, ocorrida até a década de 1990, onde os últimos criados, foram os municípios de Cruzaltense, Paulo Bento e Quatro Irmãos. Neste ínterim, criaram-se também todos os outros 25 municípios, entre eles Barão de Cotegipe, que compõem a microrregião, totalizando os 30 que, na prática, correspondem praticamente à área territorial original do Município de Erechim. Na microrregião, Erechim é o maior município e constitui-se como espaço de mediação entre as pequenas cidades e os médios e grandes centros, dependendo do tipo de serviço a ser demandado. No contexto microrregional, é Erechim quem polariza a unidade espacial, apresentando um intenso e aparentemente crescente movimento pendular de pessoas que se deslocam em busca da maior disponibilidade de serviços existentes na cidade, além de ter representações de órgãos estaduais e federais.

Barão de Cotegipe faz parte desses municípios, cujos habitantes precisam se deslocar para o município maior, para trabalho, estudos, e diversos serviços. Barão de Cotegipe limita- se com os Municípios de Erechim, São Valentim, Itatiba do Sul, Barra do Rio Azul, Ponte Preta e Paulo Bento. De acordo com os dados do último censo (2010), o município tem uma população de 6.529 habitantes, destes 3.966 moram na zona urbana e 2.563 na zona rural.

Iniciou seu povoamento por volta do ano de 1911, quando, aos poucos, foram chegando os colonizadores italianos, poloneses, ucranianos, lituanos e caboclos. Pertencia a Erechim, e somente teve sua emancipação no dia 23 de janeiro de 1965, levando o nome de Barão de Cotegipe em homenagem ao Estadista João Maurício Wanderley, coautor da Lei dos Sexagenários, braço direito do imperador Pedro I do Brasil, que visitou a localidade na época.

Segundo dados da Prefeitura de Barão de Cotegipe, a partir do perfil dos setores produtivos, o município caracteriza-se pela predominância do Setor Primário. A economia está baseada na agricultura familiar, sendo que esta representa 66% da sua renda, com aproximadamente 900 propriedades de agricultores familiares, possuindo diversas agroindústrias. O município possui a maior produção de frangos da região e também destaca- se na produção de leite, suínos, erva-mate, uva, grãos e fruticultura. Como potencialidade na geração de emprego e renda urbana destacam-se as industrializações da erva-mate, distribuidoras de medicamentos, fábricas de joias, indústrias moveleiras, malharias, serralherias, fábrica de balanças e facas, artefatos de vime e artefatos de concreto.

No que diz respeito à educação, o município já contou com17 escolas, entre a zona urbana e rural, que no decorrer dos anos foram sendo fechadas, e seus alunos remanejados para

as escolas da cidade. Atualmente, resta apenas uma escola na zona rural, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Miguel Wawruch, que atende até o 9ºano do ensino fundamental.

Após o fechamento dessas escolas, muitos alunos do campo foram levados para estudar nas escolas localizadas em área urbana, que são: Escola Municipal de Ensino Fundamental Ângelo Rosa, que atende até o 5º ano; a Escola Municipal de Educação Infantil Barãozinho, que atende os alunos até os 4 anos. E o Colégio Estadual Mario Quintana, que atende fundamental e é a única escola do município que oferta Ensino Médio.

O colégio Estadual Mário Quintana (Figura 02) tem registro de alunos desde 1934. Atualmente, atende 545 alunos, destes 410 são da área urbana e 135 vem da zona rural, sendo 76 alunos do ensino fundamental e 59 alunos do ensino médio.

Figura 02: Colégio Estadual Mário Quintana

Fonte: a autora (2019).

A estrutura física da escola é composta por um terreno com área de 10.903,80 m2, com 17 salas de aula, 02 almoxarifados, 01 passivo, 10 banheiros, cozinha, refeitório, sala de vídeo, sala dos educadores, direção, coordenação pedagógica, SOE, biblioteca, secretaria, ginásio de esportes, laboratório de informática, sala digital, laboratório de ciências da natureza, sala de recursos, parque infantil - Atendimento Educacional Especializado. Como a escola atende

alunos com deficiência, a infraestrutura da escola está adaptada (em algumas salas) com rampas de acesso, banheiro adaptado, mobiliários, equipamentos e recursos específicos para AEE (Projeto Político Pedagógico – Colégio Mário Quintana).

De acordo com o PPP do Colégio Mario Quintana, a filosofia da escola traz que:

Inspirados nos princípios de uma sociedade fraterna, justa e solidária o Colégio Estadual Mário Quintana tem por fim promover intensamente o processo de ensino e aprendizagem baseado na realidade, valorizando a pessoa humana, procurando incorporar valores, orientando o homem para uma constante busca de realizações tanto pessoais como comunitárias a fim de que se torne um cidadão participativo, crítico e responsável no colégio, na família e na sociedade.

O educador deve manter-se aberto as informações, comprometido com o processo de ensino e aprendizagem através de uma postura crítica, dinâmica, criativa e libertador, evolvendo o educando nesse processo tornando-o agente de transformação (PPP, Colégio Mário Quintana, 2017-2019).

Na organização escolar, o Projeto Político Pedagógico é muito importante, segundo Libâneo (2015, p. 126), o mesmo “deve ser compreendido como instrumento e processo de organização da escola” [...] o projeto “institui, estabelece, cria objetivos, procedimentos instrumentos, modos de agir, ou seja, institui uma cultura organizacional”.

Segundo o mesmo autor o projeto sintetiza os interesses, os desejos, as propostas dos educadores que trabalham na escola, respondendo as seguintes questões:

Que tipo de escola, nós, profissionais desta escola, queremos?

Que objetivos e metas correspondem às necessidades e expectativas dessa comunidade escolar?

Que necessidades precisamos atender em termos de formação dos alunos e alunas para a autonomia, cidadania, participação?

Como faremos para colocar o projeto em permanente avaliação, dentro da prática da ação-reflexão-ação? (p. 127).

Nesse sentido, a presente pesquisa se faz muito relevante, devido ao fato de a mesma proporcionar questionamentos, levando os educadores à reflexão sobre o seu papel, para que realmente a filosofia da escola se concretize, tendo presente que todos os alunos, seja da cidade ou do campo, têm os mesmos direitos, ou seja, merecem uma educação de qualidade que também valorize suas especificidades e que também considere sua bagagem cultural.

Diante dessa mudança de rotina dos estudantes que moram no campo e precisam se deslocar para a cidade para continuar seus estudos, a pesquisa procurou saber dos educadores, quais os desafios em dar conta da formação de alunos da cidade e alunos oriundos do campo, no mesmo espaço escolar. Destacando também a importância que têm as políticas públicas de formação continuada para os educadores, para a sua qualificação pessoal e intelectual, enquanto

seres humanos que estão em constante aprendizagem e como profissionais que estão nas salas de aula, nas escolas públicas de nosso país.

Na sequência, apresentamos a metodologia que utilizamos para o desenvolvimento desta pesquisa, o diagnóstico, a análise de dados obtidos a partir de entrevistas realizadas com os educadores da escola pesquisada.

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