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Nesse processo investigativo, os sujeitos de pesquisa foram cinco professores/professoras formadores do Curso de Graduação de Educação Especial Diurno da UFSM, sendo que um deles está aposentado e quatro deles estão em atividade; e dez professoras32 de Educação Especial egressas do Curso de

Graduação de Educação Especial Diurno da UFSM, atuantes em diferentes contextos, na educação básica e superior, de diferentes instâncias, em instituições públicas e privadas, municipais, estaduais e federais. Os sujeitos participantes dessa pesquisa foram escolhidos tendo como critérios: a formação inicial, as atribuições docentes em contextos escolares e a atuação desses em diferentes fases da carreira profissional, conforme o “Ciclo de vida profissional dos professores”, defendido por Huberman (2013)33.

32 O uso do termo “professoras”, no feminino, é utilizado devido à totalidade de participantes mulheres,

como professoras egressas, na pesquisa.

33 Michael Huberman (2013) discute o ciclo de vida profissional dos professores do ensino secundário

e destaca as diferentes fases desse processo. Segundo o autor, a carreira profissional dos professores passa por estágios diferenciados que são caraterizados por experiências comuns aos profissionais do ensino. Contudo, o autor admite a possibilidade de que nem todos os professores vivenciam as mesmas fases e/ou temas, ou na mesma sequência, dependendo das condições e acontecimentos de suas vidas pessoais. Segundo o autor, as fases da carreira, que se reportam a um grande número e por vezes à maioria dos professores, constituem-se em: 1) Entrada na carreira, que envolve do primeiro ao terceiro anos iniciais de docência; 2) Fase da estabilização, que compreende do quarto ao sexto ano de docência em que o professor geralmente consolida um repertório pedagógico; 3) Fase da

Todos os professores formadores deveriam exercer ou já haver exercido suas atividades de ensino/pesquisa/extensão no Curso de Educação Especial Diurno da Universidade. E, todos os professores egressos participantes deveriam haver realizado sua formação inicial no curso de Educação Especial diurno desta universidade e estar profissionalmente envolvidos em contextos de atuação da Educação Especial. O Gráfico 4 sinaliza as redes de ensino de atuação profissional das professoras egressas do Curso.

Gráfico 4 – Redes de ensino de atuação profissional das professoras egressas do Curso.

Fonte: elaboração própria.

A fim de garantir o anonimato dos participantes dessa pesquisa, todos os professores serão nomeados com os nomes fictícios. Os professores formadores34 do

curso serão nominados com palavras relacionadas aos “saberes necessários à prática educativa” (FREIRE, 2002), escolhidas pela importância que têm para a profissão docente: “Diálogo”, “Liberdade”, “Ética”, “Autoridade” e “Esperança”.

As professoras egressas, por sua vez, serão nominadas com palavras, abstraídas de diferentes narrativas, que se referem aos professores de Educação

de atuação profissional; 4) Serenidade e distanciamento afetivo, que caracteriza o estágio da carreira profissional docente de professores com mais de 25 anos de carreira (25-35 anos de docência) e 5)

Desinvestimento, entre os 35º e 40º ano de carreira profissional, que caracteriza o período em que há

um desinvestimento do professor em relação a sua carreira profissional e o interesse por novos projetos, dentre eles o da aposentadoria, com mais tempo dedicado a si próprio e à vida social.

34 Entende-se que o termo “professor formador” poderia também ser usado para definir os professores

egressos do curso, estes que em seus contextos de trabalho também se configuram como professores formadores. Dentre os professores formadores do curso, três são egressos do Curso de Educação Especial da Universidade Federal de Santa Maria, em diferentes períodos temporais.

4

3 2

1

Redes de ensino de atuação profissional das professoras

egressas do Curso.

Rede Municipal de Ensino (4) Rede Estadual de Ensino (3)

Especial e às múltiplas atribuições desse professor na escola. São elas: “Educadora Nota Dez”, “Tarefeira”, “Capaz de Mudar um País”, “Especialista”, “Generalista”, “Profissional de Fé, “Salvadora da Pátria”, “Super-Heroína”, “Educadora do Ano”, “Gestora de recursos”.

A escolha desses termos para nominar as professoras egressas tem a intenção de revelar adjetivos que são afirmados por discursos dos próprios professores participantes dessa pesquisa; por discursos das legislações vigentes; por campanhas de instituições/fundações; e também por slogans educacionais que sugerem uma aura positiva, sobre a identidade docente e a importância do seu fazer na escola. No entanto, essas formas de nominar os professores de Educação Especial foram elegidas, para o uso de nomes fictícios nesta tese, como uma crítica a essas denominações, não sendo escolhidas, de forma alguma, a partir de uma suposta crença de que tais nominações definem o perfil ou a atuação desses professores em seus contextos de trabalho.

Três dos cincos professores formadores do curso, participantes dessa pesquisa, são professores egressos do próprio curso e os demais são egressos de cursos afins à área da Educação Especial. O período formativo inicial desses professores envolve o intervalo de tempo da década de 1970 até o ano de 2002. Para garantir o anonimato dos participantes da pesquisa, as informações acerca das formações específicas desses professores e do ano exato de suas formações iniciais não serão reveladas. As professoras egressas participantes dessa pesquisa são professoras com períodos de formação diferenciados, formadas antes da reformulação do curso, realizada em 2004, e outras pós-reformulação. O Quadro 6 explicita o ano de conclusão e a habilitação do Curso de cada uma das professoras egressas.

Quadro 6 – Habilitação e ano de conclusão das professoras egressas do Curso de Educação Especial da UFSM.

(continua) Professora Participante Habilitação do

Curso

Ano de

Conclusão “Educadora Nota Dez” EE DM35 1990

Quadro 6 – Habilitação e ano de conclusão das professoras egressas do Curso de Educação Especial da UFSM.

(conclusão) “Tarefeira” EE DA36 1996

“Capaz de Mudar um País” EE DM 2000 “Especialista” EE DA 2000 “Generalista” EE DM 2001 “Profissional de Fé” EE DM 2002 “Salvadora da Pátria” EE DA 2005 “Super-heroína” EE DM 2007 “Educadora do Ano” EE37 2011 “Gestora de recursos” EE 2013 Fonte: elaboração própria.

Os procedimentos éticos fundamentam-se na relação de respeito e reciprocidade entre os pesquisadores e os sujeitos da pesquisa. Atitudes como buscar apoio entre as pessoas envolvidas diretamente com a investigação, aliar, “fornecer aos membros da comunidade as informações obtidas”, e “preservar a identidade dos respondentes” são consideradas posturas éticas frente à realização de uma pesquisa (GIL, 2002, p. 132).

O anonimato dos sujeitos da pesquisa é uma atitude básica aos que desenvolvem pesquisas envolvendo pessoas. Lüdke; André (1986) afirmam que “para conseguir certo tipo de dado, o pesquisador muitas vezes tem que assegurar aos sujeitos o anonimato. Se essa promessa é feita, ela obviamente tem que ser cumprida” (p. 50). E afirmam que “uma medida geralmente tomada para manter o anonimato dos respondentes é o uso de nomes fictícios no relato, além, evidentemente, do cuidado para não revelar informações que possam identificá-los” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 50).

Flick (2009), nessa discussão, afirma que se faz necessário organizar as notas de campo e as transcrições de forma que elas não incluam “informações concretas sobre pessoas e lugares, devendo ser anônimas desde o princípio. Deve-se evitar falar em sua equipe de pesquisa sobre pessoas “reais” e sim falar de casos usando anônimos ou nomes alterados” (p.103). Com vistas a atender a todos os

36 Curso de Educação Especial – Habilitação Deficientes da Audiocomunicação. 37 Curso de Educação Especial – Licenciatura.

procedimentos éticos necessários para a realização dessa pesquisa, salienta-se que este estudo, após o processo de qualificação de seu projeto, sofreu apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) da UFSM (Anexo A). O Quadro 7 apresenta os percursos dessa pesquisa, destacando as questões centrais da pesquisa, seus objetivos e instrumentos de coleta e análise dos resultados.

Quadro 7 – Percursos da pesquisa: questões motrizes, objetivos e instrumentos de coleta e análise dos resultados.