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Os vários projectos – permanências e diversidades

4. PROJECTO DE REESTRUTURAÇÃO DOS MUSEUS MUNICIPAIS (1999-2002)

4.1 C ONCURSO P ÚBLICO I NTERNACIONAL PARA R EMODELAÇÃO E A MPLIAÇÃO DO M USEU DE F ARO

4.1.7 Os vários projectos – permanências e diversidades

Façamos uma súmula destes projectos e das condicionantes prévias. Passados estes anos e algumas reflexões sobre o assunto, importa referir que em relação ao programa de concurso e relativamente às áreas propostas para diversos serviços, estas estavam subdimensionadas.

Ora vejamos, para as áreas públicas, a destinada às exposições temporárias, previa apenas 350m2421, na altura em que o concurso foi realizado o aumento era significativo, pois existia somente uma área de 73m2422. Quanto às exposições permanentes no programa de concurso indicava-se 750m2, todos os concorrentes, com excepção da equipa de Carrilho da Graça, aumentaram a área e da dupla Hartmann e Cid propunha 1.081,97m2.

419 A sala educativa ganharia em ter uma abertura directa para o logradouro (antiga cerca),

possibilitando a articulação de actividades no exterior com o apoio de uma bancada com água, por isso a localização preferível seria a antiga cozinha conventual.

420Ver nota de rodapé n.º 407. 421Ver quadro VIII.

422 Porque a Biblioteca Municipal funcionava na ala Sul do piso superior, ala posteriormente (2001)

convertida, em parte, para exposições temporárias. Actualmente o museu possui 316,26m2 de área de exposições temporárias e 748,63 de exposições permanentes.

Passando às zonas semi-públicas o programa de concurso não contemplava uma área para um Centro de Documentação, equipamento fundamental quer para o exterior, quer para investigadores residentes ou pessoal técnico. Apenas um concorrente colocou esta valência na sua proposta (Hartmann e Cid).

A área sugerida a concurso para serviço educativo também era reduzida, 35m2423, contudo os concorrentes propuseram áreas maiores, sendo a equipa Carlos Guimarães e Soares Carneiro que definiram a área mais ampla – 112m2, demonstrando a percepção que tinham sobre a importância vital destes espaços num museu e sobre o que deve ser a função social o museu.

Quanto às áreas privadas, ou melhor de acesso condicionado, nomeadamente as reservas, os concorrentes diminuíram as mesmas, mas de forma pouco significativa, com excepção para a equipa Santa Rita, arquitectos que a aumentou. O programa previa que houvesse reservas nos dois núcleos – convento e fábrica – pelo que a área proposta era razoável para um horizonte temporal de dez anos.

Sobre a concepção espacial, dois concorrentes – Gonçalo Byrne e Carlos Guimarães - propunham uma nova entrada pelo Largo do Castelo, secundarizando a fachada principal do edifício conventual. Em termos de recuperação urbana criavam um novo pólo de interesse neste núcleo amuralhado, com a revitalização do largo. Funcionalmente, a entrada do museu ganhava importância, criando uma curiosidade maior no visitante para chegar ao edifício conventual.

Relativamente à distribuição de públicos as propostas apresentam soluções distintas, mas que se tocam, individualizando de forma clara o percurso das exposições temporárias das permanentes. Apenas um concorrente – Carlos Guimarães e Luís Soares Carneiro – instala salas de exposições permanentes e temporárias nos

corpos novos. Esta solução apresenta, por um lado, a vantagem de, em termos museológicos, poder ter salas mais flexíveis e neutras, por outro lado, em termos de valorização patrimonial impede que parte do edifício conventual seja visto pelo público.

Na localização dos espaços complementares, tais como a cafetaria, houve a preocupação clara desta funcionar de forma autónoma do museu, apesar de três propostas – Hartmann & Cid, José Gigante e Santa Rita – a localizarem no antigo edifício conventual, não nos parecendo uma boa opção, pelas implicações técnicas e práticas que um equipamento deste tipo acarreta e o que isso significa em termos de perdas patrimoniais.

As reservas também mereceram opções e propostas diferentes. Dois projectistas – Carlos Guimarães & Luís Soares Carneiro e Carrilho da Graça – instalaram parte das reservas no antigo edifício e a outra parte nos novos corpos a construir e um concorrente – Gigante – localizo-as numa cave. A opção de instalar as reservas no antigo edifício, em nossa opinião, iria interferir demasiado com o edifício, pela necessidade de instalação técnica que as mesmas exigem.

Deixamos para o fim, a questão que é a base deste trabalho, a leitura que fazemos das propostas em relação ao conceito utilizado para intervir no edifício. Houve em todos uma intenção clara de valorização do conjunto, mas algumas das soluções apresentadas pecam pela excessiva interferência no edifício conventual:

1. Alteração das antigas divisões conventuais, criando grande alas. Veja-se as propostas de José Gigante, Santa Rita Arquitectos e Hartmann &Cid que propõe a abertura da antiga ala poente, destruindo a antiga compartimentação. Ou a proposta de José Gigante para a ala nascente, abrindo-a totalmente para instalação da cafetaria.

2. A localização de novos acessos (elevadores e escadas) em dois dos projectos – Carlos Guimarães & Soares Carneiro e Hartmann &Cid, implantando a 1.ª equipa as escadas nos antigos coros (alto e baixo) e a última colocando o elevador a sair na sala junto ao coro baixo, onde se localizavam as escadas destruídas na obra a cargo da DGEMN. Outro acesso de escadas seria, da equipa de Carlos Guimarães & Soares Carneiro, na antiga casa da abadessa, com a ocupação da última sala.

3. A destruição ou obstrução da cerca. A proposta de José Gigante destrói mesmo uma parte da cerca (a sul), para a construção de um novo corpo, ou a proposta de Hartmann &Cid que localiza o centro de documentação e o auditório mesmo adossados à cerca.

4. Os corpos novos. Para além das situações descritas no ponto anterior, as situações que seriam muito impositivas eram as propostas de Gonçalo Byrne, com a criação de um corpo paralelo à ala sul do convento e a da equipa Carlos Guimarães & Soares Carneiro, com a construção de um novo corpo paralelo à ala nascente.