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IV. 1.1.4.2 A energia solar fotovoltaica

IV.1.1.9. Os vãos envidraçados

O vidro tem vindo a ganhar um papel cada vez mais importante num edifício quando se fala em eficiência energética do edifício, uma vez que é por ele que se dá grande parte das perdas de calor. O adequado dimensionamento das áreas envidraçadas, a qualidade do envidraçado e da caixilharia contribuem para o conforto térmico no interior das habitações e reduz o desperdício energético (reduzindo também a fatura energética) (Jardim, 2009).

Segundo Mota (2013), estima que 20% das perdas de calor numa habitação em Portugal têm origem nas janelas.

A substituição de janelas num edifício é a medida mais simples e eficaz para melhorar o nível de eficiência e conforto dos utilizadores. O deficiente desempenho dos vãos envidraçados tem um peso de até 30% das necessidades de climatização de um edifício, reduzindo os custos com aquecimento/arrefecimento. A escolha adequada para garantir um melhor desempenho interior pode garantir um retorno de investimento até seis anos, otimizando o desempenho energético-ambiental dos edifícios (Sampaio, 2011). Posto isto, é por demais evidente que uma adequada escolha dos vãos envidraçados nos edifícios é uma mais-valia para a melhoria considerável da eficiência do conforto dos utilizadores do espaço interior.

Para a escolha da melhor opção em termos de vidro a aplicar, é essencial atender a fatores como: luminosidade; localização do edifício; orientação solar do edifício; dimensão dos vãos da janela; isolamento térmico; e, isolamento acústico. Esses fatores são decididos consoante as caraterísticas e a utilização do edifício em causa. Um

edifício com vidros adequados às suas caraterísticas consegue obter uma poupança energética, refletindo-se no bolso do utilizador (Fernandes, 2011).

Relativamente à área do vidro, se o edifício estiver orientado para sul, o vão envidraçado deverá rondar 40% da superfície total. Se o vão envidraçado exceder 50% da superfície total do lado sul do edifício, a luz solar conseguida no inverno não aumentará significativamente mas as zonas situadas na parte sul da casa ficarão expostas a calor excessivo na época de verão, diminuindo o bem-estar. Por outro lado, uma superfície envidraçada reduzida diminui o risco de sobreaquecimento no verão, assim como diminui a luz solar no interior, levando a um consumo de energia maior provenientes da iluminação artificial e aquecimento (Isolani, 2008).

No que toca a isolamento térmico, existem três famílias de vidros: (a) os vidros de

baixa-emissividade têm como função reduzir ao mínimo as perdas de calor que se

encontra no interior do edifício; (b) os vidros de controlo solar têm como propósito reduzir os ganhos solares provenientes da incidência do Sol no edifício; (c) os vidros

seletivos servem para deixar entrar a luz solar, sem a transmissão de calor solar para o

interior do edifício, combinando o controlo solar com a baixa emissividade (Fernandes, 2011).

O isolamento acústico é um fator que tem vindo a ganhar cada vez mais importância. Por norma, os vidros com o propósito de isolar acusticamente possuem dois vidros unidos por uma película com propriedades de isolamento acústico (Fernandes, 2011). No processo de decisão dos vãos envidraçados existe uma hierarquia. Essa hierarquia é iniciada nos critérios que têm impacte maior no desempenho térmico dos edifícios até aos de menor impacte. O primeiro passo é saber a zona climática onde o projeto se insere. Portugal está dividido pelo RCCTE em três zonas climáticas de inverno (I1, I2, I3) e três zonas climáticas de verão (V1, V2, V3). Estas zonas reúnem os concelhos do país com climas semelhantes onde o comportamento térmico dos edifícios deve ser idêntico. Após saber a zona climática onde o projeto se insere e a forma como este irá afetar o comportamento térmico do edifício, o passo seguinte é a orientação da fachada. O fator orientação depende muito da envolvente do edifício, onde o projetista deve ter consciência que este fator tem influência no desempenho térmico do edifício. A área de envidraçados é o critério seguinte, que deve ser projetada tendo em conta que os ganhos

reduzir os ganhos solares no verão e não impedir a penetração no inverno. O tipo de vidro e os materiais da caixilharia (alumínio, PVC, madeira, etc.), respetivamente, são os critérios que se encontram no final do processo de decisão. O vidro constitui grande parte da área do vão, proporcionando trocas de calor, através de ganhos solares e condução (Sirgado, 2010).

Em alternativa ao acrescento sucessivo de panos, podem ser aplicadas películas de baixa emissividade, aumentando a reflexão do calor e a capacidade de isolamento térmico da janela. Para reduzir perdas térmicas através dos envidraçados, é possível preencher o espaço de ar entre panos com gases menos condutores. Outra alternativa para o aumento do desempenho dos vãos é a utilização de vidros coloridos, uma vez que diminui a quantidade de radiação solar que é transmitida para o interior. No entanto, diminui a quantidade de luz e aumenta a necessidade de aquecimento no inverno (Ganhão, 2011). A radiação total que incide no vão envidraçado é dividida em três partes: (a) a parte que é transmitida para o interior; (b) a parte que é refletida para o exterior; (c) e uma terceira parte absorvida pelo vidro (q posteriormente segue para o interior e outra para o exterior) (Sirgado, 2010).

Relativamente à caixilharia, esta é igualmente importante, uma vez que é o elemento de transição entre as áreas opacas e as áreas envidraçadas, garantindo a estanquidade e o bom desempenho térmico. A caixilharia deve ter em consideração (a) o grau de estanquidade da caixilharia e (b) a capacidade de reciclagem do material que constitui o caixilho e os acabamentos (Garrido, 2008).

A substituição das janelas de edifícios antigos por modelos mais recentes possibilita controlar as trocas térmicas entre o interior e o exterior e reduzir as infiltrações de ar não controladas (Sampaio, 2011).

No âmbito do (PNAEE), a medida ‘Janela Eficiente’, tem como objetivo a reabilitação das superfícies envidraçadas de cerca de 160 mil fogos até 2015 com a implementação de 1,6 milhões de m2 de vidros mais eficientes em detrimento de vidros simples com

necessidades de reparação. Estima-se que o potencial de poupança energética é na ordem de 156,2 TJ. (Lisboa E-Nova, 2009 cit in Ferreira, 2009).