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Ostrom e a Governan¸ ca dos Recursos Comuns

O trabalho de Ostrom se diferencia de Hardim, primariamente porque Ostrom se preocupou em estudar as estruturas e as regras de governan¸cas ao estabelecer regras bem claras para os agentes que consomem aqueles recursos comuns.

A defini¸c˜ao dos Recursos Comuns ´e definida pela seguinte f´ormula: “One of four

subtracts from another’s and where it is difficult to exclude users”(SIM ˜OES; MACEDO; BABO, 2011 apud HESS; OSTROM, 2007).

As defini¸c˜oes de Ostrom (2002, pag. 1) para o que s˜ao problemas de recursos

comuns, ´e descrito da seguinte maneira:

Most natural resource systems used by multiple individuals can be classi- fied as common-pool resources. Common-pool resources generate finite quantities of resource units and one person’s use subtracts from the quantity of resource units available to others (...). Most common-pool resources are sufficiently large that multiple actors can simultaneously use the resource system and efforts to exclude potential beneficiaries are costly. Examples of common-pool resources include both natural and human-made systems including: groundwater basins, irrigation systems, forests, grazing lands, mainframe computers, government and corporate treasuries, and the Internet. Examples of the resource units derived from common-pool resources include water, timber, fodder, computer-processing units, information bits, and budget allocations (...).

Desta forma, fica mais objetivo compreender o uso de recursos naturais por entidades

atˆomicas (pessoas, empresas, corpora¸c˜oes, pa´ıses) e o uso de recursos como uma a¸c˜ao a

ser tomada de forma estrat´egica. Contudo, para que funcione o uso adequado de recursos,

regras precisam ser estabelecidas, de modo que fun¸c˜oes coordenadas e cooperativas tornam

o uso dos recursos mais eficientes.

Da mesma forma em que a trag´edia dos comuns, o uso exacerbado de recursos

naturais pode levar a um estado de degrada¸c˜ao do recurso natural, caso n˜ao exista alguma

forma de regra que oriente os agentes que est˜ao interagindo dentro do jogo social de onde

se retira dado recurso natural. O Problema maior em quest˜ao, se d´a de acordo com o valor

deste recurso natural, dependendo da sua escassez e das regras de retirada, os problemas

podem ser de dificil solu¸c˜ao. Como podemos ver na cita¸c˜ao a seguir:

When the resource units are highly valued and many actors benefit from appropriating (harvesting) them for consumption, exchange, or as a factor in a production process, the appropriations made by one individual are likely to create negative externalities for others. Nonrenewable resources, such as oil, may be withdrawn in an uncoordinated race that reduces the quantity of the resource units that can be withdrawn and greatly increases the cost of appropriation. Renewable resources, such as fisheries, may suffer from congestion within one time period but may also be so overharvested that the stock generating a flow of resource units is destroyed. An unregulated, open-access common-pool resource generating highly valued resource units is likely to be overused and may even be destroyed if overuse destroys the stock or the facility generating the f1ow of resource units.(OSTROM, op. cit.)

Ostrom explica o problema da n˜ao regulamenta¸c˜ao, uso ou n˜ao conhecimento pleno

das regras do jogo que norteiam a atitude dos jogadores envolvidos. Dependendo do valor do

de Ostrom ´e bem mais positivo que o fatalismo de Hardim. SegundoSIM ˜OES, MACEDO e BABO(2011 apud OSTROM,2015), os principios gerais para se utilizar de forma eficiente

os recursos comuns s˜ao:

ˆ Demarca¸c˜ao clara da fronteira dos bens comuns e de seus utilizadores;

ˆ As regras devem ser adequadas `as condi¸c˜oes locais (espa¸co, tempo tecnologia); ˆ Os agentes participantes, tamb´em s˜ao legisladores das pr´oprias regras;

ˆ Os fluxos de benef´ıcios proporcionados pela gest˜ao comum s˜ao proporcionais aos

custos de utiliza¸c˜ao;

ˆ As regras estabecidas s˜ao reconhecidas pelas autoridades externas;

ˆ As regras estabelecidas s˜ao monitoradas e com enforcement, sujeito a puni¸c˜ao dos transgressores;

ˆ ´E facilitado a resolu¸c˜ao dos conflitos;

ˆ Existe a interliga¸c˜ao na gest˜ao de recursos de menor escala para maior escala, partindo do caso particular para o caso geral.

Trˆes exemplos s˜ao de problemas regulat´orios no setor pesqueiro no Maine, com

problemas de superprodu¸c˜ao (e escassez) e por regula¸c˜ao de direitos de propriedade nos

Alpes Sui¸cose e de gest˜ao de canais de irriga¸c˜ao por cooperativas auto-organizadas no

Nepal.

As diferen¸cas entre o fatalismo de Hardim e a governan¸ca dos comuns de Ostrom,

pode ser sintetizada na figura 1abaixo, proposta porSIM ˜OES, MACEDO e BABO(2011).

De acordo com o quadro abaixo, podemos observar que o que foi proposto por Hardim ´

e o controle direto de um recurso ora pelo Estado ou por uma entidade privada. Para

Ostrom a propriedade ´e coletiva e deliberada. As a¸c˜oes tomadas pelo agente regulador,

para Hardim tem funcionamento, enquanto a gest˜ao dos recursos comuns para Ostrom

tem efeito de longo prazo.

Tanto a teoria de Elinor Ostrom como de Hardim s˜ao importantes para compreender

que a tomada de decis˜ao mesmo que descentralizada dos agentes tem efeito direto na

disponibilidade de recursos naturais. Seja por uma via otimista como a de Hardim ou seja

Otimista e focada na governan¸ca de recursos, teoria que rendeu um prˆemio Nobel para

Ostrom. No entanto, na pr´oxima se¸c˜ao revisitaremos um pouco dos conceitos de com´ercio

Figura 1 – Quadro Comparativo das Teorias de Hardim e Elinor Ostrom

Retirado de SIM ˜OES, MACEDO e BABO(2011).

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