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As funções que o professor estagiário desempenha na instituição escolar dependem, em primeira instância, da atribuição de turmas ao orientador cooperante e demais funções. A direção de turma é uma das funções que não está contemplada no programa de estágio pedagógico do mestrado em educação física. Não obstante, o envolvimento voluntário do estagiário em tarefas no âmbito desta área poderá trazer benefícios e repercussões muito positivas para a sua formação.

Neste enquadramento, foi-nos atribuído a direção de turma do 12º 5 no primeiro e terceiro período. Desempenhamos funções desta natureza apenas nos períodos referidos porque houve a necessidade de partilhar a direção de turma com uma das colegas estagiárias, cuja turma não fora atribuída a direção de turma.

As respetivas funções foram assumidas sempre de forma autónoma, mas com o apoio e a colaboração imprescindível da orientadora cooperante. Excetuando os concelhos de turma e as reuniões com os encarregados de educação, assumimos quase totalmente o papel de diretor de turma. Ao longo de todo o processo, as tarefas desenvolvidas foram não só diversas como de carácter distinto.

No que diz respeito à natureza das tarefas, podemos dividi-las em duas grandes áreas: a administrativa e a relacional. Na primeira referimo-nos às tarefas burocráticas de preenchimento e impressão de documentos, eleição do delegado de turma, controlo de presenças e justificação de faltas (plataforma digital place), gestão do dossier de turma e elaboração de avisos dirigidos aos encarregados de educação (excedência de faltas dos educandos, reuniões de entrega de notas, etc.). A segunda teve a ver com o contacto com encarregados de educação no período de atendimento dos mesmos e na entrega de notas, as reuniões de concelho de turma e o contacto com os alunos relativamente aos assuntos de direção de turma.

Portanto, pudemos constatar que no âmbito da direção de turma foram estabelecidos três tipos de relações: professor/aluno, professor/professores da turma e professor/encarregado de educação.

Relativamente à relação professor/aluno constatámos que, o fato de desempenharmos funções de direção de turma, permitiu-nos abordar os alunos com outra proximidade. Disponibilizávamo-nos não só para esclarecimentos sobre número de faltas e justificação das mesmas, sobre o período de atendimento aos encarregados de educação, para comunicação de

várias informações pertinentes à turma, mas também para eventuais problemas no seio da mesma, problemas pessoais, ou assuntos complementares à matéria, ou de ordem mais académica. Foi interessante verificar a proximidade que se foi criando e o à vontade que os alunos foram tendo em discutir os assuntos inerentes à direção de turma.

Embora a gestão de conflitos faça parte da direção de turma, não identificámos alunos objeto de sanções disciplinares nem “casos problema” que necessitem de particular atenção. Apenas se verificaram alguns comportamentos e atitudes menos próprias, no âmbito das outras disciplinas, sem consequências ou necessidade de intervenção especial.

Na nossa relação com os restantes professores da turma, no âmbito da direção de turma, verificámos logo uma boa interação. Fomos recebidos cordialmente e ficámos logo com a sensação de que eramos tratados como um semelhante e não como um aprendiz. Adicionalmente, na sala de professores, ou até mesmo nos corredores, pudemos trocar informações sobre os alunos e seus desempenhos ou simplesmente debatemos assuntos de ordem escolar.

Participámos em todas as reuniões de conselho de turma, desempenhando funções de adjuvante da direção de turma, onde eram debatidos os problemas inerentes à turma, bem como as questões da avaliação.

Com este tipo de interação apercebemo-nos quão importante era a relação entre diretor de turma/professores da turma, não só para a resolução de problemas inerentes à turma, mas também para a gestão e coordenação de processos de desenvolvimento curricular.

No que diz respeito à relação professor/encarregado de educação podemos afirmar que foi pacífica e produtiva, permitindo não só que a comunicação de informações, relacionadas com os seus educandos, fossem bem recebidas e aceites, como também se propiciasse o diálogo sobre diversas questões inerentes aos mesmos ou até às suas escolhas de continuidade académica. Os encarregados de educação ao longo do ano puderam comunicar com o diretor de turma através do período de atendimento aos encarregados de educação, às segundas-feiras (12º5) das 13h15 às 14h00, e nas reuniões destinadas à entrega de notas no final de cada período letivo.

Notámos que os encarregados de educação que apareciam no período de atendimento de direção de turma estavam bastante envolvidos e preocupados com a vida escolar dos seus educandos. Foi também nestes momentos que pudemos conhecer um pouco melhor os nossos alunos e retirar algumas informações que pudessem ser pertinentes para a prática letiva.

Posto isto, sentimos que desenvolvemos capacidades nos aspetos administrativos e nos aspetos relacionais inerentes à direção de turma.

No que diz respeito às questões de natureza administrativa, compreendemos que é importante montar estratégias para resolver os problemas burocráticos da direção de turma e ultrapassar obstáculos, sempre numa perspetiva de rendimento. No entanto, considerámos que neste âmbito a ESJM deveria desenvolver esforços no sentido de haver uma maior proximidade entre o diretor de turma e o encarregado de educação e uma maior eficiência na transmissão de informação, com base na plataforma digital pré-existente. Por exemplo, no sistema informático disponibilizado ao diretor de durma devia constar o correio eletrónico dos encarregados de educação, bem como a permissão automática de envio de informações acerca do número de faltas do educando e de outros assuntos que o diretor de turma considerasse relevantes. Isto porque, devido à situação económica da escola, não foi possível comunicar com os encarregados de educação através de carta e/ou telefone quando necessário. No questionário da direção de turma concluímos que todos os alunos têm computador em casa. Logo, podemos concluir que a generalidade dos encarregados de educação têm acesso às informações enviadas através de e-mail, e nesse sentido poderíamos favorecer a comunicação e a economia de recursos.

No âmbito relacional, compreendemos que o professor, que desempenha o cargo de diretor de turma, tem um “papel de interlocutor/mediador privilegiado entre três

intervenientes no processo educativo: professores, alunos, encarregados de educação”

(Roldão, 2007, p. 12). Nesta ótica considerámos que adquirimos uma maior perceção acerca das valências que um professor deve ter no contexto escolar e ficar melhor preparados para desempenhar as mesmas funções no futuro. No caso do concelho de turma, verificámos que é um órgão importante, que permite não só fazer a ponte entre a turma e a orgânica da escola, mas também interferir positivamente no desenvolvimento curricular dos alunos. Assim, corroboramos que “o diretor de turma desempenha sempre um papel-chave na gestão e

coordenação destes processos de desenvolvimento curricular, embora isso não signifique que se substitua ou imponha as suas decisões aos professores; pelo contrário, o seu papel de gestor deste processo terá de ser o de animador, organizador, coordenador, da dinâmica criada pelos docentes do conselho de turma” (Roldão, 2007, p. 18).

Para terminar, consideramos que todas as tarefas realizadas e funções desenvolvidas enquanto diretor de turma enriqueceram o nosso processo de formação.