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Interação Biológica

OUTRAS CAUSAS

“BACKGROUND” FATOR A ISOLADO FATOR B ISOLADO FATORES A + B COMBINADOS A A B B

Ferrite, S. Modelos aditivo e multiplicativo & Interação biológica. [texto didático] Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, ISC, UFBA, 2006.

5

[ E 2 ]

[ E 1 ]

A incidência da doença D esperada no grupo alocado com a exposição combinada

corresponde à soma das contribuições dos efeitos de A e B, respectivamente, R10 – R00 e

R01 – R00, somada ao risco de desenvolver a doença por outras causas (R00). Desta forma, a

expressão

R

11

= R

10

– R

00

+ R

01

– R

00

+ R

00

representa a hipótese nula de interação com base no Modelo Aditivo para análise de efeitos combinados. Ao ser expressa de outra forma [E 2], demonstra que a diferença de risco pela combinação dos fatores deve ser igual à soma das diferenças de risco por cada fator isolado.

R

11

- R

00

= R

10

– R

00

+ R

01

– R

00

Aplicando ao exemplo da Tabela 1, calculamos que a incidência máxima esperada para o grupo exposto aos fatores A e B seria de 22%. Medidas superiores refletiriam casos excedentes, indicando afastamento do comportamento esperado para a ação independente de dois fatores, com base no modelo aditivo. Portanto, um resultado da medida de

incidência ≤ 22%, para o grupo com alocação da exposição combinada, confirmaria a

hipótese nula para interação sinérgica de A e B para D.

Por sua vez, a medida de associação também terá estimado o seu valor para a hipótese nula. Na Figura 2, observa-se o Risco Relativo (RR) calculado para cada um dos grupos de intervenção do experimento.

Figura 2 – Medidas do Risco Relativo correspondentes à ação isolada e combinada dos fatores A e B.

outros (RR00) Fator B (RR01) Fator A (RR10) A e B (RR11)

Ferrite, S. Modelos aditivo e multiplicativo & Interação biológica. [texto didático] Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, ISC, UFBA, 2006.

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[ E 3 ]

[ E 4 ]

[ E 6 ]

[ E 5 ]

O RR esperado para o grupo de exposição combinada, na ausência de interação, pôde ser

estimado pela soma dos excessos de risco, respectivamente RR10 – 1 e RR01 – 1, acrescida

de 1 [E 3].

RR

11

= RR

10

– 1 + RR

01

– 1 + 1

O que pode ser expresso, alternativamente, como

RR

11

– 1 = RR

10

– 1 + RR

01

– 1.

Este é o efeito esperado utilizando-se como pressuposto o modelo aditivo, somamos as incidências e somamos os riscos. Neste contexto, a hipótese nula pode ser chamada de

aditividade, e é coerente com a afirmativa de que A e B não são responsáveis por produzir

mais casos da doença além daqueles esperados pela soma de suas ações isoladas. A

aditividade pressupõe não haver relação de interdependência entre os efeitos dos fatores.

Da mesma forma que foi interpretada a hipótese nula da medida de morbidade, um RR ≤ 11,

derivado do grupo com alocação da exposição combinada, demonstraria a ausência de efeito sinérgico entre os fatores A e B para D. Valores superiores refletiriam casos excedentes aos esperados de acordo com o modelo aditivo para efeitos combinados. Esta condição caracteriza os afastamentos do modelo aditivo (departures from additivity). O fato, verificado pela medida de morbimortalidade ou de associação, é representado pelas expressões a seguir, respectivamente.

R

11

- R

00

>R

10

– R

00

+ R

01

– R

00

RR

11

– 1> RR

10

– 1 + RR

01

– 1.

Resultados que se ajustam a E5 e E6 demonstram que o efeito combinado produz mais casos de doença do que a expectativa baseada na aditividade. Estes casos excedentes caracterizam o sinergismo entre os efeitos de A e B na produção da doença.

Ferrite, S. Modelos aditivo e multiplicativo & Interação biológica. [texto didático] Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, ISC, UFBA, 2006.

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No exemplo apresentado pela Tabela 1, caso a incidência da doença D no grupo com alocação combinada seja maior que 22%, ou analisando-se pela medida de associação, o RR seja maior que 11, verificar-se-á afastamento do modelo aditivo, o que indica interação entre A e B para a doença, subsidiada pela interdependência nos mecanismos de ação. Este mecanismo deve sempre ser discutido com base em fundamentos teóricos.

Para introduzir o Modelo Multiplicativo, seguem os dados de um estudo real a ser analisado pelas duas abordagens, aditiva e multiplicativa. Os fatores estudados – exposição a asbestos e hábito de fumar – têm efeito sinérgico amplamente estudado para o câncer de pulmão. No estudo, foram apresentadas as seguintes taxas de mortalidade por câncer (p/ 100.000 pessoas-ano).

Hammond EC et al. Asbestos exposure, cigarette smoking and death rates. Annals NY Acad

Sci 1979; 330: 473-90) [dados apresentados por Schoenbach, 2001]

Torna-se necessária a estimativa da mortalidade esperada de acordo com o pressuposto do modelo aditivo para que seja conduzida a comparação com os dados observados. Assim, utilizando E1, temos:

R

11

= 58 – 11 + 123 – 11 + 11

R

11

= 170

Verifica-se, portanto, 432 casos excedentes (602 menos 170) na taxa de mortalidade observada no grupo que foi exposto aos dois fatores, o que demonstra importante afastamento do modelo aditivo, e assim, caracteriza interação entre asbestos e hábito de fumar na produção de óbitos por câncer de pulmão.

A estimativa da medida relativa esperada poderia ser conduzida utilizando-se as Razões de Mortalidade (RM), respectivamente:

OUTRAS

“BACKGROUND”

SMOKING

ISOLADO

ASBESTOS

ISOLADO

SMK + ASB

COMBINADOS

”11

58

123

ADO

602

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[ E 7 ]

[ E 8 ]

Utilizando-se a expressão E3, temos que, de acordo com o modelo aditivo a RM deveria ser:

RM

11

= 5,3 – 1 + 11,2 – 1 + 1

RM

11

= 15,5

A RM observada no estudo (54,7) excede em grande magnitude a expectativa no pressuposto do modelo aditivo. Da mesma forma, configura-se a interação, o efeito combinado entre os fatores.

Outro pressuposto utilizado para analisar interações é o Modelo Multiplicativo. Neste modelo, espera-se que a RR – aqui representando as medidas relativas – pela combinação dos fatores seja igual à multiplicação das RR de cada fator isolado.

A expressão abaixo se refere à expectativa do efeito de dois fatores, na ausência de interação, com base no modelo multiplicativo.

RR

11

= RR

10

x RR

01

O cálculo também pode ser conduzido, alternativamente, a partir das medidas de morbimortalidade:

R

11

= R

10

x R

01

/ R

00

.

Resultados iguais ou menores que os esperados indicariam fatores com efeitos apenas independentes na produção da doença, correspondendo à hipótese nula para interação, enquanto medidas superiores configurariam afastamento do modelo multiplicativo (departures from multiplicativity).

Aplicando-se aos dados do estudo de Hammond EC et al, estimaríamos a RM esperada de acordo com o modelo multiplicativo, como a seguir:

OUTRAS