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1. INTRODUÇÃO

2.4. Outras substâncias liberadas a partir de resinas acrílicas

A liberação de formaldeído, em meio aquoso a 37ºC, a partir de

superfícies de resinas acrílicas para bases de prótese, termopolimerizáveis,

autopolimerizáveis e autopolimerizáveis utilizadas na técnica fluida foi

determinada, quantitativamente, por Ruyter60 em 1980. O método analítico

utilizado foi baseado na determinação de um produto da reação química do

formaldeído com 5,5-dimetil-1,3-ciclohexanediona (dimedona) e analisado por

meio de CLAE. Nove materiais foram investigados, tendo sido selecionados por

apresentarem em sua composição diferentes tipos e quantidades de agentes de

ligação cruzada. A quantidade de formaldeído liberado foi dependente do método

de processamento e da composição das resinas. De acordo com os resultados, os

materiais termopolimerizáveis analisados liberaram, comparativamente, menores

quantidades de formaldeído. A liberação de formaldeído em água saturada com ar

foi maior que aquela observada em água saturada com argônio. Essas diferenças

na quantidade representam o formaldeído formado pela oxidação do monômero

residual presente na resina polimerizada. O autor observou também o conteúdo de

formaldeído encontrado no pó e no líquido das resinas, tendo observado que o

conteúdo do pó foi relativamente baixo e o do líquido apresentou-se abaixo do

limite de detecção do aparelho.

Devido às superfícies das próteses estarem constantemente

expostas a condições ácidas na cavidade oral, a influência da acidez salivar na

associadas com a etiologia da estomatite protética, foi estudada por Koda et al.47

em 1990. Corpos-de-prova de uma resina acrílica autopolimerizável (Rebaron

nº3), uma termopolimerizável (Acron nº8) e uma polimerizada por energia de

microondas (Acron MC nº8) foram imersos em saliva artificial com pH variando

de 4,0 a 6,7, a uma temperatura de 37ºC. As substâncias liberadas a partir das

resinas foram determinadas, quantitativamente, em intervalos diários, por meio de

CLAE. MMA, ácido metacrílico e ácido benzóico foram liberados a partir de

todas resinas. As concentrações encontradas na saliva foram acentuadamente mais

altas para a resina autopolimerizável, ao passo que, para as resinas

termopolimerizável e polimerizada por microondas foram tão baixas que a análise

quantitativa foi impossível. Entretanto, o padrão de liberação dessas resinas foi

similar àquele observado para a resina autopolimerizável. Em pH mais baixo,

foram encontradas concentrações maiores de MMA, porém essa associação não

foi confirmada. As concentrações de ácido metacrílico aumentaram com a

elevação do pH, provavelmente, segundo os autores, devido à hidrólise do MMA.

Não foram observadas diferenças nas concentrações de ácido benzóico com

relação à mudança de pH. Os resultados sugeriram que as ações tóxicas das

resinas autopolimerizáveis seriam atribuídas ao MMA sob condições ácidas e ao

ácido metacrílico em condições menos ácidas.

O formaldeído é responsável por inflamações alérgicas em

pacientes que utilizam próteses e a sua quantificação é necessária para avaliar sua

possível liberação. Dessa forma, Tsuchiya et al.71, em 1993, utilizaram a análise

amostras dos materiais Rebaron – autopolimerizável, Acron – termopolimerizável

e Acron MC – resina para polimerização em microondas, imersas em água

destilada a 37ºC. A liberação do formaldeído a partir da resina autopolimerizável

iniciou-se logo após sua imersão e foi de 40-50 nmol/mL durante as primeiras 24

h. Uma pequena liberação ainda foi detectada após 20 dias de imersão. Por outro

lado, nenhuma liberação foi observada para as resinas termopolimerizável e

polimerizada por microondas. Os autores também avaliaram o efeito do polimento

das superfícies na redução da liberação de formaldeído. Foi encontrado que, no

primeiro dia de imersão, as concentrações de formaldeído liberadas foram

reduzidas à metade com o polimento das superfícies das amostras. As diferenças

obtidas com a liberação de formaldeído das resinas polidas ou não polidas

indicaram que quantidades substanciais desse composto estão presentes nas

camadas superficiais, que não foram adequadamente polimerizadas, devido à

inibição pelo ar. A liberação de MMA também foi avaliada e foi correlacionada à

liberação do formaldeído da resina autopolimerizável. O formaldeído é formado a

partir da oxidação do MMA residual nas camadas pouco polimerizadas. Uma

copolimerização alternativa do MMA com o oxigênio ocorre durante os estágios

iniciais do processo de conversão e o copolímero formado se decompõe em

formaldeído e metil piruvato.

O objetivo do estudo realizado por Lassila & Vallittu51, em

2001, foi determinar as propriedades de resistência flexural, módulo, absorção de

água, solubilidade e a liberação de compostos residuais de um novo tipo de

reforçado com fibras de vidro pré-impregnadas (StickTM) para avaliação das

mesmas propriedades. Os compostos residuais liberados em água foram

determinados por CLAE. O armazenamento das amostras em água reduziu a

resistência flexural e o módulo. Entretanto, com a adição das fibras de vidro às

amostras, a resistência flexural e o módulo aumentaram consideravelmente. A

análise em CLAE revelou a liberação de 0,18% em peso de um componente,

identificado como MMA. Além disso, um composto não identificado foi liberado

em 2,4% em massa a partir da resina não polimerizada. Os resultados deste estudo

sugerem que o novo tipo de polímero para base de prótese apresenta propriedades

de acordo com as normas preconizadas pela ISO e suas propriedades mecânicas

podem ser aumentadas consideravelmente por meio da incorporação de fibras de

vidro. De acordo com os autores, a resina Sinomer libera MMA em água e este

fato deve ser considerado se o material for utilizado em pacientes com alergia a

esse monômero.