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2.5 Q UESTIONÁRIO E XPECTATIVAS EM F ÍSICA (QE)

2.5.2 Outros dados

A fim de agregar mais valor aos dados obtidos com o QE na região de Florianópolis, aplicamos o mesmo em mais três turmas de 2ª série, com o diferencial de que as mesmas situam-se na região do interior do estado do Paraná, mais precisamente na rede pública de ensino do município de São João. Designamos esta região por II, para diferenciá-la da primeira. Desse modo, foi possível analisarmos a ocorrência de divergência ou não dos resultados dessas distintas regiões.

Das três turmas consultadas, duas são de uma instituição de ensino e, uma terceira, pertence a instituição distinta. Ao total, 65 alunos responderam o questionário. A seguir, apresentamos na Tabela 3, os dados obtidos.

Tabela 3 – Comparação dos dados do QE

Região I Região II %18 %19 Asserções de expectativas CD CR CD CR A 51 51 31 57 B 81 62 74 63 C 50 53 34 54 D 26 14 61 37 E 9 6 28 14 F 63 61 72 52 G 51 32 57 37 H 52 27 55 26 I 35 45 34 49 J 47 35 55 35 K 24 15 46 18 L 30 12 52 29 M 10 6 26 14 N 68 40 61 31 O 63 33 83 46 P 66 50 60 48 Q 32 25 43 41 R 31 29 46 40 S 65 65 55 57 T 56 33 57 32

Conforme podemos verificar, há uma aproximação entre os dados dessas regiões, apesar das características peculiares que as distinguem – uma representa um centro urbano e outra, um pequeno município de economia agrícola. As diferenças mais agudas se encontram principalmente nas asserções de expectativas A, C, D, F, K, L e O, como explanaremos a seguir.

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18 Porcentagem em relação a 164 QE’s respondidos. 19 Porcentagem em relação a 65 QE’s respondidos.

Uma parcela menor de alunos da região II (São João), 20% a menos comparado à região I, considerava a Física importante e necessária para a vida. De modo similar, uma quantia menor dos alunos da região II esperava encontrar na Física, conhecimentos úteis para a sua vida. Esses índices podem indicar que os alunos da região I (centro urbano) têm mais conhecimento da dimensão e relevância da Física sobre os vários aspectos da vida humana.

Com relação à idéia de que a Física seria igual à Matemática, houve uma citação bem mais ampla (61%) por parte dos alunos da região II, bem como de correspondência da mesma (37%). Tais resultados são indicativos de um ensino de Física que privilegia os aspectos matemáticos em detrimento da conceitualização.

Em termos da expectativa sobre a atuação do professor, de que o mesmo explicasse bem os assuntos, a maioria (61%) dos alunos da região I, apresentaram-se satisfeitos nesse quesito. No entanto, na região II, em torno da metade da amostra considerou que a referida expectativa não foi correspondida. Ao ver dos alunos da região II, o professor não conseguiu desenvolver as aulas de Física de modo satisfatório. Esta situação ultrapassa nossos limites de explicação, pois necessitaria de uma investigação que focalizasse diretamente a mesma, de um contato maior com os alunos e, conseqüentemente, de um levantamento de dados.

Quanto à facilidade em aplicar os conteúdos/conhecimentos da Física, o diferencial entre os dados das regiões encontra-se no fato de que quase metade da amostra da região II, esperava pela confirmação dessa expectativa. Enquanto na região I, a citação foi bem mais comedida (24%). Esse resultado, aliado aos outros, contribui para a indicação de que os alunos da região II apresentam ligeiramente mais expectativas positivas em relação à Física, do que a amostra da região I.

A maioria (52%) dos alunos da região II, pensava que não iria encontrar muitos cálculos em Física. Índice esse, bem menos citado pelos alunos da região I. Esses dados da região II parecem de certo modo, conflitarem, já que a maioria dessa amostra pensava que a Física seria igual à Matemática, o que teoricamente refere-se a cálculos. Uma explicação possível para essa ligeira controvérsia pode ser, que apesar, de a princípio, os alunos pensarem que a Física será muito parecida com a Matemática, eles mantêm uma expectativa, um desejo,

de que as aulas de Física não focalizem excessivamente os cálculos. Isso caracteriza uma expectativa positiva, um pensamento positivo, que o aluno gostaria que se tornasse realidade.

Já em relação à expectativa de aprender os conteúdos/conhecimentos de Física e tirar notas boas, houve citação da grande maioria (83%) dos alunos da região II. Essa situação é similar à outra já mencionada, que caracteriza uma expectativa positiva desses alunos em relação ao sucesso no processo de aprendizagem de Física.

Desse modo, podemos inferir que expectativas em relação aos conteúdos/conhecimentos de Física são experienciadas por alunos independente da sua localização geográfica. Evidentemente, algumas diferenças entre elas foram encontradas, mas em geral não eram extremamente acentuadas.

Através das questões abertas levantamos as expectativas dos alunos e, com os QE’s, atingimos um segundo patamar, ou seja, indicações das idéias dos alunos após um certo período de estudo de Física. Os dados de ambos instrumentos de pesquisa são relevantes e muito indicativos. Através do primeiro (QA), estabelecemos as categorias de expectativas e, juntamente com os dados do segundo (QE), podemos verificar as expectativas mais citadas, estabelecer relações entre os dados e teorias, inferir idéias, apontar rumos e/ou ações a serem tomadas em prol de um processo educativo de sucesso. No capítulo seguinte, analisaremos os resultados do QE (região I), e de uma forma geral o contexto das expectativas no processo ensino-aprendizagem de Física.

CAPÍTULO 3

ANALISANDO AS EXPECTATIVAS

Obtivemos através da questão aberta uma coletânea de informações, a qual é designada por Bardin (1977) de resultados brutos e, que devem ser tratados de maneira a serem significativos e válidos. Nesse sentido, efetuamos um procedimento de organização, leitura, categorização e apresentação em forma esquemática (quadros e tabelas), conforme orientações da Análise de Conteúdo. A partir de então, procedemos neste capítulo como sugere Bardin (1977, p. 101): “(...) tendo à sua disposição resultados significativos e fiéis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos, ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas”.