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Pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Mulher (NEIM), sob a coordenação da Profª Drª Alda Brito da Motta nos anos de 1994 a 1997, estudou o desenvolvimento de uma tendência recente e crescente de uma sociabilidade extrafamiliar. A pesquisa possibilitou à autora desenvolver uma reflexão específica, segundo ela, sobre a premência e o sentido da sociabilidade na vida dos indivíduos.

Quatro grupos distintos foram escolhidos para a pesquisa: O grupo de idosos de uma Associação de Moradores, uma Associação de idosos de um bairro bem popular, uma Faculdade de Terceira Idade e um grupo informal de homens que se reúnem na praça de um bairro da cidade.

Trabalhou com referencial de sociabilidade a partir da visão de Simmel. Sociabilidade é entendida como “a forma lúdica de sociação”, o que expressa um aspecto fundamental da natureza cultural dos indivíduos, a associatividade, sobretudo em sua expressão desinteressada: “Essas formas ganham vida própria. São liberadas de todos os laços com o conteúdo, existem por si mesmas e pelo fascínio que difundem pela liberação desses laços”. Em contrapartida, a autora discute o desenvolvimento de outra espécie de sociação, “fabricada” em vários módulos para o consumo capitalista – em grupos de convivência, clubes, escolas e cursos, entre os quais se destacam os “programas para a terceira idade” de iniciativa governamental ou empresarial. Mas há a possibilidade dessas sociabilidades inicialmente fabricadas tornarem-se sociabilidade “pura”, eliminando as resistências encontradas e exemplifica com a fala de idosos dos grupos pesquisados:

“Meus melhores amigos são os amigos da faculdade” (Cícero, 64 anos) “Eu não posso dizer que fiz amigos, fiz amizades. Ainda é pouco tempo de convivência” (Alina, 75 anos).

impressão de que os mais velhos ficam mais egoístas” (Lourdes, 75 anos).

É um estudo sobre a sociabilidade de idosos de gerações diferentes, de idosos jovens e idosos mais velhos, considerando o gênero. Concluiu-se nesse estudo que os idosos mais jovens são os que vivenciam a chamada moderna sociabilidade grupal os “programas para a terceira idade, pois são mais afinados com o tempo social que gestou esses programas (Motta, 2001). São os que gozam mais larga e amplamente dos benefícios da aposentadoria, seja como classificação social, seja como possibilidade de contar com uma renda certa e com a idéia de utilização de um tempo livre para aproveitar em lazer e sociabilidade. São também dos que foram atingidos mais diretamente pela difusão do ideário feminista de emancipação, autonomia e igualdade de direitos entre os sexos. E são ainda as mulheres que constituem maioria significativa, tanto democraticamente como, sobretudo, na participação nesses novos grupos. São eles, enfim, uma geração ainda em razoável sintonia com o tempo social presente.

Os idosos maiores de 80 anos, com hábitus formado em momento histórico anterior (Bourdieu, 1990), seja por limitações de saúde ou financeiras, vivem com a família ou a família com eles. A maioria desses mais velhos não tem participação em grupos. Os que declaram ainda participar, são geralmente mulheres que participam em igrejas e irmandades religiosas do tipo grupo de oração, legião de Maria, apostolado da oração, etc. Nessa faixa de idade são muito poucos os que participam de grupos de terceira idade. De qualquer modo, significam participações externas ao núcleo da família. No mais, as amizades são cultivadas principalmente no ambiente doméstico.

A autora relata que, surpreendentemente e contra o preconceito e a desinformação, encontrou no universo de sua pesquisa, várias pessoas excepcionalmente interessantes, vivas, com muito pouco das faladas “coisas da idade”.

Os idosos participantes da pesquisa descrita, mesmo os mais idosos, são ativos e ainda vivenciam um processo de sociação.

E quando a dependência chegar? Esse é o tema de um estudo realizado pela Dr.a

Vania A. G. Varoto (Varoto, 2005) sobre as organizações disponíveis para idosos na cidade de São Carlos – SP.

Municipal com o objetivo de analisar as organizações de atendimento à população idosa na cidade. Foram realizadas entrevistas com os dirigentes de 55 instituições nas categorias: a) moradia; b) cultura, lazer, esporte, educação e social: c) saúde e, d) suporte / encaminhamento. A categoria “b” apresentou o maior número de pessoas envolvidas e houve ênfase na integração social. No entanto, quando essas pessoas adoecem e passam a apresentar algum grau de dependência, abandonam as organizações dessa categoria.

Identificar a rede de suporte utilizada pelos idosos com a chegada da dependência foi outro objetivo do trabalho de Varoto (2005). A rede de suporte utilizada nesse período da vida ainda é a família e a conclusão é a de que novas alternativas de organizações de atendimento a idosos dependentes precisam ser criadas para atender à heterogeneidade de uma população que cresce cada vez mais e que está ficando cada vez mais idosa (Varoto, 2005). Ressalte-se que tradicionalmente o cuidado com os mais velhos é responsabilidade de mulheres. Com a progressiva entrada das mulheres no mercado de trabalho, a família vai perdendo a capacidade de dar apoio e suporte aos seus velhos.

Pesquisadores da UFSCar têm se preocupado com a atenção aos idosos de gerações mais velhas e, principalmente, os que apresentam dependência e com os seus cuidadores.

O Centro de Orientação ao Idoso e seu Cuidador (COIC / UFSCar) vem realizando um trabalho de pesquisa e intervenção com idosos que sofrem de demência e grupos de orientação com os cuidadores desses idosos, principalmente os com Mal de Alzheimer.

5. A VELHICE EM SÃO CARLOS

5.1. Aspectos gerais e demográficos

O município de São Carlos está localizado na região administrativa central do Estado de São Paulo, segundo a classificação do SEADE, distante cerca de 232 km da capital e possui uma área de 1.132 km2. Faz vizinhança com Ibaté, Araraquara, Itirapina, Rio Claro, Ribeirão Preto dentre outras. A cidade de São Carlos foi fundada no ano de 1857 por Antônio Carlos de Arruda Botelho o Conde do Pinhal. O município está assentado sobre o terreno constituído na época de três Sesmarias: a Sesmaria do Pinhal, a do Monjolinho e a do Quilombo. A Sesmaria do Pinhal compreendia a metade sul do perímetro urbano futuro; a Sesmaria do Monjolinho incluía toda a parte norte da atual cidade; a do Quilombo, o atual distrito de Santa Eudóxia, longe do centro de São Carlos (Neves 1984, pp.1/2. Citado por Mancuso 1998, pp.106) A expansão da cidade deu-se em torno da capela da cidade atualmente Catedral São Carlos Barromeu.

Hoje São Carlos está situada em uma região considerada uma das mais desenvolvidas do país, segundo pesquisas da Fundação do Serviço Estadual de Análise de Dados- SEADE de 2000 (2001). Entre os 645 municípios do Estado ocupa a 17a posição no

ranking do índice de desenvolvimento humano – IDH (ver SEADE). Possui uma área educacional bastante desenvolvida e com uma diversificada rede de ensino público e privado nos vários níveis de ensino. No ensino superior dispõe de duas grandes universidades públicas e dois centros de ensino de caráter privado sendo que seus estudantes representam uma parcela significativa da população considerada flutuante da cidade. Encontram-se instalados na cidade dois centros da Empresa Brasileira de Pesquisa

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