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1. INTRODUÇÃO

1.5 Outros fatores de risco cardiovascular

1.5.1 Tabagismo

A prevalência de tabagismo no mundo é extremamente variável, sabe-se que a maioria dos fumantes estão em países de baixa e média rendas onde a carga das doenças e mortes relacionadas com o tabaco é mais pesada. Cerca de metade das mortes entre indivíduos fumantes poderiam ser evitadas se ocorresse a cessação do fumo, sendo a maioria por doenças cardiovasculares. O consumo de tabaco vem diminuindo, na população geral, em determinados países que melhoraram o nível socioeconômico e o nível educacional, além da adoção de políticas governamentais de restrição ao uso do tabaco.54 No Brasil, nos últimos

25 anos, o tabagismo vem diminuindo. Segundo o IBGE, no final da década de 1980, cerca de 30% dos brasileiros adultos eram tabagistas, enquanto que dados do inquérito domiciliar chamado Pesquisa Especial de Tabagismo (PeTab) de 2008 revelaram uma prevalência de fumantes de 17,2% na população adulta.55

Dados publicados, em 2014, pelo Ministério da Saúde, coletados através da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) apontam uma queda ainda maior na taxa de tabagismo em indivíduos acima de 18 anos, atingindo 11,3%.56 O combate ao fumo é importante

na prevenção de HAS, pois os fatores de risco cardiovascular, geralmente, se apresentam de forma agregada e os fatores ambientais contribuem para o aparecimento de doenças em indivíduos com estilo de vida não-saudável.

1.5.2 Obesidade e sobrepeso

As implicações da obesidade, no sistema de saúde, provoca uma necessidade de acompanhamento regular das mudanças na prevalência de sobrepeso e obesidade em todas as populações. Uma revisão sistemática, publicada em 2014, estimou a prevalência global de sobrepeso e obesidade em adultos no período de 1980 a 2013 baseado em 1769 estudos e registros de 183 países. Em todo o mundo, a proporção de adultos com um índice de massa corporal (IMC) ≥ 25 kg/m2 aumentou de 28,8% para 36,9% em homens, e de

29,8% para 38,0% em mulheres.57 Interessante que as taxas de sobrepeso e

obesidade atingiram o pico em homens com cerca de 55 anos de idade, enquanto isso, a idade de pico nas mulheres foi de cerca de 60 anos. Nos Estados Unidos a pandemia da obesidade já impacta na expectativa de vida da população, pois estima-se que 13% de todos os obesos do mundo eram americanos para uma parcela correspondente a 4,4% da população mundial.57

No Brasil, dados de 2013 do Ministério de Saúde confirma o processo de transição nutricional dos últimos 40 anos, a prevalência de sobrepeso e obesidade aumenta continuamente. Dados do VIGITEL, coletados nas 26 capitais dos estados brasileiros e no Distrito Federal, apontam uma frequência de excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2) de 50,8%, sendo maior entre homens 54,7% do que entre

mulheres 47,4%. Em ambos os sexos, a frequência dessa condição de sobrepeso tendeu a aumentar com a idade até os 54 anos. Em relação a obesidade, no conjunto das 27 cidades, a frequência de adultos maiores de 18 anos obesos foi de 17,5%.Entre as mulheres, a frequência da obesidade tendeu a aumentar com a idade até os 54 anos. A frequência de obesidade tendeu a diminuir com o aumento do nível de escolaridade em ambos os sexos.56

De natureza multifatorial, a obesidade é um dos fatores preponderantes para explicar o aumento da carga das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), uma vez que está associada frequentemente a enfermidades cardiovasculares como HAS e dislipidemia.

1.5.3 Dislipidemia

Hipercolesterolemia é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de aterosclerose e doença arterial coronariana (DAC). Os riscos associados com níveis altos de colesterol podem ser reduzido pela triagem (realização de lipidograma) e intervenção precoce. Nos Estados Unidos, uma publicação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em 2012, baseado em inquérito telefônico, revelou um incremento na triagem de dislipidemia. De 2005 a 2009, a porcentagem total de adultos que realizaram um lipidograma nos últimos cinco anos aumentou de 72,7% para 76.0%. Além disso, o percentual que já tinha sido dito que eles tinham níveis elevados de colesterol aumentou de 33,2% para 35,0%, quando feita a pergunta “Alguma vez já foi dito a você por um médico, enfermeiro ou outro profissional de saúde que o seu colesterol no sangue está elevado?”.58

Os níveis séricos de colesterol total (CT) foram avaliados no Brasil em regiões específicas. Estudo conduzido em nove capitais, envolvendo 8.045 indivíduos da população geral com idade mediana de 35 anos, no ano de 1998, mostrou que 38% dos homens e 42% das mulheres possuem CT > 200 mg/dL.59

Dados da prevalência de dislipidemia no Brasil, obtidos pelo Ministério da Saúde, através do VIGITEL, demonstraram uma taxa de 20,3%, em sujeitos com idade ≥ 18 anos, que afirmaram ter diagnóstico médico prévio de dislipidemia. Essa

frequência foi maior entre as mulheres 22,9% do que entre os homens 17,2%. Em ambos os sexos, o diagnóstico da doença se tornou mais comum com o avanço da idade e foi maior em indivíduos com até oito anos de escolaridade.56

1.5.4 Diabetes

Uma epidemia de diabetes mellitus (DM) está em curso. Em 1985, estimava-se haver 30 milhões de adultos com DM no mundo; esse número cresceu atingindo 173 milhões em 2002, com projeção de chegar a 300 milhões em 2030. Cerca de dois terços desses indivíduos com DM no mundo vivem em países em desenvolvimento, onde a epidemia tem maior intensidade. O número de indivíduos diabéticos está aumentando em virtude do crescimento e do envelhecimento populacional, da maior urbanização, da crescente prevalência de obesidade e sedentarismo, bem como da maior sobrevida de pacientes com DM. Quantificar a prevalência atual de DM e estimar o número de pessoas com diabetes no futuro é importante, pois permite planejar e alocar recursos de forma racional.60 No Brasil, no final da década de 1980, estimou-se a prevalência de DM

na população adulta em 7,6% 61 Dados mais recentes apontam para taxas mais

elevadas, como 13,5% em São Carlos-SP e de 15% em Ribeirão Preto-SP.62,63

Dados do Ministério da Saúde, obtidos pelo VIGITEL, em 2013, revelam que no conjunto das 27 cidades, a frequência do diagnóstico médico prévio de diabetes foi de 6,9%, sendo de 6,5% entre homens e de 7,2% entre mulheres. Em ambos os sexos, o diagnóstico da doença se tornou mais comum com o avanço da idade. Essa tendência se acentuou a partir dos 45 anos e mais de 20% dos indivíduos com 65 anos ou mais referiram diagnóstico médico de DM. Em ambos

os sexos, a frequência de diabetes foi maior em indivíduos com até oito anos de escolaridade.56

1.5.5 Sedentarismo

O indivíduo fisicamente ativo tende a ser mais saudável, com maior qualidade e expectativa de vida. A atividade física, o exercício físico e o esporte integram a abordagem médica para a prevenção de doenças cardiovasculares, incluindo a HAS.64 A atividade física pode ser definida como qualquer movimento

corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto energético.65 Podemos classificar a atividade física em laboral ou ocupacional e de

lazer. Quando a atividade é voltada para o condicionamento físico e a promoção a saúde denominamos de exercício físico.66 Os indivíduos são classificados em

cinco opções: sedentário (muito pouco ativo ou inativo); algo ativo; moderadamente ativo (ou simplesmente ativo); muito ativo e bastante ativo.

Powell e colaboradores estabeleceram os níveis recomendados de exercício físico para promoção e manutenção da saúde.Exercícios com duração menor do que 150 minutos por semana de intensidade leve a moderada apresenta algum benefício à saúde, sendo certamente preferível ao sedentarismo. Exercícios com duração entre 150 a 300 minutos por semana de intensidade moderada apresenta substancial benefício à saúde e exercícios com duração maior do que 300 minutos por semana de intensidade moderada a alta confere um efeito benéfico adicional.64 A pesquisa VIGITEL 2013 do Ministério da Saúde,

demonstrou uma frequência de 33,8% de prática de atividades físicas no tempo livre equivalente a 150 minutos de atividade moderada por semana, sendo maior entre homens 41,2 % do que entre mulheres 27,4%.56

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