• Nenhum resultado encontrado

4. Análise e Discussão dos Resultados

4.1.3. Outros Parâmetros

Nutrientes

A ETAR do Sousa não se encontra inserida numa zona sensível segundo o Decreto - Lei 152/97; no entanto, existem limites de descarga para os nutrientes (compostos azotados e fósforo) que foram projetados para o efluente final (NTotal inferior a 12 mg/L

e PTotal inferior a 10mg/L) da ETAR do Sousa para a obtenção de um efluente de maior

qualidade.

i) Azoto

A concentração de azoto total no afluente em certos períodos de análise foi bastante elevada, mostrando a Figura 48 a sua variação ao longo do período global de avaliação. Os valores médios dos compostos azotados no afluente e efluente foram, respetivamente, de 70,6 e 11,9 mg/L para o Azoto total, 46,80 e 3,57 mg/L para o Azoto Amoniacal e 1,13 e 5,13 mg/L de Azoto Nítrico.

Na fase inicial deste estudo, o Azoto total apresentou valores entre 80-110mg/L, mas em Janeiro começou a diminuir, atingindo valores, de aproximadamente, 20 mg/L no mês de Fevereiro. Este facto permite aferir sobre a forte influência da precipitação nas características da água residual.

Figura 48 – Valores dos compostos azotados registados no afluente (em cima) e no efluente da ETAR do Sousa (em baixo), ao longo do

A Figura 48 mostra também que, de todas as formas de azoto existentes na água residual, aquela que existe em maior concentração é o Azoto Amoniacal, como seria de esperar, porque os compostos azotados que afluem à ETAR são maioritariamente ureia mas pela ação das bactérias, existe a transformação deste composto em azoto amoniacal, amonificação, representando uma fração significativa dos compostos azotados afluentes à ETAR, para além da contribuição do lixiviado que contém muitos compostos azotados, nomeadamente, azoto amoniacal. Relativamente à concentração de Azoto Nítrico verificou-se que os valores no afluente são bastante reduzidos, como seria de esperar, sendo em média sempre inferiores a 1,0 mg/L. No entanto, verificou- se que a partir do dia 27 de Janeiro houve um aumento do seu valor, verificando-se um valor máximo de 3,87 mg/L no dia 2 de Fevereiro.

Pelos valores médios globais obtidos é possível verificar que existe um aumento deste composto no efluente final, em comparação com o valor de entrada. Indicação de que o processo de nitrificação ocorre, pois há a sua formação, mas, no entanto, o processo de desnitrificação possui algumas limitações, gerando níveis elevados de azoto nítrico no efluente. Deste modo, valores de descarga superiores ao limite legal, de 15 mg/L (segundo o D.L. 152/97). Em termos de percentagens de remoção de azoto total no efluente, apenas no mês de Abril encontrava-se dentro do limite legal considerado para zonas sensíveis, segundo o D.L. 152/97, como mostra a Tabela 22. Contudo, conforme já referido a ETAR do Sousa não tem obrigação legal de cumprir os níveis de remoção de Azoto Total, pois não se encontra inserida numa zona sensível.

Tabela 22 – Eficiências de remoção de Azoto Total obtidas na ETAR do Sousa

ii) Fósforo

A variação da concentração de fósforo total no afluente e efluente encontra-se ilustrada na Figura 49. Meses Eficiências de Remoção Eficiência de Remoção Segundo D.L. 152/97 NTotal NTotal Set/2013 47% 70 – 80% Out/2013 40% Nov/2013 68% Dez/2013 65% Jan/2014 64% Fev/2014 66% Mar/2014 63% Abr/2014 74%

Verifica-se que a afluência deste composto à ETAR, na fase inicial da amostragem encontrava-se com um valor muito próximo do projetado (13 mg/L). No dia 18 de Novembro, contudo, verificou-se um valor elevado de fósforo total no afluente, com uma concentração superior a 20mg/L.

A ETAR estaria em cumprimento legal para este parâmetro, caso estivesse inserida numa zona sensível, no que diz respeito às concentrações do efluente final.

Para o período em análise verificou-se um valor médio da concentração deste nutriente no afluente bruto e efluente de 9 mg/L e 3 mg/L, respetivamente.

Quanto às percentagens de remoção (Tabela 23), verificou-se que em períodos com elevada carga afluente existem algumas dificuldades na remoção deste composto; no entanto, as percentagens de remoção deste composto superaram o valor de remoção do D.L. 152/97, à exceção dos meses de Janeiro e Março.

Tabela 23 – Eficiências de remoção do fósforo obtidas na ETAR do Sousa

Lixiviado

A variação nos parâmetros analisados ao longo do período de estudo está diretamente relacionadas com as condições verificadas no aterro sanitário.

Meses Eficiências de Remoção Eficiência de Remoção Segundo D.L. 152/97 PTotal PTotal Set/2013 85% 70 – 80% Out/2013 89% Nov/2013 85% Dez/2013 82% Jan/2014 63% Fev/2014 88% Mar/2014 67% Abr/2014 93%

A partir do dia 19 de Novembro, a ETAR do Sousa passou a rececionar com uma frequência diária lixiviado do Aterro Sanitário de Penafiel, à exceção do fim-de- semana. Cada descarregamento efetuado tinha um valor de cerca de 27,5m3 de lixiviado a ser tratado na ETAR.

De notar que, sendo as amostras recolhidas, para avaliação do funcionamento da ETAR, amostras compostas, representativas portanto das 24 horas antecedentes ao momento da colheita, representavam, à segunda-feira, dia da sua análise, o afluente rececionado na ETAR no domingo. Como não havia chegada de lixiviado ao fim-de- semana, seria de esperar que o seu efeito na composição do afluente não se fizesse notar claramente nas análises efetuadas.

A Figura 50 mostra o resultado das análises efetuadas ao lixiviado para o período em estudo, mostrando que existem variações nas concentrações dos vários compostos que o compõe.

Na fase inicial de amostragem o lixiviado possuía baixas concentrações de SST, contudo, a partir do mês de Fevereiro houve um aumento significativo, o valor médio deste parâmetro foi de 669,9 mg/L.

7,8 8 8,2 8,4 8,6 8,8 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 pH (E sc ala S or en sen ) (m g /L ) Dias Lixiviado CQO SST N-Total pH

Figura 50 – Valores de CQO, SST e N-Total analisados no lixiviado rececionado na ETAR do Sousa, ao longo do período de

Relativamente ao valor de pH, este era caraterizado como alcalino, o valor deste parâmetro está depende da fase de decomposição biológica inerente ao processo de tratamento dos resíduos.

Em termos de CQO, na fase inicial da análise, mostraram-se sempre valores muito elevados, diminuindo ao longo do tempo, sendo o valor médio deste parâmetro de 3 137,6 mg/L.

Os níveis de Azoto Total tiveram poucas oscilações nas concentrações determinadas, mostrando que os valores de compostos azotados no lixiviado são pouco variáveis, contabilizando um valor médio de 1769,1 mg/L.

A interferência do lixiviado no tratamento da ETAR, devido às suas elevadas cargas em Azoto Total e CQO, só será representativa com o tempo, e caso não sejam tomadas as medidas adequadas para melhorar a remoção destes parâmetros do sistema.