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Para indivíduos jovens, cuja alteração esteja relacionada às disfunções observadas na defecografia ou na manometria anorretal, com comprometimento relacionado ao assoalho pélvico (não relaxamento do músculo puborretal, retocele, enterocele, etc.) e esvaziamento distal alterado, técnicas de relaxamento e procedimentos localizados de estimulação, por métodos do tipo biofeedback anorretal devem ser considerados, se maiores lesões neurológicas não estiverem presentes como etiologia do mau funcionamento do esfíncter anal externo (LEMBO & CAMILLERI, 2003).

Cirurgias de ressecção colônica não devem ser descartadas, porém se reserva essa indicação para casos extremos, em que o estudo da motilidade não só do cólon, mas de todo segmento intestinal tenha sido realizado, confirmando a inexistência de alterações motoras das porções mais altas do tubo digestivo (LEMBO & CAMILLERI, 2003).

1.5 Jalapa

A Operculina sp. pertence à família Convolvulaceae, que é composta por 51 gêneros e 1800 espécies com distribuição, principalmente, em regiões tropicais e subtropicais. Fazem parte desta família, as espécies do gênero Ipomoea, que produz a conhecida raiz tuberosa batata doce. A jalapa é encontrada em regiões compreendidas entre Antilhas e o Brasil, além de regiões temperadas dos Andes Mexicanos, onde o principal centro de comércio era na cidade mexicana de Jalapa, onde foi originada a sinonímia mais conhecida. Também é encontrada em regiões lamacentas e de solo profundo (LIMA et al., 2006).

No Brasil, pode ser encontrada em diversos estados recebendo sinonímias populares, dentre as mais citadas estão: batata-de-purga, xalapa, jalapa-de-São Paulo, purga-do-Amaro Leite, jalapa do Brasil (CRUZ, 1980), sendo a Operculina alata e Operculina macrocarpa as espécies mais conhecidas.

Apresentam raízes tuberosas, grandes, amiláceas e resiníferas, sendo trepadeiras de aspectos ornamentais. Tem uso muito antigo na medicina popular, sendo amplamente utilizadas pela população devido à atividade laxante e purgativa, (MATOS, 2007; MICHELIN & SALGADO, 2004). Além de sua ação purgativa, a jalapa brasileira vem sendo usada, embora sem comprovação científica, no tratamento de estados congestivos e inflamatórios do aparelho respiratório, na amenorréia e nas lesões cerebrais de causas diversas (CRUZ, 1980).

A porção da planta geralmente utilizada é a raiz, que contém o tubérculo, isto é, uma grande cônica onde se encontra a resina, seu princípio ativo. Este tubérculo, além da resina, fornece fécula ou polvilho de cor parda clara conhecida sob a denominação de goma-de-batata. Esse pó encontra largo uso na medicina popular e sua reputação tem alcance nacional, especialmente quanto ao tratamento da constipação. Suas preparações farmacêuticas são o pó, a resina e a tintura que são obtidas a partir da planta seca que é comercializada como aparas-de-batata (MATOS, 2007).

A tintura de jalapa atualmente comercializada pode ser fabricada através do uso da Operculina alata, da Operculina macrocarpa ou de uma associação entre as duas espécies.

A Operculina macrocarpa é uma espécie frequente nos terrenos arenosos, que produz flores de cor branca (MATOS, 2007), sendo ilustrada na Figura 01.

FIGURA 01 - Operculina macrocarpa (Disponível em: http://flickr.com/photos/mariasg/1549797797).

Uma espécie mais comum nos terrenos argilosos é a Operculina alata, a qual produz flores de cor amarela, como ilustra a Figura 02.

Estas plantas produzem uma resina que atua como um mecanismo de defesa contra insetos parasitas que devoram o amido dos seus tubérculos. Para Pérez-Amador et al. (1998), uma das características mais marcantes das convolvuláceas é a presença de fileiras de células secretoras de resinas glicosídicas nos tecidos foliares e, especialmente, em suas raízes, constituindo uma das características quimiotaxonômicas desta família.

Análises fitoquímicas do tubérculo mostram a presença de saponinas, amido, sistosterina-glicosídio, conhecida como ipuranol, fistosterina, mucilagem, manitol, ácido palmítico, málico e caféico. Foram encontradas também substâncias oleosas, odorantes e resinosas variando entre 15 e 18%, sendo esta composta por 80% de convolvulina e 20% de jalapina (TESKE & TRENTINI, 1997).

Para Teske & Trentini (1997), a Jalapa exerce sua ação purgativa no intestino delgado aumentando o peristaltismo e facilitando a evacuação, podendo ser classificada como um laxante estimulante. Esta ação é devido ao elevado teor de resina presente no tubérculo, a qual tem na sua constituição glicosídeos que na presença da bile hidrolisam-se em açúcar e aglicona, liberando o ácido graxo livre correspondente. Os ácidos graxos livres irritam a mucosa intestinal, aumentando o peristaltismo, facilitando assim a evacuação.

A grande utilização da jalapa levou a sua inclusão na primeira e segunda edição da Farmacopéia Brasileira (BRANDÃO et al., 2006). Segundo Matos (2007), as doses empregadas para a obtenção de efeito purgativo em adultos são 2,0 gramas, uma colher de café quando se apresenta na forma de pó, 10cc ou uma colher de sopa se estiver na forma de tintura e 0,5 grama ou meia colherinha de café para a forma de resina.

Estudos pré-clínicos comprovaram a ação laxativa em camundongos no teste da motilidade intestinal, o qual utilizou extratos hidroetanólicos e preparações com o pó da planta, comprovando, assim, a ação farmacológica no modelo adotado (MICHELIN & SALGADO, 2004). Este mesmo estudo concluiu que o efeito laxante da jalapa pode ser associado ao seu efeito propulsor da motilidade intestinal.

Doses maiores que as indicadas, especialmente da resina, podem causar grave intoxicação. Seu uso é contra-indicado sempre que houver sinais de inflamação no intestino ou em outros órgãos abdominais (MATOS, 2007). Num

estudo pré-clínico realizado por Gonçalves et al. (2007), o qual utilizou ratas Wistar, concluiu que o extrato hidroalcoólico por via oral é um fitoterápico seguro, uma vez que não interferiu com os perfis bioquímicos e hematológicos após realização de estudo de toxicidade crônica em ratas Wistar.

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