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3 USUÁRIO HOSPITALAR: NECESSIDADES E USOS DA INFORMAÇÃO

3.1.2 Outros Usuários Hospitalares

Na coleta e entrada de informação para o sistema de informação hospitalar, há várias situações. Cada setor gera informações próprias, necessárias ao conjunto hospitalar: a lavanderia, a manutenção, o centro de esterilização, a cozinha, a farmácia, o setor financeiro, o setor de contas, o setor de pessoal, a UTI, a enfermaria, o centro cirúrgico, o laboratório, a radiologia. Contudo, um ponto básico para a entrada da informação é que seja prática ao usuário, coerente com o conjunto total de informação (o banco de dados do hospital, o banco de dados do sistema de saúde como um todo), e exeqüível de ser realizada.

Para se armazenar a informação, a preocupação é que seja um armazenamento produtivo. Guardar por guardar é inócuo, consome tempo e dinheiro. O armazenamento da informação tem por finalidade, além de cumprir uma norma legal, pois o hospital é obrigado por lei a guardar os documentos gerados na internação do paciente, que se relacionem com o mesmo (o prontuário médico), ser veículo do surgimento de novos conhecimentos: para o médico, para o hospital e para o sistema de saúde.

O tratamento da informação é um dos aspectos mais importantes e mais debatidos atualmente (Sugar, 1995). A informação solta, descontextualizada, não tem sentido. Porém, a informação precisa ser trabalhada, preparada na sua forma de ser recebida pelo sistema, armazenada e procurada no mesmo. A informação não deve ser só pensada no seu contexto hospitalar; deve procurar ficar compatível com todos os agentes do sistema de saúde. A grande intenção dos sistemas de informação é exatamente prover produtos e serviços com a informação. O sentido final é gerar conhecimento para os indivíduos. Logo, se forem melhores e mais úteis os produtos e serviços oferecidos, poderão trazer melhores respostas aos usuários do sistema. A informação hoje tem papel essencial para o exercício pleno da cidadania, e sua disseminação deve ser feita em todos os níveis (Brasil, 1994).

Outro aspecto a ser considerado é o da análise da informação para a tomada de decisão. O ser humano se vê em contato com a decisão diariamente, e a todo instante deve decidir entre uma coisa e outra. A tomada de decisão poderá ter melhor precisão caso o indivíduo tiver melhor conhecimento. Cada passo deve estar sempre observando

as outras etapas do processo. Um produto que percorra um processo ou fluxo de aprimoramento só estará acabado quando os vários passos do processo estiverem sintonizados entre si e cada um esteja sendo usado eficazmente pelo usuário.

O sistema de informação hospitalar desencadeia seus processos quando o paciente se interna. Há no ato da internação uma intenção, uma integração de vários fatores que para ali convergiram. É no ato de internar que os atores sociais do ambiente do sistema de saúde interagem mais diretamente, em um só momento. A instituição hospitalar, no ato da internação, demonstra a intenção de cuidar do paciente, durante sua estadia, em toda sua complexidade e necessidades de ser humano, especialmente no que tange à sua condição de enfermo, comprometendo-se a fornecer todo a apoio físico, tecnológico e do conhecimento médico para restabelecer sua saúde o melhor possível. É na internação que o hospital cumpre sua função social. Para o paciente, ser humano doente, na internação ele requer seu direito de cidadão, assegurado pela constituição, de atenção total à saúde. Ao se internar, o paciente também se entrega totalmente ao controle do médico e do hospital sobre os instantes de sua vida, que consistem no período de internação. Para o médico, profissionalmente comprometido com a preservação da saúde, durante o ato de internação ele se responsabiliza pela saúde do paciente integralmente, pois é obrigação sua supervisionar o aprovisionamento das necessidades em todos os sentidos.

Também é no ato de internação que aparece o quarto membro da configuração do sistema de saúde atual, os planos de saúde, privado ou particular, finalmente exercendo sua função básica: financiar e prover condições econômicas para que seu cliente possa ter sua saúde restabelecida. No ato de se internar, o plano assume a responsabilidade de manter o cliente-paciente, o hospital e o médico livres de preocupações com a viabilidade econômica de qualquer ato que se faça necessário para o restabelecimento da saúde do ser humano enfermo.

Em um hospital a informação encontra-se nos seus corpos clínico, administrativo e técnico, mas também no paciente. Se os corpos administrativo e o técnico dão a base de apoio para manter o conglomerado de empresas, que é o hospital, funcionando, e o conhecimento desse funcionamento é essencial para a organização hospitalar, o corpo clínico detém, em seus membros, o conhecimento que justifica a existência do hospital: tratar de seres humanos doentes. Entretanto, o conjunto de pacientes, como seres humanos, detém também um conhecimento do seu eu, no qual se passa a doença, objeto de trabalho da instituição hospitalar.

Para o sistema de informação hospitalar, os vários componentes humanos são o principal recurso informacional a ser usado. Eles devem compreender que a gestão do conhecimento é vital para o bom funcionamento e crescimento do hospital. Tornar isso viável é a tarefa do sistema de informação, que deve estar atento para o ambiente macro e micro de sua instituição.

No seu micro-ambiente deve atentar para o ambiente operacional onde se encontram os atores locais: médicos, profissionais de saúde, proprietários, pacientes, fornecedores, concorrentes, parceiros; e para o ambiente interno: aspectos financeiros, de produção, comerciais, de pessoal (corpo funcional, administrativo, técnico e diretor). Com o primeiro há uma interação freqüente, mas sem muitas possibilidades de controle, com o segundo há a necessidade de manter um controle, se possível, um inteiro controle.

No macro-ambiente, formado por variáveis externas, econômicas, sociais, tecnológicas, demográficas, legais, culturais, políticas, a preocupação é estar-se sempre atento para as variações, as tendências. Pois é a parte totalmente sem possibilidades de controle, sua análise procura detectar o impacto das mudanças nessas variáveis, procurando identificar as possíveis ameaças e oportunidades para a organização hospitalar.

As variáveis de necessidades ficarão mais bem definidas quando se conhecem todos os usuários do sistema. Cada comunidade é formada por pessoas submetidas a uma educação e iniciação profissional ou social similar. A existência de uma matriz educacional e disciplinar própria para cada comunidade explica a abundante troca informacional profissional e uma certa unanimidade de julgamentos (Kuhn, 1975). Assim, a informação buscada por elementos de comunidades diferentes tem limites e necessidades diferentes.