• Nenhum resultado encontrado

5 MASTERCHEF BRASIL: UM PROGRAMA PARA HIPERTELEVISÃO

5.3 R ECURSOS DAS REDES SOCIAIS : EXPANSÃO E REPERCUSSÃO DE CONTEÚDO

5.3.1 N OVAS PRÁTICAS DAS AUDIÊNCIAS : A REPERCUSSÃO DAS FINAIS NAS REDES

Como exemplo, podemos analisar a repercussão das finais de 2015 e de 2016 através das publicações sobre os vencedores do MasterChef no Facebook oficial do programa. Para tanto, precisamos antes compreender alguns acontecimentos que influenciaram a repercussão das finais nas redes sociais.

Em 2015, Izabel, a ganhadora do programa havia sido eliminada ainda na primeira metade da temporada e, a partir de uma repescagem, a participante retornou a competição. Além disso, a finalista não era a preferida dos telespectadores, visto que seu oponente na final, Raul, havia conquistado o público. Esta preferência do público pode ser observada a partir da enquete proposta pelo programa, com as hashtags #GanhaRaul e #GanhaIzabel, na

qual, logo no início do programa, Raul aparece na frente (75% x 25%). Além disso, algum tempo antes da final do programa alguns sites anunciaram que Izabel seria a ganhadora.

Em 2016, o ganhador Leonardo foi bastante criticado por seus companheiros de programa, que torciam para a sua oponente, Bruna. Na internet, no entanto, o ganhador conquistou o público, fato evidenciado na final, em que a sua torcida através da hashtag #GanhaLeonardo se manteve acima dos 80% durante todo o programa. Nesta edição não houve vazamentos sobre quem seria o vencedor e, apesar de também ter acontecido uma repescagem, nenhum dos finalistas participou dela.

Analisando os comentários da publicação de 2015, vemos críticas em relação a escolha de Izabel pelos jurados. Isto porque além de ter sido eliminada e de ter voltado na repescagem, a ganhadora também teve alguns problemas na elaboração de seus pratos na prova final, o que, no julgamento dos internautas, não poderia ser perdoados pelos jurados (Figura 76). Outros comentários abordam o fato do resultado da final já ser conhecido, antes mesmo da sua exibição, que a princípio seria ao vivo.

Figura 76 - Publicação no Facebook do MasterChef com anúncio da ganhadora Izabel

Fonte:perfil oficial do MasterChef Brasil no Facebook

Além dessas críticas, também encontramos comentários sobre mescla entre transmissões ao vivo e gravadas na final de 2015. Apesar dos finalistas, jurados e apresentadores estarem com o mesmo figurino em ambas as

transmissões foi simples para os telespectadores separar esses dois momentos, conforme figura 77.

Figura 77 - Comentários dos telespectadores na publicação que anunciou a vencedora de 2015

Fonte: perfil oficial do MasterChef Brasil no Facebook

Já na edição de 2016, como o vencedor foi o participante preferido pelo público, há a presença de comentários elogiando o ganhador, bem como criticando a atitude dos ex-participantes, que demonstraram apoio à Bruna (Figura 78).

Figura 78 - Publicação no Facebook do MasterChef com anúncio do ganhador de 2016

Fonte:perfil oficial do MasterChef Brasil no Facebook

Como nesta edição o programa alterou a forma como as linguagens do ao vivo e do gravado, deixando claro cada um dos momentos, encontramos inclusive um comentário que elogia a montagem do programa (Figura 79).

Figura 79 - Comentário de telespectador na publicação que anunciou o vencedor de 2016

Fonte:perfil oficial do MasterChef Brasil no Facebook

Comparando o número de interações com os posts, em 2015 temos um número maior de comentários (8,3 mil x 1,9 mil). No entanto, em 2016 o número de curtidas é superior (92 mil x 43 mil).

A partir da análise dos recursos das redes sociais, podemos observar que além das interações propostas pelo MasterChef Brasil a internet também é

um canal para os telespectadores declararem suas opiniões, sejam elas positivas ou negativas, sem que haja um controle por parte do programa.

No caso do MasterChef Brasil, assim como em outros países onde a franquia é exibida, o sucesso do programa nas das redes sociais é incontestável. Comparando as duas finais, percebemos que o programa utilizou praticamente as mesmas estratégias para estimular o público nas redes sociais. No entanto, assim como verificamos narrativas televisivas diferentes, analisando as duas finais, a repercussão gerada nas redes sociais também foi alterada, já que a televisão é a mídia regente do programa.

Por outro lado, não é só na televisão que os espectadores do programa acompanham o fluxo do programa. Para um experiência completa eles precisam estar atentos a todos os detalhes da tela da TV, agora fragmentada, além de poderem acompanhar o MasterChef também nas redes sociais.

A partir do que está acontecendo na tela da TV, o programa prepara as ações que vão ao ar nas redes sociais. Seja através dos exemplos já citados de interações propostas pelo programa, ou através dos comentários gerados pelos telespectadores nas redes sociais. De toda forma, é preciso acompanhar a narrativa televisiva para compreender as narrativas do programa tanto para veiculação na TV quanto para repercussão em ambientes diversos da internet.

No caso do MasterChef, o sucesso do programa nas redes sociais, principalmente no Twitter, não depende da linguagem televisiva utilizada, já que, por estar dentro de uma programação, o programa possibilita que muitos telespectadores assistam no mesmo momento ao programa, facilitando e fortalecendo o envolvimento dos telespectadores com o conteúdo. É neste sentido que Fechine (2014) acredita que as redes sociais e a Social TV fortalecem a programação.

Analisando o perfil do MasterChef Brasil no Twitter, na final de 2016, podemos perceber os cruzamentos feitos entre as narrativas, da televisão e da internet, durante a exibição do programa, que realizou 65 postagens durante a exibição da final. O fluxo do Twitter complementou o fluxo da televisão, visto que, além das postagens simultâneas com o programa, o MasterChef também utilizou o Periscope para fazer transmissões ao vivo, via streaming, no momento dos intervalos comerciais.

Sendo assim, mesmo quando o fluxo televisivo era interrompido pelos comerciais, os telespectadores podiam continuar acompanhando o que estava acontecendo no programa através da internet.

Neste sentido, a construção das narrativas do programa se deu de forma conjunta, a internet complementando o que estava sendo visto na tela da televisão e o que estava ocorrendo na TV se desdobrando na internet a partir das interações entre os espectadores do programa. Apesar de se tratar do mesmo conteúdo, o programa levou em conta que os públicos que o consomem nos múltiplos dispositivos que ele está disponível são diferentes, respeitando as particularidades de cada audiência e propondo interações pertinentes.