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2. OBJETIVOS 1 Objetivo geral

5.2. Estudo Experimental 1 Vazão

5.2.2. Avaliação da matéria orgânica nas águas.

5.2.2.3. Oxigênio Dissolvido

A Figura 5-15 mostra o Diagrama de caixa do parâmetro OD nos pontos amostrais.

Figura 5-15 Diagrama de caixa das medidas de OD nos pontos amostrais.

Fonte: Autor (2016)

Os resultados confirmam o comportamento de degradação da qualidade da água no canal ao longo de sua extensão, que se deteriora do P1 ao P3 e se recupera no P4. Os baixos níveis observados no ponto P2 e P3 são atribuídos ao lançamento de esgotos e resíduos sólidos, o que acarreta o consumo do oxigênio dissolvido pela ação dos microrganismos para degradação da matéria orgânica. Assim, quanto maior a carga de matéria orgânica, maior o número de microrganismos decompositores e, consequentemente, maior o consumo do gás oxigênio.

Os pontos 1 e 4 mostraram os maiores valores de OD. Isso podendo ser atribuído à fotossíntese realizada pelas algas presentes nos reservatórios. Vale salientar que os pontos citados apresentaram valores elevados de clorofila a, indicando a possibilidade de ocorrência de uma maior síntese celular por parte das algas, liberando quantidades maiores de oxigênio para o meio líquido. Um outro fator que pode estar relacionado com os valores de OD é a velocidade dos ventos, que, propicia a mistura e a oxigenação da coluna d’água, promovendo assim, um maior teor de OD. Cabe salientar que a baixa profundidade do açude

Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto PB

0 2 4 6 8 O D - m g /L

facilita a aeração desse corpo d’água pelo vento. No entanto, não foi evidenciado nesta pesquisa, que a elevação de OD está relacionada diretamente com a ação dos ventos, já que nos meses que apresentaram as maiores velocidades dos ventos, não apresentaram os maiores valores de OD. O que também não significa dizer que não ocorreu tal fenômeno.

Flores e Sorrini (2001) destacam que baixos valores de oxigênio dissolvido no fundo de mananciais se relacionam com a ressolubilização de substâncias a partir do sedimento de fundo do reservatório. Os resultados obtidos (coletas próximas à superfície) indicam que, de fato, tal fenômeno pode estar ocorrendo, já que os valores de fósforo total apresentaram grande variação, como será melhor discutido no subitem 5.2.3.2.

Com relação à análise do diagrama de caixa (Figura 5-15) verifica-se uma baixa variabilidade nos pontos, mas uma grande variabilidade entre os pontos. Com destaque também para a presença de outliers.

Comparando os resultados com os padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05 para águas doces classe 2, que não deve ser inferior a 5,0 mg/L de OD, os pontos P2, P3 e PB estão fora dos padrões, com valores bem reduzidos; os valores dos demais pontos (P1 e P4) atendem à legislação ambiental em seus valores médios. Nota-se que no P4 em duas campanhas os valores foram abaixo do que preconiza a legislação.

Correlacionando estes resultados com o parâmetro clorofila a, que será apresentado posteriormente, verifica-se que os pontos em desacordo com o limite para OD, estão de acordo perante a referida legislação no tocante à clorofila a. Isso porque quanto menor a quantidade de algas menor a atividade fotossintética e, consequentemente, menores valores de OD, somando-se a isso o consumo do oxigênio para a degradação da matéria orgânica. Já os valores nos pontos P1 e P4, que atenderam a legislação em relação ao OD, não atendem quanto ao parâmetro clorofila a, o que é explicado pelo fato de que quanto maior o número de algas maior a atividade fotossintética e maiores serão os valores de OD.

Os resultados médios de OD obtidos na presente pesquisa no ponto P4 (5,33 mg/L) apresentaram valores próximos aos obtidos por Oliveira (2013), cujo valor foi de 4,87 mg/L. Foi observado também um comportamento semelhante entre as pesquisas, onde foi perceptível a recuperação da qualidade dentro do

reservatório, nesse caso, tendo ocorrido a elevação dos níveis de OD. Esse resultado reforça a ideia de que o ASA funciona como uma estação de tratamento de esgotos via lagoa de estabilização, já que no efluente final do referido sistema geralmente apresentou maiores valores de OD e de clorofila a, ambiente semelhante ao supracitado sistema de tratamento de efluentes.

Comparando os resultados obtidos no açude Santo Anastácio (P4) com os de Ruley e Rusch (2004), que monitoraram um lago hipereutrófico subtropical urbano, localizado em Baton Rouge, Louisiana Estados Unidos, os resultados foram próximos, sendo que o valor médio de 5,33 mg/L foi superior aos obtidos pelos autores citados (4,58 mg/L).

Em estudos realizados por Macedo (2011) em um córrego urbano em Belo Horizonte e na pesquisa de Araújo e Duarte (2014) em um rio urbano em Sobral, Ceará, os resultados foram semelhantes, com baixos valores de OD (abaixo de 5,0 mg/L), em desacordo com a legislação ambiental, assim como nos pontos P2 e P3 desta pesquisa. Mostra-se assim, que em áreas urbanas não dotadas de infraestrutura de saneamento adequada, os canais, rios e reservatórios acabam recepcionando os esgotos e resíduos sólidos, comprometendo a qualidade da água e limitando seus usos.

A Figura 5-16 mostra a variação espaço temporal do parâmetro OD. É notória a diferença dos pontos P1 e P4 (valores superiores) para os pontos P2, P3 e PB (valores inferiores). Nestes últimos, também eram perceptíveis maus odores, caracterizando a presença de esgotos. A Figura 5-17 mostra os locais próximos aos pontos de coleta, P2 e P3, respectivamente.

Figura 5-16 Comportamento espaço temporaldo OD

Fonte: Autor (2016)

Figura 5-17 Visualização de lixo e esgoto no canal nos pontos P2 (a) e P3 (b), respectivamente.

Fonte: Autor (2016)

Verificou-se que houve variações de OD ao longo do monitoramento, considerando a sazonalidade (período seco e chuvoso). Nos meses de maio e junho de 2013 (em uma das campanhas) e em março de 2014 (período chuvoso) percebeu-se uma elevação nos valores de OD, provavelmente devido a uma maior vazão e turbulência na água, o que pode ter promovido acréscimos nos valores de OD (Figura 5-3). A ação dos ventos também pode ter contribuído para elevação dos níveis de OD, este com menor intensidade (Figura 5-4).

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 O D ( m g /L )

PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3

Analisando a Tabela 5-4, observa-se uma correlação positiva com força significativa entre os pontos, com exceção do ponto 1 que apresenta uma fraca correlação com os outros pontos, já que no P1 determinou-se o maior valor obtido e bem diferente dos demais pontos.

Tabela 5-4 Tabela de correlação dos valores de OD entre os pontos

PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO PB

PONTO 1 x PONTO 2 0,1500 x PONTO 3 0,2644 0,9827 x PONTO 4 -0,1919 0,7913 0,7205 x PONTO PB 0,3592 0,6888 0,7227 0,6315 x Fonte: Autor (2016)