• Nenhum resultado encontrado

2. Os Programas de Pós-Graduação em Educação no Brasil

2.2 A Pós-Graduação em Educação da Unicamp

O Programa de Pós-Graduação em Educação da Unicamp é oferecido na Faculdade de Educação (FE), cuja criação remonta ao ano de 1972. O objetivo original de sua criação era atender às disciplinas de licenciatura da Unicamp, com o compromisso social de desenvolver programas e projetos de formação de professores e pesquisadores, capacitando-os em cursos de graduação, pós-graduação e extensão. A faculdade iniciou suas atividades oferecendo disciplinas que compunham o currículo dos cursos de licenciatura. Em 1974, a faculdade ampliou a sua área de atuação com a implantação do curso de Pedagogia. O novo curso tinha por finalidade formar professores para o ensino fundamental e habilitar profissionais para a administração, supervisão escolar, orientação educacional, além de formar professores para atuarem no magistério pré-escolar e na Educação especial.

A criação e o desenvolvimento do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/Unicamp) e a da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp se misturam. Em agosto de 1975 foi implementado, na FE, o primeiro programa de mestrado nas cinco áreas de concentração que existiam e que correspondiam, na época, aos seus cinco departamentos: Filosofia e História da Educação; Administração e Supervisão Educacional; Psicologia Educacional; Ciências Sociais Aplicadas à Educação; Metodologia de Ensino.

Cinco anos depois da implementação do mestrado, foi disponibilizado, em 1980, o de doutorado em cada uma dessas subáreas. Em 1994, foi criada uma área interdepartamental em Educação Matemática, com os níveis de mestrado e doutorado. O PPGE/Unicamp foi reconhecido pela Portaria MEC 1461/95 do Ministério da Educação em 29 de novembro de 1995.

Além do PPGE/Unicamp, a FE também oferece um Programa de Pós- Graduação em Ensino de Ciências e Matemática (PECIM) em cooperação com três institutos da Unicamp: Instituto de Física (IF), Instituto de Química (IQ) e Instituto de Geociências (IG).

17As informações desta seção foram extraídas das páginas eletrônicas da Unicamp, disponíveis em:

[https://www.fe.unicamp.br] e em [https://www.aeplan.unicamp.br/anuario/2017/anuario2017.pdf]. Acesso em: 26 fev. 2019.

O corpo docente da FE é constituído por 93 professores doutores que trabalham em regime de tempo integral e dedicação exclusiva. Desse total, 77% se titularam na própria instituição (SANCHEZ, 2013). Em 2015 a FE contava com 560 estudantes de graduação, 209 de mestrado e 392 alunos de doutorado (Unicamp, 2017).

Desde 2013, o PPGE/Unicamp passou a ser organizado por suas dez linhas de pesquisa: Currículo, Avaliação e Docência; Educação e Ciências Sociais; Educação e História Cultural; Educação em Ciências; Matemática e Tecnologias; Estado, Políticas Públicas e Educação; Filosofia e História da Educação; Formação de Professores e Trabalho Docente; Linguagem e Arte em Educação; Psicologia e Educação; Trabalho e Educação. Neste triênio, o PPGE/Unicamp foi avaliado com a nota 5.

A Faculdade de Educação (FE) titula, em média, 200 profissionais por ano, dentre graduados, mestres e doutores; dentre eles, o número de doutores é superior ao de mestres, conforme mostra a Tabela1.

Quadro 1— Distribuição dos concluintes da Faculdade de Educação por nível de titulação. Unicamp, 2016. Nível Número Graduação 84 Mestrado 56 Doutorado 72 Total 212

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados da Secretária do PPGE/Unicamp

O gráfico 22 mostra que houve uma constância no decorrer da década analisada, apesar de os anos 2010 e 2014 apresentarem uma queda no número de estudantes titulados mestres, 32% e 26% respectivamente.

No período entre 2004 a 2014 o PPGE/Unicamp titulou 805 mestres e 733 doutores, uma média de 80 mestres e de 73 doutores ao ano, um total de 1.538 titulados.

Nesse total de titulados, as mulheres predominam nos dois níveis de formação: são 591 mestres e 533 doutoras, o que corresponde a 73% do total, confirmando os resultados de estudos que indicam a área da Educação como pioneira na inclusão de mulheres no ensino superior no Brasil (BARROSO; MELLO 1976; VIANNA, 2013).

A participação de mulheres em instituições de educação superior tem crescido de forma significativa nas décadas de 1970, 1980 e 1990 em países da América Latina (LETA, 2003).

O Sistema Nacional de Pós-Graduação aponta que as mulheres também são maioria nessa modalidade da educação brasileira. Os números mais recentes, de 2015, indicam 175.419 mulheres matriculadas e tituladas em cursos de mestrado e doutorado, enquanto os homens somam 150.236, uma diferença de aproximadamente 15%. Apenas na modalidade de mestrado acadêmico, as mulheres somaram 11 mil matrículas a mais que os homens e aproximadamente 6 mil títulos a mais foram concedidos a mulheres do

87 71 79 77 73 72 52 84 74 79 57 57 85 70 64 80 78 59 57 48 71 64 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Mestrado Doutorado

Gráfico 22— Mestres e doutores do Programa de Pós-Graduação em Educação Unicamp, 2004- 2014.

nesse ano. A modalidade de doutorado também traz realidade semelhante, com um total de 54.491 mulheres matriculadas e 10.141 tituladas, ao passo que os homens somaram 47.877 matrículas e 8.484 títulos naquele ano (CAPES, 2017).

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do Anuário Estatístico Unicamp 2017 — ano base 2016.

O gráfico 23 mostra que no decênio 2004-2014 o número de matrículas no Programa de Pós-Graduação em Educação da Unicamp apresentou queda tanto no nível de mestrado — 14% — quanto no doutorado — 34%. Essa queda pode estar relacionada à pouca atratividade pela carreira docente no Brasil. Segundo Gatti e Barreto (2009) nas últimas quatro décadas, vários aspectos têm contribuído para uma nova construção da imagem que a sociedade tem hoje da docência, entre elas a precarização da profissão com baixos salários, oportunidade de carreira, clima de trabalho, políticas públicas, entre outros, que se agravaram com o processo de ampliação de oferta de vagas nas escolas.

Outro aspecto que merece destaque em relação à imagem da docência diz respeito a ideias preconcebidas de que para ensinar não é preciso ter uma formação específica, sobretudo tratando-se do ensino superior (GATTI e BARRETO, 2009).

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) revelaram preocupação com a valorização do magistério e com a falta de interesse dos jovens pela profissão. Tem sido

345 362 274 280 282 229 463 484 418 390 427 398 0 100 200 300 400 500 600 2004 2006 2008 2010 2012 2014 Mestrado Doutorado

Gráfico 23— Número de matrículas no Programa de Pós-Graduação em Educação (mestrado e doutorado). Unicamp, 2004 -2014

registrada queda constante da demanda pelas licenciaturas e do número de formandos (GATTI e BARRETTO, 2009).

A queda no interesse pela docência não é registrada apenas no Brasil. O estudo realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2005, 2006) relata as dificuldades de vários países em atrair professores qualificados, seja para novos postos, seja para substituir os professores que vão se aposentar na próxima década (GATTI e BARRETTO, 2009).

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do Anuário Estatístico Unicamp 2017 – ano base 2016.

O gráfico 24 mostra uma grande variação no número de titulados tanto no nível mestrado como no nível de doutorado. Destacamos a grande evasão nos dois níveis: apenas cerca de 20% dos matriculados chegam à titulação.

Compreender e acompanhar a trajetória dos titulados, mestres e doutores, pode contribuir para a adequação de políticas de pós-graduação e o desenvolvimento de estruturas curriculares que atendam de forma efetiva às necessidades de formação dos estudantes. 50 94 74 54 54 71 36 67 79 59 34 64 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2004 2006 2008 2010 2012 2014 Mestrado Doutorado

Gráfico 24— Número de concluintes do Programa de Pós-Graduação em Educação. Unicamp, 2004-2014.

Apesar da relevância do assunto e da significativa importância do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unicamp para a formação de profissionais da área da Educação em todo o país, encontramos apenas um trabalho que trata do assunto, nos últimos 20 anos. A tese de doutorado de Oliveira (2014) apresenta um estudo de caso que analisa as percepções, motivações e contribuições da formação dos egressos, mestres e doutores do programa, titulados entre 2010 e 2012. Apresentaremos mais detalhadamente os resultados desse estudo no capítulo 3.

Neste capítulo abordamos em um primeiro momento o quadro geral da evolução da produção científica em Educação, desde do início do seu desenvolvimento nos anos de 1930 até serem incorporadas aos programas de pós-graduação em Educação em meados de 1960. Apresentamos um panorama do crescimento e desenvolvimento dos programas de pós-graduação em Educação no Brasil, em especial no estado de São Paulo. Em um segundo momento, o capítulo apresentou, em linhas gerais, o contexto do surgimento e o desenvolvimento do PPGE/Unicamp, cujos titulados mestres e doutores e seus percursos formativos e profissionais são objeto deste estudo.

No próximo capítulo apresentaremos o levantamento de estudos nacionais e estrangeiros sobre egressos da pós-graduação. Ao dialogar com a literatura sobre o tema, nosso objetivo é entender as principais questões que envolvem os estudos de egressos da pós-graduação e delimitar o escopo das indagações deste trabalho. Na segunda parte do capítulo faremos uma exposição dos procedimentos metodológicos desta pesquisa envolvendo os titulados mestres e doutores do PPGE/Unicamp.

3. A LITERATURA SOBRE EGRESSOS DA PÓS-GRADUAÇÃO E OS

Documentos relacionados