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INTELIGÊNCIA DE NEGÓCIOS APLICADOS A ICTIS 113 4.1 P ESQUISA NA BASE DE TESES CAPES

2.3 INSTITUTOS DE CIÊNCIA TECNOLOGIA E INOVAÇÃO (ICTI)

2.3.1 P&D Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento

A atividade ou processo de Pesquisa e o Desenvolvimento (P&D) é importante para empresas, instituições e também nações. Com base na bibliografia existente, é possível apresentar elementos dessa importância. O termo Pesquisa e Desenvolvimento, abreviado por P&D, é amplamente conhecido e utilizado na literatura científica e empresarial. Na língua inglesa, fonte das principais referências sobre o assunto, o termo utilizado é Research and Development (R&D). O termo P&D está também frequentemente acompanhado de outros dois termos: Tecnologia e Inovação. Certamente não há empresa, instituição e governo que atue com Tecnologia e Inovação que não realize P&D.

Michael Porter inicia o capítulo 6 de seu livro, intitulado “Competição: Estratégias Competitivas Essenciais”, da seguinte forma:

A prosperidade nacional não é algo herdado, mas sim o produto do esforço criativo humano. Não é algo que emana dos dotes naturais de um país, de sua força de trabalho, das taxas de juros ou do valor da moeda, como insistem os economistas clássicos. A competitividade de um país depende da capacidade da sua indústria de inovar e melhorar. As empresas conquistam uma posição de vantagem em relação aos melhores competidores do mundo em razão das pressões e dos desafios. [...]

Num mundo de competição global crescente, os países se tornaram mais, e não menos, importantes. À medida que os fundamentos da competição se deslocam cada vez mais para a criação e assimilação do conhecimento, aumenta a importância dos países. (PORTER, 1999, p. 167). Para Schumpeter (1934), importante economista tcheco da metade do século XX, o crescimento de uma empresa ou nação depende da inovação, incluindo a inovação em tecnologia, marketing e organização. Historicamente, além disso, as inovações tecnológicas têm tido a influência mais significativa nas mudanças. Desde 1960, devido ao impacto e importância da inovação tecnológica, a previsão da tecnologia do futuro e a antecipação das necessidades do mercado de uma nova tecnologia têm recebido importantes considerações (CHOI et al, 2013).

Segundo Lin e Chen (2005), a inovação tecnológica é a mais poderosa fonte de vantagem competitiva para as empresas modernas. Sadowski e Roth (1999 apud LIN; CHEN, 2005) constataram que as empresas líderes de tecnologia se destacaram em quatro áreas de gestão de tecnologia, incluindo: estratégia; gerenciamento de portfólio; planejamento; e, por último, desenvolvimento/processos de transferência. Sadowski e Roth (1999 apud LIN; CHEN, 2005) ainda mostram que estratégia corporativa para desenvolver e explorar os recursos tecnológicos de uma empresa tem um impacto profundo sobre o seu desempenho em longo prazo. Ressaltam que um pressuposto fundamental para a estratégia de portfólio de tecnologia, originada da teoria moderna de portfólio, é que uma empresa pode reduzir os riscos e aproveitar as oportunidades de negócios derivados da economia de escopo por meio da realização de um portfólio de diferentes empresas, mercados ou recursos. Retirado do relatório 2014 Global R&D Funding Forecast, da revista RD Magazine (WADSWORTH, 2013), o infográfico apresentado no Gráfico 13, que apresenta os investimentos em P&D realizados pelos mais diversos países do mundo, demonstrando, em conjunto com uma relação entre valores investidos, a relação com o Produto Interno Bruto (PIB) e correlacionando com a razão entre o número de cientistas e engenheiros para cada 1 milhão de habitantes do mesmo país.

Gráfico 3 - Investimento anual em P&D mundial

Fonte: Wadsworth (2013).

No infográfico original, é possível identificar os países pelos continentes através das cores. O investimento em P&D está calculado com base no percentual do Produto Interno Bruto (PIB) ou do inglês Gross Domestic Product (GDT). Uma análise inicial do gráfico mostra que os três países que mais investem em P&D, em valor absoluto, são os Estados Unidos, China e Japão, percebido pelo tamanho dos círculos. Porém, considerando o investimento em P&D na relação com o PIB, destacam-se Israel, Coreia do Sul e Finlândia, com os maiores percentuais. É possível, também, perceber que os países com valores mais altos de P&D em percentual do PIB apresentam uma relação mais alta de

cientistas e engenheiros por milhão de habitantes, círculos que aparecem no alto e mais à direita no gráfico. É importante lembrar que esta relação faz sentido, pois os principais atores ou profissionais que atuam em P&D são os cientistas e engenheiros. Cabe ainda ressaltar a posição do Brasil, que apresenta valores de investimento em P&D menores que 1,5% do PIB e abaixo de 1.000 cientistas e engenheiros por milhão de habitantes, no entanto, com valor absoluto maior do que a Espanha e do que a Itália, além de ser o país mais representativo da América do Sul.

Para identificar como é compreendido o P&D e a Inovação Tecnológica no Brasil, pode-se utilizar o entendimento empregado pelo Governo Federal Brasileiro, por meio do DECRETO FEDERAL Nº 5.798, DE 7 DE JUNHO DE 2006, que regulamenta os incentivos fiscais às atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, de que tratam os arts. 17 a 26 da Lei no 11.196, de 21 de novembro de 2005.

O decreto, em seu artigo 2.º, vai definir o que é inovação tecnológica e P&D tecnológico em inovação tecnológica para determinar que atividades podem receber o incentivo fiscal (BRASIL, 2006).

Art. 2.º. Para efeitos deste Decreto, considera-se: I - inovação tecnológica: a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique em melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado;

II - pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, as atividades de:

a) pesquisa básica dirigida b) pesquisa aplicada

c) desenvolvimento experimental d) tecnologia industrial básica e) serviços de apoio técnico.

E para conectar P&D com a dimensão informação encontram-se os elementos em Abreu e Sinzato (1999, p. 322, grifo do autor):

[...] a informação, sob o impacto da utilização de tecnologia de informação tem uma influência cada vez maior na organização do futuro. A introdução de novas tecnologias de informação nas

organizações ampliou as potencialidades da informação como recurso estratégico, a velocidade com que a interação entre gestão e informação ocorre e a qualidade desta ligação. Estes avanços tecnológicos modificam as relações entre tempo e espaço. Enfatiza Giddens (1991), as distâncias temporais e espaciais cobertas pelas novas tecnologias tornam o passo de vida cada vez mais rápido. É como se o mundo encolhesse ou fosse uma “vila global”. O fenômeno da globalização cria um mundo sem fronteiras, onde a vantagem competitiva é concedida aos centros detentores de tecnologias ajustadas ao mercado de interesse da empresa e que apresentam investimentos consistentes em pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Como última complementação ao entendimento sobre o que é P&D cabe apresentar o Manual de Frascati. Este manual foi desenvolvido em 1963, por especialistas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em particular o Grupo de Especialistas Nacionais em Indicadores de Ciência e Tecnologia (NESTI), que se reuniram em Frascati, na Itália, para tratar de uma metodologia e indicadores para entender e acompanhar atividades de P&D. O Manual de Frascati é, portanto, um documento-referência que propõe uma metodologia clara para tratar dados e estatísticas referentes à área de P&D e foi preparado e publicado, inicialmente, pela OCDE (ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2013).

Segundo o manual o termo P&D abrange três atividades: a pesquisa básica, a pesquisa aplicada e o desenvolvimento experimental. A pesquisa básica consiste em trabalhos experimentais ou teóricos desenvolvidos principalmente com a finalidade de adquirir novos conhecimentos sobre os fundamentos de fenômenos e fatos observáveis, sem considerar uma aplicação ou uso particular. A pesquisa aplicada consiste igualmente em trabalhos originais empreendidos com o objetivo de adquirir novos conhecimentos. No entanto, ela é principalmente direcionada a um objetivo prático determinado. O desenvolvimento experimental consiste em trabalhos sistemáticos com base em conhecimentos existentes obtidos pela pesquisa ou experiência prática, para lançar a fabricação de novos materiais, produtos ou dispositivos, para estabelecer novos procedimentos, sistemas e serviços ou para melhorar os

já existentes em P&D (ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2013).

De maneira geral complementa o manual a pesquisa e o desenvolvimento experimental (P&D) incluem o trabalho criativo empregado de forma sistemática, com o objetivo de aumentar o volume de conhecimentos, abrangendo o conhecimento do homem, da cultura e da sociedade, bem como a utilização desses conhecimentos para novas aplicações.

Porém o manual quando discuti as atividades de P&D que devem ser medidas faz uma ressalva. Pois considera que

P&D é uma atividade ligada a certo número de outras atividades fundamentadas na ciência e na tecnologia. E ainda que estas atividades estejam estreitamente ligadas a P&D através do fluxo de informações que concernem às operações, às instituições e à equipe de funcionários, elas não devem ser levadas em conta no momento da medição de P&D. P&D e suas atividades correlatas podem ser examinadas sob duas rubricas: o conjunto das atividades científicas e tecnológicas (ACT) e os processos de inovações científicas e tecnológicas. O conceito de ACT foi desenvolvido pela UNESCO, segundo a “Recomendação sobre a Normatização Internacional de Estatísticas sobre Ciência e Tecnologia”, formulada por esta organização (UNESCO,1978). As atividades de ciência e tecnologia incluem, além de P&D, educação e formação científicas e tecnológicas (CTET), além de serviços científicos e técnicos (STC). Estes últimos englobam, por exemplo, serviços de C&T prestados por bibliotecas e museus, a tradução e a publicação de obras sobre C&T, o levantamento topográfico e a prospecção, coleta de informação sobre fenômenos socioeconômicos, os testes, a padronização e o controle de qualidade, as atividades de consultoria para os clientes bem como as atividades sobre patentes e licenças por parte do governo e administrações públicas.

Por consequência, P&D (definida pela UNESCO em termos equivalentes aos da OCDE) deve distinguir-se tanto de CTET quanto de STC

(ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2013).