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3.2.1. CARATERÍSTICAS DO PELLETS

Os Pellets de madeira são combustíveis renováveis, produzidos na forma de cilindros, geralmente com pequenas partículas de madeira, compactadas e extremamente densas. Possuem uma dimensão pequena (6-8 mm de diâmetro, comprimento 12-38 mm), e um baixo conteúdo de humidade (5-8%). São constituídos por produtos naturais e, a maioria, não contém elementos tóxicos na sua composição [8].

Os Pellets podem ser produzidos a partir de resíduos de florestas, de terra arável ou madeira que já foi utilizada ou a partir de material virgem. A sua produção representa a possibilidade de utilizar diferentes resíduos num combustível uniforme.

Os Pellets, pela exigência de baixa humidade do processo e pela elevada densidade relativa aparente, são menos higroscópicos e muito mais resistentes ao apodrecimento ou à fermentação do que os resíduos na sua condição natural. O seu armazenamento e transporte são facilitados, ampliando assim o seu raio económico de aproveitamento, além de possuir baixas quantidades de cinzas remanescentes após a combustão [11].

Figura 3.1 – Pellets comerciais.

Os Pellets surgiram, no cenário mundial, para solucionar a crise do petróleo no final da década de 70 na América do Norte [8]. Na Finlândia, o Centro de Pesquisa Técnica estudou a peletização já na década de 1980, mas os projetos foram então levados a um impasse, principalmente devido a uma queda nos preços do petróleo e, portanto, à falta de competitividade [52]. O uso de Pellets de madeira aumentou, acentuadamente na década de 1990, na Suécia, Dinamarca, Áustria e na América do Norte [52]. A alta nos preços do combustível fóssil forçou a busca de um combustível alternativo para ser usado no aquecimento industrial e comercial [8]. Hoje, os Pellets oferecem uma forma útil de aquecimento para casas unifamiliares, competindo com os sistemas de aquecimento de petróleo e eletricidade.

O processo de produção foi originalmente desenvolvido para a indústria de rações. Este processo consiste em alguns subprocessos: secagem (se os resíduos tiverem uma percentagem de humidade superior a 15%-20%), refinamento, compactação, arrefecimento e embalagem [25], idêntico ao que se encontra ilustrado na figura 3.2.

Figura 3.2 – Processo de produção de Pellets de madeira [25].

Figura 3.3 – Pellets no refinador com crivo.

3.2.2. VANTAGENS DO USO DE PELLETS

Quando comparados com lenha convencional os Pellets apresentam algumas vantagens, tais como [51]:

 Elevado poder calorífico;

 Baixo teor de humidade (10 a 12%) face à lenha (25 a 35% de teor de humidade), o que permite que a combustão seja muito mais eficiente e liberte muito menos fumo;

 Uma tonelada de Pellets para aquecimento produz sensivelmente a mesma energia que uma tonelada e meia de madeira, assim sendo, os Pellets ocupam muito menos espaço de armazenamento;

 Não há necessidade de cortar árvores para a produção de Pellets, uma vez que a matéria- prima necessária provém de serrações e de desperdícios gerados pela própria floresta (mato). No entanto, a fábrica JunglePower utiliza madeira virgem (Figura 3.4);

Figura 3.4 – Imagens do depósito da matéria-prima na JunglePower.

Relativamente ao fuelóleo os Pellets apresentam também bastantes vantagens [51]:  Valor comercial inferior, traduzindo-se numa clara vantagem económica;  Muito menor volatilidade;

 Percentagem de carbono contida nos Pellets é inferior à do fuelóleo;

 O recurso à biomassa contribui de forma direta, para a redução do risco de incêndios (limpeza das matas), sendo igualmente um instrumento de prevenção e combate a pragas (caso da doença de nemátodo de pinheiro);

 São de uso fácil e conveniente, necessitando de menor espaço de armazenamento;  Produzem uma quantidade diminuta de resíduos sólidos e gasosos na fase de combustão;  Apresentam estabilidade associada ao preço quando comparado com os combustíveis

fósseis;

 O seu armazenamento é seguro, não há fugas nem perigo de explosão.

3.2.3. APLICAÇÕES DE PELLETS

A utilização de Pellets é favorável ao meio ambiente, pois, a madeira é um material renovável, e tem baixas emissões de gases de efeito de estufa. Além disto, os Pellets podem ser derivados de resíduos (galhos, serragem) constituindo um passivo ambiental.

O uso de Pellets pode ter três aplicações distintas:

 Produção de Calor comercial e residencial: fornos de padarias, fornos cerâmicos, aquecimento de estufas, aquecimento de moradias e de prédios, aquecimento central e das águas sanitárias de casas e empresas;

 Produção de calor e eletricidade: cogeração;

 Produção de Eletricidade: através de combustão dedicada ou gaseificação e centrais termo elétricas.

3.2.4. PELLETS EM PORTUGAL

Em Portugal, as instalações de produção de Pellets foram instaladas desde 2005. Em 2011, mais de 90% dos pellets produzidos foram exportados, principalmente para o Norte da Europa, sendo o

dependência dos resíduos anteriormente mencionados. No entanto, a biomassa deve estar limpa, sem a presença de terra ou outros elementos que possam danificar as máquinas de produção [45];

 Resíduos da floresta cortada e limpeza de arbustos [44] e ainda madeira virgem.

É de salientar que os Pellets resultantes de resíduos agrícolas têm emissões maiores, e produzem mais cinza do que os aglomerados resultantes de floresta ou de resíduos industriais [44].

O territíorio português é muito rico em matérias-primas que podem ser utilizadas como fontes de bio- combustível, sendo que quase um terço do território é floresta. Cerca de 4,3 milhões de m3 de volume sólido de madeira por ano, pode ser usado como combustível [45]. Por isso, os Pellets possuem um preço modesto e um bom potencial de exportação. No entanto, existe uma grande concorrência de resíduos com as instalações de energia de biomassa e, por vezes, onde os produtores de Pellets estão concentrados não existe riqueza de resíduos agrícolas e industriais, o que aumenta o custo final de produção, devido ao transporte.

O principal problema da falta de consumo interno tem sido convencer os clientes de pequena escala que os Pellets são uma boa alternativa de combustível. Apesar dos benefícios atuais na aquisição de novos equipamentos para a energia renovável, estes são insuficientes para cobrir a enorme discrepância de investimento de capital no aquecimento Pellets quando comparado com gás natural, já instalado [44,45].

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