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7. CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

7.2. P RINCIPAIS C ONCLUSÕES E L IMITAÇÕES

Começando por analisar a bibliografia relativa ao tema Fiscalização de Obras, conclui-se que existe uma carência de informação sobre este tema, facto que dificultou o trabalho de recolha e pesquisa. A legislação nacional sobre este tema é escassa e pouco aprofundada, encontrando-se também desactualizada, o que contribui para uma perspectiva errada sobre esta actividade.

A sociedade em geral associa o termo fiscalização ao acto de policiamento. Deste modo e face à evolução que esta área sofreu nos últimos anos, conclui-se que para a melhoria da qualidade no sector da construção, o conceito de Fiscalização tem de evoluir no sentido de ser encarada como a Gestão Técnica do Empreendimento. Assim, conclui-se que a legislação nacional deverá ser revista de forma a actualizar conceitos, tarefas e responsabilidades associadas a esta área da construção.

Relativamente ao tema Qualidade constatou-se que, ao contrário do tema anterior, é fácil obter publicações sobre qualidade e consultar, manuais e procedimentos de qualidade de muitas empresas do sector visando a implementação de um Sistema de Gestão de Qualidade (SGQ).

Conclui-se, que a indústria de construção regista um enorme atraso ao nível do controlo de qualidade, motivado pelas suas múltiplas especificidades e pela dificuldade na implementação dos SGQ. Verifica-se também, que as principais causas de anomalias no sector são o fruto de erros de projecto e erros de concepção. Constatou-se através da bibliografia pesquisada, que os custos da não qualidade traduzem-se em 15 a 30 % do valor da obra e que após a implementação de um SGQ estes podem ser reduzidos para um valor inferior a 10 % do valor da obra.

Conclui-se também, que não é pela falta de instrumentos de apoio à implementação da qualidade na construção que decorre o atraso face a outras indústrias. A origem para a falta de qualidade no sector está essencialmente na sua própria cultura, uma vez que privilegia o controlo de custos e prazos em detrimento do controlo de qualidade.

Relativamente ao tema de Instalações de Redes de Gás foi relativamente fácil encontrar bibliografia e legislação nacional sobre o tema, pelo facto de ser um sector especial, na medida em que esta instalação coloca em perigo a vida de pessoas e bens.

Dos três gases que alimentam esta instalação, Gás Natural, Gás Butano e Gás Propano, conclui-se que destes, o Gás Natural é o que apresenta maiores vantagens no seu uso, pelos seguintes motivos:

· Não sofre transformações desde a sua origem até ao local de consumo; · Trata-se de um gás mais limpo;

· Dissipa-se mais facilmente para a atmosfera; · É canalizado estando disponível em qualquer altura.

No Capítulo 4 referente ao conhecimento tecnológico desta instalação observou-se que a legislação nacional teve um contributo determinante na sua elaboração, pois esta reúne as responsabilidades dos intervenientes, define as regras relativas aos materiais, mão-de-obra e a tecnologia associada a cada uma das formas de abastecimento pertencentes ao âmbito da dissertação.

Nos capítulos 5 e 6, os que detêm maior originalidade, foi possível com base na investigação desenvolvida dos capítulos anteriores, desenvolver o Sistema de Controlo de Conformidade relativo à fiscalização de instalações de redes de gás. No decurso deste sistema concluiu-se que das etapas de concepção da instalação, as que requerem especial controlo são:

· Recepção de Materiais e Acessórios e posterior Armazenamento; · Instalação em Obra;

· Ensaios de desempenho realizados pela empresa instaladora.

Pretendeu-se assim que a intervenção da fiscalização incidisse ao longo de todo o processo tecnológico e terminando antes do procedimento de inspecção por parte da empresa inspectora. Desta forma, é possível defender os interesses do dono de obra, garantindo que a instalação de gás da sua habitação reúne todas as condições para um uso com total confiança. Assim com este sistema é possível controlar: a qualificação da mão-de-obra; os equipamentos utilizados; o respeito pelas regras

constantes na legislação e as regras de boa prática constantes dos manuais das empresas fornecedoras de gás.

A apresentação original de fluxogramas de actividades com indicação dos respectivos inputs, outputs e responsabilidades, resultou do esforço inicial de sistematização da informação referente aos Procedimentos de Controlo de Conformidade. Esta forma de apresentação auxiliou na posterior elaboração destes procedimentos.

Salienta-se que para a elaboração dos PCC o esforço de pesquisa bibliográfica foi considerado suficiente, embora se tenha tido sempre como preocupação o esclarecimento de dúvidas junto de profissionais que diariamente se debatem com estas questões.

Foi desenvolvida uma Metodologia de Tratamento de Não Conformidades original, possibilitando uma comparação com a metodologia existente na legislação nacional, sendo também desenvolvido o Procedimento de Controlo de Conformidade e Correcção de Não Conformidades (PCCNC).

O Plano de Controlo de Conformidade que permitiu definir a base de dados para a elaboração dos PCC permite a aplicação destes a qualquer uma das formas de abastecimento do âmbito da dissertação. Foram acompanhadas obras antes e no decorrer da elaboração dos PCC, facto que o possibilitou esclarecimento de dúvidas à medida que ia sendo feito o conhecimento tecnológico e elaborado o Sistema de Controlo permitindo aferir quais os aspectos fundamentais a controlar.

A fase de aplicação e implementação dos procedimentos em obra foi fortemente condicionada pelo tempo disponível para a elaboração da dissertação, não possibilitando um acompanhamento permanente das instalações em todas as fases do processo de concepção. Esta fase revelou-se fundamental, pois possibilitou inferir sobre a aplicabilidade, encontrar erros e eliminar verificações desnecessárias e modificar a estrutura para uma melhor aplicação.

Da aplicação e implementação concluiu-se que os PCC permitem uma fácil leitura e um rápido preenchimento não necessitando de ser adaptados às obras a controlar. Constata-se que é apenas necessário seleccioná-los previamente em função do tipo de instalação e da sua constituição. Concluiu-se também que o número de fiscais necessários para aplicar os PCC é no mínimo um e no máximo dois, dependente da grandeza da obra.

Ao longo da aplicação dos PCC em obra foi possível verificar a aplicabilidade de uma grande parte deles mas nem todos foram aplicados, face às características da obra e da forma de abastecimento. De referir que ao longo da aplicação dos PCC em obra, constatou-se que em todas elas não se encontrava presente o Técnico de Gás. Este facto assume relevância, na medida em que este é o responsável legal por assegurar com rigor o cumprimento do projecto, acompanhar e controlar a sua execução material, assim como verificar os materiais utilizados, de acordo com as normas regulamentares.

A legislação nacional delega a responsabilidade no controlo de conformidade ao Técnico de Gás a encargo da empresa instaladora e conclui-se, nesta dissertação, que este na maioria dos casos não efectua o controlo da instalação. Assim considera-se fundamental que a legislação nacional atribua este papel à fiscalização de obras.

Apesar das limitações e melhorias possíveis considera-se que o trabalho desenvolvido representa um benéfico contributo para a segurança para o uso das instalações de redes de gás em edifícios.

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