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6. CONCLUSÃO

6.1. P RINCIPAIS CONCLUSÕES

Feita a exposição dos resultados obtidos, assim como a análise destes, neste capítulo é feita uma síntese das conclusões retiradas ao longo da dissertação.

No que diz respeito à madeira enquanto material, referida no capítulo dois, as principais ideias a reter são as seguintes:

 A madeira é um material dotado de elevada anisotropia, sendo influenciada por diversos factores como: espécie botânica, humidade, localização da peça na árvore ou existência de defeitos;

 A correcta identificação da espécie é essencial para efectuar qualquer tipo de caracterização acerca do material;

 A aplicação de madeira maciça a sistemas estruturais complexos não é fácil, devido à dificuldade em encontrar secções com as medidas adequadas;

 A classificação de madeiras funciona no caso de madeiras cujo controlo de produção seja efectuado com clareza; No que diz respeito a madeira antiga, torna-se muito complicada a aplicação das classes de qualidade ou resistência;

 Os defeitos afectam decisivamente o comportamento mecânico da madeira, pois diminuem a sua capacidade resistente;

 A madeira, enquanto material de origem orgânica, está mais sujeita a ataques de ordem física, química ou biológica do que os materiais inorgânicos;

Os capítulos três e quatro incidiram sobre as duas campanhas experimentais realizadas. O principal objectivo deste documento era validar experimentalmente o método “Amorim Faria” como forma de classificar madeira estrutural antiga. A primeira campanha realizada, era composta por vinte e sete vigas de Castanho, enquanto a segunda era composta por um lote de cinquenta vigas tanto de Carvalho como de Castanho. Foi explicado anteriormente, que encontrar misturados Carvalho e Castanho em sistemas estruturais antigos é comum, devido à proximidade de florestas que contêm ambos, mas sobretudo porque o controlo associado à origem das madeiras era praticamente nulo. Como ambas possuem comportamentos semelhantes, aliado à sua semelhança visual, fez com que a aplicação de ambas as espécies fosse comum. Ambos os lotes foram sujeitos a ensaios à flexão em condições semelhantes, e em seguida foram alvo de tratamento estatístico que visava analisar e comparar os resultados obtidos para os lotes completos das amostras, com os lotes que continham apenas as amostras consideradas aprovadas, segundo a inspecção visual realizada previamente.

As principais conclusões a retirar quanto aos defeitos são:

 Os nós e as fendas foram os defeitos que condicionaram mais roturas;

 Os descaios e empenos, embora raramente se verificassem, não influenciaram as roturas ocorridas;

 A localização dos defeitos assume-se como um factor decisivo, pois muitas vezes se observaram anomalias mínimas assumirem preponderâncias elevadas, como resultado da sua localização na peça.

No que diz respeito aos limites impostos pela proposta de classificação visual, as principais conclusões são as seguintes:

 A massa volúmica não deve constituir um critério a ser analisado, pois não assume preponderância nas roturas observadas, para além de ser uma propriedade muito difícil de quantificar quando se trata de um sistema estrutural previamente instalado, sem recorrer a ensaios de índole destrutiva;

 Os nós não são avaliáveis de forma completa, visto a sua influência não depender estritamente da dimensão destes; A sua influência depende de factores tão díspares como a localização na peça, se se trata de um agrupamento de nós, da ligação nó-esforço mecânico e do seu efeito quando associado a outros defeitos como fio inclinado ou fendas;

 As fendas padecem do mesmo problema dos nós, ou seja, são muito afectadas pela sua localização na peça, tornando-se muito difícil estipular uma relação entre a dimensão da fenda e a sua influência no comportamento da peça;

 O fio inclinado por si só não se apresentou como um defeito determinante, mas quando aliado a outros como nós ou fendas, influenciou decisivamente as figuras de rotura e os valores obtidos;

 Os nós não devem ser encarados como um problema de classificação, mas sim como um problema de inspecção levada a cabo por especialistas na área.

Relativamente aos tipos de rotura e ao comportamento mecânico da madeira, observou-se nas campanhas experimentais levadas a cabo, que:

 A principal rotura observada deu-se devido ao esgotamento da capacidade resistente da secção traccionada na zona central, por flexão circular;

 Observaram-se roturas frágeis e sem aviso, em alguns casos em vigas com um aspecto aparentemente saudável, mas que revelaram defeitos internos de elevadas proporções e dificilmente detectadas por simples inspecção visual;

 Muitas das vigas que constavam do segundo lote analisado possuíam marcas intensas de pregagens, que revelavam podridão interna na madeira; A ligação ferrosa com a madeira é algo que deve ser tido em conta quando se trata de madeira previamente aplicada em sistemas estruturais;

 Quando associado a defeitos severos, o mecanismo de rotura da peça não é previsível para esforços de flexão.

No que diz respeito ao método “Amorim Faria” e à sua aplicabilidade, concluiu-se que:  As campanhas experimentais não validaram os valores propostos;

 O método apenas pode ser aplicado de forma indicativa, e os seus critérios devem ser alvo de uma revisão mais ou menos profunda;

 É fundamental separar as vigas em muito mau estado para se proceder à sua eliminação;  Uma inspecção visual não permite retirar nenhuma conclusão fiável sobre o estado interior da

 O método não pode ser utilizado como ferramenta única de avaliação, devendo sim ser utilizado como apoio nas fases de inspecção e diagnóstico;

 Os valores característicos não devem ser utilizados como referência devido à falta de confiança nos resultados, embora se se adoptarem valores mínimos os resultados sejam satisfatórios;

 É conveniente utilizar valores inferiores à classe correspondente para madeira nova nos cálculos estruturais;

 A classificação terá sempre que ser efectuada por alguém experiente e com conhecimento;  No que diz respeito ao módulo de elasticidade, os resultados obtidos provaram que o método

constitui uma boa aproximação para esse parâmetro;

 A propriedade que se revelou de maior dificuldade de previsão foi a tensão de flexão, visto o método não conseguir avaliar de forma satisfatória as lesões internas que levaram a roturas muito frágeis e para valores muito residuais.

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