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Capítulo III A aquisição do sujeito nulo do PE por falantes nativos do chinês

4. Dados da aquisição do sujeito nulo por parte dos falantes nativos do chinês que

4.3 Comportamentos individuais

4.3.2 Os padrões

Quanto à questão dos padrões, vou analisar separadamente os itens de sujeito nulo e os itens de sujeito realizado. Considerando o facto de que alguns informantes têm um comportamento para os itens de sujeito nulo, e um outro para os itens de sujeito realizado, é muito difícil analisar os itens de sujeito nulo e realizado em conjunto.

4.3.2.1 Casos de sujeito nulo

Na segunda parte do teste do meu trabalho, existem 10 condições de sujeito nulo, 3 condições na primeira subparte e 7 condições na segunda subparte. Como cada condição contém 2 itens, existem, no teste, 20 itens no total que tratam do sujeito nulo. Nesta secção, vou focar-me nas respostas dos informantes a estes 20 itens.

i. Grupo de controlo

O comportamento dos informantes do grupo de controlo foi uniforme. Assim, todos devem pertencer a um único padrão, que designo por “Padrão de co-referência”.

a. Padrão de co-referência

Os informantes que pertencem a este padrão preferem a leitura co-referente entre o sujeito da matriz e o sujeito nulo da frase encaixada, ou seja, preferem o “antecedente sujeito matriz” para sujeito nulo encaixado. Escolheram o “antecedente sujeito matriz” na maioria dos itens de sujeito nulo e só aceitaram o “antecedente objecto e discursivo” em poucos itens. Por exemplo, o informante “Por1” escolheu o “antecedente sujeito matriz” em 19 itens de sujeito nulo e só escolheu o “antecedente objecto e discursivo” em 1 item (Tabela 45 do anexo).

Considero que todos os 14 informantes nativos pertencem a este padrão.

ii. Grupo de nível intermédio

O comportamento dos informantes deste grupo foi muito diversificado. Os 14 informantes podem ser repartidos por dois padrões diferentes. Há informantes que devem pertencer ao “Padrão de co-referência”, enquanto outros podem ser incluídos num outro padrão, que designo “Padrão de flutuação”.

a. Padrão de co-referência

Considero que há 4 informantes do grupo intermédio que pertencem a este padrão. Eles têm comportamentos parecidos com os do grupo de controlo: também escolheram o “antecedente de sujeito matriz” na maioria dos itens de sujeito nulo e só aceitam o “antecedente de objecto e discursivo” em poucos itens. Por exemplo, o informante “Int9” escolheu o antecedente na posição de sujeito em 17 itens e só escolheu o antecedente na posição de não sujeito em 3 itens (Tabela 47 do anexo).

Se comparar com o “padrão de co-referência”, os informantes que pertencem a este padrão preferem umas vezes a leitura co-referente entre o sujeito matriz e o sujeito nulo encaixado, outras vezes preferem a leitura disjunta entre os dois e outras vezes ainda aceitam as duas leituras ao mesmo tempo. Por isso, escolheram o “antecedente de sujeito matriz” em alguns itens, escolheram o “antecedente de objecto e discursivo” em outros itens e escolheram ambos os antecedentes noutros itens. É difícil saber que tipo de antecedente é preferencial para os informantes deste padrão. Por exemplo, o informante “Int2” escolheu o “antecedente de sujeito matriz” em 10 itens, escolheu o “antecedente de objecto e discursivo” em 6 itens e aceita os dois ao mesmo tempo em 4 itens (Tabela 47 do anexo).

Há 10 informantes que pertencem a este padrão.

iii. Grupo de nível avançado

Considero que também há dois padrões para este grupo de aprendentes: o “padrão de co-referência” e o “padrão de flutuação”. 11 informantes pertencem ao “padrão de co-referência” e 3 informantes ao “padrão de flutuação” (Tabela 49 do anexo).

4.3.2.2 Casos de sujeito realizado:

Na segunda parte do teste do meu trabalho, existem 10 condições de sujeito realizado: 3 condições na primeira subparte e 7 condições na segunda subparte. Como cada condição contém 2 itens, existem 20 itens no total do teste que tratam do sujeito realizado. Nesta secção, vou focar-me nas respostas dos informantes a estes 20 itens.

i. Grupo de controlo

Os informantes do grupo de controlo podem ser incluídos em dois padrões diferentes, o “Padrão de disjunção” e o “Padrão de flutuação”

a. Padrão de disjunção

Os informantes que pertencem a este padrão preferem a leitura disjunta entre o sujeito da matriz e o sujeito realizado da frase encaixada, ou seja, preferem o “antecedente de

objecto e discursivo” para o sujeito realizado encaixado. Escolheram o “antecedente de objecto e discursivo” na maioria dos itens de sujeito realizado e só aceitam o “antecedente de sujeito matriz” em poucos itens. Por exemplo, o informante “Por1” escolheu o “antecedente de objecto e discursivo” em 19 itens e só aceitou o “antecedente de sujeito matriz” em 1 item (Tabela 46 do anexo).

Considero que há 10 informantes que pertencem a este padrão.

b. Padrão de flutuação

Os informantes que pertencem a este padrão preferem umas vezes a leitura co-referente entre o sujeito matriz e o sujeito realizado encaixado, preferem outras vezes a leitura disjunta entre os dois e aceitam às vezes as duas leituras ao mesmo tempo. Por isso, eles escolheram o “antecedente de sujeito matriz” em alguns itens, escolheram o “antecedente de objecto e discursivo” em outros itens e escolheram ambos os antecedentes em outros itens. É difícil determinar que tipo de antecedente é preferencial para os informantes deste padrão. Por exemplo, o informante “Por14” escolheu o “antecedente de sujeito matriz” em 7 itens e escolheu o “antecedente de objecto e discursivo” em outros 7 itens e aceitam as duas leituras ao mesmo tempo nos restos 6 itens (Tabela 46 do anexo).

Considero que há 4 informantes que pertencem a este padrão.

ii. Grupo de nível intermédio

Quanto ao grupo de nível intermédio, considero que os informantes deste grupo pertencem a três padrões diferentes. Além do “Padrão de disjunção” e do “Padrão de flutuação”, ainda há um padrão que designo “Padrão de co-referência”.

a. Padrão de disjunção

Só há 3 informantes que pertencem a este padrão.

b. Padrão de flutuação

c. Padrão de co-referência

Ao contrário do “Padrão de disjunção”, os informantes que pertencem a este padrão preferem a leitura co-referente entre o sujeito da matriz e o sujeito realizado da frase encaixada, ou seja, preferem o “antecedente de sujeito matriz” para sujeito realizado encaixado. Escolheram o “antecedente de sujeito matriz” na maioria dos itens de sujeito realizado e só aceitam o “antecedente de objecto e discursivo” em poucos itens. Por exemplo, o informante “Int 3” escolheu o “antecedente de sujeito matriz” em 14 itens de sujeito realizado e só escolheu o “antecedente de objecto e discursivo” em 3 itens. Nos restantes 3 itens, aceitou ambas as leituras (Tabela 48 do anexo).

Considero que há 2 informantes que pertencem a este padrão.

iii. Grupo de nível avançado

Para este grupo, os 14 informantes distribuem-se por quatro padrões. Além dos três padrões do grupo de nível intermédio, considero que há ainda um padrão que designo “Padrão de aceitação dupla”.

a. Padrão de disjunção

Só há dois informantes que pertencem a este padrão.

b. Padrão de flutuação

Há 6 informantes que pertencem a este padrão.

c. Padrão de co-referência

Há 3 informantes que pertencem a este padrão.

d. Padrão de aceitação dupla

Os informantes que pertencem a este padrão aceitam tanto a leitura co-referente como a leitura disjunta entre o sujeito da matriz e o sujeito realizado da frase encaixada. Por isso, escolheram quer o “antecedente de sujeito matriz” quer o “antecedente de objecto e discursivo” na maioria dos itens e optaram por apenas uma destas leituras em poucos

itens. Parece que nenhuma destas leituras é preferencial para eles. Por exemplo, o informante “Ava1” escolheu quer o “antecedente de sujeito matriz” quer o “antecedente de objecto e discursivo” em 18 itens e só escolheu o “antecedente de objecto e discursivo” em 2 itens (Tabela 50 do anexo).

Considero que há 3 informantes que pertencem a este padrão.

4.3.3 Discussão

Em síntese, podemos ver que o padrão mais comum das condições de sujeito nulo para os falantes nativos é o “padrão de co-referência”, enquanto o padrão mais comum das condições de sujeito realizado para os falantes nativos é o “padrão de disjunção”.

No entanto, para os aprendentes chineses, não há muitos informantes que tenham um comportamento semelhante ao dos falantes nativos. No grupo intermédio, só há 4 pessoas que pertencem ao mesmo padrão dos falantes nativos nas condições de sujeito nulo e só há 3 pessoas que pertencem ao mesmo padrão dos falantes nativos nas condições de sujeito realizado. No grupo de nível avançado, só há duas pessoas que pertencem ao mesmo padrão dos falantes nativos nas condições de sujeito realizado. Só nas condições de sujeito nulo é que há 11 pessoas que pertencem ao mesmo padrão que os falantes nativos. Podemos dizer que os comportamentos individuais dos aprendentes chineses são diferentes dos comportamentos individuais dos falantes nativos, a não ser nas condições de sujeito nulo do grupo avançado.

Verifico que muitos dos aprendentes chineses que não têm um comportamento semelhante ao dos falantes nativos pertencem ao “padrão de flutuação” ou “aceitação dupla”. Isto quer dizer que eles flutuam entre as duas leituras ou aceitam as duas leituras ao mesmo tempo. Considero que isto está conforme com a hipótese de opcionalidade de Tsimpli et al 2004.

Se comparar as condições de sujeito nulo e as condições de sujeito realizado, podemos ver que há uma assimetria entre os dois tipos de condições. No grupo de controlo, todos os informantes são uniformes nas condições de sujeito nulo, mas já há alguns que divergem da maioria nas condições de sujeito realizado. Em ambos os grupos de aprendentes chineses, os aprendentes que divergem dos falantes nativos dividem-se

principalmente nas condições de sujeito realizado, mas não nas de sujeito nulo. Ou seja, as condições de sujeito realizado são mais problemáticas do que as condições de sujeito nulo.

Finalmente vamos olhar para a passagem do nível intermédio para o nível avançado. Verifica-se um grande progresso na passagem do nível intermédio para o nível avançado nas condições de sujeito nulo, pois, no grupo avançado, 11 de entre os 14 informantes já têm um comportamento aproximado ao dos falantes nativos. Contudo, este progresso não se observa nas condições de sujeito realizado, onde o grupo avançado só tem 2 informantes que apresentam um comportamento aproximado ao dos falantes nativos. Concluindo, os comportamentos individuais dos aprendentes chineses são diferentes dos dos falantes nativos. As condições de sujeito realizado são mais problemáticas do que as condições de sujeito nulo. Há progressos na passagem do nível intermédio para o avançado nas condições de sujeito nulo, mas isto não acontece nas condições de sujeito realizado.