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Para a avaliação final do lixiviado a ser lançado no ambiente, vale lembrar a obrigatoriedade de obedecer aos critérios e padrões de lançamento estabelecidos pelos órgãos de fiscalização.

A Resolução CONANA 357/2005 dispõe sobre a classificação dos corpos de água, diretrizes ambientais para o seu enquadramento e, juntamente com a Resolução CONANA 397/2008, estabelecem condições e padrões de lançamento de efluentes de nível federal, além de listarem o limite dos principais parâmetros de controle.

Em nível estadual, cabe aos estados delimitar os padrões de lançamento de efluentes, a partir das características regionais e locais. Os limites geralmente são os adotados pela resolução CONAMA 357/2005 e, a eles, são adicionados os valores máximos de lançamento de matéria orgânica.

No estado do Paraná, a delimitação das concentrações máximas para lançamento de efluentes é feita com base nas características dos corpos receptores, sendo admitidas concentrações máximas de 50 mg.L-1 para DBO e 150 mg.L-1 para DQO ( IAP, 1997 apud ARAÚJO, 2008).

Além das resoluções mencionadas, há diversas normas, portarias, resoluções e instrumentos legais de fiscalização e controle para lançamento de cargas poluidoras.

Quando da implantação e/ou operação de obras ou instalação que gerem efluentes líquidos de qualquer espécie, os mesmos devem ser seguidos – sem exceções.

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3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A cidade de Maringá está localizada no noroeste do estado do Paraná/Brasil e possui aproximadamente 326 mil habitantes (IBGE, 2007). O clima predominante segundo a classificação de Köeppen é o Cfa: subtropical úmido, do tipo mesotérmico úmido, com chuvas bem distribuídas durante o ano e verões quentes.

Os solos predominantes são: Latossolo Vermelho Distroférrico e Nitossolo Vermelho Eutroférrico. Nessa área são encontrados também Neossolos Litólicos e Cambissolos, estes em áreas de ruptura de relevo e de declividade alta. São originários da decomposição do basalto e apresentam textura argilosa, com boa permeabilidade (DALQUANO, 2005).

O local atual de disposição final dos RSU da cidade de Maringá está situado na Gleba Ribeirão Pinguim, no contorno sul da cidade (Figura 3.1). O terreno, que se distancia a cerca de 10 km do centro da cidade, foi adquirido pela Prefeitura Municipal de Maringá no início da década de 1970, e a partir de então, passou a receber resíduos de diversas espécies.

O aterro divide espaço, em sua maioria, com pequenas e médias propriedades rurais, além de chácaras e sítios e zona de mananciais. Na região encontram-se dois corpos de água superficiais: Córrego Corvo Rei e Borba Gato, que se unem ao Ribeirão Pinguim e seguem para outras regiões (BARROS JR., et al. 2004).

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Figura 3.1: Localização da área do aterro de resíduos sólidos urbanos de Maringá/PR.

Fonte: Borges (2006).

Segundo Dalquano (2005) a área de influência do aterro apresenta alta fragilidade, por se tratar de área de declive, associados a solos rasos e afloramentos de rocha.

O entorno está ocupado por exploração mineral e deposição de resíduos de construção e demolição (RCD`s), além de cursos de água, conforme mencionado.

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O aterro ocupa uma área de aproximadamente 80 hectares e, segundo a Prefeitura Municipal de Maringá (2002), recebe em torno de 300 toneladas de lixo por dia, o que equivale a um índice per capita de 1(um) kg/dia (GARCIA, 2006).

De acordo com Barros Jr. (2002) o resíduo domiciliar da cidade de Maringá é composto por cerca de 52% matéria orgânica, 18% papel, 14% plástico, 5% metais, 3% vidro, 3% madeira/couro/borracha e 3% de outros materiais.

Atualmente a área de disposição dos resíduos sólidos domiciliares de Maringá não se encontra em condições adequadas do ponto de vista legal e ambiental. O que se pode encontrar no local é uma espécie de aterro controlado (Figura 3.2). Os resíduos que chegam à área são depositados em valas não impermeabilizadas, compactados e cobertos periodicamente; não há coleta e tratamento de gases. O aterro conta com um sistema de coleta e tratamento do líquido percolado (lixiviado), porém com eficiência duvidosa. O sistema de tratamento é composto por 4 (quatro) lagoas de estabilização em série, sendo três impermeabilizadas e a última não impermeabilizada. Essas condições são incompatíveis para uma cidade que gera mais de 300 toneladas de resíduos.dia-1.

Legenda: 1 = Local de triagem dos resíduos. 2 = Biopuster.

Figura 3.2: Vista superior da área do aterro de Maringá/PR.

Fonte: André Renato (2009).

No intuito de solucionar os problemas relacionados à área de disposição final dos seus RSU, a administração municipal contratou temporariamente uma tecnologia austríaco-alemã: Biopuster. Essa tecnologia baseia-se, na técnica de decomposição dos resíduos orgânicos – separados previamente dos recicláveis – com injeção de ar

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comprimido e oxigênio no interior dos aglomerados de resíduos. Essa ação proporciona força motriz (oxigênio) para as bactérias aeróbias decomporem o material com mais rapidez, para diminuição do volume e, em seguida, dispô-lo em leiras de compostagem. O intuito “ideológico” da tecnologia é aplicar o composto das leiras na adubação no solo.

Os gases gerados no processo são coletados por tubulações periféricas, passam por filtros e são liberados na atmosfera na forma de vapor. No caso do lixiviado, a área é toda impermeabilizada e há um sistema de drenagem que realiza a coleta e encaminha-o para tanques de acondicionamento, até o momento de ser lançado aos amontoados de resíduos, de maneira a fornecer umidade. Trata-se, portanto, de um sistema fechado de recirculação do efluente no processo. Vale lembrar que não há adição de componente ou composto, ou seja, o efluente é recirculado in natura.

A contratação dessa tecnologia pela prefeitura de Maringá foi uma medida emergencial, devido às séries de notificações pelo Ministério Público e multas pelo órgão ambiental, devido às irregularidades do local no qual está implantado o aterro controlado da cidade. Nesse período, um processo de licitação está em tramitação para contratação de um processo de tratabilidade que se adéque às características dos resíduos domiciliares de Maringá e que esteja em conformidade com as exigências ambientais.

Diversas tentativas de solucionar a problemática da destinação final dos resíduos domiciliares de Maringá, advindas desde a década de 1970 foram fadadas ao fracasso. Apesar dos esforços, pode-se considerar que a atual situação da disposição final dos RSU de Maringá ainda apresenta inconformidades e chega se tornar um dilema abstruso, envolto por dinamicidade de interesses que, muitas vezes, se desnorteiam dos principais objetivos: saúde ambiental e humana.

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4 METODOLOGIA

A seguir serão apresentados os pontos de coleta nas lagoas de tratamento do lixiviado de Maringá, bem como os parâmetros físico-químicos e procedimentos analíticos utilizados para caracterização do efluente, além dos procedimentos seguidos para realização dos testes de tratabilidade: 1) coagulação/floculação com tanino e moringa; 2) radiação UV; 3) coagulação/floculação + radiação UV e; 4) ozonização.