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5.1 Hidrologia

5.2.1 Padrões quantitativos da assembléia de copépodos

Os gêneros Paracalanus, Temora e Acartia corresponderam a 85,36% dos copépodos presentes na área do estudo. O gênero Paracalanus (Paracalanus parvus e Paracalanus quasimodo) foi o mais representativo, correspondendo a 62,8% do total de copépodos, podendo ser considerado a fração mais freqüente e abundante da comunidade. O gênero Temora (Temora

turbinata e Temora stylifera) correspondeu a 11,3% e Acartia (Acartia lilljeborge

e Acartia tonsa) a 11,26% do total de copépodos encontrados na região.

Os outros 14,64% compreendem aos gêneros Oithona (6,17%),

Parvocalanus (3,96%), Corycaeus (2,26%) e, com representação abaixo de

1%, os táxons Centropages spp., Subeucalanus spp., Calanopia americana,

Farranula gracilis, Microsetella norvergica, Calanoides carinatus, Ctenocalanus citer, Undinula vulgaris, Hemicyclops thalassius, Pleuromamma gracilis, Calocalanus pavoninus, Neocalanus robuster e Labidocera sp., entre outras.

44 Quanto à diversidade encontrada nos pontos de amostragem, podemos observar que existe diferença significativa da diversidade entre os pontos amostrais tanto no verão quanto no inverno (p<0,05) (figura 13), assim como também há diferença significativa da diversidade entre os anos amostrais (p<0,01) (figura 14) sendo esta maior nos pontos mais próximos à saída do efluente aquecido.

Dos seis principais gêneros de copépodos da comunidade, o copépodo mais representativo no ponto E01 (mais próximo do efluente aquecido) foi o

Paracalanus quasimodo. Além deste, os gêneros Temora, Acartia, Oithona, Parvocalanus e Corycaeus também ocorreram em maior densidade em relação

aos demais copépodos encontrados na região, porém em menor densidade que o P. quasimodo.

Inverno Verão

E01 E11 E02 E04 E12 E03 E05 E04r

Estação de Amostragem 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4 D ive rsi d a d e d e E sp é ci e s (I n d ice d e S h a n n o n )

Figura 13: Variação da diversidade de espécies entre os pontos amostrais em ordem crescente de distância do efluente, no verão e no inverno. Dados coletados na região da plataforma costeira adjacente à Praia Mole – ES.

45 Inverno Verão 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4 D ive rsi d a d e d e E sp é ci e s (I n d ice d e S h a n n o )

Figura 14: Variação da diversidade de espécies entre os anos de amostragem. Dados coletados na região da plataforma costeira adjacente à Praia Mole – ES.

Foi observada variação significativa entre a densidade de copépodos nos pontos amostrais (p<0.05) (figura 15) e esta relação também é significativa quando analisada entre os anos amostrais (p<0.01) (figura 16). A relação da densidade de copépodos e os períodos sazonais, de acordo com o teste t, não é significativa (p>0.05).

46 Inverno

Verão

E01 E11 E02 E04 E12 E03 E05 E04r

Estação de Amostragem 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 D e n si d a d e d e C o p é p o d o s (o rg /m ³) (L o g 1 0 )

Figura 15: Variação da densidade de copépodos (org/m3) entre os pontos amostrais em

ordem crescente de distancia do efluente. Dados coletados na região da plataforma costeira adjacente à Praia Mole – ES.

Inverno Verão 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 D e n si d a d e d e C o p é p o d o s (o rg /m ³) (L o g 1 0 )

Figura 16: Variação da densidade de copépodos (org/m³) entre os anos de amostragem em ordem crescente de distância do efluente. Dados coletados na região da plataforma costeira adjacente à Praia Mole – ES.

47 Os principais gêneros de copépodos (Acartia, Paracalanu e Temora), corresponderam a 85,83% da comunidade local de copépodos, podendo ser utilizados para representar a comunidade de copépodos da região.

Observando estes gêneros em cada ponto e sob influência da temperatura, da salinidade e dos períodos sazonais, foi observado, a partir de uma regressão múltipla, que para o gênero Acartia, a variação de sua abundância somente apresentou variação significativa para o período sazonal, como apresentado na tabela 2.

Não foi possível observar relação entre a abundância de Acartia e a distância do efluente (figura 17). Entre os períodos sazonais foi observado que no inverno este gênero apresentou valores maiores de abundância (figura 18).

Tabela 2: Relação entre o gênero Acartia e as variáveis temperatura, salinidade e período sazonal.

Regression Summary for Dependent Variable: Acartia Log - R= ,27486779 R²= ,07555230 Adjusted R²= ,05318663 F(3,124)=3,3780 p

Beta Std.Err. B Std.Err. t(124) p-level

Periodo Sazonal 0,255570 0,088292 0,4419 0,15267 2,89461 0,004487

Temp (°C) 0,077099 0,088840 0,0369 0,04253 0,86784 0,387159

48 Inverno

Verão

E01 E11 E02 E04 E12 E03 E05 E04r

Estação de Amostragem -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 D e n si d a d e d e A ca rt ia ( o rg /m ³) (L o g 1 0 )

Figura 17: Variação da densidade do gênero Acartia (org/m³) entre os pontos de amostragem em ordem crescente de distancia do efluente aquecido. Dados coletados na região da plataforma costeira adjacente à Praia Mole – ES.

Box & Whisker Plot Acartia I log vs. Acartia V Log

Mean Mean±SE Mean±1,96*SE Inverno Verão Periodo Sazonal 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 D e n si d a d e d e A ca rt ia ( o rg /m ³) ( L o g 1 0 )

Figura 18: Variação da densidade de Acartia (org/m³) entre os períodos sazonais (p=0,004).

49 O gênero Paracalanus foi o mais abundante ao longo dos anos. Quando observamos suas relações com a temperatura, a salinidade e o período sazonal, não foram encontrados valores de distribuição significativos para nenhum fator analisado (tabela 3). Não foi observada variação significativa da abundância deste gênero entre as estações de amostragem (figura 19). Como também não foi observada variação significativa entre a abundância deste gênero entre os meses de verão e inverno (p=0,663)

Tabela 3: Relação entre o gênero Paracalanus e as variáveis ano, temperatura e salinidade.

Regression Summary for Dependent Variable: Paracalanus Log - R= ,07796736 R²= ,00607891 Adjusted R²= --- F(3,124)=,25280 p

Beta Std.Err. B Std.Err. t(124) p-level

Periodo Sazonal -0,046065 0,091549 -0,067716 0,13458 -0,503171 0,615737

Temp (°C) 0,069354 0,092118 0,028224 0,03749 0,752887 0,452945

Salinidade ‰ 0,010394 0,093253 0,008318 0,07463 0,111460 0,911432

Inverno Verão

E01 E11 E02 E04 E12 E03 E05 E04r

Estação de Amostragem 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 D e n si d a d e d e P a ra ca la n u s (o rg /m ³) ( L o g 1 0 )

Figura 19: Variação da densidade do gênero Paracalanus (org/m³) entre os pontos de amostragem em ordem crescente de distancia do efluente aquecido. Dados coletados na região da plataforma costeira adjacente à Praia Mole – ES.

50 O gênero Paracalanus foi o gênero mais abundante em todos os anos de amostragem, este gênero foi representado principalmente pelas espécies P.

parvus e P. quasimodo.

O copépodo Paracalanus parvus não apresentou variação significativa para sua abundância para nenhuma das variáveis analisadas (tabela 4).

Tabela 4: Relação entre o copépodo Paracalanus parvus e as variáveis temperatura, salinidade e período sazonal.

Regression Summary for Dependent Variable: Paracalanus parvus log - R= ,09337728 R²= ,00871932 Adjusted R²= --- F(3,132)=,38702 p

Beta Std.Err. B Std.Err. t(132) p-level

Periodo Sazonal -0,056847 0,089498 -0,102369 0,16117 -0,635174 0,526415

Temp (°C) 0,081289 0,091572 0,040073 0,04514 0,887706 0,376313

Salinidade ‰ 0,054014 0,088739 0,052518 0,08628 0,608684 0,543780

Para o copépodo Paracalanus quasimodo a única variável que apresentou relação significativa para sua abundância foi a salinidade (tabela 5).

Tabela 5: Relação entre o copépodo Paracalanus quasimodo e as variáveis temperatura, salinidade e ano.

Regression Summary for Dependent Variable: Paracalanus quasimodo log - R= ,36366830 R²= ,13225463 Adjusted R²= ,11253314 F(3,132)=6,7061 p

Beta Std.Err. B Std.Err. t(132) p-level

Periodo Sazonal 0,126642 0,083736 0,2244 0,14836 1,51240 0,132823

Temp (°C) 0,168071 0,085676 0,0815 0,04155 1,96170 0,051902

Salinidade ‰ 0,318922 0,083025 0,3051 0,07942 3,84126 0,000189

Para o gênero Temora, observamos que a única variável que se relacionou significativamente com a abundância deste gênero foi o período sazonal (tabela 7). Não foi observada diferença significativa entre a densidade do gênero e as estações de amostragem (figura 20). Com relação à variação da abundância do gênero Temora em relação ao período sazonal foi observada uma relação significativa (p=0,046) onde nos meses de verão este gênero apresentou os maiores valores (figura 21).

51 Tabela 6: Relação entre o gênero Temora s e as variáveis ano, temperatura e salinidade.

Regression Summary for Dependent Variable: Temora Log - R= ,17733273 R²= ,03144690 Adjusted R²= ,00801416 F(3,124)=1,3420 p

Beta Std.Err. B Std.Err. t(124) p-level

Periodo Sazonal -0,179057 0,090373 -0,32895 0,16603 -1,98130 0,049770

Temp (°C) 0,020543 0,090935 0,01045 0,04625 0,22591 0,821641

Salinidade ‰ 0,007294 0,092055 0,00730 0,09207 0,07924 0,936970

Inverno Verão

E01 E11 E02 E04 E12 E03 E05 E04r

Estação de Amostragem -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 D e n si d a d e d e T e m o ra ( o rg /m ³) ( L o g 1 0 )

Figura 20: Variação da densidade do gênero Temora (org/m³) entre os pontos de amostragem em ordem crescente de distancia do efluente. Dados coletados na região da plataforma costeira adjacente a Praia Mole – ES.

52 Média Média+-SE Media+-1,96*SE Inverno Verão 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 D e n si d a d e d e T e m o ra ( o rg /m ³) ( L o g 1 0 )

Figura 21: Variação da densidade do gênero Temora (org/m³) entre os períodos sazonais.

5.2.2 – Variação da Temperatura e da Comunidade Zooplanctônica do Ambiente Estudado Utilizando Técnica de Interpolação Espacial

Em geral em todos os pontos monitorados, os sentidos do fluxo de suas correntes se concentraram nos quadrantes anexos ao Sentido Sul, ou seja, Sudoeste (SW) e Sudeste (SE), sendo que predominou o sentido Sudoeste, (dados obtidos nas amostragens realizadas durante os monitoramentos ambientais na região).

A partir da visualização dos mapas foi possível perceber, da mesma forma que nos dados descritos nos itens anteriores, que em alguns anos, a temperatura do ponto mais próximo ao efluente marinho aquecido não foi a mais alta da região de estudo, como é possível observar no verão de 2002, verão de 2003, e verão de 2004 (figuras 21, 22 e 23).

53 Figura 22: Valores de densidade de zooplâncton (org/m³) e temperatura (°C) em relação às estações de amostragem em ordem crescente de distância do efluente em cada ano de amostragem.

54 Figura 23: Variação da densidade de zooplâncton e da temperatura nas estações de amostragem no verão (A) e no inverno (B) dos anos 1998, 1999, 2002 e 2003. (Dimensões dos círculos diretamente proporcionais às densidades zooplanctônicas em cada estação

55 Figura 24: Mapeamento da variação da densidade de zooplâncton e da temperatura nas estações de amostragem no verão (A) e no inverno (B) dos anos 2004, 2005, 2006 e 2007. (Dimensões dos círculos diretamente proporcionais às densidades zooplanctônicas em

56

6 DISCUSSÃO

Temperatura, salinidade, nutrientes, pH, oxigênio dissolvido, entre outros, interagem de forma que produzem condições diversas no ambiente marinho. Mesmo sendo possível isolar cada fator ambiental e considerar sua influência sobre os organismos separadamente, o comportamento de um organismo em um dado momento será determinado não por um simples fator exógeno, mas pela influência e interação de muitos fatores que atuam simultaneamente (Pereira & Soares-Gomes, 2009).

No ecossistema marinho, os processos físicos e biológicos podem afetar a composição, abundância e distribuição dos organismos planctônicos (Mann, 1991). Dentre estes a temperatura, salinidade, bem como a quantidade e qualidade do alimento têm papel preponderante (Nielsen & Sabatini, 1996).

A temperatura tem sido a grandeza ambiental mais facilmente associada às mudanças climáticas através dos meios de comunicação. Na área de estudo esta variável variou significativamente entre os pontos amostrais, onde os dois pontos mais distantes do efluente apresentaram valores de temperaturas mais baixos que o ponto mais próximo ao efluente aquecido, como esperado. Porém, é importante destacar que esse padrão não foi continuo, e que a temperatura de todo o ambiente variou entre os anos sem apresentar um padrão. Isso pode ter ocorrido devido a outros fatores como fenômenos globais, ENOS (El Niño e La Niña), e/ou efeitos de variação de corrente, principalmente pela ocorrência de ressurgência.

O fenômeno ENOS causa mudanças nos padrões de precipitações provocando influência direta no fluxo de vários rios na América do Sul (Berri, 1995) além de importantes impactos sobre as comunidades biológicas. Barber (1983) indicou que os nutrientes, biomassa fitoplanctônica e produtividade primária são claramente reguladas por mudanças físicas. Evidências também sugerem mudanças nos níveis tróficos mais elevados, porem são necessárias maiores observações para determinar com precisão a magnitude dessas conseqüências.

De forma geral, a temperatura da água na área de estudo apresentou valores menores no verão. Isto se deve ao fato de que no verão, as águas 2004

57 centrais do Atlântico Sul (ACAS) penetram na camada profunda em direção à costa, tornando a água mais fria, chegando, muitas vezes, a atingir a parte mais interna da plataforma continental. Durante o inverno, por outro lado, essa massa de água afasta-se em direção a quebra da plataforma continental e, a água costeira (AC), mais aquecida, volta a predominar no ambiente (Castro Filho et al., 1987; Castro Filho et al., 1996).

A penetração da ACAS em direção à costa durante o verão e sua recessão para regiões mais externas da plataforma continental durante o inverno é uma típica variação termohalina com escala sazonal (Castro Filho et

al., 1987).

Outro fator que pode ter influenciado a diminuição da temperatura no verão pode ter sido a ocorrência da ressurgência costeira de Cabo Frio que pode ocorrer como conseqüência dos ventos predominantes de nordeste na parte norte da Plataforma Costeira Sul Equatorial, especialmente durante o verão (Lorenzetti, 1994). Esta ressurgência é marcadamente sazonal, ocorrendo com maior freqüência no verão do que no inverno (Lorenzetti & Tanaka, 1990).

Apesar da grande influência de diversas massas d’água e da ocorrência de fenômenos globais na região durante o período do monitoramento, a média de salinidade encontrada foi de 37‰. Apesar de o ambiente estudado ter apresentado uma grande variação de salinidade entre as amostras onde o maior valor obtido foi 39,69 ‰ e o menor valor foi 32,98 ‰. De acordo com Prata (2007), que caracterizou o ambiente marinho do Espírito Santo utilizando os dados do Banco Nacional de Dados Oceanográficos, os valores de salinidade da água superficial na costa do Espírito Santo oscilaram entre 36,45‰ e 37,25‰. Assim os resultados obtidos na região de estudo condizem com os resultados apresentados por Prata (2007). No trabalho de Eskinazi- Sant’Anna & Bjornberg (2006) no Canal de São Sebastião no Estado de São Paulo relatou que a salinidade média anual naquela região variou entre 35- 37‰.

A comunidade zooplanctônica na área de estudo é bem diversa e, em geral, apresenta os copépodos como os organismos mais representativos. Resultados semelhantes foram encontrados por Kane (2009) na costa leste da

58 América do Norte, Fernández de Puelles et al (2007) no Oeste do mediterrâneo, Eskinazi-Sant’Anna & Björnberg (2006) no litoral paulista, e Eskinazi-Sant’Anna & Tundisi (1996) no litoral pernambucano.

A densidade da comunidade zooplanctônica variou significativamente em relação aos pontos amostrais, porém não foi possível observar uma tendência. Os maiores valores de densidade foram encontrados nas estações mais afastadas do efluente (E4r e E12) e os menores valores foram amostrados na estação mais próxima ao efluente (E01).

Quando foi analisada a variação da densidade da comunidade zooplanctônica entre os anos amostrais foi visto que houve uma variação significativa. Porém, não foi possível perceber relação direta da densidade zooplanctônica com a salinidade ou a temperatura nos pontos amostrados, isso pode ter ocorrido devido ao fato de os organismos que ocorrem na região são considerados euritérmicos e eurihalinos.

6.1 – Estrutura Populacional da comunidade de Copépodos, riqueza, diversidade e densidade

Foram identificadas 51 espécies de copépodos durante todo o estudo. Valores aproximados a este foram encontrados nos estudos de Eskinazi- Sant’Anna & Bjornberg (2006) no canal de São Sebastião (53 espécies), e de Miyashita et al(2009) no estuário de Santos (58 espécies). Neste estudo somente 6 espécies foram responsáveis por 85.36% da densidade total de copépodos (Paracalanus parvus, P. quasimodo, Temora turbinata, T. stylifera,

Acartia tonsa e A. lilljeborge). O mesozooplâncton foi dominado por espécies

associadas a águas quentes, assim como foi observado por Eskinazi & Bjornberg (2006).

O gênero Paracalanus, com duas espécies (Paracalanus parvus,

Paracalanus quasimodo), foi o mais abundante como também encontrado por

Eskinazi & Bjornberg (2006) na região do Canal de São Sebastião (SP), por Araujo (2006) na região de Sergipe e por Lopes et al. (1999), no Cabo de São Tomé no Estado de São Paulo.

Os copépodos pertencentes à família Paracalanidae apresentam uma distribuição ampla, sendo encontrados com maior freqüência nas regiões tropicais e subtropicais (Bowman, 1971), estes organismos cumprem um papel

59 preponderante na trofodinâmica marinha, já que podem atuar como reguladores do fitoplâncton através de sua alimentação (Turner, 1994).

A distribuição do gênero Paracalanus não foi influenciada por nenhum dos fatores analisados, porém nos pontos mais próximos ao efluente este gênero apresentou sua menor abundância. Este gênero foi o mais representativo no ponto E01 (mais próximo do efluente aquecido), essa maior representatividade se deu pela ocorrência da espécie Paracalanus quasimodo, que de acordo com Eskinazi Sant’Anna & Tundisi (1996) é uma espécie euritérmica e eurialina, tendo sua distribuição mais freqüente em águas costeiras e estuarinas. Já na década de 80, Bjornberg (1980), em seus estudos sobre a distribuição do gênero Paracalanus, já afirmou que a espécie P.

quasimodo é a espécie de Paracalanus mais freqüente e abundante em águas

costeiras quentes e salinas.

A distribuição do gênero Temora não foi influenciada nem pela salinidade nem pela temperatura, e sua distribuição entre os sítios amostrais foi irregular, apresentando a menor densidade no ponto E01.

O gênero Temora foi representado principalmente pela espécie Temora

turbinata resultado este que corrobora com os estudos de Ara (2002) que cita

os copépodos da família Temoridae como amplamente distribuídos em águas tropicais, sub-tropicais, temperadas e sub-boreais, e este gênero é um dos membros da comunidade zoolpanctônica da superfície da coluna d’água em águas estuarinas, neríticas e oceânicas.

Os copépodos do gênero Acartia no Brasil, são considerados uma das dez espécies mais encontradas e é predominante nas comunidades mesozooplanctônicas de ambientes estuarinos (Ara, 2001). Na área estudada as espécies Acartia tonsa e A. lilljeborgi

estão entre os seis principais

copépodos. Resultados semelhantes foram encontrados por Resgalla Jr. (2001) na região do Saco dos Limões.

Este copépodo é amplamente distribuído na costa oeste do Atlântico central e sul, como observado em estudos no México, Cuba, Jamaica, Porto Rico, Santa Lucia, Venezuela ate o Brasil. (González & Bowman, 1965; Björnberg, 1981; Almeida Prado-Por & Lansac-Tôha, 1984, in Ara, K. 2001).

60 Dentre os gêneros de copépodos apontados neste estudo como os mais abundantes, foi possível verificar que, todos apresentaram redução em suas densidades na região mais próxima do efluente. Sendo assim, podemos considerar que os gêneros Acartia, Temora e Paracalanus, de alguma forma, apresentaram flutuações consistentes nos 10 anos de amostragem analisados neste estudo, o que indica que podem representar importantes sinalizadores de variações na temperatura e salinidade de ambientes aquáticos de longo prazo em águas costeiras tropicais.

Os gêneros Paracalanus, Temora e Acartia apresentaram valores acima de 10% do total de copépodos encontrados na região, por isso consideramos esta a fração como a mais estável do ambiente, ocorrendo em todos os anos de amostragem. Tais gêneros foram os mais abundantes da comunidade na área de estudo, porém, as espécies raras também podem ser de extrema importância neste estudo como sinalizadores de mudanças ambientais, já que mudanças em sua dinâmica espacial ou temporal podem revelar importantes impactos no ambiente marinho.

A riqueza não apresentou variação significativa entre os sítios amostrais, assim como não houve variação entre a riqueza nos meses de verão e de inverno, diferente do que foi observado por Hooff & Peterson (2006) em seu trabalho no Oceano Pacifico em Newport, Oregon, onde foi observado que as condições de inverno são caracterizadas por alta riqueza de espécies.

Quanto à diversidade de copépodos, houve diferença significativa entre os sítios amostrais. Ainda foi observada uma maior diversidade dos copépodos nos sítios amostrais mais próximos do efluente.

Com relação à densidade de copépodos, não foi encontrada uma relação significativa entre os pontos amostrais, porém observa-se uma tendência de aumento da densidade à medida que se distancia da saída do efluente e, os pontos que apresentaram maior densidade, foram os pontos mais afastados do efluente (E4r e E12). Também não foi possível observar uma relação significativa entre a densidade de copépodos e os meses de verão e inverno. Mesmo assim, é possível observar uma maior densidade no verão. A densidade variou significativamente entre os anos, porém também não foi possível observar uma tendência nesta variação.

61 Não foi possível perceber, durante os dez anos de amostragem, um padrão cíclico da densidade da comunidade zooplanctônica. Isso se deve ao fato de que o efluente aquecido e as massas d’água que ocorrem na região de estudo causam uma instabilidade na comunidade. Porem foi possível observar que o gênero Paracalanus esteve presente em todos os anos com as maiores densidades, quando comparado aos outros gêneros. Este gênero pode ser considerado um bioindicador em potencial para a região, considerando-se os padrões temporais de longo prazo de sua abundância..

62

7 CONCLUSÃO

Globalmente, os dados apresentados forneceram informações importantes sobre a comunidade zooplanctônica da região da plataforma costeira interna adjacente a Praia Mole no Espírito Santo.

O efluente aquecido alterou os padrões espaciais da diversidade de espécies, provavelmente por favorecer a ocorrência de espécies euritérmicas costeiras como Acartia lilljeborgi e Paracalanus quasimodo. Além disso, foi possível perceber também efeitos sobre a diversidade da comunidade de copépodos já que os maiores valores de diversidade foram encontrados nos pontos mais próximos do efluente aquecido. Não foi possível perceber efeito do efluente marinho aquecido sobre a riqueza de espécies já que o ambiente amostrado demonstrou homogeneidade quanto a este parâmetro, variando apenas ao longo dos anos de amostragem.

A hipótese 1 foi corroborada em parte pois foram encontrados valores maiores de diversidade nos pontos mais próximos ao efluente. Já em relação à riqueza não foi observada diferença entre os pontos amostrados.

A hipótese 2 não foi corroborada pois não foi possível avaliar um possível impacto da temperatura sobre a comunidade zooplanctônica, pois a composição da comunidade não diferiu entre todos os pontos amostrais.

A hipótese 3 foi corroborada pois a comunidade de copépodos foi a mais representativa da região e podem ser considerados excelentes indicadores ecossistêmicos de mudanças globais.

A hipótese 4 foi corroborada, pois as principais espécies encontradas neste estudo são euritérmicas e eurihalinas, podendo ser consideradas como potenciais sinalizadoras de alterações da temperatura e salinidade em ambientes costeiros tropicais.

Vale ressaltar que a partir dos dados analisados neste estudo podemos afirmar que o tratamento do efluente que é descartado pela indústria no mar ao longo desses anos não causou mudanças significativas na composição da comunidade de copépodos da região.

63 Para que os impactos antrópicos e a dinâmica do zooplâncton possam ser analisados com uma base mais robusta de dados, as futuras investigações devem inserir mais parâmetros como os sais nutrientes e o alimento algal disponível.

Devido à dinâmica do ambiente costeiro na região estudada, sugiro, para melhor avaliar os dados do monitoramento, a inclusão de pontos de amostragem eqüidistantes em relação aos pontos atuais para haver uma

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