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CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.8 Componentes essenciais em projetos de TI para saúde

2.8.3 Padronização

Nota-se, ainda, baixo grau de padronização da atividade hospitalar, assim como dos seus fluxos de informação. Mesmo em hospitais com sistemas de informações clínicas extensivos, os dados estão espalhados por numerosos sistemas usando diferentes tecnologias e padrões de terminologia (DOOLAN e BATES, 2002).

Membros da Regional Health Information Network of Northeast Ohio (RHINNO), e Northeast Ohio Health Network (NEOHN), nos EUA, reforçam as implicações da falta de padronização da indústria e incompatibilidade de tecnologia entre os participantes do projeto de sistemas de informações interorganizacionais (PAYTON e GINZBERG, 2001).

A necessidade de padronização da informação em saúde deve-se a vários fatores (VAN BEMMEL, 1997; MURPHY, HANKEN e WATERS, 1999): a diversidade de fontes e termos (existem mais de 150.000 conceitos médicos); os sistemas estão em diferentes plataformas de software e hardware, necessitando de uma linguagem comum (padrão) para que esses possam intercambiar informações; para facilitar a busca e a comunicação de informações; e devido a pontos importantes para a área da saúde como estatística, epidemiologia, prestação de contas (faturamento), indexação de documentos e pesquisa clínica. Os padrões são necessários também para viabilizar o uso de sistemas de apoio à decisão e sistemas de alerta, bem como são indispensáveis para a interoperabilidade entre os sistemas.

Um exemplo já estabelecido de padronização é dado pelo DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine), que permitiu que equipamentos de imagens médicas de fabricantes diferentes possam interoperar, formando redes, locais ou remotas, de armazenamento e processamento destas imagens médicas. Recentemente, em período anterior a disseminação deste padrão, as imagens eram geradas em diversos formatos, em sua maioria de conhecimento restrito aos fabricantes de cada marca de equipamento médico, obrigando os hospitais a despenderem considerável volume de recursos humanos e financeiros para operarem seus serviços de imagenologia em que se atingisse integração plena do fluxo de dados dos exames.

No âmbito internacional, as organizações mais importantes para produção de padrões incluem: a Comissão Européia de Normatização (CEN), o Health Level 7 (HL7) e a International Standards Organization (ISO). Outras organizações podem ser citadas, como a ANSI, a ASTM e o SNOMED, por exemplo.

A fragmentação ocorre ainda na produção dos padrões quando as próprias organizações produtoras seguem linhas distintas de proposição de padrões. Este foi o caso da Classificação Internacional de Saúde (CID), estabelecido pela OMS – Organização Mundial de Saúde.

Historicamente, o Brasil cursou uma trajetória semelhante, destacando-se o comitê de Padronização de Registros Clínicos (PRC) que aprovou, através de um processo aberto, tal como se trabalha nas principais organizações de padronização do mundo, um conjunto mínimo de dados que um PEP deve ter. Além disso, foi elaborado a Document Type Definition (DTD) correspondente à estrutura de dados proposta pelo PRC para troca de dados via XML (DATASUS, 2001). O Ministério da Saúde, através do Cartão Nacional de Saúde, que visa identificar univocamente o cidadão brasileiro no Sistema Nacional de Saúde, lançou um conjunto de DTDs, com a padronização para troca de informações com os sistemas do Cartão Nacional de Saúde (DATASUS, 2001). Outro exemplo de padronização é o chamado Padrão ABRAMGE, utilizado para a troca de faturamento entre prestadores de serviços médicos e as operadoras de planos de saúde; foi desenvolvido e divulgado por instituições como a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (ABRAMGE), Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Associação Brasileira dos Serviços de Assistências de Saúde Próprios de Empresas (ABRASPE), Comitê de Integração de Entidades Fechadas de Assistência a Saúde (CIEFAS), Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (FENASEG) e a Confederação das Misericórdias do Brasil (ABRAMGE, 2001).

Mais recentemente, o Ministério da Saúde e a ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar têm estabelecido padrões de Troca de Informação em Saúde Suplementar – TISS, para registro e intercâmbio de dados entre operadoras de planos privados de assistência à saúde e prestadores de serviços de saúde. Há também iniciativas de sociedades científicas como a SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde, e organizações profissionais ou de classe, como o CFM – Conselho Federal de Medicina, que têm proposto padrões para a Informação de Saúde, com graus variados de aceitação.

Existe, atualmente, um movimento mundial de harmonização de padrões para a Informação de Saúde. A ISO, a CEN e o HL7 trabalham hoje para criar métodos que

possibilitem a união dos esforços destas organizações, o que deverá representar maior rapidez e abrangência na produção e atualização de padrões.

O Brasil está em consonância com este movimento. No ano de 2005, por iniciativa da Universidade Federal de Santa Catarina e do Ministério da Saúde, foi criada a Comissão Especial de Estudos Temporária sobre Informática em Saúde junto à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Com a missão de constituir a produção de normas para informática em saúde, além de convergir e harmonizar os padrões já existentes, foi criada a Comissão de Estudos Especiais Temporários de Informática em Saúde – CEET/IS ABNT.

Os métodos utilizados pela ABNT são os mesmos usados pela ISO. Mais ainda, a ABNT se organiza como um espelho da ISO. Além disso, é requisito da ABNT que os padrões desenvolvidos sejam internacionais, de maneira que, adicionalmente a convergência das iniciativas nacionais já existentes, há a tendências de espelhamento das normas do Comitê TC 215 da ISSO.

Figura 2.5: Infraestrutura dos Grupos de Trabalho (Adaptada da Estrutura do Comitê ISO TC 215 Informática em Saúde)

A organização da CEET Informática em Saúde optou por seguir a estrutura nuclear original do Comitê ISO 215, com 4 grupos de trabalho, sendo temas satélites incorporados aos grupos de trabalho de maior afinidade temática:

Grupo 1º. – Modelos e Conceitos

Grupo 2º. – Comunicação e Equipamentos Grupo 3º. – Terminologia

Grupo 4º. – Segurança