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Paideia e o Conceito de Kitsch

No documento DISNEYLÂNDIA, UMA UTOPIA KITSCH (páginas 37-43)

Diz Jaeger (1995), que os gregos deram o nome de Paideia: “a todas as formas e criações espirituais e ao tesouro completo da sua tradição, tal como nós o designamos por Bildung ou pela palavra latina, cultura”.

Daí que, para traduzir o termo Paideia

não se possa evitar o emprego de expressões modernas como civilização, tradição, literatura ou educação; nenhuma delas coincidindo, porém com o que os gregos entendiam por Paideia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global. Para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez (Jaeger, 1995, p.1).

que não existe nada neutro: ou as coisas formam ou deformam. Pois bem, se entendermos a Paideia como algo sempre positivo, Disneylândia é uma anti-paideia pois influenciará os visitantes nas características negativas elencadas no item 4. Na Disneylândia não há ordem nem hierarquia e muito menos intelecção isto combinado com a ideia de que ela nunca termina, estamos numa espécie de viagem de repetição, de um “ouroboros turístico”. Disneylândia é antitradição e anticultura por ser uma invencionice pura e simples. Os parques Disney já foram bem definidos como algo kitsch (Jimenez, 2015, p. 209). Podemos conceituar Kitsch como obra final vulgar, sentimental, cafona. que tenta simular, mas não consegue, culturas mais eruditas, mais elevadas sempre visando o consumo de massas. Ao fim, acaba por deformar as coisas que quis imitar. Ou seja, é uma anti-paideia moderna.

Para Greenberg (apud Almeida 2013, p. 3) “Kitsch evidencia as reações que a obra deve provocar e elege como objetivo da própria operação as reações emocionais do fruidor.” Isto é bem verdade em Disneylândia que foca bastante em despertar sentimentalidades nos visitantes.

Segundo Umberto Eco, Kitsch é “meio de afirmação cultural fácil, por um público que se ilude, julgando consumir uma representação original do mundo enquanto, na verdade, goza apenas de uma imitação secundária da força primária das imagens”. Isto também é verdade no complexo Disney quer quando emula suas próprias criações quer em EPCOT quando tenta emular ícones arquitetônicos mundiais.

Relacionado a isto, segundo Swartz Moreira (apud Silva 2015, p. 347) o mundo pós-moderno é percebido como o mundo dos s i m u l a c r o s , e m q u e a r e p r e s e n t a ç ã o é a t ô n i c a . A característica deste ambiente é a cópia com sua existência efêmera e imaterial. Assim, é a Disneylândia, produto de paixões efêmeras.

Para Silva (2015, p. 348) O ambiente virtual tenta substituir a sensorialidade natural por informação digitalizada oferecendo ao participante a sensação de inclusão ou imersão na projeção, de modo que emoções como o medo e ansiedade são semelhantes ao mundo presencial. Assim são muitas das atrações dos complexos da Disney que intenta tornar virtual tudo o que conseguir. Por fim, segundo Baudrillard (1981), a cultura industrial de massas confunde felicidade e consumo, exatamente como é feito na Disneylândia, já que o próprio parque fomenta o consumismo, “vendendo felicidade” quer por meio de seus passeios quer por meio dos produtos lá vendidos.

11. Conclusão

Vimos pelo trabalho que os parques da Disney possuem características negativas produtos de uma mentalidade utópica, t o t a l i t á r i a , r o m â n t i c a e e i v a d a d e s o b e r b a , d e autoglorificação, fantasia, da exaltação do american way of

life etc.Os parques se harmonizam perfeitamente com outros

produtos da subcultura estadounidense como o tedioso fast food do Mcdonald´s, a coca-cola, o uniforme igualitário do jeans, a televisão e o videogame.

Todo o ambiente é de antipaideia, visto que tenta deformar as mentes das pessoas e as leva para ambientes ilusórios, para o consumismo, para o culto a personagens, para a fantasia e não para a realidade nem para o belo. Não há propriamente beleza na Disneylândia onde tudo é como bijuteria de má qualidade. Do ponto de vista de turismo, melhor proveito para quem quer aproveitar as férias, seria optar por visitar a Europa. Cidades como Veneza, Paris etc. mostram a beleza real, sem disfarces, sem utopia, são logradouros onde se poderá estimular a intelecção e o estudo, que geram um prazer estético muito mais elevado do que ver réplicas kitsch de monumentos distorcidos em EPCOT, por exemplo.

ou “desgaste físico” seria melhor encarar passeios de barco à vela, corredeira, esqui etc, que apresentam símbolos e desafios. Um passeio de cavalo em ambiente montanhoso num dia bonito derrota facilmente uma tarde vendo bobagens como toy

story, bambi etc.

O sucesso da Disneylândia e de parques similares acontece devido a uma propaganda massiva e a decadência da sociedade que cada vez mais opta por delírios ficcionais em vez de obras elevadas.

Disneylândia é uma utopia kitsch.

12. Bibliografia

BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e Simulação. Lisboa: Relógio D´água Editora, 1981.

FERREIRA, Wilson Roberto Vieira. Cinegnose. Disponível em: http://cinegnose.blogspot.com/

GABLER, Neal. Walt Disney, o Triunfo da Imaginação Americana. São Paulo: Novo Século, 2016.

JAEGER, Werner. Paideia. 1995.

JIMENEZ, Rosa. La conexión entre Richard Wagner y los parques Disney, 2015.

MANCINI, Lorena angélica e MEN, Nayara Alves. Parques Temáticos: Lazer na Pós Modernidade, 2010

MARIN, Luis. Disneyland, Degenerate Utopia. 1977. Disponível

em: http://www.louismarin.fr/spip.php?article25.

SFEZ, Lucien. Crítica da Comunicação. São Paulo: Loyola, 1994. SILVA, Cinthia Lopes. Parques Temáticos e Conteporaneidade: Educação dos Sentidos, 2015

Universo simbólico do Desenho Animado. Disponível em http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/2b2dcdefd30d598a5fcc61 ab5914af10.PDF

VALENTE, Silvia Barreto. Análise da Visitação dos Parques de Diversões Brasileiros como Opção de Lazer. 2006. Disponível em: http://livros01.livrosgratis.com.br/cp031648.pdf

Referências

[1] Ao contrário de um “lenda urbana” muito difundida, Walt não teve seu corpo congelado.

[ 2 ] http://www.uscitytraveler.com/10-most-popular-theme-parks-in-t he-world/ [ 3 ] http://casadaciencia.ufrj.br/Publicacoes/terraincognita/cienci aepublico/artigos/art08_cienciaepoder.pdf. PAGINA 111

[4] Ver nosso trabalho Televisão Fast Food Envenenado para a Alma

[ 5 ] B a s t a v a s c u l h a r o s i t e d a e m p r e s a :

https://disneyland.disney.go.com/es/attractions/list/#/disneyl and

[6] Here in Tomorrowland, the future is today! So, ready your rockets, boys and girls, as you blast into the twin orbits of innovation and exploration. But Tomorrowland is more than a fascinating collection of gizmos — it’s a spaceport where your imagination lands each day to glimpse otherworldly wonders, embark on fantastic voyages, and witness the pioneering of the h u m a n s p i r i t . D i s p o n í v e l e m : https://disneyland.disney.go.com/au/disneyland/tomorrowland/

and celebrate Mardi Gras all year round in this 3-acre enclave of romance and intrigue, where pirates and Southern belles alike feel at home and the good times roll. Disponível em: https://disneyland.disney.go.com/au/disneyland/new-orleans-squ are/

[8] Forge onward into the rugged region of Frontierland! From the heights of Big Thunder Mountain to the rippling waters of the Rivers of America, this land celebrates the trailblazers, settlers and other heroes of the Old West. So, saddle up and head on over to the place where history is a living story for y o u t o l a s s o e a c h d a y ! . D i s p o n í v e l e m : https://disneyland.disney.go.com/au/disneyland/frontierland/

[9] Fantasyland is where you can meet the heroes and villains of your favorite Disney stories. Best of all, you can encounter princesses from the royal realms of Disney films! Snow White, Sleeping Beauty, Cinderella — why don’t you come meet them? Revel in the enchantment that surrounds you!.

D i s p o n í v e l e m : https://disneyland.disney.go.com/au/disneyland/fantasyland/ [ 1 0 ] http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-8 5292007000100005 [ 1 1 ] http://cinegnose.blogspot.com/2010/07/para-o-infinito-e-alem-g nose-de-buzz.html [12] idem

[13] Original : Buzz Lightyear Astro Blasters Toy Story is an exciting ride into space that continues the epic battle between Buzz Lightyear and Evil Emperor Zurg, as seen in the popular Disney•Pixar Toy Story film series. Disponível em https://disneyland.disney.go.com/attractions/disneyland/buzz-l ightyear-astro-blasters/

[14] Não estava no quadro original, mas o autor na p. 205 estabelece o paralelo. [ 1 5 ] V e r e s t e a r t i g o : http://www.montfort.org.br:84/um-rio-uma-vida-2/ [ 1 6 ] T r e c h o e s c r i t o c o m b a s e n e s t a a u l a : https://www.youtube.com/watch?v=80d31GgCdEc, de Pe Edivaldo

[17] Navegação à bolina na qual a embarcação pode ser posicionada a 45 graus em relação ao vento contrário.

No documento DISNEYLÂNDIA, UMA UTOPIA KITSCH (páginas 37-43)

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