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5 LUDICIDADE, HISTÓRIA DE VIDA E FORMAÇÃO INICIAL DE

5.5 PALAVRAS FINAIS DAS PROFESSORAS SOBRE SUAS

A título de finalizar este capítulo, achei relevante registrar o que foi dito pelas professoras, nas suas considerações finais (na entrevista) e os seus sentimentos (ao escrever a carta). Mas, não mais para analisar, nem articular, embora tenha achado nestes comentários finais, que falam por si mesmos, uma riqueza muito grande. Então, deixarei para o leitor somente as palavras delas a fim de que façam as suas próprias interpretações, correlações... Quero dizer que ao ler essas relatos fiquei emocionada por ter realizado esta pesquisa. É com a voz dessas professoras, sem a interferência das minhas análises, ou da ausência delas, que encerro este capítulo:

Eu espero que minha entrevista tenha contribuído para sua pesquisa e que você possa me dar um retorno sobre isso. (Lua – Entrevista)

Estou satisfeita de poder contribuir com minha experiência de vida na sua tese de doutorado, Vera. Gostei muito de descrever minhas boas experiências que vivi, pois relembrar os bons momentos que vivemos também é lúdico. Aguardo seu convite quando for fazer a apresentação da tese de Doutorado se for aberto ao público. (Lua – Carta)

Agradeço a oportunidade, espero que sua pesquisa seja exitosa e espero também que sirva assim para, quem sabe, se os estudiosos assim acharem, que leve essa questão de estar ampliando os espaços da EI no meio acadêmico, valorizar os profissionais dessa área, e quem sabe fazer até com que todos os profissionais da educação tenham essa experiência na EI, porque eu acho que estimula uma série de habilidades que o professor tem que ter. A questão do acolhimento, a questão da criatividade, a questão do perceber quando a criança não tá se satisfazendo com aquela aula, interessado naquela aula. Quando eles não estão gostando, eles sinalizam logo... Promove ao educador que ele tenha um olhar para o interesse do outro, interesse do aluno que é coparticipativo ali na aprendizagem. Acho que está na hora, já passou da hora de dar mais importância e atenção a EI. (Flor - Entrevista)

Foi muito positiva a possibilidade de relembrar tais fatos , pois explica um pouco da pessoa que nos tornamos e que estamos em busca de nos tornar. Desde já agradeço a experiência e me coloco a disposição para ajudar no que for necessário. (Flor – Carta)

Gostei muito da entrevista, quero agradecer, fico feliz em você ter me convidado pra participar, gostei muito acho isso importante, porque toda essa preocupação com a EI, porque no dia-a-dia, até mesmo com colegas, professoras, coordenadoras, há muita queixa, não sei se você, como profissional já viu, que acham a EI assim (gesto de insignificância com as mãos e cabeça) que não tem nenhum valor. E a gente ainda resgata. Gente, ainda tem que ter investimento com educação infantil! ( e como se tivesse conclamando as colegas para o ânimo e revelando a resposta delas) Ah! EI, humm (imitando as pessoas novamente fazendo expressão de coisa pequena, sem importância). E se você observar, se for fazer uma pesquisa em bairros populares, vai ser difícil encontrar uma escola da Rede Municipal que ofereça EI. A maior parte só oferece vagas para 5 anos em diante... E a EI, está aonde? Quem é da classe popular, aquela pessoa que não tem condições de pagar uma determinada mensalidade, aquele valor, essas crianças vão ficar como, quer dizer, vai ter que esperar completar seis anos de idade pra ter que entrar no Ensino Fundamental sem passar na EI? Acho que a gente vai ter que rever, acho que a sociedade, nós educadores temos que ta indo em busca disso, porque a gente tem profissional no mercado, a gente tem Universidade, tem faculdade, a gente tem pesquisa (com ênfase) Então, ta faltando mobilização, a gente tem que arregaçar as mangas e ir atrás e ta faltando isso, isso me preocupa! (Mar – Entrevista)

Eu não sei se já disse. Eu senti falta, no curso de Pedagogia de uma formação sobre infância. Como a criança aprende, como é essa criança no mundo, como é que ela interage, como você pode ensinar a uma criança tão pequena, principalmente na faixa de idade da EI? (Brisa – Entrevista)

Em alguns momentos de relato de fatos da minha infância eu chorei de saudade, mas como vivências boas que passaram, ajudaram-me a crescer e a ser gente. (Brisa – Carta)

Já que a entrevista fala de história de vida, ludicidade e formação... é... eu acho que o curso de pedagogia e formação de professor, porque ao longo da minha prática, eu tenho 14 anos de prática, o tempo passa muito rápido, o curso de Pedagogia tem uma lacuna. Quando penso em formação do professor de EI, porque a gente precisa de um lastro teórico muito grande, muito amplo e muito profundo. Então essa é uma das coisas: da profundidade e consistência ao curso de Pedagogia, que às vezes é feita uma miscelânia, uma salada de fruta, e você não apresenta coisa que são fundamentais, essa dimensão do teórico, mas alinhado a isso, articulado na verdade, não em paralelo, mas articulado a isso, tem que se pensar a dimensão da prática, de uma prática consistente, de experienciar, de viver esse processo de EI, que é uma ação de uma prática e uma metodologia, muito específica, muito singular, muito própria, e se você se o curso não vai construindo isso junto aos seus alunos, quando você sai, você toma um choque. Foi o choque que eu tomei. Eu acho que o curso de Pedagogia, quando a gente pensa a formação do EI, tem muito a caminhar. Caminhar nesse sentido da articulação teoria e prática. E pensando na esfera do lúdico, proporcionar muito isso: muitos momentos lúdicos, totalmente completamente lúdicos, proporcionar essas vivências, possibilitar isso. É um desafio, é uma coisa difícil de fazer, mas é uma coisa extremamente necessária. Porque é difícil pensar em professor de EI que não tenha essa dimensão, que não construa isso, do lúdico, da prática consistente, da teoria consistente, fazendo essas coisas circularem, e eu acrescentaria aí a dimensão do social e do político, porque o professor de EI não é o professorzinho que fica lá dançando, rebolando e fora do universo, fora das coisas que estão acontecendo aí... Como está a EI hoje? Essas questões acho que o curso precisa caminhar muito sobre essas questões políticas, questões sociais, tudo isso interfere no nosso fazer, na nossa prática, na nossa postura enquanto professor de Educação Infantil. Mas o desafio está aí. E eu espero que as próximas gerações de professor de EI tenham melhores condições nesse momento inicial de formação, que esse potencial de formação seja mais sólido, mais articulado, e mais lúdico. (Estrela – Entrevista)

Meus principais sentimentos ao escrever as cartas foram de contentamento, nostalgia e reflexão. Escrever sobre o que vivemos é sempre um desafio. E, em cada escrita nos reinventamos. (Estrela – Carta)

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