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4.1 Territorialidade e contextualização socioeconômica dos sujeitos da

4.1.2 Panorama social e econômico da cidade de Paracatu

Paracatu é um município brasileiro, pertencente à região noroeste do Estado de Minas Gerais. A região Noroeste, segundo dados do Ministério da Educação (BRASIL, 2012) tem predominância da agropecuária, seguida das atividades de extração mineral e siderurgia, que são desenvolvidas por indústrias de grande porte, o que contribuiu para a ascensão da região. No que se refere à agropecuária, a cidade vem dando lugar à produção de grãos em grande escala comercial, como o arroz, feijão, milho e soja. Entretanto, a região Noroeste de Minas se encontra na região Centro-Norte, das quais também fazem parte a região Norte, Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri, consideradas regiões com menor expressão econômica se comparadas às demais regiões do estado.

Conforme revela o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN, 2010), a data provável do surgimento de Paracatu remonta aos anos de 1710, apesar de dados comprovarem que bandeirantes já conheciam o povoado desde 1603. A partir de 1727, a cidade ganha importância no cenário nacional pela descoberta das grandes jazidas de ouro, cuja exploração se deu até 1819.

Após esse período, o município entrou em um período de estagnação, perdurando até 1960 onde Paracatu voltou a se desenvolver economicamente devido a construção de Brasília, que gerou uma onda de migração intensa para o município.

Apesar dos efeitos do desenvolvimento urbano, a cidade conseguiu manter em bom estado seu centro histórico, possuindo duas igrejas edificadas ainda no século XVIII, que integram o Patrimônio Histórico Nacional, além de coleção de imagens sacras dos séculos XVIII e XIX. Pela sua tradição história, o centro histórico de Paracatu tornou-se patrimônio cultural brasileiro em 2010 (IPHAN, 2010).

A cidade de Paracatu possui segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS (BRASIL, 2010) cerca de 84.718 habitantes, com 87% das pessoas residentes em área urbana e 13% em área rural. A população jovem (entre 15 e 29 anos) é de 24.557 habitantes.

A atividade econômica concentra-se em boa parte nos serviços e indústria, sendo 42% de representação dos serviços, 31% da indústria e 21% da agricultura. O restante da arrecadação (6%) são de impostos (BRASIL, 2010). A agricultura implantada em larga escala, a exploração mineral, feita com capital brasileiro e internacional, a pecuária intensiva e a prestação de serviços são as principais atividades produtivas do município. A extração do ouro na cidade é feita por uma multinacional canadense - Kinross, maior mina de ouro do Brasil, produzindo cerca de 15 toneladas anuais de ouro. Ainda, o município possui extração de chumbo e zinco, feita pela empresa Votorantim Metais (PARACATU, 2014).

O Produto Interno Bruto (PIB) no ano de 2010 foi de R$ 1.506.200,00, obtendo crescimento de 57,6% entre 2006 e 2010. A participação municipal do PIB no estado de Minas Gerais é de 0,43%. O PIB per capita em 2010 foi de R$ 141.146,70. A renda per capita média dos habitantes de Paracatu em 2010 foi de R$ 698,43, ficando um pouco abaixo da renda per capita média da população brasileira, que é de R$ 720,00 (BRASIL, 2010).

Um estudo feito por Martins et al. (2008), utilizando os dados da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) entre os períodos de 1985 a 2004 relatou que Paracatu encontra-se entre os municípios que obtiveram crescente evolução no número de empregos no Brasil, com evolução semelhante a cidades metropolitanas como Sete Lagoas, polo industrial situada na região metropolitana de Minas Gerais.

Por estar localizada próxima à capital federal (Brasília) e conectada à rodovia BR-040, que liga Rio de Janeiro à Brasília, além da presença de universidades e escolas técnicas no município, associada ao crescimento no número de empregos na agroindústria, mineração e prestação de serviços, faz com que a cidade tenha uma ascensão econômica e demográfica intensa, fazendo de Paracatu uma referência econômica na região (PARACATU, 2014). O curso de Medicina, criado por uma universidade privada no ano de 2006 pode ter influenciado nesta ascensão econômica, uma vez que foram gerados novos investimentos na educação e na saúde para adequar-se ao curso, além da criação de um hospital universitário.

Como medida do desenvolvimento dos municípios foi criado o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), que abrange três elementos considerados fundamentais para o desenvolvimento humano: educação, longevidade e renda. A escala de medidas varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais

próximo de 1 maior o desenvolvimento humano. O maior IDH-M do Brasil, conforme dados do Censo 2010, encontra-se no município de São Caetano do Sul (São Paulo) cujo indicador está em 0,862 (PNUD, 2013).

Analisando o IDH-M de Paracatu para o ano de 2010, conclui-se que o indicador foi de 0,74, deixando o município na posição 667º no ranking nacional em um total de 5.466 municípios. Comparando o IDH-M do ano de 2010 com o indicador calculado nos anos 1991 e 2000, percebe-se uma evolução positiva do mesmo, onde o município tinha um IDH-M considerado baixo em 1991, avançando para o nível médio em 2000 e alcançando em 2010 o nível alto (PNUD, 2013).

O IDH-M do município para o ano de 2010, no quesito longevidade foi de 0,85, para a renda foi de 0,7 e na educação foi de 0,69. Pela classificação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que considera os valores do IDH-M, percebe-se que o indicador educação encontra-se em uma posição média, enquanto que o quesito renda e longevidade encontram-se alto e muito alto, respectivamente. Comparando o IDH-M de Paracatu com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, percebe-se que o indicador encontra-se dentro do padrão nacional, que é de 0,73 (PNUD, 2013).

O índice de Gini, que mede a concentração de renda ou desigualdade, em 2010 foi de 0,51, valor que decresceu com relação à 2000, onde era de 0,59. O índice de Gini nacional neste mesmo ano foi de 0,507 (PNUD, 2013).

A taxa de extrema pobreza em Paracatu, isto é, de pessoas que vivem com até R$81 per capita, é de 6,22%, sendo que esse indicador encontra-se bem abaixo dos valores estaduais e nacionais, pois no estado essa taxa é de 24,33% e no país essa taxa é de 33,83%. Esse valor também decresceu significativamente com relação à 2000, quando era de 8,64%. Em suma, pode-se dizer que a taxa de extrema pobreza no município de Paracatu encontra-se acentuadamente menor que os indicadores estaduais e nacionais (PNUD 2013; BRASIL, 2010).

Com relação ao percentual de pessoas pobres, isto é indivíduos com renda per capita de até ½ salário mínimo, a porcentagem em 2010 foi de 9,34%, decrescendo 201% com relação à 2000 que era de 28,15%. Se comparado ao percentual nacional, o indicador encontra-se relativamente abaixo, uma vez que no Brasil a taxa de pessoas pobres no ano de 2010 era de 15,7%. O percentual de moradores com 60 anos ou mais com renda per capita de até ¼ do salário mínimo é

de 4,8%, ficando acima da média do estado que é de 3,8% e abaixo da média nacional que é de 5,7% (BRASIL, 2010).

Analisando a evolução dos indicadores socioeconômicos de pobreza e concentração de renda, ao comparar os valores em 2010 com os encontrados no ano 2000 percebe-se que houve uma evolução positiva para o município de Paracatu, uma vez que todos os indicadores diminuíram. Quando se compara o índice de Gini de Paracatu com o indicador nacional, percebe-se que o indicador encontra-se dentro dos padrões nacionais. Tal fator evidencia uma alta desigualdade social no município, uma vez que o índice de Gini nacional é considerado alto. Conforme afirma Néri (2013), a desigualdade de renda no Brasil obteve um período de quedas acentuadas, que iniciou-se em 2001 indo até 2009. Após esse período, a desigualdade vem caindo a passos mais lentos. Ainda assim, a concentração de renda no Brasil ainda é extremamente alta, fazendo com que o nível de desigualdade esteja entre os mais elevados do mundo.

Com relação aos indicadores educacionais, a taxa de analfabetismo do município para pessoas com 10 anos ou mais é de 6,9%, ficando abaixo da média do estado de Minas Gerais que é 8,2% de e do país que é de 9,4%. A taxa de analfabetismo do município é menor do que municípios que fazem parte da mesma microrregião da qual a cidade faz parte, como Unaí , onde a taxa é de 7,2%, Patos de Minas (9,3%) e João Pinheiro (9,6%), municípios limítrofes a Paracatu (BRASIL, 2010).

A taxa de distorção idade-série no ensino fundamental em 2012 foi de 10%, ficando significativamente abaixo da média do estado e do país, que foram de 17% e 22%, respectivamente. Quanto a esse mesmo indicador para o ensino médio, Paracatu possui uma taxa de 22% sendo a do estado de 29% e do país 31% (BRASIL, 2010).

A taxa de evasão escolar no ensino médio para 2011 foi de 11,3% e de 11% a taxa de reprovação escolar no ensino médio. Destacando-se a evasão escolar, percebe-se que esse indicador encontra-se bem abaixo se comparado ao nível estadual, que é de 17,3% e dentro dos padrões nacionais, que é de 11,6% (BRASIL, 2010).

Os dados apresentados revelam que os principais indicadores educacionais de Paracatu encontram-se numericamente melhores que os indicadores nacionais e estaduais, o que representa uma situação confortável para o município, indicando

que a educação, elemento importante para o desenvolvimento econômico e social tem cumprido o seu papel para o crescimento de Paracatu.

Apesar do município estar situado em uma região desfavorecida economicamente, percebe-se que Paracatu possui indicadores econômicos e sociais superiores à média encontrada em Minas Gerais e no Brasil, elevando o município a um patamar onde a qualidade de vida da população pode ser considerada satisfatória.