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O PAPEL DA DIDÁTICA NA ATUAÇÃO DOCENTE

No documento 11 1 (páginas 39-42)

TEACHER PERFORMANCE : REPRESENTATIONS AND CONTRIBUTIONS

4. POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES PARA A MELHORIA DA APRENDIZAGEM DISCENTE

4.4 O PAPEL DA DIDÁTICA NA ATUAÇÃO DOCENTE

O mundo está passando por transformações diversas em vários ramos, como por exemplo, no trabalho, na tecnologia, na saúde, nos transportes, na comunicação, na convivência, dentre outros.

Com efeito, todos esses aspectos refletem essencialmente na área da educação, em que também se verificam acentuadas mudanças. Nesse âmbito, colocamos em questão a prática didática do professor, já que esse aspecto reflete essencialmente na aprendizagem dos alunos.

É possível pensar que é indispensável a didática esteja presente no trabalho docente, porém, de forma concreta e eficaz, para que o aluno não seja um mero “depósito de informações”, mas que possibilita- os a construir seu conhecimento por meio das aprendizagens convincentes.

Inicialmente ressaltamos um breve conceito do significado da Didática, e vemos que o seu papel influencia no como fazer, como ensinar, baseia se na teoria da investigação com o objetivo na promoção do ensino e aprendizagem por meio dos métodos e conteúdos.

O processo de ensinar e aprender requer profunda reflexão, como nos propõe Freire14.

Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém”. (FREIRE, 1996:25) “Ensinar não é transferir conhecimento. É preciso insistir: este saber necessário ao professor - que ensinar não é transferir conhecimento – não apenas precisa de ser apreendido por ele e pelos educandos nas suas razões de ser – ontológica, política, ética, epistemológica, pedagógica mas também precisa de ser constantemente testemunhado, vivido”.

(ib., 52) “Ensinar é uma especificidade humana: como os demais saberes, este demanda do educador um exercício permanente. É a convivência amorosa com seus alunos e na postura curiosa e aberta que assume e, ao mesmo tempo, provoca-os a se assumirem enquanto sujeitos sócio – histórico – culturais do ato de conhecer, é que ele pode falar do respeito à dignidade e autonomia do educando.”

13 FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 31. ed. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2008.p. 14.

14 FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 31. ed. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2008.p. 45

Freire esclarece o real olhar que o professor deveria incorporar para seu exercício e postura didática em sala de aula. Enfatiza a relevância da relação professor/aluno e esclarece que no desafio, na provocação, no diálogo amoroso e não na transmissão de conteúdos é que se possibilita aprendizagem e a autonomia.

Há professores detentores de muitos conceitos e relevantes saberes, porém a forma como tentam transferir as informações é indevida e pouco instigante aos alunos. Estes, na maior parte das vezes, ainda não tiveram contato com o conteúdo específico, não conseguem compreendê-lo e dominá-lo, pois, nesse caso a aprendizagem não atende às perspectivas de educação construtiva e sim de uma educação que colabora para atender as imposições do plano educativo escolar.

Em geral, o aluno não compreende e não constrói conhecimento, apenas decora.

À luz de conhecimentos de estudiosos e pesquisadores da área, associados ao que pudemos observar no cotidiano de uma escola, na realização dos estágios nos níveis básicos de ensino, em relação à prática pedagógica e ao desenvolvimento da didática, percebemos que os jogos, as atividades lúdicas e metodologias desafiadoras ainda são muito pouco utilizados nas aulas, muitas vezes o professor não faz uma avaliação correta para detectar as necessidades de seus alunos, grande parte está despreparada para receber alunos deficientes e predominam conteúdos de livros didáticos e atividades impressas. Deve-se ainda levar em conta que grande parte da atuação do profissional depende de pressupostos teóricos e metodológicos, aspectos em que percebemos também grande fragilidade.

A forma como evidenciamos o ensinar é algo que realmente marca a aprendizagem e o processo epistemológico do aluno, independentemente do seu grau de entendimento ou de atenção.

Como professor, não podemos rotular os alunos como aprendizes e não aprendizes, especialmente no processo de avaliação que também compõe o âmbito da didática. Precisamos reconhecer que todos possuem capacidades e preceitos formais para atender a evolução e ampliação do desenvolvimento reflexivo.

De acordo com Enguita15,“na escola, aprende-se a estar constantemente preparado para ser medido, classificado e rotulado;

15 ENGUITA, Mariano Fernandez. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Porto Alegre:

Artes Médicas, 1989. P. 203

a aceitar que todas as nossas ações e omissões sejam suscetíveis de serem incorporadas a nosso registro pessoal; a aceitar ser objeto de avaliação e inclusive desejá-lo”.

Aspectos que expressam a rotulação e a consideração crítica para com os alunos e suas necessidades, também precisam fazer sentido no pensar didático do professor. É preciso que ele tenha postura, que evite discriminar e expor seus alunos, assim como julgá-los previamente.

Não é cabível ao professor classificar sua sala em fracos e fortes, isto poderia ser até avaliado como algo fora dos preceitos éticos. Todos têm capacidades e habilidades, embora haja também as dificuldades, inclusive as do próprio professor.

Refletir sobre a prática pedagógica, papel essencial da Didática, deve considerar a superação da transmissão de conteúdos pelos docentes. Há praticamente consenso entre os estudiosos e profissionais da educação de que conhecimento não se transmite, mas se constrói.

Assim, professores construtivistas são seriamente preocupados com a construção do conhecimento das crianças no sentido de instigar, desafiar, informar, orientar e estabelecer uma nova relação entre quem aprende e quem ensina. Levando em conta que a criança amplia suas possibilidades do momento para capacidades que não manifestaria sozinha, cabe ao professor, portanto, criar contextos que permitam ao aluno avanços conceituais e comportamentais.

O professor construtivista avalia, acompanha e valoriza todo o processo de construção do conhecimento do aluno, pois a escola é o lugar onde a criança é estimulada a “construir” seu próprio conhecimento.

As observações feitas no âmbito escolar servem para acompanhar o desenvolvimento dos educandos e ajudá-los em suas dificuldades, preparando-os para a vida. Essa é uma condição fundamental para garantir sua integridade profissional e autonomia intelectual, resultando na tomada de decisões pedagógicas corretas para determinado momento.

As atividades propostas no âmbito escolar precisam ser organizadas de modo a desafiar o pensamento da criança, gerando conflitos cognitivos em que elas repensem e se reorganizam para alcançar respostas. As atividades devem ser propostas considerando as necessidades específicas e o interesse do aluno na busca de soluções ao problema que está sendo proposto. O professor pode ainda

oportunizar crescimento dos alunos, utilizando as atividades lúdicas que incentiva o raciocínio, para que entendam e percebam o que estão fazendo. É apropriado reforçar que os jogos e brincadeiras são recursos indispensáveis nesse processo de construção do conhecimento.

A postura do professor em relação às atividades elaboradas pelos alunos requer que ele esteja atento à concepção de erro construtivo, ou seja, valorizar o que é produzido pelo educando, pois é a bagagem que ele traz do seu meio, do convívio com familiares e amigos.

Quando o professor considera errado o exercício feito pelos alunos, não leva em conta a estrutura de raciocínio percorrida, assim deixa de aproveitar e desenvolver muitas das capacidades de seus alunos. Para Carraher16, “mais importante que fornecer a resposta correta para a criança é fornecermos oportunidades para pensar e raciocinar”.

Na proposta construtivista, o erro é visto e valorizado, pois a partir dele o aluno buscará caminhos e formas para construir o seu conhecimento e só assim poderá aprender. O pensamento de Carvalho17, afirma que: “O que interessa ao professor não é que a resposta esteja

“certa” ou “errada” e, sim, como o aluno chegou a “tal” resposta.

O “erro”, muitas vezes, é parte importante da aprendizagem, já que expressa uma hipótese de elaboração de conhecimento, consistindo-se, portanto, em “erro construtivo”. Não se pretende com essa ideia fazer apologia ao erro, mas considerar que ele pode representar uma etapa importante do processo de aprendizagem do aluno, que não deverá ser descartada.

5. PROFISSIONAL PROFESSOR: AFINAL, QUAL É O PERFIL

No documento 11 1 (páginas 39-42)