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O PAPEL DO PROFESSOR DE EF NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

PARTE III O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA: PAPEL NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

2.1 O PAPEL DO PROFESSOR DE EF NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

Um dos modificadores do processo educacional, em qualquer área do conhecimento,

é o professor que têm um papel reconhecido de grande responsabilidade social e a

importância do seu desempenho, no processo de formação das pessoas.

Condessa (2009:37) “ Aos (...) e professores que leccionam a educação física na

infância caberá a delicada tarefa de garantir o enriquecimento do seu património motor e cultural que visa (...) o desenvolvimento individual e colectivo.”

Os professores de EF para Bandura (1986) têm a responsabilidade social no desenvolvimento humano e no crescimento da autonomia através das ingerências

educativas para as diferentes procuras situacionais na vida dos alunos, bem como o

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imprescindível no sistema educativo. A EF, na escola e noutros contextos educativos, é

facilitadora da prática desportiva e dos conteúdos específicos da EF (Paes, 2002).

O professor de EF actua no processo educacional e tem de legitimar a sua posição,

reconhecendo importância à sua actuação, pois pode oferecer conteúdos e conhecimentos

a todas as idades, desde as crianças até aos adultos, em diversos ambientes do trabalho

integrado e educacional. São-lhe exigidas habilidades sociais, competências interpessoais,

didáctica e motivação para estimular os alunos e modificar os ambientes da prática, tanto

nas escolas, como nos clubes, em instituições, em empresas, etc. É crucial que o

professor diversifique e inove o modo como transmite os conteúdos da aula, devendo ser

criativo nos exercícios e tarefas propostas, possibilitando desta forma aulas dinâmicas,

estimulantes e interessantes (Souza, 2009).

Betti (2004) destaca as diversas estratégias de ensino que facilitam o

desenvolvimento de novas e diversas estratégias de ensino com sequencialidade, para que se tornem indispensáveis à docência em EF e que rompam com a tradição técnica -

pedagógico.

É da responsabilidade do professor proporcionar o aumento das actividades físicas

estruturando as aulas de maneira a proporcionar aos alunos um elevado tempo disponível

para a prática e garantir um elevado empenhamento nas tarefas motoras das aulas.

Assim, segundo Mota (1992), não devemos menosprezar o papel significativo das

actividades físicas, seja no contexto escolar, seja no domínio das actividades de lazer e

tempos livres, dado que estes se constituem como um meio de compensação dos efeitos lesivos dos estilos de vida da sociedade actual, isto é, “stress”, sedentarismo, alcoolismo,

tabagismo, maus hábitos alimentares e outros.

Cabe à EF, cuja objecto de ensino coincide justamente com as actividades físicas e

desportivas para uma vida saudável, exercer um papel fundamental na motivação das

crianças e dos jovens para adquirirem rotinas desportivas. A EF deverá proporcionar

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Os professores de EF têm de estar conscientes das atitudes das crianças e dos jovens

face à disciplina e às actividades físicas e também à forma como as percepcionam.

Segundo Matos e Graça (1991), as aulas de EF deverão ser gratificantes (devem despertar

alegria e prazer, serem vividas com sucesso e devem ser motivantes), pois essa

aprendizagem é indispensável e importante para os alunos, isto é, estes devem sentir que

aprendem alguma coisa, que vale a pena aprender. O professor de EF deverá realizar um

ensino direccionado para as motivações e desejos dos seus alunos, de modo a influenciá-

los positivamente nas suas atitudes, caso contrário não poderemos ficar surpreendidos

quando um adolescente sedentário se torna um adulto sedentário. Deve promover ainda o

desenvolvimento da formação humana e da afectividade dos alunos, como a

responsabilidade, a cooperação, o respeito pelos outros, a solidariedade, a organização, a

criatividade e a confiança em si mesmo (Falkenback & Medeiros, 2008).

Em resumo, a EF escolar assume-se como um veículo para a futura integração do aluno numa prática permanente, sob o ponto de vista educacional, tornando-se

fundamental para uma formação escolar adequada.

A disciplina de EF, como parte integrante do curriculum escolar, adopta um papel

predominante, na medida em que todos os alunos têm que desenvolver actividades físicas

e desportivas na Escola. Esta Escola deverá ser activa, ou seja, deverá transformar o

ensino no sentido das necessidades dos alunos (Júnior, 2004). Contudo, a Escola ainda

não oferece a garantia de moldar a personalidade dos alunos, no sentido de adoptarem

uma prática continuada na sua vida e o grande desafio que se coloca ao sistema educativo

é a intervenção em aspectos que estão directamente relacionados com o aperfeiçoamento

do temperamento dos alunos.

Carreiro da Costa (1995), num estudo sobre o sucesso pedagógico em EF e sobre

as condições e factores de ensino aprendizagem associados ao êxito numa unidade de

ensino, realizaram uma análise resumida da investigação no ensino geral e no de

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cada tarefa motora requer, em função das suas características específicas, que o professor proporcione um tipo particular de participação motora e um tipo específico de “feedback”

pedagógico, considerando, ainda, os objectivos de aprendizagem e o nível de aptidão dos

alunos.

Proporcionar o maior tempo e frequência possíveis de exercitação em situações de

prática parcial da tarefa conjugada com a realização de um número médio de ensaios na

habilidade - critério, e fornecer informações frequentes aos alunos, parecem constituir

condições de ensino-aprendizagem que favorecem o aperfeiçoamento na forma do desempenho. Os professores “mais” eficazes distinguem-se pela capacidade que revelam

em gerir o tempo de aula, disponibilizando mais tempo para a participação motora em

situações específicas, em proporcionar aos alunos uma instrução de maior qualidade

científica e técnica, centrada fundamentalmente na informação dos requisitos técnicos de execução da tarefa a aprender, na instrução que é explicitada com “demonstrações”

frequentes, e ainda, por apoiar a prática motora dos alunos com intervenções de “feedback” focadas nos aspectos “críticos” do desempenho. Finalmente, caracterizam-se

por conseguirem obter dos alunos um maior empenhamento motor e cognitivo durante as

aulas.

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