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A leitura e a escrita são fundamentais, pois é através dela que a criança adquire meios básicos para desenvolver outras capacidades cognitivas. É fundamental que o professor que acompanha a criança nesse processo conceba a linguagem como um produto que está presente em nosso meio e foi construído pelos homens. Segundo Ferreiro (1995, p. 43), a criança não é um produto da escola, mas sim um objeto cultural, resultado do esforço coletivo da humanidade.

Na mesma direção, para Gontijo (2002, p. 2), “a escrita é uma produção humana, um objeto cultural com qualidades especiais, pois, de posse desse conhecimento, os indivíduos podem acessar novas, variadas e complexas formas de conhecimento”. Isso implica numa concepção mais ampla de alfabetização, compreendendo a língua escrita como algo que necessita ser refletida para se compreender e trazer à tona conhecimentos prévios.

Assim, entende-se que a criança precisa vivenciar todos os momentos do processo da alfabetização, como sujeito que constrói conhecimento.

A alfabetização é um processo discursivo: a criança aprende a ouvir, a entender o outro pela leitura; aprende a falar, a dizer o que quer pela escrita. (Mas esse aprender significa fazer, usar, praticar, conhecer. Enquanto escreve, a criança aprende a escrever e aprende sobre a escrita). Isso traz para as implicações pedagógicas os seus aspectos sociais e políticos. (SMOLKA,1999, p. 63)

A escola, juntamente com o seu grupo de gestores, cabe pensar num processo contínuo, interessante, que desafie as crianças e trabalhe com a estrutura da língua a partir do que já sabem.

É preciso alfabetizar as crianças estimulando o hábito da escrita e da leitura, por meio de diversos materiais pedagógicos, auxiliando para que a criança aprenda de maneiras diversificadas. Assim, como Lerner (2002, p. 17) diz:

Agora, para concretizar o propósito de formar todos os alunos como praticantes da cultura escrita, é necessário reconceitualizar o objeto de ensino e construí-lo tomando como referencia fundamental as práticas sociais de leitura e escrita. Este é outro desafio dos anos iniciais do ensino fundamental: encontrar meios para que a criança torne-se praticante e construa o hábito da prática da leitura e da escrita. E cabe lembrar que no processo de alfabetização é fundamental estudar a história da escrita na criança, descobrindo suas habilidades e conhecimentos, conhecer qual é a sua relação com a escrita, resgatando a infância, conhecendo-a de perto, descobrindo seus interesses e desejos.

É fundamental oferecer uma variedade infinita de materiais a fim de despertar o aluno para o mundo da leitura e da escrita. Da mesma forma, cabe à escola buscar saídas para que o processo ocorra através de recursos pedagógicos.

Considerando a concepção de que vivemos num meio cultural muito rico e que nossa sociedade convive com a escrita, a escola necessita acompanhar os elementos que a cultura oferece, pois ao contrário, estará deixando de atrair o aluno. Além disso, quanto mais portadores de texto disponibilizar, maior possibilidade de interação com a língua escrita vai permitir. Teberosky e Colomer (2003, p. 122) falam que “a presença do material real permite que a criança interaja e aprenda com ele”. Dessa forma, os alunos aprenderão a ler, observando a estrutura das letras e das palavras. Há diversos fatores que contribuem nesse sentido, por exemplo, ao observar vários textos escritos, as crianças observam e aprendem como é a estrutura de um texto.

Os professores gestores pensam na importância de possuir vários materiais na alfabetização das crianças, mas consideramos que também não podemos esquecer a qualidade dos mesmos, levando em conta o que as crianças podem aprender interagindo com eles, e isto ira resultar em sua formação, em seu processo de alfabetização.

Os gestores devem estar sempre cientes da importância de aproveitar o que a criança já traz consigo para desenvolver propostas interessantes, considerando sua realidade e seus conhecimentos prévios. Isso significa que o gestor deve levar em conta e trabalhar sempre de acordo com a realidade em que o aluno está inserido, tudo inicia pelo estudo do seu meio. Ferreiro (1995, p. 37) em seus estudos escreveu que:

A língua é um objeto de uso social, com uma existência social (e não apenas escolar). Quando as crianças vivem em um ambiente urbano, encontram escritas por parte, letreiros de rua, vasilhames comerciais, propagandas, anúncios de teve, etc...) No mundo circundante estão todas as letras, não em uma ordem preestabelecida, mas com uma freqüência que cada uma delas tem na escrita da língua.

Reitera-se que a criança vem para a escola com uma gama de conhecimentos, pois no “mundinho” em que ela mora está rodeado de palavras e letras que fazem com que ela entre para a escola com um conhecimento mais avançado, aos poucos vai sendo construído na interação com o professor gestor e o grupo de alunos. Assim, o papel da escola se constitui em organizar propostas que contemplem a interação desse conhecimento prévio com um conhecimento novo.

Os professores gestores devem lutar para garantir um espaço de formação continuada, atualizando e buscando sempre mais conhecimentos, pois como sabemos a educação é contínua, assim, ele precisa buscar sempre novos meios e alternativas para que o aluno aprenda. Nessa direção Benincá e Caimi (2002, p. 39) destacam a ideia de que “o conhecimento é de posse do professor, a quem cabe informar e conduzir o aluno o sujeito pedagógico recai no professor”.

Estar em formação continuada significa buscar novos conhecimentos, admitir que é preciso saber sempre mais, analisar sua prática, ver se a mesma encontra-se de acordo com a teoria e o que pensam os pesquisadores, os filósofos e os sujeitos que ao longo das décadas têm contribuído com a educação, buscar espaço no coletivo para discutir no grande grupo, ter um olhar de investigação, se propor a discutir suas ideias, sabendo opinar quando aparecerem os obstáculos e também tomar as suas próprias decisões. Nesse sentido, Benincá e Caimi (2002, p. 137) destacam que:

A prática pedagógica é sempre nova e, por isso, inesgotável na produção de conhecimentos pedagógicos. Por ser o processo investigatório também um processo de auto formação, não atualiza apenas conhecimentos, mas transforma, permanentemente, o pesquisador.

Por isso, alguém que se assume como professor gestor busca algo mais. Diante destes fatos, a prática educativa dos educadores envolve uma constante busca de estudos, procedimentos e atividades pedagógicas, que favoreçam o desenvolvimento

do grupo, oportunizando aos mesmos o hábito pela leitura e a escrita. É através delas que os professores gestores necessitam ter em mente que deverão formar seres críticos, capazes de ler e assumir a sua posição na sociedade.

Cuberes (2002, p. 29) afirma que “ser educador inicial envolve todo um compromisso com as crianças, com os seus iguais, com a sociedade e consigo mesmo”. Sabemos que o sujeito constrói o seu próprio processo de conhecimento da leitura e da escrita através da socialização e das experiências e interações com os outros, e que cada um irá buscar novas possibilidades de produzir e apropriar-se dessa linguagem.

A gestão democrática da escola requer a participação de todas as pessoas da comunidade escolar, pois cada um tem sua parcela de contribuição na responsabilidade de educar e acompanhar o processo de desenvolvimento das crianças, pois elas se encontram na fase de formar suas idéias e conceitos sobre a sua vida e a da sociedade como um todo.

A gestão democrática da educação formal está associada aos mecanismos e às organizações de movimentações que desprendem a participação na formulação de políticas educacionais de planejamento e na tomada de decisões, buscando a transformação da sociedade e da escola, através da participação e construção da cidadania.

Os gestores democráticos devem acreditar que todos juntos tem mais chances de encontrar caminhos e expectativas da sociedade a respeito das situações dos seus alunos que se encontram no processo de alfabetização. Segundo Medeiros e Luce (2006, p.15),

No Brasil não tem sido de outra forma. O principal debate sobre a gestão escolar toma vulto a partir de 1970, quando a luta de classe trabalhadora pelo direito de seus filhos à escola pública impõe a reflexão sobre os motivos da falta de vagas, das altas taxas de reprovação e do conseqüente abandono escolar, assim como das condições precárias nas instalações escolares e da limitada profissionalização do magistério.

Em 1980 os professores passaram a conquistar com a valorização e formação e denunciar os apadrinhamentos políticos. As mesmas autoras também afirmam que:

Pensar a gestão democrática da educação é, portanto, refletir sobre estas e outras idéias, sempre e todas como parte de um conjunto de elementos implicados entre si - democratização do acesso e permanência/continuidade nos estudos, democratização dos saberes que dão passagem à cidadania e ao trabalho, participação nos processos de planificação e decisão, relações de autonomia – e sua inserção em um projeto mais amplo de democratização da sociedade, do qual a educação é constituída e constituinte. (MEDEIROS; LUCE, 2006, p. 32)

A fundamentação de gestão democrática está na constituição de promover condições de igualdade em um espaço público, criar um ambiente de trabalho coletivo que vise a superação do sistema educacional, possibilitando inter-relação da sociedade em geral na ampliação dos conhecimentos culturais.

Concretizar uma educação baseada em princípios democráticos requer a participação de todos próximos à escola e ligados a sala de aula.

Ao pensar em gestão democrática da escola é preciso compreendendo-la em sua plenitude, como uma ferramenta importante na consolidação e implementação da verdadeira democracia, não aquela que é camuflada, pelos interesses de um pequeno grupo, mas sim aquela democracia que liberta, que alimenta a esperança de condições iguais a todos as pessoas, pertencentes a qualquer classe social, religião, raça e cor. Luck (2006, p. 33) afirma que:

O que a escola precisa fazer, em todas as experiências que realiza, é promover o desenvolvimento de competências significativas do aluno, tendo como foco as necessidades que o mesmo enfrenta e enfrentará, em cada estágio de sua vida, que, em última instância, demandam que ele aprende a compreender a vida, a sociedade e si mesmo inserindo neste contexto e dele participando como influente e influído.

A escola democrática é aquela que realiza um trabalho orientado e desenvolvido em conjunto. Cada vez mais, se percebe que em razão dos próprios movimentos e conceitos sociais que se solidificam, surge também nos espaços familiares a certeza de que a família precisa ser co-participante do processo educativo, e para que isso realmente aconteça, é de suma importância que ela ocupe o espaço que lhe é devido nas instituições de ensino, nos momentos de discussão, de decisão, de escolhas de rumos, inclusive estar bem a par do processo educativo de seu filho em todas as dimensões. Assim, passa a família a entender que a escola precisa diretamente de seu

apoio e de seu trabalho, para que ocorra o alcance dos objetivos que se buscam em relação a melhores resultados, no que diz respeito à educação.

CAPÍTULO 2

2 O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO SOB A ÓPTICA DE

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