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O papel do Omalizumab para além da asma alérgica grave – A propósito de um caso clínico de

No documento REVISTA PORTUGUESA DE (páginas 99-101)

ALERGIA CUTÂNEA Dia: 8 de Outubro

PO 68 O papel do Omalizumab para além da asma alérgica grave – A propósito de um caso clínico de

dermatite atopica refratária

B Ramos1, C Loureiro1

1 Pneumologia A, CHUC -HUC, Coimbra, PORTUGAL

As doenças alérgicas afetam cerca de 1 bilião de pessoas em todo o mundo. Reporta -se o caso de uma mulher, 34 anos, enviada à consulta por asma brônquica não controlada, diagnosticada aos 3 anos, assintomática na adolescência mas com várias exacerbações desde os 20 anos, com necessidade de recorrer aos cuidados de saúde não programados. Dois internamentos na Pneumologia em 2016 por exacerbações graves, sob terapêutica grau 4 (GINA), encaminhada posteriormente para a consulta de asma grave. Tem como desencadeantes: pós domésticos, cheiros intensos, pelo de cão/gato e alterações de temperatura. Outros antecedentes: rini-

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R E V I S T A P O R T U G U E S A D E I M U N O A L E R G O L O G I A

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te alérgica persistente grave, hipertrofia dos cornetos (turbinec- tomia em 2012) e polipose nasal; dermatite atópica (DA) desde os 22 anos, com agravamento progressivo, com distribuição exube- rante por todo o tegumento, incluindo flexuras, com aspetos nu- mulares e liquenificação, em seguimento por Dermatologia e sob fototerapia desde 2016, com discreta melhoria; RGE ligeiro; per- turbação de ansiedade; infeção por influenza A (2014) e osteopenia de L1. Irmão com bronquite crónica e mãe com DPOC.

Desde o internamento medicada com corticoterapia inalada em altas doses, broncodilatação de ação longa (LABA/LAMA), anti- leucotrineos e anti -histamínico. Sem alergias medicamentosas/ alimentares. Ex -fumadora (2012), CT 5UMA. Reside em ambiente urbano, casa arejada, sem contacto regular com animais. Exame objetivo: marcada obstrução nasal, eczema muito exuberante e hipoventilação global à auscultação pulmonar.

ECDT: eosinofilia periférica (2.6%), IgE 5870UI/mL, doseamento de A1AT e autoimunidade normal; polissensibilização para gramí- neas, árvores, ácaros e fâneros; síndrome obstrutivo ligeiro, com BD positiva e aumento do volume residual, FeNO 59ppb; TC -tórax com micronodulação centrilobular e encarceramento aéreo; TC- ‑SPN com hipertrofia dos cornetos e redução da permeabilidade. Apesar da adequação dos parâmetros terapêuticos, a doente man- teve sintomas diários ao longo de 1 ano de seguimento, com graves implicações na qualidade de vida, muito prejudicada pela exube- rante DA. Optou -se por iniciar omalizumab, 600mg quinzenal, com diminuição dos sintomas respiratórios e com extraordinária me- lhoria das lesões cutâneas logo após a 4.ª toma.

O omalizumab está aprovado para a asma alérgica grave, pretendendo -se com a exposição deste caso alertar para a sua eficácia noutras patologias alérgicas, refratárias a tratamentos convencionais, como foi notável nesta doente.

PO 69 – Angioedema hereditário – pancreatite? – Caso clínico

T Lourenço1, A Lopes1, MP Barbosa1;2

1 Serviço de Imunoalergologia, Hospital Santa Maria – Centro

Hospitalar Lisboa Norte, EPE, Lisboa, PORTUGAL

2 Clínica Universitária de Imunoalergologia, Faculdade de

Medicina da Universidade de Lisboa, Lisboa, PORTUGAL

Introdução: As crises abdominais ocorrem em 90% dos casos de

Angioedema Hereditário (AEH), em 21% são a única manifestação, dificultando o diagnóstico diferencial entre crise abdominal de AEH e abdómen agudo de outra etiologia.

Caso clínico: Mulher de 39 anos, seguida na consulta de Imunoa-

lergologia (IA) desde os 25 anos por AEH tipo II, com terapêutica e seguimento muito irregular. Desde há vários anos e com agrava- mento progressivo, apresentava crises de dor abdominal associa- das a vómitos, de maior intensidade no período pré -menstrual. Avaliação em consulta de Medicina Geral e Familiar com realização de colonoscopia, endoscopia digestiva alta e ressonância magné- tica pélvica, não revelou alterações. Foi reavaliada em consulta de IA após 9 anos de ausência tendo reiniciado terapêutica com Sta- nozolol 2mg/dia com redução progressiva das queixas. Por crise

de dor abdominal intensa recorreu ao Serviço de Urgência da sua área de residência. Inicialmente, foi excluído abdómen agudo ci- rúrgico. Realizou ecografia abdominal, que mostrou pâncreas glo- boso, tumefacto com estrutura heterogénea e hipoecogénica, sem outras alterações. Analiticamente destacava -se Proteína C Reati- va (PCR) aumentada -17,3mg/dl, sem alterações nos restantes pa- râmetros analíticos (hemograma, provas hepáticas incluindo lipase e amilase). Foi tratada com várias terapêuticas analgésicas (Para- cetamol, Butilescopalamina, Metamizol e Tramadol) sem melhoria da clínica de dor, ocorrendo apenas melhoria completa da dor após a administração de C1 ‑inibidor. A doente repetiu ecografia abdominal de controlo 24horas(h), com visualização de pâncreas e baço sem anomalias e moderada quantidade de líquido livre no espaço de Morrison e na pélvis no fundo de saco de Douglas. Analiticamente também se verificou uma normalização da PCR. Teve alta 72h depois, totalmente assintomática com o diagnóstico de crise abdominal de AEH por incumprimento terapêutico.

Conclusões: As crises abdominais com acometimento pancreá-

tico são raras. A sua fisiopatologia é incerta, mas pensa ‑se ser secundária a edema do ducto pancreático ou da ampola de Vater, seguida de obstrução do mesmo. O AEH deve ser considerado como possível causa de edema pancreático/pancreatite e o C1 inibidor/Icatibant podem ser uma opção terapêutica de rápida ação. Os autores descrevem 1 caso de crise de AEH com edema exclu- sivamente pancreático em que a terapêutica com C1 inibidor foi essencial para o tratamento.

PO 70 – Angioedema com 20 anos de evolução – Será alergia?

R A Fernandes1, A Pinho2, I Carrapatoso1, A Todo -Bom1 1 Serviço de Imunoalergologia, CHUC, Coimbra, PORTUGAL 2 Serviço de Dermatologia e Venereologia, CHUC, Coimbra,

PORTUGAL

Introdução: Angioedema (AE) é o edema doloroso e não pruri-

ginoso da submucosa, tecido celular subcutâneo e da derme pro- funda devido ao aumento da permeabilidade vascular. A sua etio- logia pode ser histaminérgica, física, infeciosa, auto -imune, medicamentosa e por deficiência de C1 ‑inibidor; embora cerca de 40% dos casos sejam idiopáticos.

Descrição do caso: Doente do sexo feminino com 73 anos de

idade com episódios recorrentes de AE da hemiface e pavilhão auricular direito com 20 anos de evolução. Todos os episódios eram acompanhados de febre, confusão mental e aumento dos parâmetros inflamatórios, apresentando queixas de aperto orofa- ríngeo nos últimos. Inicialmente cerca de 1 episódio por ano, mas atualmente com maior frequência. Em todos os episódios recorria ao Serviço de Urgência. Negava antecedentes de relevo e medi- cação habitual. O exame ORL revelou otorreia e estenose do canal auditivo externo direito (CAED). Fez TC -CE que evidenciou um padrão esclerótico da mastóide direita e alterações teciduais que poderiam estar em relação com alterações inflamatórias. A não identificação de foco infecioso, conduziu à interpretação do quadro como AE histaminérgico e realizou terapêutica com cor-

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ticóide e anti -histaminico endovenosos em todos os episódios, com melhoria. No entanto foi sempre medicada com antibiótico. A doente foi referenciada para a nossa consulta, negando qualquer fator desencadeante conhecido. Ao exame objetivo apenas de des- tacar eczema descamativo com algumas fissuras do CAED. A in- vestigação complementar com hemograma com leucograma, com- plemento, imunoglobulinas séricas, electroforese de proteínas, anticorpos tiroideus com função tiroideia e triptase sérica não revelou alterações. Admitindo tratar -se de um AE de causa infe- ciosa, os episódios foram interpretados como celulites recorrentes da face com ponto de partida nas fissurações do CAED, iniciando profilaxia mensal com Benzilpenicilina intramuscular, não voltando a apresentar queixas.

Conclusão: O angioedema é um dos principais motivos de refe-

renciação para a consulta de Imunoalergologia. Uma história clíni- ca detalhada e um exame objetivo exaustivo são imperativos na investigação da sua etiologia. O caso clínico vertente destaca a importância de considerar todas as etiologias no diagnóstico dife- rencial de angioedema particularmente quando confrontados com uma apresentação clinica incomum.

PO 71 – Sensibilização a alergénios de contacto em

No documento REVISTA PORTUGUESA DE (páginas 99-101)