• Nenhum resultado encontrado

PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1. A Sociedade e o Papel da Tecnologia na Educação

1.2. Papel do Professor na Era Tecnológica

O processo de ensino tem, sem dúvida, um grau crescente de complexidade. Os professores têm de ter em conta as tendências curriculares e sociais e as escolas precisam de construir projetos diferentes para escolas diferentes com realidades de ensino-aprendizagem muito próprios. Os professores e as escolas têm a imperatividade de inovar. E inovar no ensino não significa colocar ao dispor ou utilizar as novas tecnologias. Não chega ter um computador ou um tablet na sala de aula. O professor deve ser capaz de orientar o aluno no sentido de também o ajudar na seleção da informação de fontes fiáveis e inovar o ensino, tendo consciência de que o uso da tecnologia é uma ferramenta de ensino-aprendizagem e que só é válida se for devidamente aproveitada.

Cabe aos professores das disciplinas nas quais se pretende a utilização destas tecnologias, a disponibilização de formação de base aos alunos para a utilização das mesmas. Os professores deverão, portanto, prever nas suas planificações momentos para formar os seus alunos na utilização técnica do recurso de forma a que estes conheçam todas as potencialidades do mesmo e que dele possam tirar proveito da melhor forma possível(Costa, 2013, p. 101).

As escolas e os professores têm de estar constantemente preparados para ensinar enquadrando-se numa diversidade de culturas e de ritmos de aprendizagem. Como tal, têm de ter um repertório de estratégias de ensino eficazes, que lhes permitam alcançar a satisfação das necessidades de todos os alunos. Nesta era digital, é fundamental que o professor reflita sobre o seu papel de mediador entre o aluno e o conhecimento. É necessário que este compreenda as transformações que ocorrem no mundo e a necessidade da escola acompanhar esses processos (Marques, 2002, como citado em Mercado, 2002). O professor, focado nesta nova visão do processo de ensino e aprendizagem, deve saber distinguir quais as atividades que devem ser exploradas com recurso à informática e como integrar os conteúdos interdisciplinares, valendo- se das novas tecnologias. Para Vygotsky (1989), “a vida social é um processo dinâmico, onde cada sujeito é ativo e onde acontece a interação entre o mundo cultural e o mundo subjetivo de cada um”. Assim, o professor necessita ter uma boa cultura geral e ao mesmo tempo específica, como o domínio da linguagem da informática e a sua articulação nos processos educacionais, para que a sua aula, com recurso à tecnologia, se transforme num momento significativo para os seus alunos. Isto não significa que o professor deva tornar-se um especialista, mas é necessário conhecer as potencialidades das ferramentas disponíveis e saber utilizá-las para aperfeiçoar a sua prática pedagógica.

Têm sido frequentes as afirmações de que a profissão de professor está a perder o seu potencial numa sociedade totalmente informatizada. Entretanto, por mais sofisticadas e eficientes que sejam as novas tecnologias, o professor é insubstituível na sua função específica de orientar, mediar e avaliar o processo de aquisição do conhecimento, como defende Libâneo (2000). Assim, e como refere Moreira & Monteiro (2012), para que o professor seja capaz de responder de forma eficaz a esta mudança, deverá fortalecer os seus conhecimentos sobre o desenvolvimento humano, sobre os conteúdos a trabalhar, conhecimentos didáticos, pedagógicos e tecnológicos. Dessa forma, deverá reforçar os seus conhecimentos na área pedagógica, social, organizacional e técnica, como demonstrado na Figura 2.

Figura 2 - Papéis e Competências do professor na era digital. “Ensinar e Aprender Online com Tecnologias Digitais”, de Moreira e Monteiro (orgs.), 2012, p. 27. Copyright 2012 da Porto Editora.

Para Marques (2002) em Mercado (2002), a informática aplicada ao ensino pode aumentar a flexibilidade da transação educacional, provocando assim, uma mudança na abordagem do papel escolar. Os alunos podem relacionar-se mais criticamente com o objeto de conhecimento através dos meios tecnológicos uma vez que a informática, quando aplicada à educação, cria uma nova forma de refletir, questionar, construir, pesquisar, analisar e raciocinar no ambiente escolar que, ao mesmo tempo, induz a produção de conhecimento. A escola pode oferecer ao aluno um contínuo processo de aprendizagem e desenvolvimento, o qual, em condições adequadas - em ambientes premiados pela interatividade tecnológica - promove o desenvolvimento das suas potencialidades críticas e criativas. O aluno pode ganhar autonomia, uma vez que o seu processo de aprendizagem faz-se através da investigação, descoberta e

É de salientar que com a introdução das novas tecnologias nas escolas nomeadamente o acesso à Internet, os quadros interativos, as bibliotecas virtuais e a enorme oferta de software, as mudanças na organização do quotidiano e do trabalho, como no caso dos docentes, faz-se sentir a um ritmo acelerado. No entanto, esta acelerada era tecnológica exige aos professores uma constante e permanente preparação, aprendizagem e atualização de informação, isto porque os alunos, por sua vez, estão habituados a aceder instantaneamente a qualquer tipo de informação através do computador, do tablet ou do smartphone. Como tal, o professor deve munir-se das suas competências pessoais, bem como as tecnológicas, científicas e pedagógicas, de forma a ajudar o aluno a selecionar a informação tendo, por isso, um papel de mediador para que o aluno consiga processar essa mesma informação e torná-la em conhecimento. Libâneo (2000) corrobora a teoria apresentada, através da seguinte citação:

O termo formação continuada vem acompanhado de outro, a formação inicial. A formação inicial refere- se ao ensino de conhecimentos teóricos e práticos destinados à formação profissional, completados por estágios. A formação continuada é o prolongamento da formação inicial, visando o aperfeiçoamento profissional teórico e prático no próprio contexto de trabalho e o desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla, para além do exercício profissional (p.227).

No entanto e apesar da variedade de ofertas tecnológicas aqui descritas, ainda existem muitos professores resistentes a essa mudança. Referindo Arends (2008): “... A aprendizagem é um processo de atribuição de significados às experiências e ensinar com vista a uma aprendizagem ativa implica alterações drásticas no comportamento dos professores...” (p.12). O receio e desconforto são fatores que podem estar na base desta resistência. Cada vez mais se deve reforçar e adotar o trabalho em equipa/colaborativo, sendo esta uma das mais importantes competências do professor deste século. Este trabalho de equipa traz vantagens às instituições educativas, como a envolvência, empenho e a contribuição de cada um, no sentido de promover o bom nome da escola.

Para Moran, a mudança na educação depende, como defendido anteriormente, da boa formação dos professores:

Bons professores são as peças-chave na mudança educacional. Os professores têm muito mais liberdade e opções do que parece. A educação não evolui com professores mal preparados. Muitos começam a lecionar sem uma formação adequada, principalmente do ponto de vista pedagógico. Conhecem o conteúdo, mas não sabem como gerenciar uma classe, como motivar diferentes alunos, que dinâmicas utilizar para facilitar a aprendizagem, como avaliar o processo ensino-aprendizagem, além das tradicionais provas (2007, p.18).

Ser professor neste contexto requer uma nova forma de trabalhar e comunicar; uma nova forma de atingir o conhecimento; e que a forma de trabalhar e de avaliar seja diversificada, utilizando materiais didáticos atuais e motivadores. Apoiar, acompanhar, incentivar e ajudar o aluno, fazem parte do desenvolvimento e melhoram a capacidade do aluno para a autoaprendizagem e autonomia. Moran (2007, p.43) afirma que “o grande desafio da educação é ajudar a desenvolver durante anos, no aluno, a curiosidade, a motivação, o gosto por aprender”.

A favor desta mudança de mentalidade e recursos, a escola pluridisciplinar é o tipo de organização curricular mais conhecido: as disciplinas do currículo são justapostas e isoladas entre si, geralmente sem integração entre os domínios do conhecimento. O ensino dentro das disciplinas segue uma ordem lógica e cronogramas rígidos, sem considerar as diferenças de aprendizagem entre os alunos que aprendem diretamente do professor e dos livros didáticos. Os problemas do quotidiano na sociedade, os interesses em que os alunos estão envolvidos e outras formas de saber não estão presentes na sala de aula (Pinto, 2007).

A noção mais conhecida de interdisciplinaridade é a de interação entre duas ou mais disciplinas, com o objetivo de superar a fragmentação de conhecimentos. Este conceito implica uma troca entre especialistas de vários campos do conhecimento na discussão de um assunto, na resolução de um problema, visando uma maior compreensão da realidade (Libâneo, 2000). O foco desta abordagem não pretende o conhecimento pelo conhecer, mas sim ligar o conhecimento científico a uma cognição prática, ou seja, de compreensão da realidade para atuar sobre ela e transformá-la. A prática pedagógica interdisciplinar é um fator importante no processo de aquisição do conhecimento em todos os campos do saber, como por exemplo, na educação musical, na literatura, na matemática e outras disciplinas. Atualmente, esta prática pode ser facilitada com o uso dos computadores, pois os mesmos apresentam ferramentas de interação que agilizam todo o processo. Além disso, a prática pedagógica interdisciplinar, ancorada nas novas tecnologias num ambiente escolar, deixa de ser meramente um agente transmissor de informação e transforma-se num local de análises críticas e produção de conhecimento, possibilitando a atribuição de significado à informação (Libâneo, 2000).

Documentos relacionados