• Nenhum resultado encontrado

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.3. Parâmetros de mérito e resultados

Ao adotar as temperaturas tomadas como compromisso para os padrões aquosos e para as amostras, montou-se a curva de calibração, que foi utilizada para determinação das intensidades do analito nas amostras estudadas, coletadas dos filtros de ar condicionados presentes nos laboratórios de química analítica. Assim, para a curva de calibração de Cd, um padrão aquoso de 1000 mg L-1foi utilizado para montar os seis pontos da curva, nas quais os

parâmetros de mérito foram determinados. Fez-se necessário o preparo de um intermediário de 1 mg L-1, sendo que os pontos da curva escolhidos como base

foram, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 µg L-1. Todos os pontos da curva de calibração foram

acidificados com 3% de HNO3 do volume final para cada concentração, isso

porque a presença de ácido no meio reacional garante que o metal não se incorpore à superfície do tubo falcon, utilizado para montar a curva de calibração, e acabe perdendo seu real valor de concentração.

Ao utilizar o espectrômetro de absorção atômica com fonte de linha, 20 µL de cada solução padrão mais 10 µL de modificador Pd foram injetados separadamente, de forma manual, no atomizador forno de grafite.

Com os valores de absorvância e os valores de concentração previamente conhecidos, traçou-se a curva de calibração. A Figura 16 apresentada abaixo relaciona as concentrações conhecidas do padrão Cd e os valores de absorvância integrada.

Para a construção da curva de calibração para o Pb, foram utilizados concentrações conhecidas, sendo elas: 0, 5, 10, 20, 25, 30, 40 g L-1. As

determinações das intensidades para cada ponto da curva de calibração para o analito foram realizadas da mesma forma que foram realizadas para Cd, com exceção do volume de modificador, que, conforme o estudo realizado, foi de 5 µL. Com os valores de intensidades, plotou-se o gráfico com as concentrações conhecidas de Pb, afim de quantificar esse analito nas amostras estudadas. A Figura 17 apresenta os valores dos coeficientes angular e linear encontrados.

Figura 16. Curva de calibração para soluções aquosas Cd com o uso 10 µg de Pd.

Figura 17. Curva de calibração para soluções aquosas Pb com o uso 5 µg de Pd.

Os parâmetros de mérito obtidos na otimização do método proposto encontram-se apresentados na Tabela 3.

Tabela 3. Parâmetros de mérito para determinação de Cd e Pb em amostras de material particulado digeridas retiradas de filtros de ar condicionado do tipo split (LD= limite de detecção; LQ= limite de quantificação Slope= coeficiente angular; R= coeficiente de correlação linear; RSD= desvio padrão relativo).

Parâmetros Cd Pb LD (µg g-1) 0,007 0,06 LQ (µg g-1) 0,024 0,22 Slope(s Lµg-1) 0,1374 0,0135 R RSD (%) 0,998 2 0,999 3

A validação do método analítico foi determinado utilizando dois materiais de referência certificados, uma de cinzas volantes de carvão, denominada NIST1633b, e outra cinza de incineração de resíduos urbanos, denominada BCR176. Os resultados foram concordantes com os valores certificados para as duas amostras utilizadas, de acordo com o teste t, para um nível de confiança de 95%. A Tabela 4 apresenta os valores os resultados das determinações das amostras certificadas para Cd e Pb. A exatidão do método mostrou-se adequada devido aos valores encontrados, tendo em vista que a inserção do conteúdo no equipamento foi realizada manualmente.

Tabela 4. Concentração (mg Kg-1) obtidas para Cd e concentração (g Kg-1)

obtidas para Pb em amostras certificadas.

Pb Cd

Amostra Certificado Obtido Certificado Obtido

NIST1633b 68,2 ± 1,1 70,9 ± 0,14 0,784 ± 0,006 0,776 ± 0,36

BCR176 10,87 ± 0,17 11,27 ± 0,45 470 ± 9 455 ± 3,12

A determinação quantitativa de Cd nas amostras, por sua vez, mostrou níveis altos deste analito nas soluções digeridas, sendo necessário realizar um processo de diluição das amostras para prosseguir com a determinação. Pipetou-se 1mL da solução digerida e diluiu-se conforme os valores de

absorvância integrada estivessem dentro da curva de calibração, anteriormente preparada. A Tabela 5 mostra os fatores de diluição adotados nesta pesquisa para posterior injeção no espectrômetro.

Tabela 5. Fatores de diluição adotados para as amostras contendo Cd.

Amostra Fator de diluição

AR COND. A 2

AR COND. B 4

AR COND. C Amostra não diluída

AR COND. D Amostra não diluída

AR COND. E 3

AR COND. F Amostra não diluída

AR COND. G 4

A injeção das amostras no atomizador foi realizada manualmente com uma pipeta volumétrica graduada.

Tabela 6. Concentrações de Cd encontradas para amostras de material particulado retirado de filtros de condicionadores de ar do tipo split por espectrometria de absorção atômica com fonte de linha.

Amostra Concentração (µg g-1) RSD (%) AR COND. A 0,93 ± 0,05 2,1 AR COND. B 1,07 ± 0,05 1,9 AR COND. C 1,05 ± 0,06 2,3 AR COND. D 0,75 ± 0,02 2,5 AR COND. E AR COND. F AR COND. G 3,03 ± 0,17 1,30 ± 0,04 2,83 ± 0,18 2,3 1,17 2,63

Os valores encontrados para as amostras apresentam concentrações elevadas de Cd retidas nos filtros dos condicionadores de ar do tipo split, principalmente o valor encontrado para amostra AR COND. E, que provém da sala de convívio dos pesquisadores do laboratório. Isso porque, ao lado desse ambiente, há diariamente análises de amostras diversas com os

espectrômetros de absorção, tendo em vista que a sala não é totalmente isolada do ambiente de convívio social dos pesquisadores. As amostras AR COND. F e AR COND. G pertencem ao ambiente onde há a análise de diferentes amostras. A presença de Cd nos filtros de condicionadores de ar do tipo split pode estar relacionada a defeitos nos sistema de exaustão desses equipamentos. Sistemas de exaustão devem proporcionar uma melhor qualidade interna do ar dos ambientes analisados e melhor desenvolvimento das atividades diárias dos pesquisadores, no entanto os resultados permitem- nos questionar essa eficiência.

As determinações de Pb nas amostras também requereram fator de diluição das amostras digeridas, pois as primeiras injeções no equipamento mostraram altos níveis de absorvância. A Tabela 7 mostra os valores dos fatores de diluição adotados para as amostras analisadas.

Tabela 7. Fatores de diluição das amostras contendo Pb

Amostras Fatores de diluição

AR COND. A 5 AR COND. B 5 AR COND. C 5 AR COND. D 2 AR COND. E 2 AR COND. F 4 AR COND. G 4

A Tabela 8 traz informações referentes aos valores de concentração em µg g-1 encontrados para Pb nas amostras estudadas.

Tabela 8. Concentrações de Pb encontradas para amostras de material particulado retirado de filtros de condicionadores de ar do tipo split.

Amostra Concentração (µg g-1) RSD (%)

AR COND. A 18,27 ± 0,94 2,06

AR COND. B 41,30 ± 0,22 0,52

AR COND. C 12,62 ± 0,23 1,82

AR COND. E AR COND. F AR COND. G 6,10 ± 0,07 11,12 ± 0,37 19,64 ± 0,74 1,18 1,36 1,52

Observou-se valores muito acima da média dos resultados para a sala onde os padrões aquosos do laboratório são armazenados. Avaliou-se também índices altos para a sala com os espectrômetros atômicos onde as amostras F e G foram coletadas.

Ao comparar os valores obtidos para Cd com os valores encontrados para Pb, nota-se quantidades muito superiores para este último metal, apresentando níveis cerca de 4 vezes maiores do que aqueles detectados para Cd. Vale ressaltar que se tratam de metais que são danosos à saúde humana, principalmente aqueles ligados ao sistema nervoso.

Documentos relacionados