• Nenhum resultado encontrado

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.7. PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DA ÁGUA DE

Como mostrado na Tabela 10, os parâmetros físico-químicos da água marinha de recirculação nos tratamentos de depuração de Vibrio parahaemolyticus e Vibrio vulnificus em ostras foram adequados para manter a atividade de filtração da água pelas ostras, os parâmetros de oxigênio dissolvido, temperatura e salinidade, foram similares aos

observados em áreas de cultivos de ostras no sul do Brasil (CURTIUS et al., 2003) e recomendados pelo Food and Agriculture Organization of the United Nations para sistemas de depuração de ostras (LEE et al., 2008).

Tabela 12 - Parâmetros físico-químicos da água de recirculação nos tratamentos de depuração de Vibrio parahaemolyticus e Vibrio vulnificus em ostras

* Média ± Desvio padrão; Media (n = 3) na mesma coluna para o mesmo microrganismo com diferentes sobrescritos apresentaram diferença estatística (p < 0,05).

4. CONCLUSÕES

Os sistemas fechados de depuração desenvolvidos neste estudo, utilizando luz UV ou luz UV mais cloro, foram eficientes na descontaminação de Vibrio parahaemolyticus e Vibrio vulnificus em ostras cultivadas na costa brasileira. Este estudo disponibiliza informações que podem contribuir no controle e prevenção destes microrganismos em ostras comercializadas, especialmente para consumo in natura.

Estudos futuros devem testar um sistema de depuração em escala comercial, com vários andares, permitindo a depuração de uma quantidade maior de ostras, e diferentes parâmetros de temperatura da

Tratamento Salinidade mg L-1 ± DP* Temperatura °C ± DP* Oxigênio dissolvido mg L-1 ± DP* pH ± DP* V. parahaemolyticus T1 (controle) T2 (luz UV)

T3 (luz UV mais cloro) V. vulnificus T1 (controle) 35,0± 0,0 a 34,0 ± 0,0 a 35,0 ± 0,0 a 36,0 ± 0,0 b 20,9 ± 1,7 a 21,6 ± 1,3 a 22,4 ± 1,2 a 25,0 ± 2,1 bc 6,2 ± 0,2 a 6,8 ± 0,5 b 6,9 ± 0,2 b 6,5 ± 0,8 cd 8,9 ± 0,1 a 9,0 ± 0,1 a 9,1 ± 0,1 a 9,0 ± 0,1 b T2 (luz UV) 36,0 ± 0,0 b 23,0 ± 1,1 b 6,8 ± 0,2 c 9,2 ± 0,2 b T3 (luz UV mais cloro) 35,0 ± 0,0 b 27,0 ± 0,8 c 6,1 ± 0,2 d 9,1 ± 0,1 b

água, buscando a temperatura em que o sistema seja mais eficiente com baixo custo. Estes estudos devem ter por objetivo aperfeiçoar este processo de depuração de vibrios em ostras cultivadas em águas temperadas e tropicais, como ocorre no Brasil, para que no futuro, possa ser utilizado como um efetivo tratamento pós-colheita por restaurantes e pequenos produtores de ostras na costa brasileira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREWS, L.S. Strategies to control Vibrios in molluscan shellfish. Food Protection Trends, v. 24, p. 70–76, 2004.

AUDEMARD, C. et al. High salinity delay as a postharvest processing strategy to reduce Vibrio vulnificus levels in Chesapeake bay oysters (Crassostrea virginica). Journal of Food Protection, v. 74, p.1902- 1907, 2011.

CENTERS FOR DISEASE CONTROL (CDC). 25 October 2005, posting date. Vibrio vulnificus. Disease listing. Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, GA. Disponível em:

http://www.cdc.gov/ncidod/dbmd/diseaseinfo/vibriovulnificus_g.htm. Acesso em 14/08/2008.

CHAE, M.; CHENEY, D.; SU,Y. Temperature effects on the depuration of Vibrio parahaemolyticus and Vibrio vulnificus from the American oyster (Crassostrea virginica). Journal of food science, v. 74, p. M62– M66, 2009.

COOK, D.W. Microbiology of bivalves molluscan shellfish. In: WARD, D. R.; HACKNEY, C. (ed.), Microbiology of marine food products. New York: Van Nostrand Reinhold. 1991, p.19-34.

CORRÊA, A.A. et al. Depuration dynamics of oysters (Crassostrea gigas) artificially contaminated by Salmonella enterica serovar Typhimurium. Marine environmental research, v. 63 p. 479-489, 2007.

CROCI, L. et al. Effects of depuration of molluscs experimentally contaminated with Escherichia coli, Vibrio cholerae 01 and Vibrio

parahaemolyticus. Journal of applied microbiology, v. 92: p. 460–465, 2002.

CURTIUS, A.J. et al. Evaluating trace element contamination in mariculture activities. Partial results of a case study carried out in the coastal region of Santa Catarina, Brazil Quimica Nova, v. 26, p.44-52, 2003.

DEEPANJALI, A.; KUMAR, H.; KARUNASAGAR, I. Seasonal variation in abundance of total and pathogenic Vibrio parahaemolyticus bacteria in oysters along the southwest coast of India. Applied and environmental microbiology, v. 71, p. 3575–3580, 2005.

DEPAOLA, A. et al. Seasonal abundance of total and pathogenic Vibrio parahaemolyticus in Alabama oysters. Applied and environmental microbiology, v. 56, p. 2299 -2302, 2003.

DRAKE, S.; DEPAOLA, A.; JAYKUS, L. An overview of Vibrio vulnificus and Vibrio parahaemolyticus. Comprehensive reviews in food science and food safety, v. 6, p. 120-144, 2007.

IMAI, T. The evolution of oyster culture.In IMAI, T. (ed.), Aquaculture in shallow seas: progress in shallow sea culture. Rotterdam: A. A. Balkema. 1982, p. 115-262.

KAYSNER, C. A.; DEPAOLA, JR. A. Vibrio cholerae, V.

parahaemolyticus, V. vulnificus, and Other Vibrio spp. in US Food and Drug Adminstration/ Center for Food Safety & Applied Nutrition (US FDA/CFSAN). Bacteriological Analytical Manual Online. Chapter 9, revisad May 2004. Disponível em: <http:// www.cfsan.fda.gov> Acesso em 10/07/2008.

KOIVUNEN, J.; HEINONEN-TANSKI. H. Inactivation of enteric microorganisms with chemical disinfectants, UV irradiation and combined chemical/UV treatments. Water Research, v. 39, p. 1519- 1526, 2004.

LEE, R., LOVATELLI, A.; ABABOUCH, L. Bivalve depuration: fundamental and practical aspects. FAO Fisheries Technical Paper. Rome, 2008.

LEE, W.C. et al. Foodborne illness outbreaks in Korea and Japan studied retrospectively. Journal of Food Protection, v. 64, p. 899-902, 2001.

LEVINE, W.C.; GRIFFIN, P. M. Vibrio infection on the Gulf Coast: results of first year of regional surveillance. The Journal of infectious diseases, v.167, p.479–483, 1993.

MAFFEI, M., P. et al. Depuration of Striped Venus Clam (Chamelea gallina L.): effects on microorganisms, sand content, and mortality. Journal of food science, v. 74, p. M1–M7, 2009.

NAPPIER, S. et al. Co-localized Crassostrea virginica and Crassostrea ariakensis Oysters differ in bioaccumulation, retention and depuration of microbial indicators and human enteropathogens. Journal of applied microbiology, v. 108, p. 736-744, 2009.

OLIVER, J. D. Vibrio vulnificus. In THOMPSON, F. L.; AUSTIN, B.; SWINGS, J. (ed.), The biology of vibrios. 1. ed. Washington : Amer Society For Microbiology, 2006, p. 349-366.

RAMOS, R. J. et al. Preliminary results of the incidence of Vibrio spp. in oysters harvested in Florianopolis, Santa Catarina, Brazil. Journal of Food Protection, v. 73 (Sup), p.78, 2010.

RISTORI, C.A. et al. Pathogenic bacteria associated with oysters (Crassostrea brasiliana) and estuarine water along the south coast of Brazil. International Journal Environmental Health Researsh v. 17, n. 4, p. 259-269, 2007.

SOLIC, M. et al. The rate of concentration of faecal coliforms in shellfish under different environmental condition. Environment international, v. 25, p. 991-1000, 1999.

SOUZA FILHO, J. Custo de produção da ostra cultivada. Florianópolis: Instituto Cepa/SC. Cadernos de indicadores agrícolas. 2003. 23 p.

SU, Y.; LIU, C. Vibrio parahaemolyticus: A concern of seafood safety. Food microbiology. v. 24, p. 549-558, 2007.

TAMPLIM, M. L.; CAPERS, G. M. Persistence of Vibrio vulnificus in tissues of Golf Coast 3 oysters, Crassostrea virginica, exposed to seawater disinfected with UV light. Applied and environmental microbiology, v. 4, n. 58, p.1506-1510, 1992.

WANG, D. et al. Retention of Vibrio parahaemolyticus in oyster tissues after chlorine dioxide treatment. International journal of food

microbiology, v. 137, p.76–80, 2010.

WANG, S. et al. Analysis of bacterial foodborne disease outbreaks in 8 China between 1994 and 2005. FEMS immunology and medical microbiology, v. 51, p. 8–13, 2007.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos nesta pesquisa, sugerem a necessidade de melhorar as estratégias para prevenir a ocorrência de doenças transmitidas pelo consumo de moluscos bivalves contaminados com vibrios patogênicos, assim como o acompanhamento não apenas indicadores de contaminação fecal, tais como Escherichia coli, mas também de vibrios potencialmente patogênicos, especialmente nos meses mais quentes. Espera-se que a instituição do Programa Nacional de Controle Higiênico-Sanitário de Moluscos Bivalves (PNCMB) seja um marco no desenvolvimento da maricultura no país, e junto com as instituições de pesquisa do país avaliem as necessidades de monitoramento e controle necessários a garantia da produção de um alimento microbiologicamente seguro, contribuindo para o crescimento e manutenção desta importante atividade econômica no estado de Santa Catarina, e especialmente a segurança alimentar dos consumidores de moluscos bivalves.

O isolamento e identificação de cepas de vibrios potencialmente patogênicas ao homem nesta pesquisa, reforçam o alerta as autoridades sanitárias no desenvolvimento de medidas de controle, legislação adequada e medidas educativas para que os consumidores de ostras possam vir a minimizar os riscos, através de medidas simples, como evitando o consumo de moluscos bivalves crus ou parcialmente cozidos, diminuindo assim o risco de uma infecção alimentar. O desenvolvimento de pesquisas voltadas a análise de risco de vibrios em ostras produzidas em Santa Catarina deve ser desenvolvido, neste momento utilizando os dados publicados nesta pesquisa, no entanto, para uma análise de risco efetiva, é recomendado um programa de monitoramento e controle de vibrios inenterrupto, que seja responsabilidade do governo, através do Ministério da Pesca e Aquicultura, como ocorre no modelo norte americano.

A partir dos resultados positivos da eficiência de depuração de vibrios isolados de ostras e águas brasileiras, torna-se eminente a necessidade de estudos futuros, avaliando um sistema de depuração em escala comercial, com vários andares, permitindo a depuração de uma quantidade maior de ostras, e diferentes parâmetros ambientais, buscando um sistema que seja mais eficiente, com baixo custo. Embora durante a realização deste estudo ainda não houvesse nenhuma norma estabelecida para plantas depuradoras no Brasil, o modelo utilizado está em acordo com as normas publicadas recentemente no PNCMB,

podendo servir de base para um modelo economicamente viável, que no futuro possa ser utilizado como um efetivo tratamento pós-colheita por restaurantes e pequenos produtores de ostras na costa brasileira.

Documentos relacionados