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8 PROPOSTA 8.1 INTRODUÇAO

8.2 PARÂMETROS PARA EMBASAMENTO DE POLITICAS PÚBLICAS

Parte dos problemas enfrentados pela comunidade tem solução na implementação de políticas publicas ou medidas integradas que orientem e ajudem a evitar danos. É por meio desta política publica que se define para onde vai o dinheiro publico, pois ele é um conjunto de procedimentos que expressam relações de poder, de decisões e de ações relativas à alocação de pessoas e recursos para um determinado objetivo.

A visão das cheias urbanas como parte de uma ordem maior (o ciclo da bacia) e de suas consequências desagradáveis, não pode ser delegada ao segundo plano, uma vez que se sabe que a cada novo episódio, mais vidas e bens podem ser perdidos.

Os projetos desenvolvidos pelo poder público carecem de uma visão integrada, pois privilegiam uma área do conhecimento em detrimento das outras. Ou seja, um projeto preponderantemente técnico, precisa levar em consideração os anseios da população e a legislação vigente.

8.2.1 Necessidades do conhecimento da realidade para a implementação das políticas públicas

A partir desta visão a proposta, parte da necessidade de se avaliar a bacia hidrográfica sob três aspectos: o meio físico, abordado no

capítulo 5 (pg. 93), o meio antrópico, abordado no capítulo 6 (pg. 123) e da legislação, abordado no capítulo 7 (pg. 146). Estes aspectos devem ser abordados de forma individual e concatenados, uma vez que apresentam forte inter-relação e desta forma oferecem informações importantes quanto ao uso e destinação de áreas dentro de bacias hidrográficas.

A abordagem do meio físico (cap. 5, pag. 93) foi realizada através da caracterização morfométrica (cap.5, item 5.1, pg. 93), pluviométrica (cap.5, item 5.2, pg.101) e da vazão (cap.5, item 5.3, pg. 115), cuja finalidade é fornecer informações sobre as alterações que a bacia hidrográfica vem sofrendo ao longo do tempo e de sua relação com o processo de antropização.

A abordagem do meio antrópico (cap.6, pg. 123) leva em conta o fator humano, uma vez que quaisquer destes elementos, isoladamente, não têm o alcance necessário para que os danos sejam evitados e perdem força e sentido se não for considerado que, nos locais para onde se propõem obras ou ações de cunho técnico, habitam pessoas. A partir deste entendimento a análise do meio antrópico se divide em dois temas: a) estrutura fundiária que se estabeleceu no município de Blumenau (cap.6, item 6.1, pg.124) e sua relação com as recorrentes inundações a que a bacia hidrográfica do Ribeirão Garcia esta sujeita, assim como o próprio município e b) a percepção da população residente em relação às inundações (cap. 6, item 6.2, pg.134). Para que as medidas propostas tenham aceitação é fundamental levar em consideração as necessidades da população e como ela interage com seu meio. Ao invés de medidas intervencionistas e melhor que as medidas sejam percebidas como um trabalho conjunto do Estado, iniciativa privada, educadores e comunidade. Ou seja, toda proposta deve ser permeada pela necessária percepção ambiental e pela participação popular, o que vem de encontro às diretrizes do Estatuto da Cidade.

8.2.2 A incorporação do Cumprimento da Legislação nas politicas públicas e na mentalidade da população

A abordagem da Legislação (cap. 7, pg.146) apresenta os aspectos da legislação em relação às áreas de APP’s consideração as três esferas: federal (cap.7, item 7.1, pg.147), estadual (cap.7, item 7.2, pg.151) e municipal (cap.7, item 7.4, pg.155), uma vez que as intervenções que visam prevenir e mitigar os danos oriundos das inundações são realizados, em sua grande maioria, junto aos cursos da água, ou seja em área de APP’s.

O capítulo 7, Legislação apresenta, ainda, uma análise das incompatibilidades entre a Legislação Federal e da Estadual (Cap.7, item 7.3, pg. 153). O entendimento das questões legais é de fundamental importância para que a aprovação de projetos de excelente qualidade técnica sejam barrados por questões de aspecto legal.

Um exemplo desta necessidade pode ser visto, na revisão do Plano Diretor de Blumenau. O Município de Blumenau dispõe atualmente de uma serie de mapeamentos de seu território (1972, 1984, 1993, 2003), que permitiu a análise dos três blocos propostos para análise técnica das causas e consequências das inundações: meio físico, meio antrópico e legislação, permitiu ainda, a elaboração de um Plano Diretor (2010) tecnicamente louvável, amparado em análises temporais e reais, retratando a evolução de pontos fortes e fracos do município e propondo medidas revolucionarias em termos de relocação de grande quantidade de habitantes, remodelando a antropização.

No entanto, o Plano Diretor de Blumenau (2010) está atualmente sob judice em função de problemas legais nas audiências públicas, o que demostra uma falha na integração técnico-jurídica. Neste caso específico, falhou a equipe técnica, que por desconhecimento ou negligencia, não fez, ou não registrou corretamente o que ou como foram decididas as questões técnicas nas audiências públicas.

A falha na integração técnico-jurídica e a intervenção do Ministério Público (MP) o Plano Diretor de Blumenau demonstram a necessidade de profissionais que entendam as interpelações entre o tripé: meio físico, antrópico e legal. Demonstra ainda, que a interdisciplinaridade é questão básica no trato de questões envolvendo inundações, mas de nada adianta uma equipe multidisciplinar se as partes não entendem o valor das demais áreas que compreendem o todo.

8.2.3 Necessidade de avaliações técnicas

A análise técnica deve ser feita a partir do conhecimento do meio físico, antrópico e da legislação, de forma isolada e concomitante, no entanto, a simples identificação de causas e consequências não leva a resolução do problema. É necessária à interferência de outros agentes no processo. Desta forma, a análise técnica deve ser entendida como mais um elemento condicionante para o equacionamento do problema.

A análise da pressão social (caixa 8, do fluxograma metodológico, pg.87) e da disponibilidade de recursos (caixa 7, do fluxograma metodológico, pg.87), que sempre vão existir, devem ser

entendidos como elementos condicionantes para a resolução dos problemas.

As pressões sociais por medidas e obras de interesse individual e de pequenas comunidades fazem parte do dia a dia da gestão municipal, no entanto, o gestor público, quanto da tomada de decisão, deve levar em consideração o todo, e para isto deve estar munido de informações e dados que justifiquem perante a comunidade a possibilidade ou não de atender seus anseios.

Estas informações permitem, ainda que o gestor público justifique, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Lei Complementar nº 101/2000, o destino dos recursos que os contribuintes põem a disposição dos governantes.