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Com base na investigação sobre as afasias, Broca formulou a hipótese de que o

hemisfério esquerdo é dominante para a linguagem, ao mesmo tempo que é responsável

pelo controlo da mão direita e, consequentemente, da parte direita do corpo.

Esta dependência dá-se, no entanto, apenas nos indivíduos destros, enquanto que nos esquerdinos é o hemisfério direito o responsável pela linguagem e pelo controlo da mão esquerda. A investigação em neurobiologia tem vindo a revelar que a relação sistemática cruzada tal como proposta por Broca – ou seja, dominância da linguagem à esquerda, controlo manual à direita e vice-versa – não se dá de forma tão regular. Em cerca de 90% das pessoas, o hemisfério esquerdo é, preferencialmente, responsável pela linguagem, enquanto o hemisfério

1 PARA SABER MAIS, consulte: Faria et alii (org.) (1996); Castro Caldas (1999); Damásio (1994, 1999 e 2003).

Consultar: ATLAS VISUAL DO CÉREBRO http://www.psicoactiva.com/atlas/cerebro.htm (em Castelhano) IMAGEM 1: Atlas Visual do Cérebro

IMAGEM 2: Sistema nervoso IMAGEM 3: Córtex cerebral IMAGEM 4: Tronco encefálico

direito é responsável pelo processamento da informação não-verbal e pelas capacidades visuais, musicais e espaciais. Os restantes indivíduos apresentam dominância do hemisfério direito – sendo ou não esquerdinos – ou, então, apresentam dominâncias mistas.

Quanto à organização da linguagem no cérebro, têm surgido várias teorias acerca da

sua localização e da lateralização.

Sabe-se, desde os estudos efectuados nos fins do século XX, que os dois hemisférios não são rigorosamente simétricos e que a região temporal esquerda é significativamente maior do que a do lado direito. Parece, também, haver consenso quanto à especialização dos hemisférios, tendo-se desistido da distinção baseada na localização da linguagem verbal e não-verbal, por não apresentar evidência empírica suficiente. Enquanto o hemisfério esquerdo parece ser mais apto para o processamento analítico e serial de informação, o direito demonstra mais capacidades no domínio do processamento sintético e holístico. Conforme indicam os estudos em neurobiologia e neurocirurgia dos últimos anos (A. Damásio & Gershwind, 1984), há evidência de que o hemisfério não-dominante esteja activamente envolvido no funcionamento da linguagem no cérebro, mesmo nos indivíduos com a lateralização definida, o que aponta para o envolvimento de várias áreas do cérebro no processamento da linguagem, sendo apenas as funções mais fulcrais centradas na zona perissílvica.

A investigação de Hanna e António Damásio (Damásio, 1994) chamou a atenção para a

importância do lobo frontal no funcionamento da linguagem humana. É importante sublinhar

que, neste caso, pode tratar-se de uma das localizações das capacidades linguísticas ou, alternativamente, de uma zona de interface possível entre o módulo da linguagem e os outros módulos cognitivos. Enquanto a localização de algumas actividades nervosas superiores, tais como a percepção de sons ou o controlo muscular na articulação é mais fácil de determinar, outras actividades, tais como o planeamento e a compreensão são difíceis de localizar.

Apesar da investigação interdisciplinar com um historial de mais de um século, a questão da localização da linguagem continua, ainda, parcialmente em aberto.

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Na teoria chomskiana, a capacidade da linguagem de carácter empírico é diferenciada da Faculdade da Linguagem, um constructo teórico que pressupõe a existência, no ser humano, de um órgão biologicamente pré-programado para a linguagem. Não só a linguagem mas as funções cognitivas em geral são tratadas como órgãos especializados cujo desenvolvimento e funcionamento obedecem às mesmas leis que regem os outros órgãos fisiológicos. Repare-se, no entanto, que Chomsky não foi o primeiro a destacar o carácter biológico da linguagem

humana. Muito do seu trabalho deve-se aos estudos sobre os fundamentos biológicos da

linguagem desenvolvidos por Eric Lenneberg (1967, 1969). Lenneberg compara a aparição e o

desenvolvimento da linguagem com a aparição e o desenvolvimento de outras capacidades humanas tais como, por exemplo, a capacidade de andar, considerando todas elas reguladas por um processo de maturação quer de aspectos cognitivos quer de aspectos orgânicos. Lenneberg destaca, também, a existência de uma "matriz biológica" que constitui um conjunto de características inatas, específica para cada espécie. A linguagem é uma manifestação das tendências cognitivas ("cognitive propensities"), mas é, também, «um aspecto de um processo fundamental biologicamente determinado» (Lenneberg, 1967: 419), em que o papel do input linguístico é escasso e apenas reduzido aos níveis mínimos do estímulo.

Ao procurar determinar as bases biológicas das capacidades especificamente linguísticas, Lenneberg define um período crítico para a aquisição da linguagem. Considera que até aos 18 meses se decide a especialização funcional hemisférica, fixada definitivamente na puberdade, isto é, por volta dos treze anos. Em termos práticos, isto significa que, no caso de uma língua não ter sido adquirida até esta altura, o hemisfério esquerdo passa a focar outras funções, tornando a aquisição da linguagem muito dificultada, se não impossível.

A teoria do período crítico de Lenneberg foi posta em causa pela investigação psicolinguística posterior, especialmente nos estudos sobre a equipotencialidade funcional até aos 18 meses, a aquisição da linguagem depois da puberdade (Curtiss, 1977) e a hipótese da maior facilidade de aquisição da linguagem no próprio período crítico (Snow & Hoefnagel-Höhle, 1978), assim como pelos estudos desenvolvidos na área da aquisição simultânea de duas línguas – considerado por Swain (1972) como "bilinguismo como primeira língua" – nos trabalhos desenvolvidos, sobretudo, por Redlinger (1979) e Saunders (1982).

A investigação fundamental de Lenneberg demonstrou que o desenvolvimento da linguagem tem algumas das características típicas de comportamentos biologicamente determinados, sendo três delas particularmente importantes. Trata-se da progressão ordenada dos estádios de desenvolvimento, do período crítico da aprendizagem e de uma certa independência da aquisição da linguagem em relação ao estímulo exterior (cf. Goodluck, 1993: 140-141).

Na sequência da proposta chomskiana, a dimensão biológica da linguagem ganhou, ultimamente, uma perspectiva mais ampla, que permite falar não só num órgão biológico mas, também, num instinto. Em The Language Instinct, Steven Pinker (1994) defende convictamente

a abordagem biológica, em oposição aos modelos sociais e culturais da linguagem ("Standard Social Science Model"), considerados o paradigma cultural do século XX.

A teoria de Pinker tem as suas raízes ainda no século XIX, na teoria darwiniana exposta no The Descent of Man (1871). Ao defender a linguagem concebida como instinto, Pinker faz uma ponte entre a selecção natural de Darwin e a procura da definição da mente humana proposta por Chomsky.

O cartesianismo tem sido o enquadramento formal forte da corrente racionalista do nosso pensamento. Para Descartes "conhecer" é "ver" organicamente, já que apenas a visão física nos permite juntar dados suficientes para criar a consciência cognitiva. Esta corrente filosófica baseia-se na afirmação, formulada em Francês, – considerada por muitos como a mais conhecida na história da filosofia –, que surge na quarta secção de O Discurso do Método (1637): "Je pense, donc je suis". Graças a ela, Descartes tornou-se um símbolo de um conjunto de ideias acerca do corpo, do cérebro e da mente que, de uma ou de outra forma, continuam a influenciar as ciências e as humanidades no mundo ocidental. Recuperado, em força, com o advento da Gramática Generativa, o cartesianismo tem constituído a base da filosofia da linguagem, embora várias outras abordagens do interrelacionamento da linguagem e do pensamento tenham surgido e criado escolas científicas.

Com o grande surto da importância das neurociências nos anos noventa, e especialmente com o livro de António Damásio (1994/1995), O Erro de Descartes: a Emoção, a Razão e o Cérebro Humano surgiu, no entanto, uma proposta de desconstrução do cartesianismo. Baseando-se quer nas descobertas neurobiológicas do cérebro levadas a cabo ao longo de vinte anos de investigação científica por uma equipa que chefia, quer nas simulações computacionais do cérebro efectuadas por Hanna Damásio, quer ainda no estudo das lesões cerebrais efectuado pelo casal Damásio, o cientista defende a existência no cérebro de um núcleo responsável

pelas emoções e pelos sentimentos que considera substancial na construção do conhecimento, assim como no funcionamento da mente humana. Localiza-o nos lobos frontais,

mostrando que a sua ablação ou disfunção parcial afecta decisivamente a cognição humana, mesmo que o homem sob observação "mantenha" as suas capacidades intelectuais aparentemente intactas.

Além de ter esclarecido a função de partes dos lobos frontais, Damásio propôs um novo mecanismo fisiológico que terá de ser investigado num futuro próximo. Para este cientista, a

frase de Descartes ilustra precisamente o oposto do que considera ser verdade acerca das origens da mente e acerca das relações entre a mente e o corpo.

Mesmo que se torne indispensável esperar vários anos para comprovar os resultados obtidos por Hanna e António Damásio na área das neurociências, as suas descobertas causaram, sem dúvida, uma revolução ao nível ontológico, defendendo uma visão mais global da totalidade do funcionamento humano, em que se postula a indissociabilidade da componente

racional e da componente emocional, há milénios defendida pela medicina oriental mas

praticamente esquecida pela ciência ocidental. Esta decomposição do mundo cartesiano, originária das neurociências, coincide com as últimas abordagens propostas pela Ciência Cognitiva e, especialmente, dadas as suas preocupações holísticas, defendidas nas correntes cognitivistas, da linguística desenvolvida nos últimos trinta anos.

«Afasia (= disfasia) – Distúrbios da linguagem devidos a lesões na área do cérebro envolvida no processamento da linguagem, que podem ocorrer em vários graus, afectando tanto a compreensão como a produção, quer ao nível da fala, quer ao nível da leitura/escrita. As lesões resultam dos acidentes vasculares cerebrais, tumores, doenças ou traumatismos cerebrais. Do ponto de vista neurológico, as afasias classificam-se segundo a área do cérebro afectada pela lesão, enquanto do ponto de vista comportamental se tem em conta as disfunções psicológicas e linguísticas ocorridas. É frequente surgirem casos afásicos mistos que não permitem um diagnóstico clássico claro. A afasia é frequentemente acompanhada por agnosia, apraxia, anartria.» (Xavier e Mateus (org.) vol. II, 1992: 20).

«Lateralização (=dominância cerebral) – Assimetria funcional do cérebro humano que se traduz

pela concentração de certas funções cognitivas do sujeito num ou noutro hemisfério cerebral. Costuma estudar-se esta assimetria na interdependência de outros factores, tais como a

lateralidade, o sexo e a condição mono ou multilingue, sem que se tenha chegado a conclusões

convincentes quanto ao seu carácter. Pensa-se que cada hemisfério é dominante para certas funções e não-dominante para outras, e que, na maioria dos casos, o ser humano possui um hemisfério esquerdo verbal e analítico, e um hemisfério direito visuo-espaial, que manipula os objectos no espaço e é responsável pela imagem corporal, musicalidade e emocionalidade.» (Xavier e Mateus (org.) vol. II, 1992: 221-222).

«Lateralidade – Tendência demonstrada pelo sujeito para a preponderância da utilização de uma das mãos em determinadas formas de execução motora. Existem sujeitos de lateralidade dextra, canhota (esquerdina), ambidextra, mista ou de lateralidade não definida (potencialmente ambidextros). A lateralidade tem sido objecto de numerosas pesquisas, sem que os diferentes investigadores tenham chegado a conclusões satisfatórias. em termos latos, considera-se que quase todos os dextros possuem a linguagem no hemisfério esquerdo, enquanto os canhotos, que constituem 15% da população, a têm situada quer num hemisfério, quer noutro, quer ainda em ambos os hemisférios.» (Xavier e Mateus (org.) vol. II, 1992: 221).

«The idea that a single area of the brain can be related to a single behavioral ability such as vision or speech, is known as the theory of cerebral 'localization'. Support for the theory came from the work of such neurologists as Paul Pierre Broca (1848-1903), and Carl Wernicke (1848-1905), who had found that damage to specific areas of the brain correlated with the loss of certain kinds of linguistic ability in their patients (aphasia). Damage to 'Broca's area' resulted in a reduced ability to speak, though comprehension remained relatively unimpaired. Damage to 'Wernicke's area' resulted in a reduced ability to comprehend speech, though the ability to speak was relatively unaffected» (Crystal, 1989: 260).

«The two hemispheres of the brain look so alike that they were long assumed to be identical. Then it was found after those cross-connections are destroyed, usually only the left brain can recognize or speak words, and only the right brain can draw pictures. More recently, when modern methods found other differences between those sides, it seems to me that some psychologists went mad - and tried to match those differences to every mentalistic two-part theory that ever was conceived. Our culture soon became entranced by this revival of an old idea in modern guise: that our minds are meeting grounds for pairs of anti principles. On one side stands the Logical, across from Analogical. The left-side brain is Rational; the right side is Emotional. No wonder so many seized upon this pseudoscientific scheme: it gave new life to every dead idea of how to cleave the mental world into halves as nicely as a peach. What's wrong with this is that each brain as many parts, not only two. And though there are many differences, we also ought to ask about why those left-right brain halves are actually so similar. What functions might this serve? For one thing, we know that when a major brain area is damaged in a young person, the mirror region across the way. [...]. My own theory of what happens when the cross-connections between those brain halves are destroyed is that, in early life, we start with most similar agencies on either side. Later, as we grow more complex, a combination of genetic an circumstancial effects lead one of each pair to take control of both. Otherwise we might become paralyzed by concflicts, because many agents would have to serve two masters. Eventually, the adult managers for many skills would tend to develop one side of the brain most concerned with language because those agencies connect to an unusually large number of other agencies. The less side of the brain will continue to develop, but with fewer administrative functions – and end up with more of our lower-level skills, but with less involvement in plans and higher-level goal that engage many agencies at once. Then if, by accident, the brain half is abandoned to itself, it will seem more childish and less mature because it lags so far behind in administrative gowth». (Minsky, 1985: 116).

«Olhando para o conjunto do encéfalo e tendo em linha de conta os acidentes [topográficos] anatómicos, devemos identificar algumas das áreas macroscópicas que nos permitirão entender aquilo que será tratado mais à frente. Pretende-se que aqui sejam encontradas as referências topográficas citadas no decorrer do texto como se de um mapa se tratasse. Existem dois hemisférios cerebrais semelhantes no seu aspecto exterior, mas anatómica e funcionalmente diferentes. Entre eles existe um espaço que recebe o nome de “fenda inter-hemisférica”. Os dois hemisférios estão ligados por uma estrutura mediana constituindo um aglomerado compacto de axónios que permite a troca de informações entre os dois lados e que tem o nome de “corpo caloso”. Na face externa é fácil identificar um sulco mais profundo horizontal que recebeu o nome de “rego de Sylvius” e que separa o lobo temporal e que fica abaixo do lobo frontal, que fica acima. Quase perpendicular a este encontra-se um outro, menos evidente para olhos menos treinados, que se chama “rego de Rolando” e que separa o lobo frontal, que fica à frente, do lobo

parietal, que fica atrás. Mais difícil, agora, é identificar os acidentes externos que marcam os limites posteriores dos

lobos parietal e temporal, separando-os do lobo occipital. Na profundidade do rego de Sylvius encontra-se a ínsula [...].

Deve ainda fazer-se referência ao sistema límbico [...]. Este sistema integra múltiplas estruturas, sendo a sua porção cortical localizada na face interna dos hemisférios cerebrais, como que rodeando o corpo caloso. As funções atribuídas a este sistema dizem respeito fundamentalmente à memória e a certos aspectos da vida afectiva.» (Castro-Caldas, 1999: 35-36 e 38, itálicos e negritos nossos).

«Language is not a cultural artefact that we can learn the way we learn to tell the time or how the federal government works. Instead, it is a distinct piece of the biological makeup of our brains.

Language is a complex, specialized skill, which develops in a child spontaneously, without

conscious effort or formal instruction, is deployed without awareness of its underlying logic, is qualitatively the same in every individual, and is distinct from more general abilities to process information or behave intelligently. For these reasons some cognitive scientists have described language as a psychological faculty, a mental organ, a neural system, and a computational module. But I prefer the admittedly quaint term "instinct". It conveys the idea that people know how to talk in

more or less the sense that spiders know how to spin webs. Web-spinning was not invented by some unsung spider genius and does not depend on having had the right education or on having an aptitude for architecture or the construction trades. Rather, spiders spin spider webs because they have spider webs, which give them the urge to spin and the competence to succeed. Although there are differences between webs and words, I will encourage you to see language in this way, for it helps to make sense of the phenomena we will explore. Thinking of language as an instinct

inverts the popular wisdom, especially as it has been passed down in the canon of the humanities and social sciences. Language is no more a cultural invention than is upright posture.»

«Qual foi, então, o erro de Descartes? Ou, melhor ainda, a que erro de Descartes me estou a

referir com ingratidão? Poderíamos começar com um protesto e censurá-lo por ter convencido os biólogos a adoptarem, até hoje, uma mecânica de relojoeiro como modelo dos processos vitais. Mas talvez isso não fosse muito justo, e comecemos, então, pelo 'penso, logo existo'» (Damásio, 1994/1995: 253-254).

«A afirmação sugere que pensar e ter consciência de pensar são os verdadeiros substratos de existir. E como sabemos que Descartes via o acto de pensar como uma actividade separada do corpo, esta afirmação celebra a separação da mente, a 'coisa pensante' (res cogitans), do corpo não pensante, o qual tem extensão e partes mecânicas (res extensa). [...] É este o erro de Descartes: a separação abissal entre o corpo e a mente, entre a substância corporal, infinitamente divisível, com volume, com dimensões e com um funcionamento mecânico, por um lado, e a substância mental, indivisível, sem volume, sem dimensões e inatingível; a sugestão de que o raciocínio, o juízo moral e o sofrimento adveniente da dor física ou agitação emocional poderiam existir independentemente do corpo. Em concreto: a separação das operações mais refinadas da mente, para um lado, e da estrutura e funcionamento do organismo biológico, para o outro.» (Damásio, 1994/1995: 254-255) «A negligência cartesiana da mente, por parte da biologia e da medicina ocidentais, tem tido duas consequências negativas principais. A primeira situa-se no campo da ciência. O esforço para compreender a mente em termos biológicos em geral atrasou-se várias décadas e pode dizer-se que só agora começa. Mais vale tarde do que nunca, sem qualquer dúvida, mas o atraso significa também que se tem vindo a perder o impacte potencial que um conhecimento profundo da biologia da mente poderia ter tido nos problemas das sociedades humanas. A segunda consequência negativa relaciona-se com o diagnóstico e com o tratamento eficaz das doenças que nos confrontam. [...].» (Damásio, 1994/1995: 261).

2 . 4 . E s p a ç o d e e m o ç õ e s e s e n t i m e n t o s

2 . 4 . 1 . E s t u d o d a s e m o ç õ e s e n q u a n t o á r e a c o g n i t i v a

Quando a Psicologia cognitiva se estabeleceu nos anos setenta do século passado, uma das perguntas mais pertinentes que surgiu tinha a ver com a abrangência dos estudos emocionais. Pela primeira vez, em 1981, Norman definiu as emoções como um dos doze tópicos de desafio das ciências cognitivas. No entanto, foi só com António Damásio (1994, 1999, 2003), e a sua equipa, que a área das emoções e dos sentimentos ficou reabilitada, enquanto actividade cognitiva, determinada biologicamente. Porém, esta reabilitação despertou algumas vozes aconselhando prudência e cuidado no que diz respeito à interpretação dos dados e à

No documento Linguística portuguesa: abordagem cognitiva (páginas 64-113)