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PARA UM REFORÇO DA ESTRUTURA ECOLÓGICA URBANA

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* Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves”, Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa. ** Centro de Estudos Geográficos, Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa

Extrato da Base de Dados botânica NoVOID. (MS Acess 2007)

Para o estudo dos dados recolhidos foram efetuados dois tipos de análises:

a) Estatística multivariada através da análise dos in-

ventários florísticos e ambientais através do Canoco 5, uti- lizando uma CCA multivariate constrained ordination. Ma- trizes: 60 inventários, 339 espécies e 12 variáveis ambientais explanatórias. Os dados das matrizes sofreram uma Log- -transforming (1*Y+1) e decréscimo do peso das espécies raras nos inventários. Destes fatores ambientais, incluindo indicadores bioclimáticos (Itc -índice de termicidade com- pensada- e Io - índice ombrotérmico - da Classificação Bio- climática da Terra de Rivas-Martínez, vrs. de 2011), altitude, características do solo e substrato, tipos de habitat, vege- tação e vacantes urbanos, idade e grau de perturbação, só 8 variáveis foram aceites na CCA, através do procedimento forward selection.

b) Estatística descritiva simples, realizada numa folha

de cálculo, onde se explorou a análise de diferentes tipo- logias que foram construídas com base no elenco florísti- co - desde o espectro taxonómico, de natividade, biótipos de Raunkiaer, ecológico (com base no óptimo ecológico das espécies e os subtipos de vegetação da sintaxonomia de Costa et. al, 2012) e corológico (adaptada de Pignatii) de todo o elenco, a espectros relativos apenas às espécies não-nativas, através da adaptação da classificação sinan-

trópica de Kornas e ao grau de naturalização de Richard- son et al., assinaladas em Portela-Pereira (2013).

Do inventário florístico resultou a identificação de 339 espécies botânicas diferentes, das quais 73% são nativas - 32% representam espécies de ruderais sinantrópica, 1% (6 espécies) de endemismos ibéricos, e apenas 1 espécie é protegida em Portugal - e 27% são exóticas (sendo 14% com caráter invasor ou potencialmente invasiva).

De referir que algumas das espécies nativas identifica- das apresentam elevado valor ornamental, como é o caso de bocas-de-lobo (Antirrhinum linkianum Boiss. & Reut.), tojo-bravo [Ulex europaeus subsp. latebracteatus (Mariz) Rothm.], arroz-dos-telhados (Sedum album L.), e Carex ela- ta subsp. reuteriana (Boiss.) Luceño & Aedo.

No que diz respeito às espécies exóticas, algumas, bas- tante frequentes, apresentam caráter invasor, como por exemplo a flor-de-chagas (Tropaelum majus L.), glória- -da-manhã [ Ipomoea indica (Burm.) Merr., rícino (Ricinus communis L.), e erva-das-pampas [Cortaderia selloana (Schult. & Schult. f.) Asch. E Graebn).

Em relação ao reconhecimento da presença de táxo- nes “RELAPPE”, apenas se detetaram dois tipos: seis (6) En- demismos ibéricos (Antirrhinum linkianum Boiss. & Reut., Echium rosulatum Lange, Adenocarpus lainzii (Castrov.) Castrov., Carex reuteriana Boiss. & Reut., Dactylis glomerata

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L. subsp.lusitanica Stebbins & D.Zohary e Ulex europaeus Brot.); e um (1) Protegido (Quercus suber L.).

Para a determinação do grau de presença e cobertura de cada táxon, com recurso a inventários fitossociológicos pelos diferentes tipos de formações vegetais que carac- terizam cada área de amostra, usando a escala de Brau- n-Blanquet de abundância-dominância de cada táxon por área do inventário em causa, podemos sintetizar a seguin- te informação:

a) os inventários incluem diferentes tipos de ervados (55%), nomeadamente ruderais, matagais (32%), matos e bosquetes (7%, respetivamente). Comparando estes novos ecossistemas urbanos nas duas regiões urbanas portugue- sas, há uma evidente diferença florística entre os inventá- rios da AML e do Ave. Isto porque na matriz de espécies só 20% são partilhadas pelas duas regiões urbanas, sendo 42% exclusivas do Ave e 38% da AML. Claro que esta ma- triz representa apenas parte da flora destas regiões, mas na realidade há uma diferença biogeográfica entre estas duas regiões, a Comunidade Intermunicipal do Ave está

na região eurossiberiana (bioma das florestas temperadas, caducifólias) e a AML na região mediterrânica (bioma das florestas e matos esclerófilos mediterrânicos). Também se observa que as variáveis ambientais respondem para esta diferenciação. As variáveis mais importantes são a temperatura (analisado através do Itc) e a profundidade do solo (em menor grau). O Itc é maior na AML, refletindo um clima mais termófilo, onde as geadas são muito raras. As características artificias da paisagem urbana não são destacadas diretamente nesta análise multivariada, mas é possível perceber alguma individualização das plantas rupestres que surgem nas áreas cimentadas e em ruínas através do gradiente da profundidade do solo (geralmente inexistente ou exíguo nestes biótopos). A altitude e basici- dade do substrato, neste estudo, representam variáveis de resposta menos significativas.

b) A comparação dos elencos florísticos dos vacantes das duas áreas urbanas portuguesas permite analisar a flo- ra presente quanto às suas características taxonómicas, fi- sionómicas, corológicas e da influência humana no elenco.

SONCHUS OLERACEUS

Coordenadas: Lat.:41.373036 Long.:-8.309511 Data: 31/05/2017 | Hora: 11:21:52hs

RUBUS ULMIFOLIUS

Coordenadas: Lat.:38.657371 Long.:-9.074399 Data: 04/05/2017 | Hora: 14:09:00hs

RICINUS COMMUNIS

Coordenadas: Lat.:38.748860 Long.:-9.115340 Data: 02/05/2017 | Hora: 9:00:00hs

GALACTITES TOMENTOSUS

Coordenadas: Lat.: 38.702695 Long.: -9.177388 Data 04/05/2017 Hora 10:41:05h

AVENA BARBATA

Coordenadas: Lat.: 38.702695 Long.: -9.177388 Data 04/05/2017 Hora 10:41:05h

ANTIRRHIUM LINKIANUM

Coordenadas: Lat.: 38.702695 Long.: -9.177388 Data 04/05/2017 Hora 10:41:05h

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Costa, J. C., Neto, C., Aguiar, C., Capelo, J., Espírito-Santo, M., Honrado, J., Lousã, M. (2012). Vascular Plant Communities in Portugal (Continental, The Azores and Madeira). Global Geobotany, 2, 1–180. https://doi.org/10.5616/gg120001

Portela-Pereira, E. (2013). Análise geobotânica dos bosques e galerias ripícolas da bacia hidrográfica do Tejo em Portugal. Tese de Doutoramento em Geografia, Universidade de Lisboa, Lisboa. Retrieved from http://repositorio.ul.pt/handle/10451/9761

Referênciasbibliográficas

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