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Capítulo 2: O Trabalho e a Educação no Brasil: uma abordagem contemporânea

2.1 Para uma Concepção Atual de Formação Profissional

No Brasil atualmente o que se discute, para uma concepção de educação profissional, é a forma de poder que está sendo exercida na relação entre educação e trabalho no contexto político social e econômico. O rumo que a situação está tomando reforça a internacionalização desenfreada e a conseqüente diminuição da capacidade de soberania nacional.

O ponto de vista Gramsciano, ao se pensar na organização do poder das classes dominantes, ou no conjunto do bloco em que se aspire à hegemonia; como processo político, em que se possa “desobedecer” o sistema montado. Compreende-se a educação em articulação com vínculos do trabalho como princípio educativo.

A hegemonia desejada tem que passar do quadro das idéias e assumir uma situação de construção mais definida e estruturada, sendo o processo de dominação, dominado pelo consenso e, muito menos pela força.

A idéia que se coloca nessa perspectiva de concepção da formação profissional que já vem sendo tratada em vários escritos no Brasil durante os anos 80. È o princípio inicial da formulação que Marx e Engels e posteriormente reforçado pelas idéias de Gramsci,, sobre a politecnia.

Algumas discussões teóricas no período da velha república soviética, nos escritos de Lucília Machado (Politecnia Escola Unitária e Trabalho), nos princípios didáticos gerais que podem ser absorvidos pelas análises históricas e -críticas de Saviani. São indicativos de uma proposta que se vincula a concepção que pretendo abordar de uma formação profissional fundado na capacidade humana de realização e, na participação e mobilização visando as transformações sociais.

A escolha dessa concepção revela o caráter de inclusão de escolas que viabilizam uma prática na preparação de um tipo de formação adotada numa perspectiva de “omnilateralidade”, presente na natureza e evolução humana. (FRIGOTTO, 1996. p. 206-207)

Em vários autores que desenvolvem seus argumentos a favor de uma escola unitária, encontramos sempre uma ligação e proximidade para a concepção de um escola politécnica, onde há o desenvolvimento da “omnilateralidade15.”

Para resgatar este conceito na perspectiva do materialismo histórico- social nas relações sociais de produção e nas relações políticas, assumiremos uma concepção de escola, que estamos definindo neste estudo como sendo a escola adotada por Nosella, historiador do pensamento gramsciano16.

A noção de ominilateralidade exprime a idéia de correlação entre: ética- política, a formação do homem na perspectiva ampla da desejada formação baseada na formação de escolas de trabalhadores. Ainda que em processo embrionários é possível verificar alguns avanços nas práticas educativas de escolas voltadas para trabalhadores. (NOSELLA, 1983 p.94)

Nos novos campos de atuação da educação de ensino profissional, prevalece o embate que tem como raiz a relação educação e trabalho. Os novos campos de atuação dos movimentos sociais e frações de classe emergentes estão presentes. A combinação dos vários interesses promove debates no campo teórico, na formulações de escolas para trabalhadores e de escolas de interesses de competência técnica e laboral.

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‘omnilateralidade” desenvolvimento das capacidades humanas.

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A noção de escola refere-se a todo tipo de organização cultural para a formação de intelectuais; essa organizações são criadas e sustentadas pelas diferentes práticas ou forças produtivas da sociedade. Nosella,1993,p.157-86)

Há disputa nas formas alternativas de educação de perspectiva socialista no cenário brasileiro ainda persiste, desde os anos 60, considerando seus altos e baixos, a sua intervenção mais abrangente chega com mais força nos anos 80.

Da mesma forma que estão em jogo os interesses da sociedade do conhecimento, há o interesse entre as categorias oriundas da teoria do capital humano como: da qualidade total, formação abstrata, formação polivalente, colocadas também, na égide da sociedade da exclusão.

Neste conjunto de interesses as formulações destas categorias evidenciam o plano tecnológico e o plano da competitividade, que têm origem dentro da reordenamento econômico e no novo padrão de valorização e ajustamento social.(FRIGOTTO,1996 p, 203)

No jogo dos interesses, a sociedade do conhecimento esconde a desigualdade entre os grupos e classes sociais, o monopólio crescente do conhecimento para uns poucos privilegiados e a apropriação desigual da riqueza e de renda.

Esse movimento ideológico também se expressa através das mudanças necessárias ao processo produtivo articulando os interesses da classe trabalhadora. Esses reajustamentos completam as propostas neoliberais que são colocadas como elementos da modernidade., e sob o manto flácido do disfarce, convênios, ações de colaboração, privatizações e parceria com o poder público privado. Ou seja, um verdadeiro desmonte das instituições educacionais. Na fragmentação e modulação da educação profissional.

No plano político- ideológico há um investimento dos movimentos sociais, partidos políticos, sindicatos e ONGs em propor novas práticas alternativas no plano político ideológico ético, teórico e prático com cursos surgindo em vários pontos do Brasil.

Os desafios estão postos desde a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação promulgada no governo de Fernando Henrique Cardoso em que se reedita a velha dualidade e fragmentação no campo da educação. Sobretudo na formação profissional acabando com sua especificidade e na vantagem acabar com os organismos que as coordenam

Além disso, a constituinte e a própria LDB, conseguiram minar uma conquista anterior, que viabilizava a gestão tripartite, onde se fazia valer a participação em conselhos gestores, o Estado, representantes dos empresários, sindicatos, movimentos sociais organizados (universidades e ONGS) na organização de planos de formação profissional , na implementação de projetos e práticas educativas voltadas para as necessidades dos trabalhadores (FRIGOTTO,1996 p. 204 a 205)

O percurso a que educadores comprometidos se propõe abraçar envolve um conceito amplo de formação. Reflete alternativas de igualdade, solidariedade e democracia que de forma geral, consiga aglutinar esforços dos diferente setores da sociedade para construir um educação politécnica.

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