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Capítulo 1 – Trajetória da Educação Infantil pública em Belo Horizonte e a

2.1 As Parcerias Público Privadas no Brasil

O primeiro capítulo desse Plano de Ação Educacional retratou a trajetória do atendimento público na Educação Infantil em Belo Horizonte, desde a inauguração das primeiras Escolas Municipais de Educação Infantil até a criação das Unidades Municipais de Educação Infantil – UMEI`s.

Atualmente Belo Horizonte possui sessenta e três UMEI`s em funcionamento e, com elas, a Secretaria Municipal de Educação passa de um atendimento em 2003 a cerca de duas mil e quinhentas crianças de três a seis anos de idade para um atendimento em 2011 a aproximadamente vinte e uma mil crianças de zero a seis anos de idade.

Além desse quantitativo de crianças atendidas nas UMEI`s, o sistema público de Educação Infantil em Belo Horizonte atende a mais de vinte e duas mil crianças de zero a seis anos de idade em cento e noventa e três Instituições Educacionais Privadas de natureza comunitária, filantrópica e confessional, sem fins lucrativos, as chamadas Creches Conveniadas. Assim, o atendimento público total na Educação Infantil em Belo Horizonte é de mais de quarenta e três mil crianças de zero a seis anos de idade.

Porém, toda essa rede de unidades de ensino – própria e conveniada - não consegue atender à toda a demanda de vagas na Educação Infantil apontada para a Secretaria Municipal de Educação em Belo Horizonte. Às voltas com os desafios em gestar Contratos Administrativos regidos pela Lei Federal 8.666 para edificação de UMEI`s e pressionada pela sociedade civil, bem como suas representações – Promotoria da Infância e Juventude e Conselhos Tutelares da Criança e do Adolescente - para atender à toda demanda da cidade por vagas na Educação Infantil, a Secretaria Municipal de Educação em Belo Horizonte fez a opção por ampliar sua rede de UMEI`s através de Parceria Público Privada.

A possibilidade do poder público realizar parcerias com o setor privado se deu por intermédio da regulamentação da Lei Federal 11.079, de 30/12/2004. As

Parcerias Público Privadas consistem em um tipo de contratação de serviços na qual ocorre cooperação entre o setor público e o setor privado.

Segundo Melo (2009), embora a ideia das Parcerias Público Privadas tenham surgido no Brasil na década de 1990 por meio das privatizações de estatais e da flexibilização dos serviços públicos, somente em 2004, com a Lei Federal 11.079/04, é que as normas para a realização de licitações e contratações das mesmas foram editadas.

A autora afirma que essa lei foi promulgada pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o objetivo de proporcionar à iniciativa privada a possibilidade de realizar investimentos em infraestrutura e serviços públicos, garantindo assim o desenvolvimento do país, uma vez que o Estado demonstrava-se incapaz de realizá- los por si só (Melo. 2009. p.02).

Para Melo (2009. p. 5), as Parcerias Público Privadas podem ser caracterizadas em dois grupos: parcerias de sentido amplo e parcerias de sentido estrito. A autora aponta que as parcerias em sentido amplo são aquelas que regidas por:

[...] contratos de concessão de serviço público (Lei Federal 8.987/1995 – Lei das Concessões), tendo o ente privado como o responsável por administrar de forma lucrativa um empreendimento público, porém, regulamentado pelo Estado. No sentido amplo, estão incluídas as parcerias com empresas que realizam compromissos de investimentos para se beneficiarem com os tributos. Bem como, o uso privado de bem público, que pode ser gratuito ou não, para a realização de atividades de interesse à sociedade, como a instalação de uma empresa, ou mesmo, de um centro comunitário. [...]

A Lei Federal 8.666/93, que institui normas sobre licitações e contratos administrativos, tem como foco as empreitadas por empresas privadas para a realização de obras públicas. Trata-se de uma lei rígida, que exige um excesso de burocracia quanto aos procedimentos, com julgamento objetivo, regras claras e prévias de como será a prestação do serviço. Por outro lado, essa lei igualmente exige que, na maioria das vezes, seja aplicado o menor preço licitado por meio dessa lei, os contratos não podem ultrapassar o prazo de cinco anos, podendo ser renovados por até mais quatro anos. Melo (2009. p. 06) afirma ainda que:

[...] Em razão destas exigências, estes modelos de licitação não podem ser aplicados aos contratos de parcerias. O objetivo das parcerias é o de escolher o parceiro que melhor realize aquilo que o Estado anseie, e, não, a de alcançar a proposta de menor preço. Além disso, nas parcerias, o parceiro privado tem responsabilidade quanto à gestão, e, para que realmente ocorra, precisa ter a liberdade de meios para realizá-la. Por isso, não há como realizar definição prévia no edital sobre os meios a serem usados na gestão do contrato. Por estas problemáticas, editou-se a Lei de Concessões, afastando essas regras. [...]

A Lei Federal nº 11.079/04 estabelece duas espécies de concessões: a concessão patrocinada e a concessão administrativa, cada uma delas mediante contratos específicos. Assim, as Parcerias Público Privadas, em sentido estrito, são os contratos realizados entre a administração pública e um parceiro privado na forma de concessão patrocinada ou administrativa.

Di Pietro (2006, p. 161), apresenta o seguinte conceito para Parceria Público Privada:

[...] o contrato administrativo de concessão que tem por objeto: (a) a execução de serviço público precedido ou não de obra pública, remunerada mediante tarifa paga pelo usuário e contraprestação pecuniária do parceiro público, ou (b) a prestação de serviço de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, com ou sem execução de obra e fornecimento e instalação de bens, mediante contraprestação do parceiro público. [...]

A lei 11.079/04 define que a concessão patrocinada é aquela em que a concessão dos serviços públicos ou das obras públicas tem a contraprestação pecuniária do poder público com o adicional de tarifas a serem cobradas dos usuários pelo parceiro privado. Trata-se do modelo utilizado, por exemplo, nas parcerias para concessão de serviços em rodovias.

Na concessão administrativa há um contrato para a prestação de serviço, sendo que a administração pública é a usuária direta ou indireta. Nesse modelo ocorre execução de obras públicas ou o fornecimento e instalação de bens e serviços. Assim, esse tipo de concessão envolve a realização de obras públicas pelo parceiro privado, seguidas da prestação de serviços e do fornecimento de bens por ele. Trata-se, portanto, de contratos em que o parceiro privado deve realizar a manutenção, recuperação e a operação de prédios públicos, sendo a administração

pública a usuária direta, ou ainda contratos para a prestação de serviços sociais, sendo neste caso, os usuários os beneficiários diretos.

A Lei 11.079/04 estabelece ainda que as Parcerias Público Privadas devem ser realizadas em contratos com prazo mínimo de cinco anos e máximo de trinta e cinco anos, resguardadas eventuais prorrogações. O valor mínimo desse contrato deve ser de vinte milhões de reais, não podendo ser utilizados créditos tributários como forma de pagamento ao parceiro privado.

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