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4 RESULTADOS

4.3 PARTE 3

Corresponde à análise das amostras que realizaram o exame de genotipagem de HPV e biópsia (histologia) de lesão peniana no mesmo dia, entre fevereiro de 2009 e maio de 2011. Os pacientes que realizaram mais de uma genotipagem neste período foram contabilizados como amostras independentes. Neste caso, 43 amostras foram incluídas na análise. As variáveis analisadas foram positividade, tipo de infecção, oncogenicidade, distribuição genotípica, e distribuição das espécies contabilizadas e apresentadas na forma de frequência absoluta e relativa na sua totalidade. Além disso, foi analisada a associação entre as alterações citopáticas (lesão exofítica, hiperceratose, paraceratose, acantose irregular, papilomatose, hipergranulose, atipia coilocitótica, queratinização, hiperplasia e perda da polaridade basal) encontradas na histologia e resultado sugestivo ou não de infecção por HPV relatado na conclusão dos laudos histológicos, positividade na genotipagem, tipo de infecção, e oncogenicidade viral. Neste caso, as associações foram avaliadas pelo teste exato de Fisher. Devido à pequena amostragem a influência da idade não foi avaliada. Esta parte do estudo foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Tiradentes, Aracaju/SE protocolo - 170911.

3.5 EXAME DE GENOTIPAGEM DE HPV NO LABORATÓRIO SABIN DE ANÁLISES CLÍNICAS

O exame de genotipagem de HPV é realizado na unidade de biologia molecular do Laboratório Sabin pela metodologia PapilloCheck® (Greiner Bio-One) seguindo as recomendações do fabricante. O DNA das amostras anogenitais, recebidas em tubos de captura híbrida (cervical sampler Digene), é purificado com o extrator automatizado de DNA EasyMag™ (Biomerieux) também de acordo com as instruções do fabricante. O PapilloCheck® é executado no DNA extraído e detecta 24 diferentes genótipos de HPV (18 tipos de alto risco e 6 tipos de baixo risco). Os tipos de HPV que podem ser detectados e diferenciados no teste são HPV 6, 11, 16, 18, 31, 33, 35, 39, 40, 42, 43, 44/55, 45, 51, 52, 53, 56, 58, 59, 66, 68, 70, 73 e 82. Sendo de baixo risco os HPVs 6, 11, 40, 42, 43 e 44/55. O genoma do HPV 55

compartilha 95% de homologia com o HPV 44 e, assim, constitui um subtipo do HPV 44 (6), o PapilloCheck® não diferencia este dois genótipos, para facilitar a compreensão vamos chamá-los apenas de 44. Simplificadamente, o teste consiste na amplificação de um fragmento de 350 pb do gene E1 do HPV usando um tipo de PCR multiplex com primers específicos. Em seguida, esses produtos de PCR são hibridizados contra um chip de DNA que contém sondas específicas para cada genótipo viral contemplado no teste. Para evitar resultados falso-negativos, avaliar a qualidade, e a inibição da reação de PCR são também amplificados, simultaneamente, um controle endógeno de PCR (gene ADAT1 humano), e um DNA exógeno sintético (controle de PCR). Ambos devem gerar resultados positivos, caso contrário, a reação é invalidada. Todas as sequências amplificadas no teste utilizam primers marcados com CY5 (fluorescência vermelha). Além disso, o próprio chip contém uma segunda bateria de controles para avaliar o processo de hibridização (controles de hibridização e controle de orientação) que são sequências de DNA sintéticas e marcadas com CY3 (fluorescência verde). Após a hibridização e lavagens, a leitura do chip é feita no CheckScanner™ (Greiner Bio-One) que avalia os sinais de fluorescências CY3 e CY5 sobre os pontos de hibridização que, em seguida, são automaticamente interpretados pelo software CheckReport™ (Greiner Bio-One). Os resultados liberados são positivo ou negativo para cada genótipo contemplado no teste (86).

3.6 EXAME CITOLÓGICO CÉRVICO-VAGINAL (COLPOCITOLOGIA).

O exame citológico é realizado pela técnica de coloração de Papanicolaou, e o laudo está em conformidade com a padronização estabelecida pela Sociedade Brasileira de Citologia e consenso Bethesda 2001. Nos laudos as seguintes variáveis estão descritas: local da coleta, tipo de material, aspecto do esfregaço, grau de descamação celular, tipos de células identificadas, aspectos celulares evidenciados, além disso, é feito o estudo microbiológico e avaliação citohormonal. O indicador mais relevante para este projeto são as conclusões dos laudos sobre o grau de alteração celular evidenciados, cujos resultados possíveis são os que foram anteriormente detalhados: Padrão Normal (PN); Atipias em células escamosas de significado indeterminado (ASCUS); Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL); Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL). Um quinto resultado era

possível “Padrão citológico inflamatório”, o qual foi agrupado aos laudos com resultados “Padrão Normal”, pois também não representam lesões celulares características de infecção pelo HPV. A amostragem de lesão cervical deste estudo é PN 1715 (89,6%), ASCUS 131 (6,85%), LSIL 55 (2,88%) e HSIL 12 (0,63%). O grupo PN é composto por, 556 que foram classificados como “Dentro dos limites da normalidade” e 1159 como “Padrão citológico inflamatório”.

3.7 EXAME DE BIÓPSIA PENIANA

O exame anatomopatológico de biópsia peniana é encaminhado para o “Laboratório de Imunopatologia de Brasília (LIB)”. Nos laudos estão descritos o material enviado, a descrição macroscópica da biópsia, a descrição das observações microscópias e conclusão. Além da conclusão do laudo, incluindo se as atipias citológicas são sugestivas de infecção viral (SHPV – sugestivas de infecção por HPV e NSHPV – não sugestivas de infecção por HPV). Neste estudo, as alterações microscópicas avaliadas foram: lesão exofítica, hiperceratose, paraceratose, acantose irregular, papilomatose, hipergranulose, atipia coilocitótica, queratinização, hiperplasia e perda da polaridade basal. As conclusões dos laudos das 43 amostras incluídas nesta etapa dos estudo foram:

• Para os resultados SHPV (n=28): Hiperplasia epitelial (n=14, 50%); Hiperplasia epitelial papilomatosa (n=8, 28,5%) e Condiloma acuminado (n=6, 21,5%).

• Para os resultados NSHPV (n=15): Ceratose seborréica (n=3, 20%); Doença bolhosa intradérmica (n=1, 6,6%); Líquen escleroso (Balanite xerótica) (n=1, 6,6%); Nevo melanocítico intradérmico (n=1, 6,6%); Molusco contagioso (n=1, 6,6%); Eritroplasia de queyrat (n=1, 6,6%); Pele sem alterações diagnósticas (n=2, 13,5%); Sugestivo de fibroma mole (n=1, 6,6%); Nevo melanocítico juncional (n=1, 6,6%) e Hiperplasia epitelial escamosa (n=3, 20%).

3.8 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Os testes estatísticos utilizados neste trabalho foram os testes de hipótese para dados categóricos convencionais: o teste Qui-Quadrado, o teste Qui-Quadrado para tendência e o teste exato de Fisher. Estas análises foram realizadas utilizando

o aplicativo GraphPad Prism 5.0, que contempla os três testes. Resumidamente, o teste Qui-Quadrado foi utilizado para testar a independência (associação), ou seja, se duas variáveis categóricas são dependentes uma da outra, por exemplo, se o resultado positivo para genotipagem de HPV é dependente de um resultado positivo para exame de citologia cervical, ou histologia de lesão peniana. Ou, testar a homogeneidade, se a proporção de certa característica é a mesma em dois ou mais subgrupos, por exemplo, se a proporção de resultados positivos para o HPV ou de infecções múltiplas é a mesma entre homens e mulheres. Como a validade do teste Qui-Quadrado se torna questionável quando em pequenas amostras, nas situações onde as análises de associação e homogeneidade não obedeciam os critérios de Cochran para uso do Qui-Quadrado “Todos os valores esperados para as células da tabela de contingência forem maior do que 1, e até 20% das células tenha valor esperado menor do que 5”, o teste utilizado foi o exato de Fisher. O teste exato de Fisher, como seu próprio nome diz, sempre dá um valor de p “exato” e funciona bem com amostras pequenas. A maioria dos livros de estatística aconselham a usá-lo em vez de Qui-Quadrado, pois o valor de p do teste Qui-Quadrado é apenas uma aproximação. Com grandes amostras, o teste Qui-Quadrado funciona muito bem, gerando o mesmo resultado que o teste de Fisher. Com amostragens pequenas, o Qui-Quadrado não é exato. Algumas da avaliações deste trabalho envolviam amostragem pequenas como associação entre alterações citopáticas e a presença

do DNA do HPV nas lesões penianas (Parte 3). O programa GraphPad Prism 5.0

considera a amostragem avaliada e define automaticamente se deve utilizar o teste exato de Fisher ou Qui-Quadrado (87).

O teste Qui-Quadrado para tendência foi utilizado quando se desejava avaliar mais de duas proporções, e se uma das variavéis pudesse ser organizada em sua ordem natural. Ou seja, avaliar se uma característica aumenta ou diminui de acordo com a ordem inerente da outra, por exemplo, a positividade para o HPV aumenta ou diminui com o aumento da idade. Nestas situações, o teste Qui-Quadrado para tendência tende a ser mais sensível e poderoso que o teste Qui-Quadrado convencional na detecção de associações. Em todos os casos, as comparações foram consideradas estatisticamente significante se p≤ 0,05. (88).

4 RESULTADOS

4.1 PARTE 1

4.1.1 Análise total do banco de dados

A pesquisa por solicitação de estatísticas pós-calculada no software de gestão laboratorial “Shift”, gerou uma lista com 4251 cadastros de pacientes que realizaram o exame de genotipagem para HPV no período de fevereiro de 2009 e maio de 2011. Dentre estas, 3201 (75,3%) eram de indivíduos do sexo feminino e 1050 (24,7%) de indivíduos do sexo masculino. A média (desvio padrão) de idade dos pacientes foi 33,8 (± 10,3) anos. No sexo feminino, média de idade observada foi 32,8 (±9,5) anos, e no sexo masculino 33,7 (± 10,3) anos. Das 4251 ordens de serviço incluídas neste estudo, 1882 (44,3%) apresentaram resultado positivo, e 2369 (55,7%) negativo para genotipagem de HPV. Nas amostras do sexo feminino, 1286 (40,2%) eram positivas e 1915 (59,8%) negativas. Nas do sexo masculino, 596 (56,8%) positivas e 454 (43,2%) negativas (Figura 11). Assim, a positividade geral do HPV neste estudo é de 44,3%. E os homens apresentaram proporção de resultados positivos significativamente maior que as mulheres (56,8% versus 40,2%, p<0,0001).

Figura 11 - Positividade no exame de genotipagem de HPV. Resultados positivos e negativos na genotipagem do HPV de acordo com o exame PapilloCheck®. Nos homens (barras azuis), a positividade observada foi de 56,8% e nas mulheres (barras vermelhas) 40,2%, (p<0,0001). Houve diferença significativa entre estas proporções.

Em seguida, avaliou-se o tipo de infecção. Das 1882 amostras positivas, 993 (52,8%) eram infecções simples, e 889 (47,2%) infecções múltiplas. Nas mulheres, das 1286 amostras positivas, 725 (56,4%) eram infecções simples e 561(43,6%) infecções múltiplas. Por outro lado, das 596 amostras positivas nos homens, 268 (45%) eram infecções simples e 328 (55%) infecções múltiplas (Figura 12). Assim, infecções múltiplas foram encontradas em aproximadamente metade dos exames positivos (47,2%), e foram mais frequentes nos homens do que nas mulheres (55% versus 43,6%, p<0,0001).

Figura 12 – Proporção dos tipos de infecção em homens e mulheres. Proporção de infecções multiplas e simples nas mulheres (barras vermelhas) e nos homens (barra azuis). Homens apresentam significativamente mais infecção múltipla que as mulheres (55% versus 43,6%, p<0,0001).

Na avaliação do risco oncogênico cada genótipo identificado no exame de genotipagem foi contabilizado como uma ocorrência, independentemente se em infecção múltipla ou simples. Ou seja, 3539 genótipos foram encontrados nas 1882 amostras positivas. Assim, observou-se que destes 3539 genótipos, 2485 (70,22%) eram de alto risco e 1054 (29,78%) de baixo risco. Ademais, quando distribuídos de acordo com o sexo do paciente, observou-se que as mulheres apresentaram uma proporção maior de genótipos de alto risco que os homens, 1756 (77,02%) versus

729 (57,9%), p<0,0001. Ou seja, os homens 530 (42,1%) apresentaram mais genótipos de baixo risco que as mulheres 524 (22,98%), p<0,0001 (Figura 13).

Figura 13 - Risco atribuído aos genótipos em homens e mulheres. Proporção de genótipos de alto e baixo risco nas mulheres (barras vermelhas) e nos homens (barras azuis). Mulheres possuem significativamente mais genótipos de alto risco que os homens 77,02% versus 57,9%, p<0,0001. Ou seja, os homens apresentam mais genótipos de baixo risco que as mulheres.

Em seguida, analisou-se a distribuição genotípica do HPV nas amostras positivas deste estudo. Como na análise da oncogenicidade, cada genótipo identificado no exame de genotipagem foi contabilizado como uma ocorrência, independentemente se em infecção múltipla ou simples. Na Figura 14, pode-se observar a distribuição genotípica dos 24 diferentes tipos de HPV pesquisados pelo PapilloCheck®. A distribuição genotípica encontrada em ordem decrescente foi 16, 56, 6, 44, 42, 53, 66, 68, 51, 39, 11 e 52, 31, 59, 58, 40, 73, 43 e 70, 18 e 82, 45, 35, 33. Dentre os 5 genótipos mais frequentes dois são de alto risco (16 e 56) e três de baixo risco (6, 44, e 42). Em seguida, os genótipos foram agrupados em espécies de HPV segundo a classificação de de Villiers et al, 2004. As espécies mais prevalentes foram A9 e A6, composta apenas por HPV de alto risco (16, 31, 33, 35, 52, 58) e (53, 56, 66), respectivamente, seguidas da espécies A7, A10, A5, A1, A8 e A11 (Figura 15).

Figura 14 - Distribuição genótipica do HPV nas amostras positivas segundo o PapilloCheck®. Frequência observada de cada um dos 24 genótipos pesquisados pelo exame. Cada genótipo identificado foi contabilizado como uma ocorrência independentemente do tipo de infecção simples ou múltipla. Neste caso, 3539 genótipos foram encontrados em 1882 amostras positivas, e genótipos de baixo risco são representados pelos 6, 11, 40, 42, 43, e 44.

Figura 15 - Distribuição das espécies de HPV nas amostras positivas segundo o PapilloCheck®. Cada genótipo agrupado na respectiva espécies segundo a classificação de de Villiers et al., 2004 (6), que utiliza homologia na região L1 do genoma do vírus. Neste caso, 3539 genótipos foram encontrados em 1882 amostras positivas.

Na tentativa de se observar diferenças na distribuição genotípica entre homens e mulheres os genótipos encontrados foram distribuídos de acordo com o sexo do paciente. A distribuição genotípica observada está representada na Figura

16. Algumas diferenças importantes foram encontradas como por exemplo os genótipo de baixo risco 6, 11, 40, 42, 43 e 44, são mais prevalentes nos homens do que nas mulheres. E alguns genótipos de alto risco, como 16, 31, 33, 52, 53, 56, 68, e 70, são mais prevalentes nas mulheres do que nos homens.

Figura 16 - Distribuição genotípica do HPV em homens e mulheres. Frequência relativa dos genótipos pesquisados pelo PapilloCheck® nas mulheres (barras vermelhas), e nos homens (barras azúis). Os genótipos de baixo risco como 6, 11, 40, 42, 43 e 44, são mais prevalentes nos homens e os genótipos de alto risco 16, 31, 33, 52, 53, 56, 68, e 70 são mais prevalentes nas mulheres. As percentagens em cada gênero foram calculadas a partir do respectivo número total de genótipos. Neste caso, 2280 genótipos foram encontrados em 1286 amostras positivas nas mulheres, e 1259 genótipos foram encontrados nas 596 amostras positivas nos homens. Cada genótipo identificado foi contabilizado como uma ocorrência independentemente do tipo de infecção simples ou múltipla.

Na próxima análise o mesmo foi feito com as espécies de HPV. Como pode ser observado na Figura 17, as espécies mais frequentes nas mulheres em ordem decrescente foram A9, A6, A7, A10, A5, A1, A8, e A11. Nos homens, as espécies mais frequentes em ordem decrescente são A10, A6, A9, A1, A8, A5, e A11. As frequências observadas em cada gênero diferem significantemente (p<0,0001). Novamente, algumas diferença importantes foram observadas entre os sexos: as

espécies A9 (p<0,0001), A6(p=0,01), A7 (p=0,0058), A11 (p=0,14) são mais frequentes nas mulheres que nos homens e as espécies A10 (p<0,0001), A5 (p=0,06), A1 (p=0,0015), e A8 (p<0,0001) mais frequente nos homens do que nas mulheres.

Figura 17 - Distribuição das espécies de HPV em homens e mulheres. Frequência relativa das espécies de HPV pesquisados pelo PapilloCheck® nas mulheres (barras vermelhas), e nos homens (barras azúis). As espécies em ordem decrescente de frequência nas mulheres foram A9, A6, A7, A10, A5, A1, A8, A11, e A10, A6, A9, A1, A8, A5, A11 nos homens. Todas as diferenças observadas são significativas (vide texto). Cada genótipo foi agrupado na respectiva espécie segundo a classificação de de Villiers et al., 2004 (6), que utiliza homologia na região L1 do genôma do vírus. Neste caso, n=2280 para mulheres e n=1259 para os homens.

A idade e o gênero, por consequência, o comportamento sexual influênciam diretamente a infecção pelo HPV (1). Neste sentido, os homens e mulheres deste estudo foram agrupados em três faixa etárias, menor ou igual 30 anos, entre 31 e 44 anos, e maior ou igual a 45 anos. No total, 1991 (46,84%), 1693 (39,83%), 567 (13,3%) amostras foram incluídas nas faixas etárias ≤30, 31-44, e ≥45 anos, respectivamente. Como a análise envolvia a influência do gênero, este total de amostras foi subdivido de acordo com o sexo, e por conseguinte, 1507 (47,08%), 1299 (40,6%), e 395 (12,34%) mulheres; 484 (46,1%), 394 (37,52%), e 172 (16,38%) homens, foram incluídos nas faixas etárias ≤30, 31-44, e ≥45 anos, respectivamente. Primeiramente, as seguintes variáveis foram analisadas: positividade, infecções simples, infecções múltiplas, genótipos de alto risco e de baixo risco, tanto nas infecções simples quanto nas infecções múltiplas. Do total das amostras incluídas em cada faixa etária, ≤30, 31-44, e ≥45 anos, a positividade foi 1049 (52,7%), 653

(38,6%), e 180 (31,75%), respectivamente. Ou seja, a proporção de resultados positivos diminuía com a idade [p(trend)<0,0001]. Além disso, observou-se que a positividade foi maior nos homens do que nas mulheres em todas as faixa etárias; ≤30 anos [309 (63.8%) versus 740 (49,1%), p<0,0001], entre 31-44 anos [213 (54.1%) versus 440 (33,9%), p<0,0001], e ≥45 anos [74 (43.0%) versus 106 (26,8%), p=0,0001]. Ademais, a positividade diminuía com o aumento da idade em ambos os sexos [p(trend)<0,0001 para homens e p(trend)<0,0001 para mulheres] (Figura 18).

Figura 18 - Positividade para HPV total, em homens e mulheres de acordo com as faixa etárias ≤30, 31-44, e ≥45 anos. Análise da positividade, total (linha amarela), nos homens (linha azul), e nas mulheres (linha vermelha) nas faixas etárias ≤30, 31-44, e ≥45 anos. Os homens apresentam mais resultados positivos que as mulheres nas três faixas etárias, a positividade diminui com o aumento da idade em ambos os sexos, e também no total das amostras p(trend)<0,0001.

Neste mesmo sentido, analisou-se também a proporção de infecção simples e infecção múltipla. No total, as infecções simples nas faixas etárias ≤30, 31-44, e ≥45 anos foi 483 (46%), 389 (59,6%), 121 (67,2%), e múltiplas 566 (54%), 264 (40,4%), 59 (32,8%), respectivamente. Ou seja, a proporção de infecções simples aumentava, enquanto as múltiplas diminuíam com a idade [p(trend)<0,0001]. O mesmo resultado foi observado em ambos os sexos quando avaliados individualmente, a proporção de infecções simples aumenta com idade enquanto que as infecções múltiplas diminuem [p(trend)<0,0001 para homens e p(trend)<0,0001 para mulheres]. Observou-se também que as mulheres têm mais infecções simples que os homens em todas as faixas etárias. Entretanto, as proporções diferiram significantemente nas faixas etárias ≤30, e 31-44 anos, mas não na faixa etária ≥45 anos; ≤30 [372 (50,3%) versus 111 (35,9%), p<0,0001], 31-44 [280 (63,6%) versus 109 (51,2%), p=0,0029], e ≥45 anos [73 (68,9%) versus 48 (64,9%), p=0,62] (Figura 19).

Figura 19 – Proporção de infecções simples total, em homens e mulheres de acordo com as faixas estárias ≤30, 31-44, e ≥45 anos. Proporção de infecções simples total (linha amarela), nos homens (linha azul), e nas mulheres (linha vermelha) nas faixas etárias ≤30, 31-44, e ≥45 anos. As mulheres possuem mais infecções simples que os homens nas três faixas etárias, ≤30 anos (p<0,0001), 31-44 anos (p=0,00029), e ≥45 anos (p=0,62), e a proporção de infecção simples aumenta com o aumento da idade p(trend)<0,0001.

Com relação às infecções múltiplas deve-se considerar o raciocínio contrário ao descrito para infecções simples, uma vez que nos cálculos das proporções e nas análises estatísticas foram comparados infecções simples versus infecções múltiplas. Ou seja, os homens tem mais infecções múltiplas que as mulheres em todas as faixas etárias, e as proporções observadas diferem significantemente nas faixas etárias ≤30, e 31-44 anos, mas não na faixa etária ≥45 anos.

Em seguida, analisou-se a oncogenicidade dos genótipos em homens e mulheres, nas faixas etárias ≤30, 31-44, e ≥45. A oncogenicidade para desenvolvimento de câncer do colo do útero considerada, alto ou baixo risco, foi a fornecida pelo fabricante do exame PapilloCheck®, que condiz com a literatura (45). Na Figura 20, podemos observar que a proporção de genótipos de alto risco se mantém relativamente constante com a idade 1481 (70.6%), 807 (70,7%), e 197 (65,9%) [p(trend)=0,25], na totalidade das amostras e em ambos os sexo, 1087 (77,8%), 559 (77,4%), e 110 (68,8%) [p(trend)=0,06] para as mulheres e 394 (56,2%), 248 (59,2%), e 87 (62,6%) [p(trend)=0,12] para os homens. Ademais, as mulheres têm mais genótipos de alto risco que homens nas três faixas etárias consideradas. Entretanto, esta diferença foi significativa somente para os mais jovens e os de meia idade, pois as frequências observadas para a faixa etária ≤30 foi 1087 (77,8%) versus 394 (56,2%), p<0,0001; para a faixa etária 31-44, 559

(77,4%) versus 248 (59,2%), p<0,0001; e para a faixa etária ≥45 anos, 110 (68,8%) versus 87 (62,6%), p=0,27.

Figura 20 – Proporção de genótipos de alto risco total, em homens e mulheres de acordo com as faixas etárias ≤30, 31-44, e ≥45 anos. Proporção de genótipos de alto risco no total (linha amarela), nos homens (linha azul), e nas mulheres (linha vermelha) nas faixas etárias ≤30, 31-44, e ≥45 anos. As mulheres possuem mais genótipos de alto risco que os homens nas três faixas etárias, ≤30 anos (p<0,0001), 31-44 anos (p<0,0001), e ≥45 anos (p=0,27), e a proporção deste tipo de genótipo não sofre influência da idade.

Com relação às espécies foi observado que suas frequências relativas se mantém constante com a idade em todas as amostras, nos homens, e nas mulheres, exceto a espécie A10, dos tipos 6, 11, e 44, que aumentam sua frequência com a idade ≤30 [369(18,0%)]; 31-44 [204(18,0%)]; e ≥45 [77(26,0%)], [p(trend)=0,0069], sendo que as mulheres foram as responsáveis por este aumento ≤30 [168(12,0%)]; 31-44 [105(15,0%)]; e ≥45 [42(26,0%)], [p(trend)<0,0001]. No entanto, nos homens a frequência da espécie A10 permanece constante com a idade ≤30 [201(29%)]; 31- 44 [99(24%)]; e ≥45 [35(25%)], [p(trend)=0,12]. Assim, a frequência relativa apenas da espécie A10 varia com a idade e somente nas mulheres (Figura 21).

Figura 21 - Frequência relativa das espécies de HPV no total, em mulheres e homens de acordo com as faixas etárias ≤30, 31-44, e ≥45 anos. A frequência das espécies tende a se manter constante com o aumento da idade, existindo algumas diferenças nas proporções entre homens e mulheres. E a principal variação observada foi da espécie A10 no total p(trend)=0,0069, nas mulheres p(trend)<0,0001 e nos homens p(trend)=0,12.

Finalmente, analisou-se a variação da ocorrência dos genótipos com a idade. Neste sentido, a frequência absoluta de cada tipo de HPV foi comparada com a soma das frequências dos demais tipos pesquisados pelo PapilloCheck® e a tendência em aumentar ou diminuir com a idade avaliada. Observou-se que a ocorrência dos genótipos 31e 39, diminuíam; e 44 e 45 aumentavam com a idade no total das amostras. Quando a frequência de ocorrência foi analisada separadamente nos homens e nas mulheres, nos homens nenhuma tendência de variação com idade foi observada (dados não mostrados). Por outro lado, nas mulheres os genótipos 31, 39, e 42 diminuíam com o aumento da idade; e 44 e 45 aumentavam (Tabela 4). Assim, alguns genótipos variam significantemente com a idade e as variações mais significativas foram do genótipo de baixo risco 44 [p(trend)<0,0001] e do genótipo de alto risco 39 [p(trend)=0,009], e as mulheres são as responsáveis pela variação com a idade observada no total das amostras.

Tabela 4 - Genótipos de HPV que variam significantemente com a idade. Total

Genótipo ≤ 30 n (%) 31-44 n (%) ≥ 45 n (%) p trend Tendência

31 85 (4,05) 35 (3,07) 5 (1,67) 0,02 ↓

39 109 (5,19) 38 (3,33) 9 (3,01) 0,009 ↓

44 109 (5,19) 87 (7,62) 35 (11,71) <0,0001 ↑

Total Feminino Genótipo ≤ 30 n(%) 31-44 n(%) ≥ 45 n(%) p trend 31 72 (5,15) 29 (4,02) 3 (1,88) 0,04 ↓ 39 83 (5,94) 21 (2,91) 2 (1,25) 0,0002 ↓ 42 82 (5,87) 30 (4,16) 5 (3,13) 0,04 ↓ 44 61 (4,36) 54 (7,48) 23 (14,38) <0,0001 ↑ 45 18 (1,29) 19 (2,63) 5 (3,13) 0,01 ↑ 4.2 PARTE 2

4.2.1 Análise no banco de dados de amostras que realizaram genotipagem de HPV e citologia de raspado cervical.

A segunda parte deste estudo consistiu na análise do banco de dados laboratorial em busca de ordens de serviço que realizaram a genotipagem de HPV e

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