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O N S A G R A R E I esta parte á des- cripção dos différentes meios cul- turaes, por mim preparados em que o B. Colt encontra melhores condições de vitalidade, apresen- tando o modus-/asciendi que o Dr. Roux, o illustre discípulo de Pasteur, adopta no laboratório d'esté grande mestre. Começarei pelo principal meio de cultura o

CALDO

Para o preparar, cortam-se 500 grammas de carne em pequenos fragmentos, que se põem em maceração, durante algumas horas, n'um li- tro de agoa. Passado tempo, expremem-se n u m panno, deitando o liquido resultante n'um vaso; aquece-se lentamente até á ebullição, agitando constantemente o liquido para que a albumina não se colle ao fundo do vaso. No fim de 10 mi-

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nutos de ebullição, filtra-se o liquido por papel molhado para deter toda a gordura que n'elle possa existir; junta-se-lhe depois, 10 grammas de peptona e 5 grammas de sal marinho. Depois de bem dissolvida a peptona, alcalinisa-se leve- mente o liquido pelo carbonato de soda a 10 %i o que se reconhece pelo papel vermelho de tor- nesol, leva-se novamente ao autoclave á tempe- ratura de 120o durante 15 minutos, precipitan- do-se as matérias albuminóides e os phosphatos que a esta temperatura precipitam n'um meio alcalino. Filtra-se o liquido ainda quente e por ultimo, colloca-se no auctolave para esterilisar a 115o durante o mesmo tempo, deitando-se de- pois em tubos previamente esterilisados. Vê-se, por conseguinte, que além de ser um meio cul- tural muito nutritivo, é também absolutamente aseptico, o que é indispensável.

CALDO LACTOSADO COM CARBONATO DE CAL

Deita-se no caldo, precedentemente descripto, 2 % de carbonato de cal e outro tanto de lactose, seguindo-se depois o processo apresentado para o caldo peptonisado.

BATATA

Na preparação d'esté meio, segui o chamado Melhodo dos tubos do Dr. Roux. Para isso, cor- tam-se duas superficies planas parallelas, tirando as duas calotes oppostas ao grande diâmetro. Depois de ter collocado a batata sobre qualquer das duas superficies cortadas, tiram-se-lhe dois semi-cylindros, por meio d'um cortador especial;

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lavam-se em agua commum, seccam-sc depois em papel e collocam-se, por ultimo, em tubos de vidro especiaes, mais largos que os tubos ordi- nários, impellindo-os até a um estrangulamento que o tubo apresenta no seu quarto inferior; os cylindros de batata são assim suspensos sem che- garem á agua, que lentamente vae escorrendo da batata, no momento da esterilisação. Os tubos tapam-se depois com algodão, e esterilisam-se no auctolave á temperatura de 120* durante um quarto d h o r a . Depois de sahirem do autoclave, conservam-se os tubos deitados, de modo que os semi-cylindros venham apoiar-se pela sua face plana, sobre a parede do tubo, isto com o fim de a batata se não deformar, o que tornava a semeadura ulterior difficil. Depois d'arrefecidos, os tubos são immediatamente tapados com um carapuço de borracha para evitar que os cylin- dros de batata se sequem. Este encarapuçamento deve ser feito com cuidado; o algodão e tubo elevem ser fortemente passados á lâmpada e co- bertos com os carapuços de cautchu, previa- mente desinfectados no sublimado fervente. Se não tomarmos todas estas precauções, poder-se- hiam desenvolver mucedinias no carapuço de algodão e os seus mycelios atravessariam o al- godão, seguindo as paredes húmidas do tubo, viriam esporular á superfície inferior e contami- nariam as culturas. Passemos em seguida á

GELATINA

Feito o caldo pelo processo já indicado, to- mam-se 300 gr. e deitam-se-lhe 30 gr. de gela- tina, cortada em pequenos fragmentos.

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exceder a temperatura de 6o°, para dissolver bem a gelatina. Quando estiver bem dissolvida, alça- linisa-se com uma solução de bicarbonato de soda a io °/0, como foi para o caldo. Esta alcalinisa- ção favorece a precipitação dos phosphatos ter- rosos que turvariam o meio, se a reacção fosse acida; além d'isso, é necessário para a cultura ulterior da maior parte dos micróbios, que não vivem senão em meios alcalinos. Não se deve exagerar a alcalinisação porque aquecida n'um meio demasiadamente alcalino, a gelatina não faria -preza e seria transformada em glycocolla e outros produetos. Leva-se, em seguida, a gela- tina para o autoclave, á temperatura de 100o, durante uma hora, contada a partir do momento em que o vapor sahe soprando. Depois d e s t e aquecimento, o liquido, deve, em geral, filtrar absolutamente límpido. Se assim não fôr, dei- xa-se arrefecer a gelatina a 5 ^ e juntam-se de- pois 50 grammas d'agua na qual se diluiu, ba- tendo, uma clara d'ovo; mistura-se, repartindo por agitação em toda a massa e por ultimo, aque- ce-se de novo, no autoclave, á temperatura de

100o, durante 1 hora. A esta temperatura, a al- bumina do ovo coagula, arrastando nas suas ma- lhas, todas as impurezas contidas no meio cul- tural. Prepara-se o apparelho de filtração a quente, guarnecendo o funil d'um'filtro de papel. Passada uma hoia, retira-se a gelatina do auto- clave, lança-se no filtro assim preparado e rece- be-se em ballões, repartindo-se depois em tubos de cultura, previamente esterelisados á tempera- tura de 180". Para fazer a repartição, servi-me como meio mais commodo, d u m funil, termi- nado inferiormente por um tubo de cautchu, ligado, por sua vez, a uma pipeta de vidro ; uma pinça permitte interromper á vontade o escoa- mento da gelatina.

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GELOSE

Depois de feito o caldo, pesam­se 300 g r a m ­ mas e verifica­se a sua reacção porque a gélose se não fôr aquecida n ' u m meio alcalino, seria transformada em assucar e galactose, d a n d o com o licor de Fehling a reacção caracteristica e a sua solução não seria já solidificavel pelo arrefeci­ m e n t o . Depois da alcalinisação, pesam­se nove g r a m m a s da gélose que se cortam em pequenos fragmentos e se junctam ao caldo. Aquece­se de­ pois lentamente a banho­maria, agitando sempre para evitar que a gélose se deposite e se carbo­ nise nas paredes do vaso.

Depois de completamente dissolvida, côa­se e deixa­se arrefecer o liquido resultante até á tem­ peratura de 5■50, juntando­se, depois, uma clara d'ovo, previamente dissolvida em ço centimetros cúbicos d'agua. O vaso contendo a solução, l e ­ va­se ao autoclave, á temperatura de 120o a 125o, d u r a n t e três quartos d'hpra, a partir do momento em que o manómetro indique esta temperatura; a 120o todas as albuminas se coagulam e arras­ tam nas malhas do coagulo todas as substancias em suspensão e a gélose sahirá limpida. Durante o aquecimento no autoclave, prepara­se o appa­ relho de filtração a quente, empregando o papel Ghardin como o mais conveniente. O liquido que resulta deita­se em matrazes ; e, se o quiz«rmos conservar em ballões, t a p a m ­ s e estes com algo­ dão e cobrem­se com um invólucro de papel, aquecendo­se, em seguida, no autoclave á t e m ­ peratura de 115o, d u r a n t e um quarto d'hora. Que­ rendo repartir a gélose para tubos de cultura, mantèm­se na agua fervente o ballão que recebe a gélose filtrada, e q u a n d o a filtração está termi­ nada, deita­se o liquido n ' u m funil, disposto do

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mesmo modo que para a repartição da gelatina e enche-se o numero de tubos necessários. Estes são tapados depois com algodão e esterilisados durante um quarto de hora. Deixa-se arrefecer a gélose nos tubos, conservando-se uns inclina- dos, outros direitos, conforme se quer distribuir a substancia cultivada em estria ou por picada.

Ora, como a gélose não adhere ao vidro, mes- mo no estado de solidificação, os tubos inclina- dos deformar-se-hiam immediatamente, se endi- reitássemos os tubos logo depois da solidifica- ção. Para evitar este inconveniente, addiciona- se á gélose uma pequena quantidade de gomma arabica que favorece perfeitamente a adherencia. Passo em seguida á descripção do modus-fa- ciendi da

GELOSE LACTOSADA COM TORNESOL Pezam-se 50 grammas de gélose, junta-sc 1 gramma de lactose e tintura de tornesol em quantidade sufficiente a dar á mistura uma côr verde amethysta. Colloca-se, em seguida, no au- toclave para esterilisar. E' o processo seguido por W u r t z .

GELOSE LACTOSADA COM RUBINA ACIDA Peza-se o mesmo numero de gr. de gélose que as que empreguei na fabricação da gélose anterior e 2 grammas de lactose; aquece-se o tubo á temperatura de 80o; em seguida, deitam-se al- guns grãos de rubina acida e satura-se o liquido por meio de carbonato de soda. Sob a influen- cia da alcalinisação, ha a precipitação dos saes

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terrosos e por isso filtra-se no papel-filtro ordi- nário. Recolhe-se assim uma gélose absoluta- mente descorada e transparente que se esterilisa á temperatura de 105o, durante 5 minutos.

Para obter este descoramento, basta deitar 2 gottas d'uma solução aquosa saturada de carbo- nato de soda á temperatura de 70o a 80o. A esta temperatura, a gélose descora quasi instantanea- mente ; a 50o é preciso, todavia, um certo tempo. Outro meio cultural importante é o

LEITE

Deita-se n'um ballão previamente esterilisado uma certa quantidade de leite, com reacção alca- lina ; colloca-se depois no autoclave e esterilisa-se a 115o, durante */4 d'hora. Deixa-se, em seguida, repousar, e pelo arrefecimento as partes gordas sobem á superficie. Recolhe-se, depois, o leite n'uma pipeta Chamberland esterilisada, tendo o cuidado de não apanhar a gordura. Para isso, basta mergulhar a ponta da pipeta até ao fundo do liquido e não aspirar desde o momento em que por baixo da camada gordurosa e superficial haja pouco liquido. Distribue-se, em seguida, o leite em qualquer recipiente, previamente esteri- lisado na estufa sêcca a 180o e por ultimo, collo- ca-se na estufa á temperatura de 37o. Passadas 24 a 48 horas examinam-se, não se aproveitando aquelíes cujo leite se coagulou ou se cobriu de bolores. Só então é que se podem utilisar os tu- bos para as culturas.

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MEIO CORANTE DE NOEGGERATH

Tomei 2 c. c. d'uma solução saturada d'azul de methylena — 4 c. c. d"'uma solução saturada de violete de genciana—1 c. c. d'uma solução de verde methyla — 3 c. c. d'uma solução da chry- soïdina e 4 c. c. d'uma solução também saturada de fuchsina e finalmente 200 c. c. d'agua distil- lada. D e i x a s e repousar a mistura durante 15 dias, antes de se utilisar, tendo o cuidado, então, de o reconduzir á côr primitiva, addiccionando- lhe um pouco d'uma ou outra côr. — D'esté li- quido emprega-se ordinariamente 7 a 8 gottas que se addicionam ao meio sobre que se quer semear o Ti.Coli.

MEIO DE MORPANN

Dissolve-se 1 gramma de verde-malachite em 100 grammas d'agua; junta-se, depois, bi-sul- fato de soda em solução concentrada, até desco- ração completa. A' gélose juntam-se 2 % d'esté liquido que lhe dá uma côr amarello-clara.

MEIO DE DUFLOCQ.

Junta-se á gélose uma solução saturada de Indolina até se formar um meio negro e opaco.

MEIO CORADO DE ROBIN

CALDO

Tomam-sc 5 grammas de peptona Collas — 5 centigrammas de phosphato de soda — 5 deci-

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grammas de chloreto de sódio e finalmente 250 c. c. d'agua distillada. Leva-seáebullição, e jun- ta-se 1 c. c. d u m a solução a 1 por cento d a z u l de methylena e gotta a gotta d'uma solução de potassa deci-normal até descóração completa. Deixa-se d'aquecer, juntam-se 20 grammas de lactose, filtra-se e distribue-se em tubos, tendo cada um IO c. c.

GELOSE

Pezam-se 8 grammas de gélose, 5 grammas de peptona Collas, 1 decigramma de phosphato de soda, 1 c. c. d'azul de methylena a 1 por cento, 250 c. c. d'agua e 35 c. c. d'um soluto deci- normal de potassa. Aquece-se a mistura á tem- peratura de 115o para dissolver a gélose. O meio deve então, mostrar-se ligeiramente corado de cinzento ; se assim não iòr, junta-se-lhe potassa, mantendo o liquido em ebullição até obter este resultado; juntam-se depois 10 grammas de la- ctose e distribue-se em tubos que se esterilisam a 105o e se deixam arrefecer depois de inclinados.

MEIO D ' E L S N E R

Tomam-se 500 grammas de batata ralada e deixa-se macerar durante 4 horas n u m litro d'agua, depois das quaes se côa o macerato por uma musselina—tecido de malhas largas — es- premendo. O liquido é abandonado em logar íresco, até ao dia seguinte em que se filtra por papel de filtro ordinário ; o liquido filtrado é acido. Junta-se, depois, 150 grammas de gela- tina, que se funde em banho-maria, Dissolvida a

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gelatina, junta-se soda, ordinariamente 10 c. c , até que a reacção se conserve ainda levemente acida, e esterilisa-se como a gelatina ordinária.

Se se quer usar o meio de Eslner, redissol- ve-se, por fusão, a banho-maria, a gelatina pre- parada, e em cada tubo deita-se 9 c. c. da gela- tina e 1 c. c. da solução de iodeto de potássio a 10 °/0, previamente esterilisado. As pipetas com

que se fazem estas mensurações, sem duvida, devem ser perfeitamente esterilisadas.

BIBLIOGRAPHIA

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PROPOSIÇÕES

Anatomia — O coração não é mais do que dois troncos

vasculares, normalmente dilatados.

íPhysiologiu — A penetração do ar no vértice do pulmão

é mais fácil do que na base.

(Anatomia pathologica —Entre o CB. Coli e o D. Ty-

phico existem differenças profundas.

Therapeutica— A nova tuberculina de Kock foi, mais

uma vez, uma desillusão para o tratamento da tuberculose pulmonar.

(Medicina operatória — A radioscopia é imprescindível

na reducçáo das fracturas.

Pathologia interna — A morte na diphteria é devida, o

mais das vezes, a uma intoxicação chimica.

Pathologia geral — k doença é o resultado da pertur-

bação da nutrição cellular.

Pathologia externa — A maior parte dos symptomas

uremicos são devidos á absorpção das toxinas do ÇB. Coli. Partos e doenças das creanças — O diagnostico differen-

cial entre a gastro-enterite nas creanças e a febre typhoide infantil, só pôde ser feito pela bacteriologia.

Hyoiene — A agoa da lavagem das casas não deve ser

lançada á rua.

VISTO 1MPRIMA-SE Ricardo Jorge. T>. Lebre.

o.

E R R A T A S

Pag;. L i n h a O n d e s e l ô L e i a - s e 8 9 a fluxo 0 fluxo 9 12 colorações corações *5 4 isolades isoladas 17 7 Coloração Coração 2 1 tornada t o r n a d o 25 27 a e i o b í o q u e , acrobïo, quer 2 2 29 fruto frutos ? ' 35 m y s t a g m o s de ­ , m y s t a g m o s e 34 22 e 23 t o s n a d a s r.. t o r n a d a s H 23 e 24 i n t i m a ­ intimas. 36 8 s e g u n d o g r a u s e g u n d o 0 g r a u 37 9 a p p a r e l h o u r i n á r i o (meningites) a p p a r e l h o urinário 4 0 '5 sobrs . ­ ' •. sobre 43 17 e 18 virulentos *' ; '.­{'OXLCOS t ó 6 '5 M o r p a n n •■' v. .­.'. ,'í\Céfrpmann

trc as linhas 12 e 13 da pag. 37 deve intercalar­se o seguinte:

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