• Nenhum resultado encontrado

4. Comunidades de Aprendizagem em ação: visões acerca da participação, dos

4.7 Participação dos/as voluntários/as

Quadro 8 – Participação dos/as voluntários/as

Dimensão transformadora Dimensão exclusora

E1D- Voluntários/as que são alunos/as da própria

escola (alunos/as de quinta a oitava) levavam a um grande sucesso das atividades de CA de primeira a quarta série.

E1C- Presença na escola de pessoas diferentes o

tempo todo: familiares, voluntários etc.

E1C- Importância da parceria mantida com

universidade para a permanência de voluntários.

E1C- Voluntários das universidades que ofereciam

atividades de apoio em português e matemática

E1AD- Voluntários que ainda eram crianças

brincavam durante as atividades, incomodando os professores.

favoreciam também os alunos de quinta a oitava série (trabalho vinculado à proposta de CA).

E1AD- Trabalho realizado por voluntários das

universidades relacionado à língua portuguesa rendeu prêmios a alguns alunos da escola.

E1C- Constatação da presença na escola de

voluntários das universidades, da comunidade de entorno e até mesmo de outros pontos da cidade.

E1D- Além dos voluntários, a escola contava

também, em 2008, com muitos estagiários, de diferentes cursos.

E1D- A escola era muito dinâmica, com a

presença de muita gente e de muitas atividades.

E1C- Tudo na escola acontecia muito rápido,

envolvendo também a chegada de novos voluntários.

Conforme já destacado, Comunidades de Aprendizagem teve uma aceitação inicial maior entre os professores de primeiro ano à quarta série do Ensino Fundamental. Por esta razão, as atividades de CA são desenvolvidas há mais tempo nestas salas: “(...) Comunidades é bastante forte de primeira a quarta série. E eu fico pensando o porquê disso. Porque parece que está difícil de colar de quinta a oitava (...). Está difícil articular com o EJA” (E1D). Além da adesão imediata dos professores, outro fator levantado pela gestora da EMEB como de grande relevância para o sucesso de CA nas séries iniciais consistia na maior presença de voluntários para as atividades nestas turmas (grupo interativo, tertúlia literária dialógica, biblioteca tutorada etc.). Isso porque os próprios alunos da unidade, que tinham suas aulas em período oposto (alunos quinta a oitava série), acabavam por suprir grande parte da demanda de voluntários ao voltarem à escola no período vespertino, se propondo a colaborar para com os alunos menores e com professores/as, na proposta de CA. “ Então eu vejo muito sucesso do Comunidades de primeira a quarta série. (...) Porque têm alunos, por exemplo, da manhã, que estão de quinta a oitava, que são voluntários de primeira a quarta” (E1D). Como levantado pela gestora, o processo inverso não poderia ocorrer (alunos de primeira a quarta como voluntários nas atividades de quinta a oitava), o que dificultava o andamento de CA nestas séries, já que não havia número suficiente de voluntários externos à escola para que as atividades se dessem em todas as turmas.

Mesmo com o explícito desejo de colaboração destes alunos que atuavam como voluntários, ainda eram sentidas algumas dificuldades em sua ação. Devido a sua idade próxima à dos alunos das turmas em que as atividades eram desenvolvidas, acabavam por envolver-se em brincadeiras, dispersando-se da atividade, dificultando a realização do trabalho em sala: “A única coisa que eu vejo como problema, são voluntários que são crianças. (...) Eles brincam, e os professores não gostam” (E1AD). Mesmo entre os

voluntários adultos, vindos das universidades existentes na cidade, já foram vivenciadas situações em que diálogo e colaboração se fizeram ausentes. “Por exemplo, a gente teve situações de aluno [de universidade] voluntário que chegou e não vieram os alunos aqui. Ele ficou muito bravo. E era uma postura que não cabia” (E1AD).

A presença constante de voluntários na escola acabava por imprimir uma nova dinâmica a seu funcionamento, o que demanda trabalho e engajamento da gestão da unidade. No relato da coordenadora pedagógica, percebemos a diversidade de pessoas presentes na EMEB cotidianamente. “Mas eu acho assim, é trabalhoso ser uma Comunidade de Aprendizagem. (...) o tempo todo você convive com pessoas diferentes. Você sempre está com familiares, com voluntários, e você tem que articular pra onde que vai esse voluntário, o que ele quer propor dentro da escola, então é uma coisa que não para” (E1C). Uma das importantes parcerias estabelecidas pela unidade para a busca de voluntariado centrava-se nas universidades do município. Estudantes dos mais diversos cursos colaboravam com a escola, colocando-se à disposição em grupos interativos, biblioteca tutorada, cursos de informática e cursos de línguas, oferecidos para a comunidade e para os alunos. Aulas de reforço também traziam à sua frente estudantes universitários oriundos de cursos de licenciatura. “Mas a parceria ainda é importante com a Universidade Federal também por causa da questão dos voluntários, que a gente tem que ter sempre essa parceria muito forte com a UFSCar” (E1C). Mesmo antes do início da adesão dos professores de quinta a oitava série a CA, universitários que buscavam a escola por saberem da abertura que a unidade oferecia para a realização de trabalhos diversos, já desenvolviam atividades com alunos destas séries em período oposto ao das aulas: “ (...) tinha muitos voluntários de matemática e português que favoreciam o pessoal de quinta a oitava e era todo um trabalho do Comunidades de Aprendizagem” (E1C). Alguns frutos positivos deste trabalho já foram sentidos pela unidade: “por conta do Comunidades, nós convidamos alguns alunos que vieram da federal, da Unesp (...) e nós fizemos alguns trabalhos com relação à língua portuguesa, produção de texto, com voluntários, tal. E foi muito bom, por quê? Por que os nossos alunos receberam alguns prêmios” (E1AD).

A abertura da escola para a entrada de familiares, pessoas da comunidade e voluntários das universidades ou mesmo de outros bairros da cidade foi ressaltada pela coordenadora pedagógica. “Na verdade (pensando), eu acho que a gente tem [voluntários] da federal, a gente tem da comunidade, as vezes não é nem da comunidade aqui do bairro, mas porque alguém indicou e está em um outro bairro, lá do outro lado da cidade, atravessa a cidade para vir desenvolver algum trabalho aqui” (E1C). A diversidade de pessoas que colaboravam com a escola e dela participavam foi também ressaltada pela diretora. “(...) essa

escola teve em 2008 muitos estagiários também. Muitos voluntários, muitos estagiários, de diferentes cursos” (E1D). Desta forma, as ações, coordenadas por meio da argumentação e processos coletivos de tomada de decisão, eram também viabilizadas por um grande número de pessoas. “O que eu sinto? Ela [CA] tem muita coisa, acontece muita coisa, ela é muito dinâmica e sempre tem muita gente envolvida [...]. Então funcionários, professores, alunos, os voluntários” (E1D). O comprometimento de todos/as para com a escola e seu engajamento, em constante colaboração, é pressuposto essencial para que se alcance a transformação da realidade escolar. “Então eu acho que cada um tem que fazer a sua parte para que funcione. Mas assim, a mudança é muito rápida, as coisas vão acontecendo muito rápido. Uma hora você perde um voluntário, uma hora você ganha dez voluntários” (E1C).

As análises realizadas pela gestora e pela coordenadora pedagógica apontaram o interesse dos alunos pelas atividades desenvolvidas em CA, o que se explicitava em seu retorno como voluntários após seguirem para a quinta ou sexta série. Embora nem todos pudessem delas desfrutar enquanto alunos, optavam por continuar fazendo parte. Pudemos perceber também em suas falas que, embora houvesse um grande número de voluntários envolvidos com a EMEB, ocorria um predomínio de alunos da unidade, de estudantes universitários e estagiários. Fazia-se evidente mais uma vez o pequeno número de pessoas da comunidade de entorno envolvidas na proposta de CA. Pessoas estas que poderiam, por exemplo, atuar como voluntários nas atividades voltadas aos alunos de quinta a oitava série, permitindo que fossem estendidas para todas as séries e turmas.