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Para participar numa investigação qualitativa, os indivíduos são seleccionados de acordo com a sua experiência, em primeiro lugar, cultura, interacção social ou fenómeno de interesse (Streubert e Carpenter, 2002).

Os participantes do nosso estudo foram vinte e um adolescentes, com idades compreendidas entre os 10 anos e os 17 anos de ambos os sexos, orientados no tempo e no espaço, sem atrasos de desenvolvimento e hospitalizados há mais de 48 horas numa Unidade de Adolescentes de um Hospital da Administração Regional de Saúde do Norte, I. P., no período compreendido entre Dezembro de 2009 e Maio de 2010, inclusivé (Anexo I).

Estes adolescentes não se podiam encontrar, no momento da entrevista, a experienciar dor nem a aguardar que lhe fosse efectuado qualquer tipo de procedimento invasivo, para evitar que qualquer situação de stress influenciasse o seu testemunho.

62 Na investigação qualitativa, confere-se grande importância à qualidade dos dados, tendo este facto determinado a decisão de terminar a colheita de dados na 21.ª entrevista, uma vez que verificámos que os conteúdos das mesmas se tornavam repetitivos. Bogdan e Biklen (1994, p. 103) denominam este acontecimento de "saturação teórica".

A Unidade de Adolescentes do Hospital referido anteriormente, encontra-se no piso 1 do Serviço de Pediatria e destina-se exclusivamente ao internamento de crianças e adolescentes dos 8 aos 17 anos, de todas as especialidades médicas e cirúrgicas. Apesar de só se considerar adolescência a partir dos 10 anos, esta Unidade admite crianças a partir dos 8 por uma questão de logística, uma vez que, frequentemente, o serviço de Pediatria se revela insuficiente para receber todas as crianças que necessitam de cuidados clínicos, e também porque, as crianças com 8 anos, têm um tamanho maior que as camas existentes no serviço. Ao completar 18 anos, os adolescentes passam a ser internados em serviços de adultos, com a justificação de atingirem a maioridade.

No ano de 2008 foram admitidos nesta Unidade 599 adolescentes, com a duração média das hospitalizações de 3,5 dias. As principais causas de admissão nesta Unidade, durante o ano de 2008, foram apendicites agudas, pneumonias bacterianas, vómitos, gastroenterites e colites não infecciosas, hipertrofia das amígdalas, pielonefrites, fracturas e febre (sem autor, 2008).

Esta Unidade é composta por dois quartos de isolamento, com uma cama cada um deles, uma enfermaria com seis camas para os adolescentes e uma enfermaria com quatro camas para as adolescentes, num total de doze camas, numeradas de 1 a 12. Possui uma sala de convívio e refeição equipada com televisão, computadores portáteis com ligação à internet, leitores de DVD, playstation, livros e jogos. Para além destas divisões conta ainda com um gabinete de enfermagem, uma sala de trabalho, um gabinete médico, uma copa, uma sala de armazenamento de materiais e uma sala de armazenamento de resíduos.

A sala de convívio e a entrada da Unidade possuem as paredes decoradas com várias cores e animações alusivas a desportos radicais, bandas de música e internet.

A equipa médica é constituída por cinco pediatras; a equipa de enfermagem é constituída pela enfermeira chefe; 7 enfermeiras especialistas em Saúde Infantil e Pediátrica e uma em Enfermagem de Reabilitação e 20 enfermeiras; a equipa de auxiliares de acção médica é constituída por 14 elementos. A equipa de enfermagem, assim como a de auxiliares, prestam cuidados, rotativamente, nesta Unidade e no Serviço de Pediatria Crianças.

Os cuidados de enfermagem são assegurados por duas enfermeiras, nos turnos da manhã, tarde e noite. Quando necessária a intervenção de outros profissionais, tais

63 como assistente social, psicólogos ou médicos de outras especialidades, é pedida colaboração ao referido serviço.

No momento da admissão é atribuída uma cama ao (à) adolescente e são-lhe explicadas as normas, quando este(a) se encontra em condições de as perceber, assim como também são explicadas aos seus pais ou representantes legais.

No Posto Informativo são atribuídos dois cartões de permanência, genericamente um para o pai e outro para a mãe, podendo estes permanecer sempre junto do(a) adolescente.

De noite é permitida a permanência apenas de uma pessoa junto do(a) adolescente hospitalizado(a). Os irmãos podem fazer uma visita curta, de 30 minutos a uma hora, um(a) irmão(ã) de cada vez, todos os dias, a partir das 15h, após autorização por escrito, em formulário próprio, da enfermeira responsável de turno ou enfermeira chefe. Não são permitidas visitas para além dos pais (ou representantes legais) e irmãos.

Em relação a horários, durante os dias úteis, os pais podem circular livremente, pela porta de acesso que lhes é destinada, entre as 8h e as 20h, sendo esta a última hora de entrada. Ás 20h, um elemento da segurança encerra a porta e, às 21h30 volta a abrir de modo a que saiam as pessoas que não vão pernoitar na Unidade. A partir desta hora, quem decide pernoitar na Unidade, só poderá sair às 8h da manhã seguinte. Ao fim-de-semana, a porta de acesso aos acompanhantes permanece fechada, sendo aberta por um segurança de hora a hora. Esta permanece aberta durante cinco minutos, o tempo necessário para os acompanhantes circularem.

Para os acompanhantes que pernoitem são disponibilizados cadeirões que ficam colocados ao lado da cama do adolescente que acompanham, podendo utilizar a casa de banho do quarto onde permanece, de manhã, para sua higiene pessoal.

Os profissionais do hospital circulam por outra porta, cujo acesso só é permitido após a digitação de um código secreto.

As duas mais recentes inovações nesta Unidade são as pulseiras electrónicas, colocadas aos adolescentes logo no momento da admissão e o sistema de vigilância e chamada telefónica (do gabinete de enfermagem para o quarto) instalado nos isolamentos.