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No ECA constam diretrizes gerais sobre a preparação e o acompanhamento do estágio de convivência, entretanto a etapa de aproximação não é mencionada. A partir disso, sabe-se que a atuação dos profissionais das equipes técnicas de cada VIJ acaba tendo algumas similaridades, mas também diferenças em relação aos procedimentos usados nessas fases do processo de adoção. Dessa maneira, optou-se por entrevistar profissionais de diferentes VIJ para se tentar abarcar uma diversidade não apenas ligada aos técnicos (de modo individual), mas também aos fóruns.

As amostras foram escolhidas por conveniência. Os contatos para pedido de concessão de entrevista com os profissionais do Judiciário foram feitos de diferentes formas. Uma delas foi por intermédio de uma Psicóloga do Judiciário envolvida com a Parceria Institucional existente entre a Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e o Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). Outra maneira foi por meio de uma Psicóloga entrevistada que indicou outra Psicóloga. Por fim, também se conseguiram entrevistas por meio de contatos da pesquisadora, realizados profissionalmente no ambiente acadêmico e na execução de Grupos Reflexivos preparatórios para pretendentes. Em todos os contatos feitos, tiveram algumas recusas de psicólogos em conceder entrevistas.

Ao todo foi possível realizar seis (6) entrevistas com psicólogas de cinco (5) VIJ diferentes. Não houve exclusão de participação por nenhum crivo específico. Inicialmente considerou-se apenas um profissional de cada VIJ. Contudo, somente em um caso, devido a particularidade da VIJ e das diferenças de atuação de cada profissional, foi incluída mais uma profissional do mesmo fórum.

Todas as VIJ fazem parte da 1ª Região Administrativa Judiciária (RAJ) denominada Grande São Paulo que faz parte do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP). A 1ª RAJ contém um grupo de Circunscrições Judiciárias (CJ) que é nomeado e dividido nas seguintes comarcas: 00ª CJ - Capital (São Paulo – Central e Foros Regionais); 02ª CJ - São Bernardo do Campo (Diadema e São Bernardo do Campo); 03ª CJ - Santo André (Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo André e São Caetano do Sul); 04ª CJ - Osasco (Barueri, Carapicuíba, Jandira e Osasco); 44ª CJ - Guarulhos (Arujá, Guarulhos, Mairiporã, e Santa Isabel); 45ª CJ - Mogi das Cruzes (Brás Cubas, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá e Suzano); e 52ª CJ - Itapecerica da Serra (Cotia, Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Itapevi, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista). A seguir serão apresentadas algumas características das VIJ e profissionais que compuseram a amostra dessa pesquisa. Contudo, sem se fazer nenhum tipo específico de identificação para que possa ser preservado e mantido o sigilo de todos os participantes.

5.1.1 Varas da Infância e da Juventude

Dentre as cinco (5) VIJ que compõem a amostra da pesquisa, três (3) se localizam em uma comarca que tem uma especificidade quanto a organização das equipes técnicas da Psicologia e Assistência Social. Além das equipes serem separadas setorialmente, cada uma

possui chefia própria. Um membro da equipe é nomeado pelo(a) juiz(a) para ocupar tal posição. A pessoa que se torna chefe passa a exercer uma função administrativa, executando tarefas como por exemplo, distribuição dos casos que chegam ao setor para os técnicos, ordenação da escala de férias e controle da frequência. Dessa maneira, quem ocupa esse cargo não precisa atender diretamente os casos encaminhados à apreciação da equipe, mas acaba tendo um conhecimento geral de todos que estão sendo trabalhados pelo setor. A mudança da chefia acontece a critério do(a) juiz(a).

Na Tabela 1 estão apresentados os números de psicólogos(as) que atendem na equipe técnica e de crianças que estão em instituição de acolhimento de cada VIJ pesquisada. Com exceção da V3, nas outras quatro VIJ, as psicólogas além de prestar os serviços próprios ligados à infância e juventude, também atendem casos vindos da Vara da Família. Anteriormente na V1 e na V3 existiam funções específicas para cada profissional da equipe, contudo, essa especialização foi extinta e todas as técnicas estavam trabalhando com todos os assuntos relativos à temática da infância e da juventude. Dentre as funções, estão o acolhimento da(s) criança(s), acompanhamento, reinserção na família de origem ou na família extensa, habilitação de pretendentes à adoção, reavaliação bianual, inserção da(s) criança(s) em família substituta e acompanhamento de estágio de convivência.

Tabela 1 - Caracterização das VIJ.

VIJ Psicólogo(a) Crianças em

Instituição de Acolhimento7 V1 9 110 V2 7 180 V3 15 450 V4 1 120 V5 8 120

Uma especificidade referente a V4 é que por conta da precariedade das instituições de acolhimento da sua comarca, as crianças acolhidas normalmente irão passar por um processo de destituição de poder familiar. Tanto os membros do Conselho Tutelar quanto os promotores e assistentes sociais do fórum decidem por acolher a criança apenas em casos muito extremos,

7 Esses números são aproximados. Na V2, V4 e V5 foi estimado a partir do número de instituições de acolhimento

devido às condições e a superlotação das instituições de acolhimento. Em todas as outras VIJ foi relatado que a maioria das crianças acolhidas voltam para a(s) família(s) de origem. Em todas as VIJ, quando a tomada de decisão é a destituição do poder familiar, dificilmente espera- se o processo de destituição finalizar antes de inserir a criança em família substituta. Apenas a psicóloga da V3 não mencionou essa situação.

5.1.2 Psicólogas

Todas as participantes da pesquisa que concederam entrevista são mulheres. Na Tabela 2 encontram-se mais informações sobre as seis psicólogas que contribuíram compartilhando informações e falando sobre suas experiências como profissionais do judiciário. Das seis, quatro já trabalharam em outras circunscrições. As P2V1, PV2 e PV3 foram de VIJ que faziam parte da mesma RAJ de onde atuam atualmente e a P1V1 de outro estado. A PV3 foi a única, cuja entrevista se baseou na experiência que teve em uma VIJ na qual não estava alocada no momento da entrevista.

Tabela 2 - Caracterização das Psicólogas.

Psicóloga Idade Cargo Tempo no Tribunal de Justiça

P1V1 52 anos Chefe 28 anos

P2V1 51 anos Técnica 25 anos

PV2 50 anos Técnica 16 anos

PV3 41 anos Técnica 10 anos

PV4 36 anos Técnica 3 anos

PV5 43 anos Técnica 7 anos

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